quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Eu tive oportunidade de vê-lo jogar ... Adeus "enciclopédia "

Nilton Santos, a 'enciclopédia do futebol', morre aos 88 anos 

Folha de São Paulo
 

Lateral esquerdo da seleção em quatro Copas do Mundo, Nilton Santos morreu na tarde desta quarta-feira, no Rio, aos 88 anos. 

O ex-jogador do Botafogo havia sido internado esta semana com insuficiência respiratória. 

O nome do hospital não foi divulgado a pedido dos familiares. 
Ele foi diagnosticado com mal de Alzheimer em 2008. Desde então, vinha morando numa clínica para idosos na Gávea, zona sul do Rio. 

Nascido em 16 de maio de 1925, Nilton dos Santos, conhecido como "enciclopédia do futebol", defendeu apenas o Botafogo, clube em que atuou de 1948 a 64. 

Além de lateral, Nilton Santos também atuou em todas as posições da defesa. Em 1950, chegou a a ir para o banco porque o técnico Flávio Costa não gostou de ver os avanços ofensivos do atleta.

Ganhou 20 títulos (sendo quatro Estaduais) em 729 jogos pela equipe carioca. Pela seleção, ele venceu os Mundiais de 58 e 62, além de ter jogado em 50 e 54. Com a camisa brasileira, jogou 84 partidas e fez três gols.

Em 1998 foi eleito o melhor lateral esquerdo da seleção mundial de todos os tempos. 

Data e local do velório e enterro ainda serão divulgados.

BR 163 - uma novela que nunca acaba

Rota da soja e com classificação 'ruim' em pesquisa, BR-163 vai a leilão 

UOL  

O governo federal realiza às 10h desta quarta-feira (27) o leilão de um trecho da BR-163, uma das principais para transporte da soja no Mato Grosso. A abertura dos envelopes acontece na BM&FBovespa, em São Paulo. A estrada é classificada como "regular", no geral, e "ruim", para a sinalização, na Pesquisa CNT (Confederação Nacional de Transporte) de Rodovias deste ano. 

Será leiloado o trecho de 850,9 km da rodovia entre a divisa com o Mato Grosso do Sul até o entroncamento com a MT-220, na cidade de Sinop. 

Ao todo, a parte da rodovia leiloada corta 19 municípios do Estado. Com a concessão, o governo espera um investimento de R$ 6,28 bilhões. 

Segundo a ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), sete grupos, entre consórcios e empresas individuais, apresentaram propostas para disputar o leilão. As empresas entregaram os envelopes até o meio-dia da segunda-feira. (24), que serão abertos nesta manhã. 

Menor pedágio 
O vencedor do leilão quem der a menor a proposta de tarifa de pedágio, sendo com valor máximo de R$ 0,55 para cada 10 km. O pedágio passará a ser cobrado assim que toda a obra prevista no contrato tenha 10% de execução. 

A concessionário terá direto de exploração da rodovia por 30 anos. Como contrapartida terá que duplicar a rodovia e ficará responsável pela infraestrutura, recuperação, conservação, manutenção, operação e implantação de melhorias. 

Além disso, está prevista, até o quinto ano de concessão, a implantação de vias marginais em travessias urbanas, interseções, passarelas e melhorias em acesso. A cidade de Rondonópolis deve ganhar um contorno de 10,9 km. 

A assinatura do contrato de concessão com a vencedora será no dia 20 de fevereiro de 2014, depois de esgotados todos os prazos de recursos. 

A rodovia  
A BR-163 é uma das principais rodovias de transporte da soja e das produções agrícolas no Mato Grosso. A duplicação é um sonho antigo dos produtores, que reclamam da estrutura precária da rodovia. 

Segundo Pesquisa CNT de Rodovias 2013, a BR-163 foi classificada como "regular", com classificação "ruim" para a sinalização. A pesquisa analisa todos os 1.125 km da rodovia. 

De acordo com dados divulgados no site do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), em 2011 foram 34 mortes no trecho da rodovia que irá a leilão nesta quarta-feira. Os dados oficiais não colocam nenhum dos trechos na lista dos 100 mais violentos do país. 

Próximos leilões 
O leilão desta quarta-feira faz parte da terceira etapa do Programa de Concessão de Rodovias Federais, do Ministério dos Transportes e dos governos estaduais. 

Nessa etapa, apenas um leilão foi realizado até o momento. 

Em setembro, o trecho da BR-050, entre Goiás e Minas Gerais, foi arrematada pelo consórcio Planalto, que apresentou proposta para cobrar R$ 4,534 por cada 100 quilômetros --deságio de 42,3% em relação ao teto fixado pelo governo. 

A ANTT tem hoje a regulação e fiscalização de 15 concessões de trechos de rodovias federais, que totalizam 5.239 quilômetros. 

O próximo leilão será da concessão da BR-060, no trecho entre a rodoviária Brasília-Goiânia, abrangendo trechos da BR-153 e da BR-262 em Goiás e Minas Gerais. O leilão está marcado para o dia quatro de dezembro. 

No dia 17 de dezembro, será a vez do trecho do trecho da BR -163, em Mato Grosso do Sul.

domingo, 24 de novembro de 2013

‘Bom dia a cavalo’

Dora Kramer (*) 

Como qualquer cidadão, partido, entidade, meio de comunicação, sindicato, movimento, grupos organizados em geral, o PT dispõe de liberdade para dizer o que quiser e sempre fez uso dessa prerrogativa com estridência. 

Não raro em contraposição aos fatos, muitas vezes ao modo de maquiagem da realidade ─ como faz, mais uma vez, o ex-presidente Lula da Silva ao dizer que a lei no Brasil “parece que só se aplica ao PT”─, mas é um direito que lhe assiste. 

Até criou dois países diferentes, o “nós” e o “deles”, para simplificar a conexão com a sociedade, cuja maioria por um bom tempo nem percebeu que os “eles” de ontem estavam perfeitamente integrados ─ para não dizer encastelados – no Brasil que na fantasia petista não tem 513 anos; nasceu em outubro de 2002, com a eleição de Lula para presidente. 

Mas, digamos que toda fabulação tenha um limite. Se ultrapassado, expõe os fabuladores ao risco do efeito bumerangue. Ocorre quando suas narrativas, por assim dizer, alternativas, se voltam contra eles próprios. 

É o caso da recente ofensiva contra o Supremo Tribunal Federal, acusado por dirigentes e parlamentares de partido de agir ao arrepio da lei. Ora, isso só acontece em regimes de exceção, ditaduras. 

Estaria o PT se dando conta de que para defender companheiros presos diz que o país que comanda há 11 anos vive sob a égide de uma Justiça discricionária, situação contra a qual essas autoridades jamais se insurgiram? Ao contrário, compuseram a Corte onde ao menos duas vagas lhes foram franqueadas por aposentadorias antecipadas e dela esperavam uma compensação. 

O discurso do PT atual já não ficaria bem se o partido fosse oposição. Sendo situação, soa a autoflagelação tão involuntária quanto imprudente e pouco inteligente. 

Um governo reverente à democracia não convive com um Poder Judiciário arbitrário sem que no mínimo faça algum movimento em prol do retorno da instituição à legalidade. Se não faz, compactua ou é submisso a essa deformação. 

Vamos à mais recente fala de Lula, que havia prometido nada dizer sobre até o julgamento dos recursos pendentes. A lei aplica-se apenas ao PT? Não condiz com a verdade. À ela: só no processo do mensalão foram condenados integrantes das cúpulas do PTB, PL (hoje PR), dois deputados do PP e um ex-líder da bancada do PMDB na Câmara. Além de assessores de três dessas legendas. 

Por outros motivos políticos do DEM foram presos (embora não definitivamente), como o ex-governador José Roberto Arruda ou o ex-senador Demóstenes Torres, cassado pelo Senado e indicado pelo Ministério Público de Goiás por corrupção. 

Dois parlamentares recentemente condenados pelo STF, deputado Natan Donadon e senador Ivo Cassol, tampouco pertenciam ao PT. O primeiro foi do PMDB e está sem partido e o segundo é do PP.

