RESPOSTA DO GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO BATISTA TORRES DE MELO À MIRIAM LEITÃO
À Senhora Jornalista Miriam Leitão
Li o seu artigo "ENQUANTO ISSO", com todo cuidado possível. Senti, em suas linhas, que a senhora procura mostrar que os MILITARES BRASILEIROS de HOJE, são bem diferentes dos MILITARES BRASILEIROS de ONTEM.
Penso que esse é o ponto central de sua tese. Para criar credibilidade nas suas afirmativas, a senhora escreveu: "houve um tempo em que a interpretação dos militares brasileiros sobre LEI E ORDEM era rasgar as leis e ferir a ordem. Hoje em dia, eles demonstram com convicção terem aprendido o que não podem fazer".
Permita-me discordar dessa afirmativa de vez que vejo nela uma injustiça, pois fiz parte dos MILITARES DE ONTEM e nunca vi os meus camaradas militares rasgarem leis e ferir a ordem. Nem ontem nem hoje. Vou demonstrar a minha tese.
No Império, as LEIS E A ORDEM foram rasgadas no Pará, Ceará, Minas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul pelas paixões políticas da época.
AS LEIS E A ORDEM foram restabelecidas pelo Grande Pacificador do Império, um Militar de Ontem, o Duque de Caxias, que com sua ação manteve a Unidade Nacional.
Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Pelo contrário.
Vem a queda do Império e a República. Pelo que sei, e a História registra, foram políticos que acabaram envolvendo os velhos Marechais Deodoro e Floriano nas lides políticas.
A política dos governadores criando as oligarquias regionais, não foi obra dos Militares de Ontem, quando as leis e a ordem foram rasgadas e feridas pelos donos do Poder, razão maior das revoltas dos tenentes da década de 20, que sonhavam com um Brasil mais democrático e justo.
Os Militares de Ontem ficaram ao lado da lei e da Ordem. Lembro à nobre jornalista que foram os civis políticos que fizeram a revolução de 30, apoiados, contudo, pelos tenentes revolucionários, menos Prestes, que abraçou o comunismo russo.
Veio a época getuliana, que, aos poucos, foi afastando os tenentes das decisões políticas. A revolução Paulista não foi feita pelos Militares de Ontem e sim pelos políticos paulistas que não aceitavam a ditadura de Vargas.
Não foram os Militares de Ontem que fizeram a revolução de 35 (senão alguns, levados por civis a se converterem para a ideologia vermelha, mas logo combatidos e derrotados pelos verdadeiros Militares de Ontem); nem fizeram a revolta de 38; nem deram o golpe de 37.
João Cesar de Melo (*)
Como um delinquente bêbado, pouco mais da metade da população decidiu continuar acelerando inconsequentemente na mesma curva que seus vizinhos capotaram.
Capotará também, porém, levando consigo a outra metade da população que o acompanha sentada à sua direita, no banco do carona. Devemos ter pena dessa outra metade? Devemos vê-la como inocente? Não. Apesar de sua lucidez e honestidade, ela sempre foi passiva, tanto, que virou cúmplice de sua própria tragédia.
Foi covarde. Teve medo de impor limites àqueles que pediram e depois assumiram o volante.
Os culpados pela reeleição de Dilma:
Fernando Henrique Cardoso por sua tolerância com as sabotagens, ofensas e calúnias que sofreu durante seu governo, o que soou aos ouvidos do PT como uma permissão para continuar com aquela estratégia de se chegar ao poder. Qual foi sua atitude diante dos falsos dossiês sobre sua vida? Nenhuma. Qual foi sua atitude com aqueles que invadiram, depredaram e saquearam (com apoio de Lula) a fazenda de sua família? Nenhuma. Fernando Henrique Cardoso não foi homem nem para defender sua esposa (quem dedicou sua vida a projetos sociais) das calúnias que sofreu.
Nas três eleições seguintes, José Serra e Geraldo Alckmin concorreram à presidência sem bater no PT afundado em casos de corrupção e permitindo que Lula e Dilma pejorassem as privatizações de FHC. Nesses 12 anos de governo petista, o PSDB não apenas fez uma oposição frouxa, mas assistiu passivo o PT promovendo uma massiva campanha de desconstrução do governo de Fernando Henrique Cardoso.
UOL
Os altos preços da soja levaram a um aumento no plantio em áreas recém desmatadas na Amazônia, mas o cultivo da oleaginosa corresponde a uma parcela muito pequena do desmatamento ilegal na região, disseram o governo brasileiro e ambientalistas nesta terça-feira (25), em evento de renovação da chamada Moratória da Soja.
"Houve pressão dos elevados preços da commodities que levaram alguns produtores a plantar soja em áreas desmatadas ilegalmente", disse a Ministra do Meio-Ambiente, Izabella Teixeira.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa empresas responsáveis pela compra de 80 por cento da soja do Brasil, assinou acordo com o governo para estender até maio de 2016 a Moratória da Soja, em que é bloqueada a compra de soja cultivada em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia.
Imagens de satélite mostraram que a área de soja plantada em áreas de desmatamento ilegal cresceu 61%, para 47.028 hectares na temporada 2013/14, na comparação com a safra anterior.
A área representa apenas 1,1 por cento do total desmatado nos três Estados da Amazônia onde o grão é cultivado --Mato Grosso, Pará e Rondônia-- desde que a moratória foi assinada em 2006.
"Claramente, a soja não é a causa por trás do desmatamento da Amazônia", disse o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli.
Especialistas dizem que a abertura de pastagens para gado é o principal motivo da expansão da fronteira agrícola sobre áreas de floresta amazônica.
O diretor da Campanha da Amazônia do Greenpeace no Brasil, Paulo Adario, que assinou a moratória em nome de grupos da sociedade civil, disse que os patamares elevados dos grãos encorajaram sojicultores a plantar em terras ilegais, mesmo sob risco de multa ou perda do acesso ao crédito.
No entanto, ele disse que a moratória da soja tem funcionado bem no Brasil e sua renovação é crítica "para evitar jogar mais combustível na fogueira do desmatamento da maior floresta tropical do planeta".
Ambientalistas temem que o novo corredor logístico para grãos no norte do país, com portos na região amazônica, poderá aumentar o desmatamento, que no último ano subiu pela primeira vez desde 2005.
A destruição da maior floresta equatorial do mundo acelerou no ano passado com uma alta de 29 por cento, de acordo com dados liberados pelo governo brasileiro em setembro.
Dados de satélite para os 12 meses que antecederam julho de 2013 mostraram que 5.891 quilômetros quadrados de floresta foram desmatados na Amazônia brasileira, área aproximadamente equivalente ao tamanho do Distrito Federal.
