Deu no blog do Josias - Folha de São Paulo
Cai na Web vídeo em que mostra Minc defendendo maconheiros
Quatro meses depois de ter participado, no Rio, da “Marcha da Maconha”, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) retorna à boca do palco.
No último domingo (6), Minc foi a um show de reggae. Uma apresentação da banda maranhense Tribo de Jah.
Deu-se na Vila de São Jorge, localidade assentada no município goiano de Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros (GO).
O ministro foi covidado a subir ao palco. Aceitou gostosamente. Microfone em punho, falou à platéia por 3min20s.
Entoou, por assim dizer, um discurso dançante. Ao fundo, os acordes da banda. Minc balançava o corpo numa cadência pendular –esquerda e direita.
Súbito, quando já falava por 1min22s, o ministro apelou à consciência de uma tribo que chamara, no início do discurso, de “povo do reggae”:
“Vamos defender o cerrado, a caatinga, a Amazônia, a Mata Atlântica e o reggae. O reggae é a liberdade...”
Nesse instante, ouviram-se dois gritos vindos da platéia. O primeiro: “E a macoooooonha?” O segundo: “E o pré-sal?”
Submetido a esse par de interrogações, Minc decidiu concentrar-se no primeiro. E passou a discorrer sobre a maconha.
Como que inspirado em Lula, o ministro serviu-se de uma analogia futebolística. Evocou um jogo da véspera.
A partida em que a seleção de Dunga prevalecera sobre o time de Marodona. Sob ovação da audiência, Minc disse o seguinte:
“Agora, vou dar um recado: ontem, a gente meteu 3 a 1 na Argentina. Só que tem um outro placar que a gente tá perdendo da Argentina...”
“...Os juízes da Argentina descriminalizaram. O usuário [de maconha] não é criminoso...”
“...E esse jogo a gente tá perdendo aqui. Nós vamos virar esse jogo. Acabar com a hipocrisia, com consciência”.
Ocorrido nos fundões de Goiás, o episódio tinha tudo para permanecer distante das manchetes. Porém...
Porém, a coisa foi filmada. E, para desassossego de Minc, o vídeo foi pendurado no YouTube na última quarta (9).
Tem tudo para virar um hit. Um êxito que devolverá Minc à condição que mais o tem caracterizado: a de “Polemizador-geral da República”.
Em 9 de maio, o ministro participara da “Marcha da Maconha”, na praia de Ipanema. Graças à ousadia, teve de comparecer, no mês seguinte, à Comissão de Segurança Pública da Câmara.
Autor do pedido de convocação, o deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), delegado de polícia licenciado, acusara-o de fazer a “apologia da droga”.
Em sua defesa, Minc disse aos deputados da comissão: “Não fiz apologia da maconha. Pelo contrário. Não defendo que o cidadão fume maconha...”
“...Defendo mudanças na lei, para que o usuário tenha mais segurança, até para procurar tratamento”.
Adicionou à controvérsia ingredientes etílico-sexuais: “O álcool é uma droga muito mais pesada do que a maconha, 20 vezes mais mortal...”
“...E tem aquela propaganda terrível, que fala sobre a disfunção erétil do macho, no popular clássico, a broxação”.
Em matéria de maconha, Minc compara-se ao grão-tucano Fernando Henrique Cardoso, um defensor da descriminalização.
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