Acrescentem-se os vários governadores que tiveram mandatos interrompidos pela Justiça Eleitoral devido a abusos do poder econômico durante as respectivas campanhas. Entre eles um do PSDB. 

E por falar em tucanos, está nas mãos do Supremo a ação contra o deputado, ex-governador de Minas e ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, com a perspectiva de ser julgada ainda em 2014. Acusação? Peculato e lavagem de dinheiro. 

Por essas e várias outras que a memória não alcança e que mediante pesquisa acurada seriam muitas mais, não se pode dizer que só há infratores da lei no PT. Da mesma forma e por isso mesmo é falso afirmar que a lei no Brasil só vale para o PT. 

O que existe, sim, é maior repercussão. Primeiro pela dimensão, segundo pela falta de cerimônia do esquema, e terceiro porque se trata do partido no poder, cuja conquista deu-se em boa medida por uma trajetória construída no altar da defesa da ética e dos bons costumes na política e adjacências. 

(*) Jornalista, colunista do jornal O Estado de São Paulo é escritora

Banco de sêmen

São Paulo 'exporta' sêmen para mais de 200 clínicas do país; mercado cresceu 528%  

Folha de São Paulo 

"Procura-se espermatozoide em bom estado de pai loiro, alto, atlético e bem-humorado. Paga-se bem." 

Este anúncio é fictício, mas não tem uma gota de sensacionalismo: no mercado brasileiro de sêmen, que aumentou 528% em 18 anos e ultrapassou a 1.300 amostras comercializadas em 2012, a demanda que mais cresce é a por doadores com pinta de viking. 

Esse "baby boom" foi impulsionado por mulheres solteiras (adeptas a "produções independentes") e casais de lésbicas, que respondem por um em cada três procedimentos de gravidez artificial --em 2005, eram 5%. 

Diferentemente dos casais inférteis, que buscam doadores parecidos com os futuros pais, as meninas querem filhos no "estilo David Beckham". Segundo o Pro-Seed, maior e mais antigo banco de sêmen do Brasil, o crescimento da renda e o acesso à informação fazem a procura por espermatozoides congelados bater recordes a cada ano. O laboratório privado, no térreo de um prédio de escritórios na Bela Vista, já vendeu 11 mil amostras de esperma paulistano para mais de 200 clínicas espalhadas pelo país. 

A partir das doações dos voluntários (que não podem ser pagos, segundo a lei brasileira), o banco cria uma espécie de "cardápio" com as características físicas dos doadores. Entre elas estão cor da pele, cabelo, olhos, tipo físico, profissão e hobbies. 

Por falta de demanda, orientais e negros são mais raros, com 5% e 10% das amostras.
 "Mas a procura por negros tem aumentado", afirma Vera Feher, diretora do Pro-Seed. 

Mesmo num país de 200 milhões de habitantes, teme-se a chance de que filhos do mesmo doador se apaixonem. Para evitar o risco, o Conselho Federal de Medicina e a Anvisa determinam que cada voluntário só possa gerar uma criança de cada sexo em uma mesma região. 

O fotógrafo Adriano Oliveira, 28, é um dos veteranos, com mais de dez contribuições. "Perdi um filho recém-nascido por erro médico. Sempre tive vontade de ser pai. Por isso me preocupo com quem não consegue." 

No Brasil, tanto os doadores quanto os casais são anônimos. Adriano torce para que sua contribuição "vá para as mãos certas, para quem realmente ame e cuide com carinho". 

Além de amor, quem decide engravidar em laboratório tem que estar disposto a pagar de R$ 1.600 a R$ 2.200, dependendo do processo escolhido --fertilização in vitro (embrião gerado fora do corpo e depois inserido no ventre da mulher) ou inseminação artificial (espermatozoides introduzidos diretamente no útero da paciente).

Já o doador não recebe nada, ao contrário de países como Estados Unidos, onde ganha-se em média US$ 50. Mas Vera aponta vantagens para o doador: 
"Além de ajudar outras famílias, quem doa faz vários exames gratuitamente". 

'VOCÊ TEM BOLAS?
O "vestibular" da doação elimina 90% do material. O candidato deve ter de 18 a 45 anos e manter abstinência sexual (masturbação inclusa) de três a sete dias antes da coleta. 

Na análise do esperma, boa parte do estoque é limada. 

"Em 20 anos, percebemos que a concentração média de espermatozoides por miligrama de sêmen caiu pela metade", conta Vera. 
"As causas são ligadas a estresse, poluição, alimentos com agrotóxicos e sedentarismo", ela afirma. 

Após o espermograma, o material passa por exames sorológicos (Aids, Hepatite B e C, sífilis e outros). Se tudo correr bem, o homem faz ao menos seis coletas (a cada sete ou 15 dias). 

Na Inglaterra, onde um em cada seis casais tem problemas para engravidar, uma campanha de doação espalhou pôsteres em estádios: "Do you have balls?" ("você tem bolas?" --a palavra "balls" também pode significar "coragem" em inglês). 

Por aqui, as campanhas são menos enfáticas, e o número de "contribuintes" também é tímido. "São oito ou dez por mês. O ideal seriam 50", diz Vera. 

REPÓRTER RELATA EXPERIÊNCIA NA 'SALINHA' DE COLETA  
Acordar cedo para conseguir chegar ao laboratório, cumprimentar a recepcionista, conversar com a médica, fingir estar tranquilo e enfim entrar na salinha de coleta de sêmen já seria tarefa difícil. Com gravador na mão, crachá do jornal e fotógrafo a tiracolo, a missão se torna especialmente ingrata. 

Ok, pensei, são ossos do ofício. 

Quando me dei conta, já estava na saleta iluminada por luz branca, em frente a uma enorme TV de plasma e uma pilha de revistas e DVDs eróticos maior ainda. 

Dava para ouvir a risada do fotógrafo: "Nesse momento, o Ricardo já tá mandando ver..." Não, não estava. Quando o barulho lá fora diminuiu, arrisquei folhear a coleção de "Playboys": Luma de Oliveira posando, em 1987, aos 20 aninhos. Sheila Carvalho, no auge do É o Tchan (e antes do silicone). Catarina, a menina que desistiu de leiloar a virgindade. 

Eu nunca tinha visto uma lista tão grande de DVDs: "Ninfetas Viciadas em Sexo", "Todas Querem Jack" e "Três Horas de Luxúria" eram alguns. 

Escolhi "Amigas à Procura de Cowboys" --vale ressaltar que todas as revistas e DVDs eram focadas no público heterossexual. Fiquei sentado no sofá de couro branco da saleta por uns 20 minutos. Aos menos, pensei, não dava para ouvir nenhum barulho lá de fora. 

Depois de cumprir minha missão, abri a janelinha quadrada dos fundos da sala. Ali, sobre uma placa aquecida a 37°C, deixei o potinho de coleta. 

Amigos perguntaram o que eu acharia se a experiência resultasse filhos (seriam meus primeiros). Nunca vou saber. A doação é anônima. Então, estou tranquilo.

A arrogância segundo os medíocres

Carmen Guerreiro (*)  

“Adorei o seu sapato”, disse uma amiga para mim certa vez. 

“Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei super legal também”, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz “que metida”. Mas para meia-entendedora que sou, o “ah…” que ela respondeu bastou. 

Incrível é que posso afirmar com toda convicção que, se tivesse comprado aquele sapato em um camelô da 25 de março, eu responderia com a mesma empolgação “Legal, né? Achei lá na 25!”. Só que aí sim eu teria uma reação positiva, porque comprar na 25 “pode”. 

Experiências como essa fazem com que eu mantenha minhas viagens em 13 países, minha fluência em francês e meus conhecimentos sobre temas do meu interesse (linguística, mitologia, gastronomia etc) praticamente para mim mesma e, em doses homeopáticas, comente entre meu restrito círculo familiar e de amigos (aquele que a gente conta nos dedos das mãos). 

Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”. 

Não importa que ele pague R$ 30 mil em um carro zero, enquanto você dirige um carro de mais 15 anos e viaja durante um mês a cada dois anos para o exterior gastando R$ 5 mil (dinheiro que você, que não quer um carro zero, juntou com o seu trabalho enquanto ele pagava parcelas de mil reais ao mês). Não importa que você conheça uma palavra em outra língua que expressa muito melhor o que você quer falar. Você não pode mencioná-la de jeito nenhum! Mas ele escreve errado o português, troca “c” por “ç”, “s” por “z” e tudo bem. 

Não pode falar que não gosta de novela ou de Big Brother, senão você é chato. Não pode fazer referência a livro nenhum, ou falar que foi em um concerto de música clássica, ou você é esnobe. Não ouso sequer mencionar meus amigos estrangeiros, correndo o risco de apedrejamento. 

Pagar R$200 em uma aula de francês não pode. Mas pagar mais em uma academia, sem problemas. Se eu como aspargos e queijo brie, sou “chique”. Mas se gasto os mesmos R$ 20 (que compra os dois ingredientes citados) em um lanche do McDonald’s, aí tudo bem. Se desembolso R$100 em uma roupa ou acessório que gosto muito, sou uma riquinha consumista. Mas gastar R$100 no salão de cabeleireiro do bairro pra ter alguém refazendo sua chapinha é considerado normal. Gastar de R$30 a R$50 em vinho (seco, ainda por cima) é um absurdo. Mas R$80 em um abadá, ou em cerveja ruim na balada, ou em uma festa open bar… Tranquilo! 

Meu ponto é que as pessoas que mais exercem essa censura intelectual têm acesso às mesmas coisas que eu, mas escolhem outro estilo de vida. Que pode ser até mais caro do que o meu, mas que não tem a pecha de coisa de gente arrogante. 

O dicionário Aulete define a palavra “arrogância” da seguinte forma: 


1. Ação ou resultado de atribui a si mesmo prerrogativa(s), direito(s), qualidade(s) etc. 
2. Qualidade de arrogante, de quem se pretende superior ou melhor e o manifesta em atitudes de desprezo aos outros, de empáfia, de insolência etc. 
3. Atitude, comportamento prepotente de quem se considera superior em relação aos outros; INSOLÊNCIA: “…e atirou-lhe com arrogância o troco sobre o balcão.” (José de Alencar, A viuvinha)) 
4. Ação desrespeitosa, que revela empáfia, insolência, desrespeito: Suas arrogâncias ultrapassam todo limite. 

Pois bem. Ser arrogante é, então, atribuir-se qualidades que fazem com que você se ache superior aos outros. 
Mas a grande questão é que em nenhum momento coloco que meus interesses por línguas estrangeiras, viagens, design, gastronomia e cultura alternativa são mais relevantes do que outros. Ou pior: que me fazem alguém melhor que os outros. São os outros que se colocam abaixo de mim por não ter os mesmos interesses, taxar esses interesses de “coisa de grã-fino” (sim, ainda usam esse termo) e achar que vivem em um universo dos “pobres legais”, ainda que tenham o mesmo salário que eu. 
E o pior é que vivem, mesmo: no universo da pobreza de espírito. 

(*) Jornalista 

sábado, 23 de novembro de 2013

O poder, esse sedutor

Estadão 

Luiz Werneck Vianna
Após oito anos, revelados mais de R$ 100 milhões movimentados fora das regras do jogo, foram compiladas 50 mil páginas nos autos, 600 testemunhas on the record, 38 réus julgados, 25 condenados e muitas, muitas páginas impressas sobre a Ação Penal 470, o mensalão. No simbólico 15 de novembro, dia da proclamação de nossa República, José Dirceu, José Genoino e outros oito condenados se entregaram à polícia federal. "Viva o PT", bradou, de punho cerrado, o ex-presidente do partido. 

De 2005 para cá, diversas críticas austeras e duelos intelectuais sobre os meandros da AP470 ocuparam o Aliás. Entre as primeiríssimas delas, uma entrevista marcante com o cientista político Luiz Werneck Vianna, professor da PUC-Rio e autor de A Modernização sem o Moderno: Análises de Conjuntura na Era Lula (Fundação Astrojildo Pereira, Contraponto, 2011), no dia 31/7/2005, às vésperas do depoimento de José Dirceu no Conselho de Ética, um dos momentos-chave dessa história. 

A convite do Aliás, Werneck Vianna voltou para discutir os rumos políticos deste Brasil pós-mensalão. O diabo, diz, é "essa volúpia pela eternização no poder" – presente nos tempos de Lula, mas também em Collor e em Fernando Henrique, ressalva. "A ideia de ganhar tudo e todos fez parte desse projeto megalômano do PT, que pretendia permanecer no poder até o fim dos tempos", diz o intelectual, com palavras pausadas, por vezes hesitante. "Mas a história está aberta, sempre esteve", ressalva mais uma vez. E como Dirceu e Genoino serão lembrados, professor? "Alguém sempre pode dizer ‘a história me absolverá’. Bem, absolve alguns e outros não. A ver". 

Nova novela das 8 .. " O metrôlama"

Ministro da Justiça diz que enviou denúncia de ex-diretor da Siemens à PF 

Estadão 

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta sexta-feira, 22, que foi ele o responsável pelo envio à Polícia Federal de um relatório sobre o cartel de trens que cita corrupção envolvendo políticos ligados a Geraldo Alckmin (PSDB), entre eles o chefe da Casa Civil do governador paulista, Edson Aparecido. Cardozo informou ainda ter recebido o texto, elaborado pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, das mãos do deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT), hoje secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo. 

As informações constam de nota oficial divulgada nesta sexta pelo Ministério da Justiça e contradizem um memorando de 11 de junho do delegado Bráulio Cezar da Silva Galloni, coordenador-geral de Polícia Fazendária da Polícia Federal de Brasília. Esse memorando anunciava o encaminhamento das acusações contra os tucanos aos policiais federais paulistas. Nele, o delegado dizia expressamente que o relatório com as denúncias tinha chegado a ele via Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 

Àquela altura, o Cade já havia fechado um acordo de leniência com a Siemens e investigava oficialmente o cartel de trens em São Paulo e no Distrito Federal. O acordo de leniência, porém, não citava corrupção. Já o relatório do ex-diretor da Siemens, sim. O conteúdo desse relatório foi revelado pelo Estado na quinta-feira. 

Cardozo diz, na nota de desta sexta, que repassou a papelada para a Polícia Federal, órgão que é submetido ao seu ministério, "no estrito cumprimento do dever legal, para as devidas investigações". O Cade, a quem o delegado de Brasília atribuía a origem do relatório com as acusações contra tucanos, é uma autarquia do mesmo ministério. Ou seja, também é submetido a Cardozo. 

Ainda na quinta-feira, quando a reportagem foi publicada, o Cade divulgou nota dizendo que não havia recebido ou enviado qualquer relatório aos federais. 

Relações antigas
Simão Pedro, que, segundo a nota do Ministério da Justiça, entregou o relatório com as acusações contra os tucanos para Cardozo, é autor, como deputado estadual, de duas representações ao Ministério Público sobre o cartel. O petista tem se empenhado para que o escândalo seja investigado. Ele e o ministro integram a mesma corrente política do PT, a "Mensagem ao Partido". 

O hoje secretário municipal de Haddad também é próximo do presidente do Cade, Vinícius Carvalho. Antigo militante petista, Carvalho trabalhou como chefe de gabinete de Simão Pedro na Assembleia Legislativa paulista. 

Pelo fato de ter omitido essa relação em cinco currículos oficiais – inclusive em material entregue aos senadores que aprovaram sua indicação ao cargo –, o presidente do Cade foi recentemente advertido pela Comissão de Ética da Presidência da República. 