Globo Rural
O Brasil precisa recuperar cerca de 60 milhões de hectares de áreas de pastagens com baixa produtividade para poder evoluir em direção a uma economia verde até 2023.
O alerta é da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), que divulgou a segunda fase da coletânea de estudos “Diretrizes para uma Economia Verde no Brasil”.
No trabalho, a pesquisadora Susian Martins conclui que 50% dos pastos brasileiros estão em processo de degradação. Segundo ela, de modo geral, a causa é o manejo inadequado e deficiências na conservação. Com o avanço do processo, a área perde cobertura vegetal e o teor de matéria orgânica do solo, promovendo a liberação de CO2 para atmosfera.
Ainda de acordo com a pesquisadora, quando se investe para repor os nutrientes, o produtor assegura uma dieta de melhor qualidade para o gado, reduzindo o tempo de abate e aumentando a produtividade. “Para estimular essa melhoria, os produtores têm recorrido ao Programa ABC, linha de crédito do Plano ABC criada em 2010 após o Brasil assumir voluntariamente o compromisso de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa”, diz o comunicado da Fundação.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a meta de recuperar 60 milhões de hectares de áreas de pastagens com baixa produtividade e baixa lotação é bem mais ampla que a do Plano ABC, de 15 milhões de hectares. Na opinião dela, é preciso capacitar 10 mil técnicos até 2023.
“No estudo, eu mostro a distribuição espacial dessa assistência técnica. Infelizmente ela não está chegando ao Nordeste, que é a região que mais concentra propriedades de agricultura familiar. Hoje, há muito gargalo e carência desse serviço em estados do Norte, do Nordeste e no Norte de Minas”, explica, conforme o comunicado.
Os sete pecados capitais do Palmeiras. Capazes de transformar a euforia com o novo estádio em angústia, desilusão. E até piedade do Sport. O coro de ‘time sem vergonha’ não foi por acaso…
Cosme Rímoli (*)
"Vergonha, time sem-vergonha. Vergonha, time sem-vergonha."
Foi assim, com esse coro que misturava raiva e angústia, que grande parte das 35.939 se despediu do novo estádio do Palmeiras.
A limitada equipe que Dorival Júnior tem nas mãos conseguiu uma façanha.
Estragou a festa de inauguração perdendo para o Sport Recife por 2 a 0.
Caprichou no vexame. Foi a terceira derrota consecutiva.
Veio depois de fracassos contra o Atlético Mineiro no Pacaembu e São Paulo no Morumbi.
A diretoria conseguiu o dinheiro que queria.
Foram exatos R$ 4.915.835,00.
Mas o sentimento que o time despertou depois da derrota foi de tristeza.
E piedade.
Até os jogadores do Sport pediam que os torcedores não vaiassem e xingassem os palmeirenses como fizeram ontem.
"Restam três partidas. A equipe precisa de seis pontos para não cair.
A hora é de apoiar e esquecer as vaias, as críticas. E dar força", pedia Diego Souza.
"Eu estou feliz demais por ter marcado o primeiro gol nesta nova arena. Mas fiquei chateado com o que a torcida do Palmeiras fez com o time. Nesta hora difícil tem de ajudar. Tomara que eles escapem do rebaixamento", deixou escapar Ananias.
Mas o que levou o Palmeiras a passar por um dos maiores vexames da sua história?
Voltar a jogar em seu novo estádio e belíssimo estádio de R$ 660 milhões.
Isso depois de quatro longos anos. E no retorno, derrota para o Sport Recife que ameaça o clube de rebaixamento para a Segunda Divisão.
Aqui os sete pecados capitais que transformaram o orgulho do palmeirense por ter um dos mais bonitos estádios do país. A euforia virou raiva, angústia, vergonha.
Brasileiríssimos
Quase um ano após da sua última turnê, Rodrigo Amarante volta a fazer turnê em solo brasileiro do seu último e único disco da carreira solo, o “Cavalo”.
Gravado em Los Angeles no galpão de uma fábrica e tocado quase que exclusivamente por Amarante, o disco “Cavalo” traz 11 músicas de sua autoria.
Ele estará com a banda que já o acompanhou nas turnês dos Estados Unidos e Europa. Além de “Cavalo”, também entram no repertório outras canções do ex-Los Hermanos.
As cidades confirmadas são:
20.nov . São Paulo
21.nov . Fortaleza
22.nov . Maceió
26.nov . Porto Alegre
28.nov . São Paulo (novamente)
30.nov . Rio de Janeiro
Agência Senado
Já está pronto o relatório do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) para a comissão temporária que estuda soluções para o financiamento da educação no Brasil.
Em entrevista à Agência Senado, o senador afirmou que procurou propor não só fontes de financiamento, mas mudanças na educação do país.
A expectativa é de que o texto seja votado pela comissão nas próximas semanas.
- Primeiro eu analisei quanto custa ter uma educação realmente de qualidade. Eu não procurei como financiar o sistema que está aí, mas um novo sistema, que substitua o atual. Depois, eu identifiquei 15 fontes de financiamento, de onde tirar o dinheiro para isso – explicou o senador.
Juntas, as 15 fontes de financiamento indicadas pelo texto teriam um potencial de arrecadação de R$ 887,9 bilhões em 2034.
O valor é mais de 4 vezes superior aos R$ 215,9 bilhões que, segundo o senador, teriam de ser somados aos atuais investimentos para concretizar seu projeto de mudança na educação.
Entre essas fontes estão, por exemplo, o aumento da produtividade que seria obtido com a educação, a emissão de títulos públicos pelo tesouro e o imposto sobre grandes fortunas. Há, ainda, a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira para a Educação (CPME), que, criada, teria um potencial de financiamento de R$ 93,5 bilhões.
Outra fonte apontada pelo senador é a redução nos sacrifícios fiscais decorrentes de renúncias e desonerações, que resultaria em R$ 249,8 bilhões ao ano.
Outras fontes de recursos apontadas são uma taxa verde sobre combustíveis fósseis, recursos recuperados pela justiça nos casos de corrupção e contrabando e a suspensão dos gastos com publicidade do governo, que geraria uma economia de R$ 4,3 bilhões.
Atraso
Para o senador, ao longo dos séculos, o Brasil sofreu por ter sua economia baseada em bens primários e baixa produtividade, sem contar com uma base educacional para servir ao avanço tecnológico. Para evitar que os fatos do passado se repitam, Cristovam sugere a criação do Sistema Nacional do Conhecimento e Inovação (SNCI), com a revolução da educação básica, a refundação da educação superior e implantação de um amplo programa de educação da população.
A mudança na educação básica inclui a federalização das escolas, projeto antigo do senador. Para Cristovam, o modelo atual, municipalizado, divide as crianças por CEP, principalmente em razão da desigualdade entre os entes federativos.
Além disso, a escola funcionaria em tempo integral.