No relatório com as denúncias contra políticos tucanos, o ex-diretor da Siemens cita três vezes o nome de Simão Pedro. Nas duas primeiras, diz que foi com base em informações suas que o petista fez as representações protocoladas no Ministério Público paulista, e que ambos se reuniram com três promotores. Na outra, afirma que, com a ajuda do petista, encontrou-se por duas vezes com o presidente do Cade "para orientá-lo sobre alguns aspectos importantes do acordo de leniência a ser assinado entre o órgão e a Siemens". 

O ex-diretor diz ainda que ajudou Carvalho a elaborar a lista de nomes e endereços para a execução dos mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal, "de forma que nenhum nome, fato ou documento importante fosse omitido pelas empresas". 

Em contato telefônico nesta sexta, o secretário de Haddad foi questionado sobre as informações prestadas por Cardozo e sobre sua relação com Rheinheimer. Ele pediu alguns minutos para responder e disse que ligaria de volta. Porém, não atendeu mais as ligações. Duas horas depois, enviou uma mensagem de texto por celular dizendo que em 15 minutos encaminharia uma nota comentando o assunto. Contudo, 20 minutos à frente enviou novo torpedo: "Não vou me manifestar por enquanto". 

Colegas de Carvalho relataram nesta sexta que ele estava "angustiado" e "indignado" com pressões que passou a sofrer de políticos tucanos citados no relatório do ex-diretor da Siemens.

O cidadão é ministro ou boy do PT

José Eduardo Cardozo tem de se demitir ou de ser demitido. A menos que Dilma queira ameaçar o país com o estado policial petista 

Reinaldo Azevedo (*) 

José Eduardo Cardozo tem de renunciar ao Ministério da Justiça. Se não o fizer, a presidente Dilma Rousseff tem de demiti-lo. Se nem uma coisa nem outra acontecerem, então é justo supor que um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff pode levar o Brasil a uma kirchnerização à moda da casa. Não é a primeira vez que o ministro da Justiça dá mostras de que se ocupa menos das necessidades do país do que das de seu partido. Desta vez, no entanto, ele foi longe demais. Explico tudo direitinho. 

Como é de conhecimento de todo mundo, há uma investigação em curso no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a formação de cartel para o fornecimento de trens para a CPTM e para o metrô em São Paulo e no Distrito Federal. De saída, diga-se o óbvio sobre esse caso e qualquer outro: quem deve, feita a devida apuração e comprovadas as culpas, que pague. A única coisa que não vale é corrupto erguer o braço esquerdo como se fosse herói da resistência. 

Se vocês procurarem nos arquivos, encontrarão todas as estranhezas que eu vinha apontando nesse caso. Desde o princípio, vazavam informações do Cade — comandado por um militante do PT chamado Vinicius Carvalho — para a imprensa dando conta de que executivos da CPTM e do Metrô, com a anuência do governo de São Paulo, estariam envolvidos com o cartel, mas esse mesmo governo nem sequer tinha acesso às informações; nem sabia do que estava sendo acusado. Uma fórmula foi celebrizada pelo noticiário da TV Globo: a formação de cartel aconteceu “nos governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB”. 

A investigação no Cade nasceu de um acordo de leniência assinado pela Siemens, cujos termos também são desconhecidos. E qual a justificativa para o governo de São Paulo não ter acesso às informações? Cinicamente, o Cade, que é subordinado a Cardozo, alegava “sigilo”. Que sigilo é esse que se faz de vazamentos? Adiante. Muito bem: o órgão apurava a formação de cartel, mas não se falava, até então, de corrupção. Um inquérito também foi aberto pela Polícia Federal. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Campanha sobre câncer infantil

Personagens infantis ficam carequinhas' em campanha sobre o câncer 

Terra 


No próximo sábado (23), será celebrado o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil e, para marcar a data, o GRAAC lançou uma campanha divertida: "Carequinhas contra o câncer infantil". 

Diversos personagens infantis "rasparam a cabeça" e aparecem apoiando a causa. Todos os integrantes da Turma da Mônica, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, do Peixonautas, da Galinha Pintadinha, do Garfield e outros aderiram à campanha. 

No site da instituição,que é referência no tratamento e pesquisa do câncer infanto-juvenil na América Latina, é possível baixar imagens do personagem preferido. O órgão convida a todos para trocarem o seu avatar do Facebook nesta data, em apoio à causa. A campanha tem o objetivo de lembrar que as crianças com câncer também devem curtir a infância. 

Os gladiadores

Renato Gomes Nery (*)  

Existe atualmente uma febre pelas lutas corporais. Diversas organizações nacionais e internacionais cuidam e organizam estas contendas. Os dias de lutas são aguardados com ansiedade. Elas são replicadas pela televisão em casas, bares e restaurantes. Os vencedores são tratados como celebridades e festejados como heróis. 

Parece que existe um desejo atávico que glorifica e festeja a violência. Pessoas normais ficam excitadas. Torcem. Sofrem. Alegram e festejam. Na hora que os vencedores derrubam, violentam e derrotam os vencidos, tenho a impressão que a plateia – como acontecia com os gladiadores – vai clamar. Mata! Mata! Mata! 

Curiosa a natureza humana que se regozija com a violência, com a dor e com o massacre, como se dentro da cada ser se escondesse um lobo ou uma serpente, com a ressalva de que estas não atacam e nem ferem por prazer. 

Se há repúdio, inclusive legal, por brigas de galos e por qualquer tipo de violência contra as pessoas e animais, por que a violência é incitada e glorificada prazerosamente pelas pessoas? 

As touradas estão em extinção na Europa. As cobaias de animais têm encontrado a resistência e o repúdio da população. Entretanto, as lutas e as contendas humanas oficializadas encontram-se em expansão. E por que este cultivo e culto mórbido e doentio da violência? Não tenho resposta para esta questão, mas fica aqui a minha preocupação com a expansão desta cruzada que enriquecem uns poucos e explora a força bruta de lutadores humildes que sofrem e danos irreparáveis e até a vida neste circo de horrores, com reflexos certamente nefastos para toda a sociedade. 

Finalizo com a certeza de que a violência se banalizou, pois salvo melhores informações, não vejo vozes a denunciar esta violência institucionalizada em lutas milionárias que progridem. Ganham adeptos e liquida consequentemente o nosso desejo de paz. 

(*) Advogado e morador em Cuiabá (MT)

A fragilidade da atividade cultural

João Carlos de Figueiredo Ferraz (*)  

Em 18 de outubro foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto n.º 8.124, assinado pela presidente Dilma Rousseff, que trouxe grande agitação ao meio cultural brasileiro. Preparado silenciosamente pelo Ministério da Cultura, esse decreto veio regulamentar a Lei n.º 11.904, que cria o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e traz vários pontos polêmicos - que, seguramente, serão analisados tecnicamente por advogados e profissionais da área cultural e, oportunamente, deverão ser questionados pelas entidades ou pessoas físicas que se acharem por ele prejudicadas. Mas tem também conceitos que valem a pena ser discutidos. 

O primeiro ponto que merece ser questionado diz respeito à sua abrangência. Diz o artigo 2.º, III, que são bens culturais passíveis de "musealização" os bens "móveis e imóveis, de interesse público, de natureza material ou imaterial, considerados individualmente ou em conjunto, portadores de referência ao ambiente natural, à identidade, à cultura e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira". Nessa definição pode ser considerada de interesse nacional para fins culturais absolutamente qualquer coisa, desde álbuns de figurinhas esportivas dos anos 1950 até rótulos de cachaça, passando por imagens religiosas que alguma família humilde tenha herdado de um parente distante, além das obras de arte propriamente ditas. Tudo, a critério de uma comissão formada em sua maioria por leigos no assunto (terá um assento para cada ministério), pode ser considerado bem cultural e de interesse nacional. 

Mas até aí, tudo bem. O que causa maior preocupação e dúvida não é exatamente o que está escrito, mas o que não é especificado. É como se dizia antigamente, "o diabo mora nas entrelinhas". Refiro-me ao artigo 20, que dá ao Ibram o direito de preferência em caso de venda judicial ou leilão de bens culturais. Essa preferência é sensata e legítima, porém o critério para a sua utilização deveria ser bem definido para evitar problemas. 