O custo por aluno é de R$ 9,5 mil ao ano. Em uma projeção para 2034, o custo estimado com a educação básica seria de R$ 497 bilhões, o equivalente a 7,4% do PIB.
O relatório também propõe investimentos em educação superior, com aumento de 67% nos investimentos. O valor seria elevado dos R$ 48 bilhões para R$ 80 bilhões em 2034. Outros R$ 63 bilhões por ano seriam usados em um programa de educação para eliminar o analfabetismo e formar um país de leitores cultos.
O custo total para os três eixos sugeridos seria de R$ 640 bilhões, o equivalente a 9,6% do PIB estimado para 2034.
Corrupção
Transações suspeitas de mais de R$ 20 bilhões! E Collor caiu por um Fiat Elba
Rodrigo Constantino (*)
A população brasileira está “estarrecida”, como diria Dilma.
Nunca antes na história deste país se viu somas tão vultosas desviadas em um esquema de corrupção. Ninguém sabe ao certo quanto a quadrilha que operava na Petrobras roubou, mas o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informa que foram movimentados, em valor bruto, ao menos R$ 23,7 bilhões entre 2011 e 2014 de forma suspeita por pessoas físicas ou jurídicas supostamente envolvidas no Petrolão.
Só em espécie foram quase R$ 1 bilhão:
Nos relatórios do Coaf aparecem os nomes de 4.322 pessoas e 4.298 empresas que, de alguma forma, participaram da movimentação da montanha de dinheiro, parte dele de origem ilegal, vinculados a negócios da Petrobras. O Coaf deixa claro, no entanto, que os números não são valores absolutos. Em algumas situações nomes de pessoas e empresas são mencionados várias vezes. A soma total envolve saques e depósitos.
Mas, ainda assim, as cifras são consideradas estratosféricas até mesmo para autoridades acostumadas a lidar com dados expressivos.
Quando lembramos dos “anões do orçamento”, ou então do motivo pelo qual o ex-presidente Collor sofreu impeachment – a compra de um Fiat Elba – é realmente de cair o queixo. Aquela turma de antes era aprendiz perto da máfia hoje no poder.
Eram ladrões de galinha! O PT conseguiu banalizar a corrupção no Brasil.
Não a inventou, claro, mas a levou a patamares inacreditáveis, e tudo feito na maior tranquilidade, certos da impunidade.
A maior evidência até agora de que os montantes desafiam qualquer limite do imaginável está no compromisso firmado pelo gerente Pedro Barusco, que era subalterno do diretor Renato Duque, homem indicado por José Dirceu na estatal.
Para sua delação premiada, Barusco aceitou devolver US$ 100 milhões.
Isso mesmo: cem milhões de dólares!
Quanto será que Duque desviou?
E quanto foi parar nas contas de petistas na Suíça?
Os responsáveis pelas investigações necessitam de todo apoio possível da sociedade. Enfrentam uma quadrilha muito poderosa, e ainda precisam encarar uma “opinião pública” anestesiada, sonolenta, hipnotizada pela campanha mentirosa do PT, de que “todos são iguais”, de que “todos roubam”, e de que ao menos esse governo fez muito pelo “social”. Quem cai nessa ladainha é muito inocente mesmo, ou cúmplice da máfia.
Não importa que outros partidos e governos também tenham roubado.
Não importa que o PT distribuiu esmolas para os mais pobres. O que está em jogo é o futuro de nossa democracia e de nossos valores. Que mensagem queremos transmitir para nossos filhos e netos? Que tudo bem desviar bilhões dos recursos públicos, desde que dê o Bolsa Família para cada vez mais gente? É isso mesmo que o leitor quer repetir para os filhos?
Quem ainda tem vergonha na cara e um pingo de juízo está chocado com a ousadia dos canalhas, indignado com a pilhagem que a quadrilha fez em nossas empresas, e quer justiça, punição severa, para combater a impunidade e fortalecer nossas instituições democráticas. Já quem busca relativizar ou minimizar tudo isso que está acontecendo abandonou qualquer resquício de ética e debandou para o lado de lá, daqueles que acham normal roubar, desde que deixe algumas migalhas no caminho para os mais pobres…
(*) É um economista e colunista . Foi articulista da revista "Voto" e escreve regularmente para os jornais "Valor Econômico" e "O Globo"
Bellini Tavares de Lima Neto (*)
Curiosamente, fala-se mais agora na chamada ditadura militar que quando ela ainda era de recente término. E as críticas giram, quase que sempre, em torno de alguns poucos temas que se repetem: falta de liberdade de expressão por conta da censura, corrupção nas obras públicas, informações distorcidas a respeito da situação do país, torturas, repressão e por aí afora.
Eu vivi esse tempo. Sou antigo, muito antigo. E confesso que, em alguns momentos, olho em volta de mim mesmo e tenho a impressão que continuo com 20 anos.
Não fossem os cabelos brancos, a barriga, a falta de lepidez física e outras particularidades igualmente faltantes, eu seria capaz de apostar que ainda frequento a velha PUC, lá na Rua Monte , alegre e sonho em me tornar um compositor da MPB.
Leio nos jornais que, em certo momento, um ex-presidente simplesmente ignorou uma recomendação vinda do Tribunal de Contas e aprovou uma certa medida que acabou favorecendo um setor hoje envolvido num escândalo de arrepiar.
E me recordo de quando os homens de farda resolveram que para sair do pais era necessário fazer um depósito em dinheiro. Alguém entendeu que aquilo era ilegal e resolveu impetrar um Mandado de Segurança. O juiz concedeu a segurança, o cidadão foi à Policia Federal obter seu passaporte e recebeu um sonoro “não” pela cara.
Tribunal não manda nada.
Vejo nos bravos periódicos e nas redes sociais que alguns delegados de policia andaram criticando a presidente em exercício, especialmente durante o período pré-eleitoral.
A digníssima foi reeleita e, passado o vendaval, vejo, nos mesmos bravos periódicos e redes sociais que os ais delegados serão objeto de investigação.
E, ato contínuo, me vem à lembrança as páginas e páginas dos jornais contendo receitas de bolo ou trechos de poemas no lugar das noticias censuradas.
Falem mal, mas NÃO falem mal de mim.
Vejo nos jornais que durante todo o período eleitoral, os dados da economia foram subtraídos do conhecimento público. Vejo mais que as autoridades responsáveis por isso se utilizam de um expediente mais do que ardiloso: a maquiagem dos balanços.
Vejo, mais recentemente que o governo federal deseja fazer aprovar uma lei alterando, no final do ano, as regras referentes a determinadas metas econômicas que o desempenho não atingiu. E, subitamente, me volta à lembrança um antigo ministro da fazenda dos tempos verde oliva que afirmou que a inflação era algo em torno de 10% ou 11%. Mas, isso ele fazia porque eram tempos autoritários.
Pois é. Bem, a noite está chegando, vou passar a mão na viola e sair para a rua.
Sempre pode aparecer uma chance de se tocar e cantar em algum lugarzinho legal.
Ou, quem sabe, surge uma gatinha, a gente dá uma fugida até o Ibirapuera para namorar.
(*) Advogado, avô e morador em São Bernardo do Campo (SP)
Agrolink
Em vista dos altos custos de logística com o transporte de grãos até o eixo Sul-Sudeste, os portos da região do Arco Norte (Amazonas, Pará, Maranhão e Bahia) terão saltos de expansão na capacidade de escoamento nos próximos dez anos e devem reduzir mais de 30% do desembolso dos agricultores com frete.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a capacidade de exportação pelo Arco Norte deve aumentar em seis milhões de toneladas em 2015, porém, o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, disse ao DCI que um pacote de R$ 3,4 bilhões em investimentos da iniciativa privada já está em andamento, para que esta capacidade chegue a 62 milhões de toneladas até meados de 2024.
O Pró-Logística é um fórum coordenado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).
Entre os meses de janeiro e setembro deste ano, os portos localizados nos estados Maranhão (São Luis), Bahia (Salvador e Ilhéus), Amazonas (Manaus), Pará (Barcarena e Santarém) embarcaram 8,2 milhões de toneladas só de soja, ante as 6,7 milhões de toneladas exportadas no mesmo período de 2013.
A expansão prevista para o ano que vem "contribui para a redução do custo logístico na exportação e para reduzir a pressão nos portos do Sul e Sudeste", diz o Ministério em nota, devido a proximidade com as áreas de grande produção de grãos, como o Mato Grosso. Questionada sobre as políticas que serão adotadas neste processo, a pasta informou que o ministro Neri Geller deve se pronunciar publicamente nos próximos dias.
Projeções
Ferreira conta que os investimentos nos portos de Itacoatiara, no Amazonas, e Santarém, no Pará, começaram a aumentar em meados de 2005, os demais tiveram início a partir de 2013, por isso as projeções de expansão através de capital privado indicam resultados concretos para 2024.
"Cada terminal portuário no Arco do Norte terá um custo avaliado entre R$ 150 e R$ 250 milhões, de acordo com a necessidade de obras de engenharia. Só em estações de transbordo [entre a hidrovia e o porto, por exemplo] serão investidos R$ 1 bilhão", enfatiza.
As maiores apostas estão no aumento da capacidade dos portos paraenses de Vila do Conde e Outeiro, e de Itaqui, no Maranhão, com expectativa de que a capacidade de escoamento atinja 19 milhões de toneladas e 15 milhões de toneladas nos outros dois terminais, respectivamente, em dez anos.
"Com relação aos custos de produção, considerando o transporte rodoviário pela BR -163 e hidroviário passando por Miritituba, que levam cargas até Santarém e Vila do Conde, por exemplo, com uma produção vinda do município de Sorriso, no Mato Grosso, o desembolso do produtor pode cair em 34%", estima o diretor.
Ferreira ressalta que o setor acredita que estas obras "saiam do papel" pela ampla atuação da iniciativa privada.
Novo porto
Há cerca de 20 km de distância do atual porto de Ilhéus, terão início a partir do ano que vem as obras de um novo complexo portuário pensando na expansão de escoamento de grãos pela costa baiana. A declaração é do secretário de Agricultura e Pesca do município, Sebastião Vivas.
"Já estamos com as obras atrasadas, tivemos problemas com o licenciamento ambiental, que saiu agora. A previsão é que as construções comecem em 2015 e durem entre três e quatro anos até a implantação", afirma o secretário.
Com a maior parcela do investimento vindo da iniciativa privada, o empreendimento está orçado em R$ 4 bilhões. O complexo ainda deve contar com um terminal público arcado pelo governo do estado.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), mostram que entre janeiro e setembro deste ano, o porto de Ilhéus embarcou cerca de 200 mil toneladas de soja em grão, enquanto o terminal de Salvador exportou dois milhões no mesmo período. Em 2013, os volumes eram de 100 mil toneladas e 1,8 milhões de toneladas, respectivamente.
Dr Drauzio Varella (*)
A febre chicungunha é uma doença viral parecida com a dengue, transmitida por um mosquito comum em algumas regiões da África. Nos últimos anos, inúmeros casos da doença foram registrados em países da Ásia e da Europa. Recentemente, o vírus CHIKV foi identificado em ilhas do Caribe e na Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado do Amapá.
O certo é que o chicungunha está migrando e chegou às Américas.
No Brasil, a preocupação é que o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, mosquitos transmissores da dengue e da febre amarela, têm todas as condições de espalhar esse novo vírus pelo País. Seu ciclo de transmissão é mais rápido do que o da dengue.
Em no máximo sete dias a contar do momento em que foi infectado, o mosquito começa a transmitir o CHIKV para uma população que não possui anticorpos contra ele.
Por isso, o objetivo é estar atento para bloquear a transmissão tão logo apareçam os primeiros casos.
Sintomas
Embora os vírus da febre chicungunha e os da dengue tenham características distintas, os sintomas das duas doenças são semelhantes.
Na fase aguda da chicungunha, a febre é alta, aparece de repente e vem acompanhada de dor de cabeça, mialgia (dor muscular), exantema (erupção na pele), conjuntivite e dor nas articulações (poliartrite). Esse é o sintoma mais característico da enfermidade: dor forte nas articulações, tão forte que chega a impedir os movimentos e pode perdurar por meses depois que a febre vai embora.
Ao contrário do que acontece com a dengue (que provoca dor no corpo todo), não existe uma forma hemorrágica da doença e é raro surgirem complicações graves, embora a artrite possa continuar ativa por muito tempo.
Diagnóstico
O diagnóstico depende de uma avaliação clínica cuidadosa e do resultado de alguns exames laboratoriais. As amostras de sangue para análise devem ser enviadas para os laboratórios de referência nacional.
Casos suspeitos de infecção pelo CHIKV devem ser notificados em até 24 horas para os órgãos oficiais dos serviços de saúde.
Tratamento
Na fase aguda, o tratamento contra a febre chicungunha é sintomático.
Analgésicos e antitérmicos são indicados para aliviar os sintomas.
Manter o doente bem hidratado é medida essencial para a recuperação.
Quando a febre desaparece, mas a dor nas articulações persiste, podem ser introduzidos medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia.
Prevenção
Não existe vacina contra febre chicungunha.