O que trama o PT?

Opinião do Estadão

O manifesto petista divulgado na terça-feira, que classifica de "ilegal" a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, de mandar recolher à prisão 12 dos condenados no processo do mensalão, afirma que "uma parcela significativa da sociedade" teme "pelo futuro do Estado Democrático de Direito no Brasil". Têm razão os signatários do documento. 

O Estado de Direito está real e gravemente ameaçado no Brasil, mas pelos sectários, pelos oportunistas fisiológicos e pelos inocentes úteis do PT que, por razões diversas, se empenham numa campanha nacional de desmoralização do Poder Judiciário, ferindo fundo a estabilidade institucional e colocando em risco, em benefício da hegemonia política do partido, o futuro da democracia no País. 

O tal manifesto não é um documento oficial do PT. Mero detalhe. As posições "oficiais" do partido, ditadas pelo pragmatismo eleitoral, são traduzidas pela linguagem melíflua das notas oficiais, hábeis em camuflar o verdadeiro pensamento da elite petista. Mas esse pensamento está explicitado no manifesto de terça-feira, que tenta em vão dissimular seu caráter eminentemente político-partidário com a adesão de "companheiros" intelectuais e juristas. Mas assinam a nota o presidente Rui Falcão e todos os demais integrantes do Diretório Nacional do partido. Está ali, portanto, o que pensa o PT. 

Da mesma forma como ataca sistematicamente a imprensa, ao investir contra o Poder Judiciário, lançando mão do recurso de demonizar a figura do ministro Joaquim Barbosa, o PT deixa claro o modelo de "democracia" que almeja: aquele em que ninguém ousa contrariar suas convicções e seus interesses nos meios de comunicação, na aplicação da Justiça, na atividade econômico-financeira. Em todas as atividades, enfim, em que entendem que o Estado deve dar sempre a primeira e a última palavra, para promover e proteger os interesses "do povo". 

Para visualizar esse modelo dos sonhos dos petistas radicais sem ir muito longe, basta olhar para a Venezuela e demais regimes "bolivarianos" da América Latina, sem falar no clássico exemplo da ilha dos Castros. Esses países, em que vigora o "socialismo do século 21", são comandados pelos verdadeiros amigos do peito e de fé de Lula, Dilma e companheirada. 

Mas nem todo mundo no PT está preocupado com dogmatismo ideológico. Ao longo de 10 anos, boa parte da militância petista aprendeu a desfrutar das benesses do poder e hoje reage ferozmente a qualquer ameaça de ter que largar o osso. São os oportunistas que tomaram conta do aparelho estatal em todos os níveis e a ele dedicam todo seu despreparo e incompetência gerencial. 

E existem ainda os inocentes úteis, em geral mal informados e despolitizados, que engrossam as fileiras de uma militância que comprou a ideia-força lulopetista de que o mundo está dividido entre o Bem e o Mal e quem está "do outro lado" é um "inimigo" a ser ferozmente dizimado. As redes sociais na internet são o ambiente em que melhor prospera esse maniqueísmo de esgoto. 

O que pretende esse amplo e variado arco de dirigentes e militantes petistas que, a pretexto de se solidarizarem com os condenados do mensalão, se mostram cada vez mais ousados em suas investidas contra o Poder Judiciário? O País tem estabilidade institucional suficiente para impedir que, num golpe de mão ou num passe de mágica, a condenação dos mensaleiros seja anulada. Mas os radicais sabem que para alcançar seus objetivos precisam criar e explorar vulnerabilidades na estrutura institucional de nossa democracia. Os oportunistas sabem que precisam ficar bem com os donos do poder a que aderiram. E os inocentes úteis não sabem nada. Agem por impulso, movidos por apelos emocionais. Acreditam até no argumento falacioso de que é preciso ser tolerante com a corrupção e os corruptos porque sem eles é impossível governar. 

A quem não entra nessa lista resta comemorar, enquanto pode, uma singela obviedade: feliz é o país em que a Justiça pode contrariar os interesses dos poderosos de turno.

Para quem era contra privatização ....

Governo concede aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG) por R$ 20,8 bi  

Folha de São Paulo 
Aeroporto do Galeão (RJ)


O governo arrecadou R$ 20,84 bilhões com o leilão dos aeroportos de Confins (MG) e Galeão (RJ) realizado nesta sexta-feira (22) na BM&F Bovespa, em São Paulo. O valor é 251% superior aos R$ 5,9 bilhões mínimos previsto na disputa. 

No último leilão de aeroportos, em 2012, a diferença (ágio) havia sido de 373,5%, quando os consórcios pagaram ao todo R$ 24,5 bilhões por Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas) e Juscelino Kubitschek (Brasília). 

O consórcio formado pela construtora Odebrecht e a operadora Changi, de Cingapura, venceu a disputa pelo Galeão, com uma proposta de R$ 19 bilhões. A disputa foi a viva-voz, mas nenhum concorrente se dispôs a melhorar a oferta, que representa uma diferança sobre o valor mínimo de 294%. 

A segunda maior proposta foi da construtora Carioca, no valor de R$ 14,5 bilhões. A Eco Rodovias fez uma oferta de R$ 13,113 bilhões. 

CONFINS 
Já o leilão de Confins, foi vencido pela construtora CCR, com lance de R$ 1,82 bilhão --66% acima do valor mínimo previsto. O aeroporto mineiro obteve lances na fase de viva-voz, com disputa entre Queiroz Galvão e a CCR. 

Cinco consórcios concorreram para administrar os dois aeroportos. Todos disputaram Galeão, mas apenas três também fizeram propostas para Confins. 

Disputaram apenas o Galeão os consórcios "Novo aeroporto Galeão", formado por Eco Rodovias, Invepar e Fraport, e "Sócrates", formado pela construtora Carioca e pelos operadores dos aeroportos de Amsterdã e Paris. 

Já os consórcio "Aeroportos do Futuro", formado por Odebrecht e Changi (operadora de Cingapura), "Aliança Atlântica Aeroportos" (Queiroz Galvão com Ferrovial, gestora espanhola que administra Heathrow, em Londres) e "Aero Brasil" (CCR com os operadores dos aeroportos de Munique e Zurique), apresentaram propostas para Galeão e Confins.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O poder de nozes e castanhas

Pessoas que comem nozes e castanhas todo dia vivem mais e são mais magras 

UOL - Saúde 

Pessoas que consomem uma porção diária de oleaginosas, como castanhas e nozes, têm uma redução de 20% no risco de morrer de qualquer doença e ainda tendem a ser mais magras. 

É o que mostra um estudo conduzido por cientistas do Instituto de Câncer Dana-Farber, do Brigham and Women's Hospital, e da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA. Os resultados estão no periódico New England Journal of Medicine. 

Trata-se do maior trabalho desse tipo já publicado: os pesquisadores analisaram dados de 76.464 mulheres no período de 1980 a 2010 e de 42.498 homens entre 1986 to 2010. 

"O benefício mais óbvio foi a redução em 29% de mortes decorrentes de doenças do coração", afirmou o médico Charles Fuchs, do Dana-Farber, um dos autores do trabalho. "Mas também observamos uma redução significativa - de 11% - nas mortes por câncer." 

Os pesquisadores não conseguiram determinar quais os tipos de oleaginosa mais benéficos à saúde - a redução na mortalidade foi similar entre consumidores de amendoim, castanha de caju, castanha do Pará, macadâmia, pistache, noz comum e noz pecan. 

Estudos anteriores já tinham associado o alto consumo de oleaginosas à diminuição do risco de doenças como diabetes tipo 2, câncer de cólon, cálculo biliar e doenças do coração. O fato também foi ligado à redução do colesterol, do estresse oxidativo e dos níveis de inflamação, adiposidade e resistência à insulina. Mas nenhum deles envolveu tanto tempo e um número tão grande de pessoas. 