Na verdade, a prevenção consiste em adotar medidas simples no próprio domicílio e arredores que ajudem a combater a proliferação do mosquito transmissor da doença
Observação importante:
No Brasil, até o momento, só foram registrados três casos importados da febre chicungunha. Os pacientes foram infectados no exterior, num dos 40 países por onde o vírus circula faz tempo. Os episódios foram controlados, sem que houvesse nenhum sinal de transmissão do CHIKV em território nacional.
No entanto, o risco de transmissão local existe.
A proximidade da Copa do Mundo e de outros eventos no País favorece a vinda de turistas provenientes de áreas infectadas pelo CHIKV. Mesmo assim, não há motivo para alarme. Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, nossos serviços de saúde e de vigilância sanitária estão atentos. Os casos confirmados no Brasil foram notificados para a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na mesma linha de conduta, médicos, laboratórios e as secretarias municipais e estaduais de saúde estão recebendo orientação sob a melhor forma de agir diante da nova doença.
(*) Médico oncologista, cientista e escritor , formado pela Universidade de São Paulo
Grau de dificuldade: Médio
Tempo de preparo: Mais de uma hora
Rendimento: 2 porções
INGREDIENTES
300 g castanha-do-pará crua
2 unidades filés de lombo de pirarucu fresco com pele, de 200 g cada
Sal e pimenta-do-reino a gosto
60 g batata-doce com casca em rodelas de 1 cm
60 g mandioquinha descascada em rodelas de 1 cm
2 colheres (sopa) chicória-do-pará (coentro-do-sertão) picada grosseiramente
60 g abóbora cortada em lâminas de 0,5 cm de espessura
1 unidade cebola-roxa cortada em 4
60 g quiabo cortado ao meio no sentido do comprimento
60 g maxixe cortado ao meio no sentido do comprimento
60 g tomate cortado em 4
4 ramos de tomilho fresco, para servir
MODO DE PREPARO
Bata a castanha-do-pará com 400 ml de água num liquidificador por 5 minutos
Deixe descansar por 30 minutos na geladeira.
Passe por um coador e reserve.
A massa que sobrar pode ser aproveitada na confecção de doces
Tempere o pirarucu com sal e pimenta.
Descanse por 30 min.
Aqueça 1 litro de água com 1 colher (sopa) de sal, até ferver
Cozinhe, separadamente, a batata-doce (por 5 minutos) e a mandioquinha (por 3 minutos) nessa água, até ficarem al dente.
Escorra e reserve.
Preaqueça o forno a 220°C.
Acomode os filés de peixe em uma assadeira, junte o leite de castanha-do-pará, a chicória, a abóbora, a cebola, o quiabo, o maxixe, a mandioquinha, a batata-doce e o tomate.
Tempere com 1/2 col. (chá) de sal
Asse por 10 minutos ou até que o peixe esteja cozido, e os legumes, macios
Salpique com o tomilho.
Sirva
Estadão
Há dez anos, todos nós poderíamos ter comprado a empresa fundada por Celeste Milani em 1955 no bairro paulistano da Moóca. A empresa toda valia menos do que uma única garrafa do produto que vendia. Com dívidas de mais de 25 milhões de reais, foi vendida por um real.
A groselha vitaminada Milani, iahuu, era uma delícia, iahuu, no leite, iahuu, no refresco e no lanche, iahuu. Prá tomar a toda hora, na sua casa, na festinha, na merenda, iahuu. Tudo ficava uma delícia, guarde o nome, não se engane, groselha vitaminada Milani, iahuu! Também no sabor morango e framboesa.
Olhando o rápido crescimento urbano e da classe C brasileira na década de 1950, o italiano Celeste Milani ficava inventando fórmulas de bebidas que pudessem ser consumidas em larga escala por esta nova faixa da população.
Chegou a um xarope de groselha que se tornou um rápido sucesso mesmo que uma parte dos seus consumidores não soubesse o que era exatamente esta fruta.
A ideia de negócio era brilhante pois tinha um sabor exótico, que atraia a atenção.
Era proporcionalmente barata, já era concentrada, bastando acionar água.
E por isso poderia ser consumida por famílias acima de dez pessoas, comum na época.
Mas o que foi sucesso com os pais e filhos, se tornou um fracasso com os netos, já doutrinados com os refrigerantes, a ponto de groselha ser atualmente sinônimo de chatice.
Mas as mudanças de hábito de consumo dos mais jovens também contribuíram para a queda do consumo do café comercializado pela família Alves, Silva e Pierrot, levando a empresa a ser comprada norte-americana Sara Lee em 1998.
Se as crianças na década de 1960 e 1970 tomavam groselha à tarde, na hora do café da manhã, era café Seleto, que a mamãe preparava, com todo carinho.
Já que o café Seleto, tinha sabor delicioso. Era um cafezinho gostoso.
Era o café Seleto. Café Seleto.
Mas se por um lado, as mães davam café para seus filhos pequenos, por outro, eles aprendiam a se virar bem mais cedo que as crianças atualmente. Quando chegava a hora de dormir, nem esperam mamãe mandar. Elas só desejam um bom sono para você e um alegre despertar. A aconchegante maciez da pura lã para sua família dos cobertores Parahyba cuidava do resto.
Criada em 1925, Olívio Gomes acreditava que havia um enorme mercado para produtos têxteis no Brasil e estava certo. A Companhia Fiação e Tecelagem Parahyba, baseada em São José dos Campos, estava estrategicamente posicionada para atender as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Vendeu muito produtos, mas nada ganhava em vendas do que seus cobertores, sinônimo de bons sonhos para todos os brasileiros.
Mas o pesadelo se instalou na empresa na década de 1990. Não aguentou a concorrência dos estrangeiros e a empresa encerrou suas atividades em 1993, sendo assumida por seus funcionários.
Empresas nascem, crescem e boa parte desparece na história de um país que não existe mais. Mas continuam existindo nas pessoas que viveram essas histórias.
E dá para relembrá-las com um Café Seleto… iahuu!
Reinaldo Azevedo (*)
Em entrevista ao programa “Os Pingos nos Is”, nesta quinta, que ancoro na rádio Jovem Pan, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, afirmou que o “petrolão” já não depende mais da boa ou da má vontade deste ou daquele para conduzir a investigação. Segundo disse, e é verdade, a coisa ganhou vida própria.
Querem a melhor prova? A Petrobras informou nesta quinta que não vai divulgar seu balanço do terceiro trimestre até sexta à noite, prazo determinado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). E vai fazê-lo quando? Não há data.
Em comunicado enviado à CVM, a estatal disse que “não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data”.
E por que não? A razão é, a um só tempo, muito simples e muito complicada: a auditoria PricewaterhousecCoopers não vai assinar nenhuma demonstração contábil da Petrobras até que a estatal ponha um ponto final nas investigações internas que apuram denúncias de corrupção. Pois é… A espiral de desastres em que mergulha a empresa parece não ter fim. Convenham: “eles” conseguiram gerar uma crise inédita na estatal.
E que se note: que motivos tem a Price para acreditar nas “investigações internas” da Petrobras? Não custa lembrar que, em fevereiro, a VEJA denunciou que a empresa holandesa SMB havia pagado propina a funcionários e intermediários da estatal brasileira para firmar alguns contratos. Em março, a direção da Petrobras anunciou que a sua investigação interna não havia constatado nenhuma irregularidade.
Nesta quarta, o Ministério Público da Holanda anunciou que a SMB foi multada em US$ 240 milhões em razão de propinas pagas mundo afora, inclusive no… Brasil!
Eis a qualidade da “investigação interna” da gigante brasileira.
E quando a Petrobras vai divulgar os dados? “O mais breve possível”, mas sem o aval dos auditores externos. Dados divulgados desse modo não têm credibilidade nenhuma. Como informa a VEJA.com, “o receio da Price, que faz parte do grupo conhecido por ‘Big 4’, composto pelas maiores auditorias do mundo, ao lado da Deloitte, da KPMG e da Ernst Young, é repetir no Brasil o escândalo da Arthur Andersen. A auditoria americana quebrou depois que foi envolvida no escândalo de fraude da petroleira Enron, em 2002.”
A irresponsabilidade, a roubalheira e a manipulação política estão quebrando a Petrobras. Eles conseguiram! Como disse Aécio, o escândalo ganhou vida própria. Tivesse Dilma sido derrotada nas urnas, haveria uma esperança. Mas ela venceu. Resta patente que Graça Foster também perdeu o pé da crise e já não é a solução. Eis a maior empresa brasileira! Como esquecer que o PT venceu pelo menos três eleições — 2002, 2006 e 2010 — brandindo o fantasma da “privatização da Petrobras”, intenção que os tucanos nunca tiveram? E já se preparava para fazer o mesmo em 2014, mas aí veio à luz a operação Lava Jato. Não! O PSDB nunca quis privatizar a Petrobras.
Mas assistimos agora às consequências nefastas da “privatização” empreendida pelo PT.
A maior estatal do país foi apropriada por um partido.
E está na lama.
(*) Jornalista é colunista da revista Veja
J.R.Guzzo (*)
O lado ruim da vitória de Dilma Rousseff nestas eleições, para não ficar gastando latim depois da missa, é que Dilma Rousseff ganhou.
O lado bom é que agora está garantido, sem margem de erro, que ela ficará no cargo só mais quatro anos; no dia 1º de janeiro de 2019 terá de ir embora. É um alívio.
Desde o seu primeiro dia na Presidência sempre houve a possibilidade angustiante de que continuasse lá para um segundo mandato. Agora não há mais essa aflição.
Ao contrário, cada dia de seu governo, a partir de janeiro próximo, será um dia a menos.
Não se trata de ver a vida em cor-de-rosa; todo otimismo, quando se pensa um pouco, é uma forma de impostura, pois faz promessas sem garantia de entrega.
Mas, no caso, o segundo mandato de Dilma será realmente o último – não é promessa, é o que manda a lei.
Eis aí uma das vantagens da certeza: acaba com as esperanças, é verdade, mas também acaba com as dúvidas. Desde o último domingo, foi-se a esperança de que Dilma devolvesse já agora a cadeira de presidente. Em compensação, foi-se a dúvida sobre o montante ainda a saldar.
Tudo considerado, a conta provavelmente está de bom tamanho – ou, numa adaptação livre da filosofia política do deputado Tiririca, muito melhor não fica.
Louvado seja o Senhor por essas pequenas graças. É claro que todo mundo tem o direito de esperar da vida pública bem mais do que uma simples notificação sobre o montante exato dos “restos a pagar”. Mas o que se vai fazer? É o que temos no momento.
O Brasil, por decisão da metade e mais um pouco dos seus eleitores, foi mantido sob o comando de pessoas moralmente primitivas, que acabam de ser premiadas por levar a atividade política à fronteira do crime – e não têm nenhuma razão, portanto, para mudar de conduta.
É perfeitamente possível que Dilma, o ex-presidente Lula e o PT tentem impor a partir de agora a ideia de que já houve o “plebiscito” entre o país do bem e o país do mal de que tanto falaram durante a campanha eleitoral.
O país do bem, que consideram ser o deles, ganhou, e com isso deixa de ser legítimo discordar de suas decisões ou querer um Brasil diferente do seu. Dilma, é verdade, só pode ficar outros quatro anos, mas já está resolvido no comitê central dos vencedores que em 2018 Lula voltará para mais oito, e depois disso talvez nem seja preciso fazer eleição nenhuma.
Acontece que as coisas não têm de ser obrigatoriamente assim – não enquanto a outra metade dos brasileiros acreditar que continua tendo direitos políticos e civis, e que não está condenada a aceitar esse país do futuro pronto.
Dilma anunciou que ia “fazer o diabo” para ganhar a eleição.
Fez e ganhou; pode dar parabéns a si mesma, pois em toda a sua vida pública talvez nunca tenha cumprido com tanto rigor uma promessa. Mas não pode querer que o cidadão de vida limpa se torne cúmplice da fraude que ela própria, seu patrono e seu partido montaram para ganhar a eleição.
Sua vitória não obriga ninguém a adotar uma moral parecida com a sua.
Não transforma o errado em certo, nem faz com que seja uma pessoa melhor do que é.
Também não muda os fatos. O zero de crescimento da economia em 2014 continuou sendo zero depois da contagem final dos votos. As provas de corrupção na Petrobras, já registradas pela máquina judiciária, não podem ser apagadas.
Eleições servem unicamente para escolher quem vai governar.
Não resolvem problemas, nem conferem aos ganhadores virtudes que não têm – e obviamente não querem dizer que os perdedores estejam errados, ou devam alguma penitência.
Dilma, Lula e o PT pregam que os não eleitores de Dilma são “nazistas”, ou um bando de “Herodes” babando para matar o Menino Jesus. Foi a sua obra-prima na campanha – e um demonstrativo perfeito de quantos escrúpulos têm.
Lula e redondezas inventaram que o adversário era alcoólatra, drogado e vadio. Falsificaram até o dicionário, para colar nele a acusação de “agredir mulheres”.
Ninguém precisa achar-se um Herodes só porque preferiu votar em Aécio.
Justamente ao contrário, os 51 milhões de brasileiros que fizeram essa escolha continuam com o direito integral de dormir com a consciência em paz.
É por aí que o jogo tem de seguir.
(*) É jornalista, diretor editorial do grupo EXAME e colunista das revistas EXAME e VEJA,
Bellini Tavares de Lima Neto (*)
Nestes últimos meses, graças ao embalo das eleições, deve ter sido a maior incidência de conversas a respeito de cidadania de que se tem noticia. Nunca vi tanta gente falando sobre o assunto, defendendo com ardor quase heroico essa tal cidadania.