Os pesquisadores usaram duas grandes bases de dados em que os participantes respondiam questionários sobre hábitos alimentares e saúde em intervalos de dois a quatro anos. A porção de oleaginosas declarada por eles era de mais ou menos 29 gramas, quantidade que geralmente é oferecida em saquinhos vendidos em máquinas nos EUA. Quanto mais frequente era o consumo, maiores os benefícios notados. 

Uma análise mais detalhada permitiu concluir que os consumidores de oleaginosas têm características que também contribuem para a redução de doenças: eles são mais magros, menos propensos a fumar e a beber, se exercitam mais, consomem mais frutas e verduras e usam suplementos. Mas os resultados foram confirmados mesmo com esses fatores isolados na análise. 

Os autores avisam que o estudo não tem como comprovar causa e efeito. Mas lembram que a conclusão é compatível com outros estudos que mostram os benefícios do consumo de oleaginosas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Questões de Ordem: Qual a culpa de Genoino?

Marcelo Coelho (*) 

Dói muito ver a prisão de uma pessoa com o passado de José Genoino. Está muito acima, pelo caráter, pela coerência, pela simplicidade, da grande maioria dos políticos brasileiros. 

Não enriqueceu, nem quis enriquecer, com os cargos que ocupou. Fica difícil aplicar nele o rótulo de "corrupto". Na linguagem de todos os dias, corrupto é aquele que recebe propinas ou favores. Com toda certeza, Genoino não é dessa laia. 

Mas foi condenado no julgamento do mensalão, e vale lembrar o que aconteceu. Genoino foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão por formação de quadrilha e corrupção ativa. Tire-se do debate o crime da formação de quadrilha, ainda a ser reexaminado nos embargos infringentes. 

José Genoino foi condenado de forma praticamente unânime no STF. Dos dez ministros, somente Ricardo Lewandowski o absolveu. Até Dias Toffoli, um dos mais enfáticos em favor de José Dirceu, condenou Genoino sem nenhuma hesitação. Qual o crime? Corrupção. Pela lei, não se pune somente quem recebe dinheiro, mas também quem oferece. 

José Genoino ofereceu dinheiro a deputados e líderes partidários do mensalão? Sabia o que estava fazendo quando assinou um empréstimo junto ao Banco Rural, para irrigar as finanças do esquema? Ou foi tudo responsabilidade de Delúbio Soares e de José Dirceu, sendo claro que Genoino nunca entendeu muito de contabilidade, de orçamento, de economia? 

Os ministros se basearam nos testemunhos dos autos. Primeiro, é bom recordar, rejeitaram os argumentos do Ministério Público, que acusava Genoino de ter corrompido parlamentares do PMDB e do PL. Não havia nenhuma menção concreta a tratativas de Genoino com esses partidos. Até por isso, Delúbio terminou com uma pena maior do que ele. 

Houve, entretanto, encontros de Genoino com líderes do PTB e do PP. Políticos como José Janene, Pedro Henry, Emerson Palmieri e Pedro Corrêa admitem esses encontros. Nem precisamos falar de Roberto Jefferson, cujos depoimentos são sempre postos em dúvida pela defesa. Se tudo se baseasse apenas nas declarações de Jefferson, dificilmente algum ministro condenaria quem quer que fosse. 

E o povo, cordeirinho, vai aceitar isso pacificamente ... Vergonha

CBF domina votação do projeto de lei que perdoa calote de R$ 4 bilhões 

José Cruz (*) 

O projeto de lei que perdoa a dívida de R$ 4 bilhões dos clubes de futebol está nas mãos da cartolagem intimamente vinculada à CBF. 

Estranhamente, o projeto não foi apresentado pelo seu autor, o deputado Vicente Cândido (PT/SP). Mas pelos deputados Renan Filho (PMDB-AL), filho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o deputado Gabriel Guimarães (PT-MG). Renan Calheiros é um dos líderes da bancada da bola no Congresso Nacional, curva-se diante do poder de José Maria Marin. 

Essa estratégia tinha um motivo. Assim: 

O projeto de lei é do deputado Vicente Cândido. Ele disse isso: “Quem elaborou o projeto foi o meu gabinete”. Mas ao entregar para outro deputado apresentar, Vicente ficou liberado para assumir a relatoria da comissão que vai preparar a votação do projeto. 

E o relator pode mexer à vontade no texto do projeto. Ou seja, fará gato e sapato para livrar os clubes do pagamento do trambique de R$ 4 bilhões à Receita Federal e ao INSS. 

E quem é o deputado federal Vicente Cândido? 

Ele é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e íntimo de Marco Polo Del Nero, também vice da CBF. É a turma de José Maria Marin infiltrada na Câmara dos Deputados para legalizar a sonegação fiscal de clubes devedores. Na prática é isso que ocorre. 

Pior: 

Na mesma estratégia, a presidência da Comissão que vai cuidar do projeto de lei é o deputado Jovair Arantes (PTB/GO), presidente do Atlético Goianiense, um dos clubes que deverá se beneficiar do projeto-caloteiro. 


E nessa armação para perdoar quem surrupiou R$ 4 bilhões do fisco o governo, credor, se apresenta como avalista, via Ministério do Esporte. Em vez de o ministro Aldo Rebelo cobrar conforme a lei, coloca-se ao lado dos fraudadores explícitos. As reuniões que prepararam essa armação tiveram a participação de representantes do Ministério do Esporte, como Ricardo Gomide, assessor especial de Aldo. 

Gomide armou ao lado dos deputados líderes do projeto, Vicente Cândido e Jovair Arantes, além de Weber Magalhães, vice-presidente da CBF para o Centro-Oeste, e Vandenberg Machado, lobista disfarçado de “assessor para assuntos parlamentares”. 

Recentemente, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, declarou, em depoimento na Câmara dos Deputados, como o roubo ocorreu. Disse Eurico, sem constrangimentos nem medo de ser preso: 

“Todos sabem que recolhíamos os impostos dos jogadores e dos funcionários do clube, mas não repassávamos ao INSS nem à Receita Federal.

Ou seja, o sonegador explicou como roubou, reconheceu a dívida publicamente e o governo, ainda assim, não chama a polícia, mas se alia aos ladrões. 

(*) É jornalista sediado em Brasília, e acompanha as áreas de política, economia e legislação do esporte.

20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra

UOL 

Há mais de 30 anos, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeriu que se comemorasse em 20 de novembro o Dia Nacional da Consciência Negra, pois essa data era mais significativa para a comunidade negra brasileira do que o 13 de maio. "Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão", assim definia Silveira o Dia da Abolição da escravatura em um de seus poemas, referindo-se à lei que libertou os escravos, mas sem lhes dar condições de trabalhar e viver com dignidade. 

Em 2003, o Congresso Brasileiro aprovou uma lei federal criando esse dia. A mesma lei tornou obrigatório nas escolas o estudo sobre história e cultura afro-brasileira. A ideia é ensinar aos alunos de todo o país a história dos povos africanos, a luta dos negros no Brasil e a influência do negro na formação da sociedade nacional. 

O dia 20 de novembro é aniversário da morte de Zumbi, grande líder guerreiro do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695, há mais de 300 anos. Ele é considerado símbolo da resistência contra a escravidão, por isso, as entidades e organizações não governamentais dos movimentos negros no Brasil definiram esse dia para manter viva a memória dessa figura histórica e sua importância na luta pela libertação dos escravos. 

Você sabe o que é um quilombo? A palavra é de origem africana e quer dizer acampamento guerreiro na floresta. Quando os escravos conseguiam fugir, iam para os quilombos escondidos no meio das matas. Palmares, na Serra da Barriga (Alagoas), foi o maior deles todos e, na verdade, era formado por muitos quilombos juntos, com mais de 30 mil habitantes. Para você fazer uma ideia do que isso significa, a cidade de São Paulo, 250 anos mais tarde, teria apenas 25 mil habitantes. 

Zumbi nasceu em Palmares, filho e neto de guerreiros de Angola, na África, escravizados e vendidos no Brasil. Com poucos dias de vida, foi sequestrado e entregue a um padre que o batizou com o nome de Francisco. Aos 15 anos, Francisco que havia aprendido português e latim, fugiu e voltou para o quilombo, onde mudou seu nome para Zumbi que significa "Senhor da Guerra", "Fantasma Imortal" ou "Morto Vivo", no idioma africano banto. Daí em diante chefiou os negros nos combates contra bandeirantes e capangas dos fazendeiros que queriam escravizá-los novamente. Foi traído e morto numa emboscada aos 40 anos, depois de passar a vida lutando pela liberdade. 

A história sempre é escrita pelos vencedores. Assim, no caso de Zumbi e da resistência negra, todos os registros foram apagados pelas pessoas que conservaram o poder ao longo do Império e na República: a elite governante, a quem não convinha a figura de um herói negro nos livros escolares. Nos últimos 30 anos essa atitude vem mudando e procura-se resgatar fatos sobre a influência negra na formação do Brasil. 

Hoje em dia, os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por preconceitos e diferenças sociais. É um dia para todos pensarem na situação do negro, antes escravo e hoje ainda deixado de fora das oportunidades de trabalho e estudo no Brasil.

PF alerta para ação dos “senhores que desviam recursos públicos”

Estadão 

O colarinho branco representa risco tão grave para o Brasil quanto o tráfico de drogas, na avaliação da Polícia Federal. No combate ao crime organizado, a PF coloca num mesmo plano e peso o comércio de entorpecentes e as fraudes contra o Tesouro. 

“As prioridades absolutas da Polícia Federal são as organizações criminosas que exploram o tráfico e as organizações de senhores que se dedicam ao desvio de recursos públicos”, alerta o delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho, superintendente da PF em São Paulo. 

Troncon, ex-diretor da unidade da PF para combate ao crime organizado, só vê uma diferença entre os dois grupos: a violência. “De um extremo, as organizações armadas, cuja ação está diretamente relacionada com a violência urbana e que tem como sua principal fonte de renda a exploração do tráfico ilícito de drogas e são responsáveis pela disseminação do crack em nosso País. No outro extremo estão as organizações criminosas não violentas, também conhecidas de colarinho branco, grupos que se dedicam a fraudar os recursos públicos, a desviar recursos públicos que deveriam ser destinados para as áreas essenciais do Estado, educação, saúde, transporte, a própria segurança pública.” 

O delegado chefe da PF em São Paulo assinala que as organizações do tráfico são predominantemente formadas por brasileiros que interagem com grupos criminosos dos países vizinhos, produtores de cocaína e crack e de maconha, e internacionalmente com outros continentes para onde é remetida parte dessa droga. 

“Sendo o Brasil, já há algum tempo, pela evolução da nossa economia, pela melhoria da renda do seu povo e pela proximidade de centros produtores, o segundo maior consumidor dessa droga em termos absolutos. foram estabelecidas já lá atrás, em 2009 e em 2010, diretrizes para o enfrentamento, com toda a capacidade disponível, dessas organizações criminosas”, relata Roberto Troncon. 

Ele adverte para as consequências da ação do outro tipo de organização criminosa, a do colarinho branco. “As ações desses grupos, ao fraudar licitações, ao desviar recursos que deveriam ser destinados para áreas essenciais do Estado, embora não sejam violentas, embora não haja violência contra a pessoa no ato criminoso, existe indiretamente uma violência tremenda e muito abrangente, porque o dinheiro público deixa de chegar para construir uma nova escola, para melhorar o sistema de saúde.” 

Troncon ressalta que “milhões e milhões de brasileiros que dependem do Estado acabam não tendo, ou tendo de forma precária, esses serviços essenciais, porque os recursos que deveriam ser destinados para sua melhoria são carreados para benefício pessoal (do colarinho branco), remetidos ao exterior, para paraísos fiscais”. 

O chefe da PF em São Paulo fez um balanço das atividades da corporação em todo o Estado. Os números impressionam. Foram realizadas 49 operações especiais. Apreendidas 3,2 toneladas de pasta base de cocaína, crack e cocaína em pó, além de 25 toneladas de maconha. Foram cumpridos 588 mandados de busca e apreensão e executados 267 mandados de prisão, além de 757 prisões em flagrante. 

Na área de polícia administrativa foram expedidos 592 mil passaportes. “A busca por melhoria da prestação de serviço ao cidadão brasileiro é uma constante. Infelizmente, nem sempre os recursos estão disponíveis para que possamos, no tempo em que achamos necessário, fazer os investimentos que a atividade requer. Ainda assim expedimos 592 mil passaportes e controlamos nos dois aeroportos internacionais entrada e saída de 22,8 milhões de cidadãos brasileiros e estrangeiros.” 

A PF no Estado de São Paulo fiscalizou 7.002 agências bancárias e 547 empresas de segurança privada. Também foram fiscalizadas 6.636 empresas de produtos químicos e foram atendidos 558 mil estrangeiros. 

O Setor Técnico Científico produziu um incrível acervo de 6.570 laudos periciais. A Interpol prendeu 9 foragidos internacionais e promoveu a extradição de 26 presos. O Setor de Planejamento Operacional realizou 5.850 intimações e fez a escolta de 1.184 presos. O grupo de capturas prendeu 53 presos foragidos da Justiça. 

Ao todo, estão em andamento 19.052 inquéritos – 12.907 foram relatados até a última segunda feira. Foram indiciados 6.965 investigados. O orçamento da PF em São Paulo para 2013, despesas de custeios, alcançou R$ 54,57 milhões. O Setor de Comunicação Social da PF em São Paulo expediu 110 notas e atendeu cerca de 2,2 mil demandas da imprensa.

Naquela cela está faltando ele

Aloísio de Toledo César (*) 

Com uma frase enganosa, e certamente errada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva externou solidariedade aos criminosos de seu grupo íntimo que foram condenados no processo do mensalão e levados para o merecido lugar: a cadeia. Vários jornais publicam na primeira página que Lula ligou para esses aliados, no momento em que eram conduzidos ao cárcere, e afirmou: "Estamos juntos". A frase é mentirosa e está errada porque, se fosse prevalecer a verdade, certamente seria: "Deveríamos estar juntos". 

Quando teve início a Ação Penal 470, e dinheiro público era desviado debaixo do nariz do ex-presidente para comprar apoio político no Congresso Nacional e também para outras finalidades ainda piores, ele procurou difundir a versão de que não sabia de nada, não viu nada. Esses desvios de milhões, conforme ficou claro no processo do mensalão, eram praticados por pessoas de seu círculo íntimo, que entravam e saíam de seu gabinete a toda hora, sem ao menos ter de pedir licença. Eram o seu chefe da Casa Civil, José Dirceu, o presidente do PT, José Genoino, o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, e outros.

Como o grupo tinha gabinete ao lado de Lula, naquele lugar preservado e íntimo, só uma pessoa acreditou que o ex-presidente não sabia de nada, não viu nada: o então procurador-geral da República. Apesar das evidências e do que diz a legislação penal, ele praticamente absolveu Lula (ato que é privativo do Judiciário) e o deixou de fora do processo. 

Seria perfeitamente razoável incluí-lo na denúncia, pelas evidências de sua participação, e deixar que o Judiciário tomasse a decisão cabível. O Código Penal brasileiro é claro ao afirmar que existe crime tanto por ação como por omissão, tornando certo, quanto à omissão, que "é penalmente relevante quando o omisso devia e podia agir para evitar o resultado" (artigo 13, parágrafo II). 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Os "troikistas" de araque

A carta da “troika” “Dirceu-Delúbio-Genoino” de ódio à democracia. Ou: Um sotaque bolchevique para três corruptores 

Reinaldo Azevedo (*)  

Nunca antes na história destepaiz o crime foi tão digno, tão senhor de si, tão cheio de honra. José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares insistem na farsa de que são presos políticos. 