É uma boa discussão, chega até a dar um certo ânimo, especialmente em pessimistas como eu que insistem em ver tudo errado. Mas, na minha idade, já não se enxerga tão bem, mesmo.
É tudo muito curioso. Chego perto de um cruzamento onde há um semáforo.
As duas ruas que se cruzam tem um movimento considerável. Acrescente-se a isso o fato de que já é de tarde e o trânsito costuma aumentar. O farol está vermelho para um lado e verde para o outro, o que, de resto, é uma informação das mais relevantes.
Eis que a coisa se inverte. Mas (sempre existe um “mas”) o problema é que um cidadão (?) que cruzava a rua para onde o farol estava verde, resolveu ir em frente mesmo observando que, depois do cruzamento, tudo estava parado.
Resultado? Teve que parar no meio do cruzamento, impedindo que os novos cidadãos contemplados pelo novo farol verde pudessem ir em frente.
Nesse momento começa um buzinaço infernal, o que, aliás, é perfeitamente justificado e compreensível depois que cientistas japoneses descobriram que, buzinar no trânsito tem o poder de abrir caminhos quase que magicamente.
Trata-se de uma partícula atômica recentemente descoberta e que tem esse poder.
Como até mesmo a ciência, às vezes, não dá certo, a nova partícula atômica não funcionou e o avanço foi pequeno. Assim, daí a pouco, o farol fica vermelho de novo.
No entanto, os que estavam perto do cruzamento entendem que tem o direito de atravessar no farol vermelho. Ora, se estavam esperando para atravessar e não conseguiram porque alguém andou mais devagar ou engavetou alguma coisa à frente, nada mais lógico que prosseguir e assim compensar seu prejuízo.
A isso se dá o nome filosófico de “aproveitar o farol”.
Só me surpreende que Aristóteles, que tanto se gabou de disciplinar a lógica, não tenha feito menção a esse raciocínio perfeito desenvolvido em terras varonis.
Eu, então, fico tentando conciliar o principio do “aproveitamento do farol” com a discussão sobre cidadania. Penso, penso, penso enquanto, dotado de uma ingenuidade quase infantil ou fronteiriça, permaneço no aguardo de que chegue a minha vez de passar na cor verde, mesmo sendo portador de uma tal deuteranomalia, que não me ajuda muito em matéria de cores. Pois é. Nos últimos meses se discutiu com todo o furor e entusiasmo essas questões relativas ao desrespeito às leis, sobretudo em matéria de patrimônio público, tesouro nacional e similares. Ora, afinal, botar a mão no dinheiro público é crime, assim como furtar ou roubar o dinheiro privado.
Então, tudo parecia levar a entender que as pessoas são contra esse ato criminoso.
O que me deixa um pouco confuso é que, ao que parece, existem uns tantos outros crimes que não gozam do mesmo prestigio.
Afinal, nós somos contra violar as leis ou não?
(*) Advogado, avô e morador em São Bernardo do Campo (SP)
Samuel Pessôa (*)
O poder no Brasil tem sido disputado por dois partidos sociais-democratas, PT e PSDB. Ambos concordam que o Estado tem que prover as redes básicas de proteção social bem como promover a igualdade de oportunidades.
Assim, o Estado deve oferecer educação básica pública e gratuita e ter forte presença na oferta direta ou no financiamento da educação superior, como são os casos do Prouni e do Fies. Adicionalmente deve ofertar universal e gratuitamente serviços de saúde.
Outras atribuições são os seguros contra a pobreza, como o programa Bolsa Família e os benefícios não contributivos da Previdência Social; contra o desemprego, como o seguro-desemprego; contra a doença, como o auxílio-doença; contra a invalidez permanente, como a aposentadoria por invalidez; e contra a carência habitacional, como o programa Minha Casa, Minha Vida, entre outros.
A forte elevação da carga tributária das últimas duas décadas decorreu da necessidade de construir e manter essa extensa rede de proteção social.
Nenhum dos candidatos competitivos nesta eleição se posicionou por outro modelo.
O motivo é que a sociedade, nas diversas vezes em que foi chamada às urnas, tem se pronunciado favoravelmente a esse modelo. O contrato social da redemocratização não está em discussão. Ele é um dado.
Na eleição do próximo domingo, o eleitor será chamado a se pronunciar em relação a dois caminhos diferentes para que continuemos a progredir na direção de uma sociedade com maior nível de renda e mais igualitária.
O caminho do atual governo, conhecido por nova matriz econômica e que venho chamando de ensaio nacional-desenvolvimentista, aposta no fortíssimo intervencionismo estatal na economia.
Para os formuladores do atual regime de política econômica, devemos perseguir um pacote assemelhado ao adotado pelos países de desenvolvimento rápido do Leste da Ásia, como Japão, Coreia do Sul, Taiwan e mais recentemente a China continental.
Políticas como a forte presença de bancos públicos no financiamento do investimento, fechamento da economia para proteger setores, desoneração tributária seletiva, entre tantas outras medidas, foram inspiradas nessas experiências asiáticas.
Para os críticos da nova matriz econômica, como é meu caso, o sucesso das economias asiáticas não está associado ao pacote intervencionista, mas sim ao fato de essas sociedades terem construído sistemas públicos de educação básica de elevadíssima qualidade e de terem negociado um contrato social – em geral de forma não democrática – que produziu no período de rápido desenvolvimento econômico níveis de poupança doméstica sempre acima dos 30% do PIB, com destaque para a elevadíssima taxa de poupança das famílias.
Por exemplo, as famílias na China poupam o equivalente a 22,5% do PIB chinês, o que significa algo próximo a 50% de sua renda disponível.
O motivo é que essas sociedades contrataram – quase sempre de forma não democrática, é bom repisar – que a seguridade social é uma responsabilidade individual.
As elevadíssimas taxas de poupança das famílias e as baixíssimas cargas tributárias resultam dessa “escolha”.
É por esse motivo que a nova matriz econômica não funcionou e não funcionará e é por esse motivo que o crescimento sob Dilma despencou dos 4% anuais nos oito anos de Lula para o nível atual de 1,6%.
A nova matriz econômica tropicaliza a parcela do modelo asiático que não é a responsável pelo crescimento acelerado vivenciado por essas sociedades.
O caminho alternativo é retornarmos a um modelo de Estado regulador que vigorou nos oito anos do governo FHC e no primeiro mandato de Lula. Esse modelo deu certo e explica a aceleração do crescimento no governo Lula.
A presidente Dilma, o ministro Mantega e os demais formuladores da política econômica atual não perceberam que a nova matriz econômica e o contrato social da redemocratização não cabem no Orçamento do Estado brasileiro. Insistir na nova matriz econômica é dar murro em ponta de faca.