Resolveram redigir uma carta, em lulês, a língua que se fala por lá, tornada pública por advogados. Dizem não aceitar “humilhação” e preferir o “risco e a dignidade”. O que isso quer dizer? Ora, nada! Trata-se apenas da demonização da Justiça. Os petistas estão tentando ver se o “povo” sai às ruas em defesa do crime. Até agora, não aconteceu. 

Abaixo, seguem os garranchos da “troika” de ódio ao estado de direito e à democracia. 

O que é “troika”? É “trinca”, “trio”, “grupo de três coisas semelhantes”. Escolhi a palavra russa para dar à coisa um sotaque bolchevique. 

É a carta-testamento de três corruptores e, por enquanto ao menos, três quadrilheiros. Mais uma vez, tentam pegar uma carona em Getúlio Vargas. É patético. 

Mas não creio que corram o risco de terminar como aquele, não é? Getúlio foi ao extremo porque era do tipo que acreditava na própria farsa. O petismo resolveu reviver o mito como comédia. 

 (*) Jornalista e colunista da Revista Veja 




Por dentro da empresa mais secreta do mundo

Revista Exame 

Com pouco mais de 8.000 habitantes e cercada de plantações de milho até onde a vista alcança, a cidadezinha de Blair, no estado do Nebraska, é um daqueles fenômenos que ajudam a entender como os Estados Unidos se transformaram na maior potência agrícola do mundo. O solo é fértil, o clima ajuda e, sobretudo, a “agricultura familiar” da região nada tem a ver com seu equivalente romântico e anacrônico que ainda habita certas cabeças no Brasil - o investimento em tecnologia dos agricultores do cinturão do milho, como esse pedaço do Meio-Oeste americano é chamado, faz com que sua produtividade média seja duas vezes maior que a brasileira. 

Mas talvez o maior símbolo da força agrícola americana em Blair não seja o dourado do milho nas fazendas, mas a fábrica para onde é levada essa produção toda. A cidade abriga um dos maiores centros de processamento de grãos do mundo, um complexo que custou o equivalente a 2,5 bilhões de reais para ser erguido, abriga seis linhas de trem e transforma 2,5 milhões de toneladas de milho por ano - são 180 000 caminhões e quase 30 000 vagões lotados de grãos a cada doze meses. 

Ali, o milho de Blair se transforma em dezenas de produtos, de ração animal a etanol. É uma demonstração da pujança do cinturão do milho. Mas é, também, uma pequena amostra do papel da empresa mais poderosa do agronegócio no mundo - a americana Cargill. 

A empresa foi fundada em 1865 por três irmãos que queriam ganhar dinheiro armazenando a produção de grãos do Meio-Oeste - justamente quando a região começava a cultivar milho. 

Hoje, a Cargill é, disparado, a maior empresa de alimentos do mundo. Seu faturamento, de 137 bilhões de dólares, é 30% maior que o da suíça Nestlé e 50% superior ao de sua principal concorrente, a também americana ADM. A brasileira Vale, por exemplo, tem um terço do tamanho da Cargill. Com 1 400 fábricas em 67 países, seus tentáculos se espalham por todos os cantos da indústria mundial de alimentos. 

A Cargill não tem fazendas, não planta nada, vende muito pouco diretamente ao consumidor - no Brasil, é dona de marcas conhecidas, como os óleos Liza e os molhos Pomarola, mas isso é uma exceção. A empresa se tornou o gigante que é operando fora dos olhos do público. Uma de suas principais atividades ainda é comprar, armazenar e revender commodities agrícolas como soja, milho, trigo e basicamente todas as outras. 

No último ano, transportou 185 milhões de toneladas de grãos, um volume equivalente ao da safra brasileira (a Cargill é, aliás, a segunda maior exportadora de soja do país).
A empresa também processa e fabrica adoçantes, chocolates, óleos, rações para animais e álcool combustível – além de corantes e substâncias usadas para conservar iogurtes, pães, cervejas e refrigerantes. Seus ingredientes estão nos sanduíches do McDonald’s, nos refrigerantes da Coca-Cola, na comida de cachorro da Nestlé, nos sorvetes da Unilever.

As mágicas eleitorais de Dilma

Opinião do Estadão  

A presidente Dilma Rousseff continua realizando mágicas em sua conta do Twitter. 
Em suas mensagens a economia brasileira vai muito bem, a inflação está na meta e as contas públicas estão em ordem. 

Nenhum problema é reconhecido, apesar da evidente piora das finanças federais, do baixo ritmo de crescimento, das avaliações negativas do mercado, do risco de rebaixamento na classificação de risco e da recente advertência de um de seus conselheiros informais, o ex-ministro Antonio Delfim Netto: sem uma clara promessa de melhora fiscal em 2014, o governo poderá ser forçado a enfrentar uma tempestade perfeita - um desastre causado pela rara confluência de vários fatores negativos. Um desses fatores, é fácil de imaginar, poderá ser um aperto no mercado financeiro ocasionado pela esperada mudança da política monetária americana. 

Mas a presidente continua a mostrar-se muito mais preocupada com a campanha para a reeleição do que com a saúde econômica e financeira do Brasil. Suas mensagens tuitadas ontem são mais uma prova disso. Não são dirigidas a pessoas informadas sobre economia, tomadoras de decisões nos negócios e capazes de influenciar a formação de opiniões. Nenhuma dessas pessoas seria convencida pela retórica presidencial. 

A mensagem só pode ter sido destinada, portanto, a um público potencialmente influenciável ou o esforço seria inútil. O objetivo desse tipo de comunicação é, obviamente, eleitoral, pouco importando a opinião de quem pode, por exemplo, recomendar a redução da nota brasileira por uma agência de análise de risco soberano. 

"Somos um dos poucos grandes países a apresentar superávit primário", escreveu a presidente. Faltou acrescentar alguns detalhes. Nenhum outro governo, de país grande, médio ou pequeno, tem sido acusado - e com razão - de usar truques contábeis e recorrer a receitas extraordinárias para conseguir um resultado próximo da meta fiscal. A contabilidade criativa do governo brasileiro é hoje conhecida e citada internacionalmente. Segundo ponto: em outros países, mesmo aqueles mais atingidos pela crise financeira de 2008, as contas públicas estão melhorando. No Brasil, a deterioração é indisfarçável, apesar dos esforços da equipe governamental. Terceiro detalhe: a maior parte dos demais emergentes tem posição fiscal mais sólida que a brasileira. 

Também segundo a presidente, pelo décimo ano consecutivo a inflação será mantida abaixo da meta de 6,5% anuais. Essa é mais uma fantasia recorrente nas manifestações presidenciais. A meta em vigor a partir de 2005 é de 4,5%, como está indicado nos documentos do Banco Central (BC). Qualquer número acima desse ponto está fora do objetivo. A taxa de 6,5% é o limite da margem de tolerância, destinada a acomodar desvios dificilmente evitáveis. Pequenos desvios são em geral atribuíveis a acidentes sem muita importância. 

Grandes diferenças, no entanto, são justificáveis somente em condições extraordinárias. Em alguns casos, a tentativa de neutralizar os efeitos de eventos excepcionais pode resultar em custos econômicos desproporcionais. 

Nenhuma situação desse tipo ocorreu nos últimos quatro anos. Se tivesse ocorrido, outros emergentes teriam sido incapazes de combinar crescimento bem maior que o do Brasil com inflação bem menor, como sabem as pessoas razoavelmente informadas, mas a presidente insiste no discurso fantasioso. Os desinformados talvez se deixem enganar. 

"O Brasil tem uma economia sólida e por isso tem recebido investimentos externos vultuosos (sic), como comprova o leilão de Libra", acrescentou a presidente. Detalhe esquecido: faltou concorrência. Só duas grandes empresas ocidentais, ao lado de duas estatais chinesas, se apresentaram para participar do consórcio vencedor. De modo geral, as demais licitações do setor de infraestrutura tiveram pouco sucesso, até agora, e o governo tem sido forçado a reformular e reprogramar as ofertas. 

De fato, as oportunidades no Brasil são muitas - e seriam mais atrativas com uma política econômica mais competente e mais digna de confiança.