(*) É professor da pós-graduação em economia da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro (EPGE/FGV), chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV) e editor da revista “Pesquisa e Planejamento Econômico”.
É também doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP), bacharel e mestre em física pela mesma universidade. É especialista em crescimento, flutuações e planejamento econômico.
Ruth de Aquino (*)
Um absurdo a fúria que emergiu nas redes sociais contra o povo nordestino, por ter votado em massa em Dilma Rousseff. É preconceito de uma minoria ruidosa de brasileiros sem noção. Algo escandaliza ainda mais que isso: a crueldade com crianças pobres em escolas do Maranhão e Alagoas, obrigadas a sair do colégio uma hora mais cedo por falta de merenda, ou forçadas a se arranhar em cercas de arame farpado para fazer suas necessidades no mato, por falta de banheiro no colégio.
É um crime dos governos condenar crianças do Nordeste a essa calamidade na educação, enquanto, nas favelas do Sudeste, bibliotecas-parque sofisticadas, ao estilo da Colômbia, são construídas e servem de vitrines para o governo petista.
Por que essa discriminação com o povo nordestino?
Não faz sentido que, depois de 12 anos de governo de “esquerda”, os filhos do Nordeste continuem a estudar em escolas improvisadas de taipa e terra batida, descalços, sem kit escolar, sem ao menos o arroz, pedido modestamente por uma menininha maranhense.
Será que, entre as novas ideias do novo governo, está o respeito aos direitos humanos da infância nordestina? Esses direitos constitucionais englobam educação, saúde, saneamento básico e o fim da tuberculose, que mata mais que o ebola no mundo subdesenvolvido.
Incluem ainda oportunidades de ascensão de jovens sem dependência financeira do Estado e o direito a uma vida digna, que reduza drasticamente a gravidez precoce e a prostituição infantil e juvenil. Esperamos que o novo governo encampe ideias velhas e deixemos de ver uma realidade de cortar o coração.
Essas imagens foram exibidas na sexta-feira pelo programa Bom Dia Brasil, da TV Globo. Reportagens em campo mostram o país real, não aquele da propaganda eleitoral ou aquele protagonizado por discussões partidárias inócuas. Quanto besteirol de todos os lados na semana passada.
O plebiscito anunciado por Dilma, que deveria criar conselhos populares para fazer a reforma política, era natimorto. Conscientes de que Câmara e Senado vetariam novamente, Dilma e o PT só queriam uma cortina de fumaça pós-eleição, para desviar a opinião pública dos desafios concretos.
Os “conselhos populares” – que não garantem participação real do povo nos rumos do Brasil – abriram rusgas entre um Congresso corporativista e a mãe dos pobres.
Com um detalhe: a maior oposição ao novo governo vem da base aliada, do PMDB e dos PTs regionais. Renan Calheiros, o presidente do Senado, diz que “conversa não arranca pedaço”. Verdade.
Só arranca um dinheirinho aqui, um cargo ali, uma promessa lá. O índice de rejeição mais complicado hoje para Dilma está no Congresso, entre os “muy amigos”.
A palavra mais usada é “rebelião”
Enquanto engravatados se digladiam por interesses e ministérios – antes das férias regiamente pagas de verão –, sugiro que Lula e Dilma continuem com as excursões ao Brasil profundo ou acompanhem e leiam reportagens que denunciam a crueldade com o nordestino, do parto à morte. Já existe um muro da vergonha que separa Sudeste, Centro-Oeste e Sul de Nordeste e Norte. Esse muro não foi derrubado por um governo que, em mais de uma década, cumpriu muito menos que prometeu, a ponto de encarar 51 milhões de votos contra a permanência do PT no Poder.
Não há, no Brasil, 51 milhões de ricos, direitistas da elite ou remediados.
Essa massa está insatisfeita e não tem tempo ou interesse de se reunir em “conselhos” e ajudar o governo ou ONGs a tomar as decisões necessárias para colocar o país nos eixos. Dilma e Lula sabem muito bem do que o Brasil precisa. Especialmente Norte e Nordeste, que continuam com indicadores sociais africanos, enquanto obras superfaturadas – como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e tantas outras – consomem e desviam bilhões de verba pública. Até a mandioca é fonte de propina, não de proteína. Obras de interesse público são interrompidas por irregularidades e ineficiência.
Lá em cima do Brasil, o buraco é muito mais embaixo.
Especialmente nos dois lanternas dos indicadores sociais: Maranhão e Alagoas.
Quase 40% das crianças maranhenses entre 8 e 9 anos não sabem ler nem escrever. Segundo o IBGE, o Maranhão tem o segundo maior índice de mortalidade infantil do Brasil, inferior apenas ao de Alagoas. De cada 1.000 nascidos no Maranhão, 29 não sobrevivem ao primeiro ano de vida. Em Alagoas, o IDH é igual ao do Gabão.
Esse é o preconceito que mata os nordestinos. Deve ser considerado crime.
Jornalista com mestrado em Mídia na London School of Economics e tese sobre Ética. Trabalhou na BBC, foi correspondente em Londres e Paris, editora internacional, diretora de redação e redatora-chefe.
Email: raquino@edglobo.com.br
Twitter: @ruthdeaquino
Universo Agro
Bastante difundida nos países asiáticos, a produção de Bambu é uma nova e boa oportunidade de negócio ao produtor rural.
Com demanda crescente, o bambu é um material sustentável para a produção de biomassa na geração de energia e uma opção de crédito de carbono às empresas que precisam compensar suas emissões de gases poluentes.
Além dessas, existem outras centenas de utilidades econômicas para o bambu que vai da produção de papel e celulose, embalagens, estrutura para a construção até para alimento.
Ao contrário de culturas como milho e soja, o bambu tem um custo inicial maior. Mas por ser uma cultura perene, não há necessidade de replantio e permite colheita anual. Apresenta rápido crescimento e a primeira colheita se dá já no quinto ano após o plantio, com produtividade comparável ou superior ao eucalipto ou o pinus.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Bambu (Aprobambu), o investimento inicial gira em torno de R$ 2,5 mil por hectare.
"Considerando o preço médio da biomassa em R$ 150,00 a tonelada e uma produtividade mínima de 15 toneladas por hectare, a partir do quarto ano já é possível recuperar o investimento inicial", calcula a entidade.
Outra vantagem, é que a produção de bambu pode ser cultivada em terras degradadas e também em consórcio com outras atividades.
Já existem linhas de crédito para financiar a atividade no Banco do Brasil e no Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar). Apesar disso, a produção de floresta de bambu ainda é pequena no Brasil, estimada em 1,5 milhão de hectares entre plantados e nativo.