sábado, 31 de janeiro de 2015

À espera do petrolão, Congresso liga o dane-se

Blog do Josias 


O Congresso inaugura neste domingo uma legislatura condenada a defrontar-se com um desastre definidor do seu caráter. Todos sabem que o petrolão, espécie de asteroide político, vai se chocar com a edificação de Oscar Niemeyer. Prestes a se tornar uma instituição ainda mais frágil num sistema político cada vez mais precário, o Parlamento vive seus últimos dias de ansiedade antes da explosão. E o que faz? Em vez de tentar salvar a alma, entrega-se aos seus vícios mais calhordas. Sem disfarces. 

O primeiro ato dos congressistas após a posse será a eleição dos presidentes do Senado e da Câmara. A grande novidade do processo é a ausência de novidades. Ouve-se de tudo no Legislativo —do tilintar de verbas orçamentárias à oferta de cargos. Só não se escuta um debate consequente sobre a certeza do choque com o asteroide e a melhor maneira de evitar que as dezenas de ações que a Procuradoria moverá contra parlamentares no STF se converta numa desmoralização irreversível de uma classe já tão esculhambada. 

No Senado, o favorito é Renan Calheiros, um político cuja reincidência tornou-se prova irrefutável da insanidade reinante na política brasileira —uma atividade em que prontuários são confundidos com biografias. Símbolo mais poderoso dessa vocação para a reabsolvição perpétua, Renan reivindica sua tetra presidência com o aval do PMDB e com as bênçãos de Dilma Rousseff. O rival Luiz Henrique, também peemedebista, vai à disputa como azarão. 

Na Câmara, a mesma Dilma que conspira a favor de Renan faz cara de nojo para Eduardo Cunha, outro favorito do PMDB. Mobilizada pelo Planalto, uma infantaria de ministros promete mundos e, sobretudo, fundos aos deputados que se dispuserem a votar no petista Arlindo Chinaglia, vendido como herói da resistência, o único capaz de fazer da Câmara uma Casa “independente” do Executivo. Nessa dança de elefantes, Júlio Delgado (PSB) e Chico Alencar (PSOL), outros dois pseudo-concorrentes, fazem figuração. 

O convívio com a certeza pré-anunciada do desastre não fez bem ao Congresso. 
A instituição entregou-se de vez ao deboche. Ligou o botão de ‘dane-se’. 
Difícil escolher uma metáfora para o que sucede no Legislativo. 
Brincar de roleta-russa sobre um sumidouro talvez seja a descrição mais adequada. 

(*) É jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na "Folha de S.Paulo" (foi repórter, diretor da Sucursal de Brasília)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Isto é Santarém

Ponta do Cururu - Santarém - Pará
Foto de Erick Jennings 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Os tempos do grupo

Bellini Tavares de Lima Neto (*) 

Vez por outra eu me recordo das aulas de Educação Moral Social e Cívica. Por mais estranho que possa soar aos ouvidos menos vetustos, já houve disso na escola um dia. 
E era no que, então se chamava de Curso Primário ou, mais familiarmente dizendo, Grupo Escolar. Nessas aulas, a professora (era sempre uma professora e uma só para ministrar todas as matérias – Linguagem, Aritmética, Geografia, História e Educação Moral, Social e Cívica) ensinava coisas sobre as datas cívicas, pátria, família, higiene, noções de boas maneiras e coisas do gênero. Aí se aprendia aquela história de cantar o Hino Nacional em datas festivas, comemorar Dia da Bandeira, Dia da Independência, Dia da República, Dia da Libertação dos Escravos, Dia do Descobrimento e similares. Sou obrigado a confessar que tudo isso aconteceu, na minha vida, antes da inauguração de Brasília. Portanto, o que se comemorava no dia 21 de abril era o Tiradentes. 

Ás vezes fico me perguntando por que, assim do nada, eu me lembro de coisas assim. Hoje, por exemplo, fui intimado a comparecer ao supermercado. Não tenho nada contra ir ao supermercado, desde que tenha alguém comigo para fazer as compras. Não me ponham para escolher escarola ou rúcula ou outras assemelhadas porque eu jamais consegui distinguir um tomate de um caqui. Mas, minha pena foi significativamente atenuada porque minha filha me acompanhou. Assim, até que eu vou mais ou menos. 

Chegamos ao pátio de estacionamento. Havia vagas suficientes para todo mundo, mas, como se sabe, andar é algo muito semelhante às mais apavorantes torturas que a mente mais doentia do homem já produziu. Assim, a primeira constatação é que se forma um pequeno congestionamento para que os frequentadores possam conseguir um lugarzinho para estacionar, de preferência ao lado da gôndola das frutas ou dos cereais. Os que ficam atrás, na fila, aguardando, se tornam inteiramente invisíveis, se é que não desaparecem, desmaterializam. Eu, então, dou uma volta por caminhos menos visitados, em busca de qualquer lugar onde possa parar o veículo. 

Sou feliz. Consigo uma vaga. Estaciono e, por mais incrível que possa parecer, não incomodo ninguém. Descemos do carro e nos dirigimos ao supermercado. Eis que, em nossa direção, vem vindo outro veículo. Eu olho atentamente para a faixa amarela pintada no chão no asfalto do pátio de estacionamento e observo que existe ali uma seta indicando uma direção exatamente oposta àquela em que o tal veículo vem vindo. Olho bem para a pintura e não consigo enxergar nela, uma verdadeira obra de arte. Parece muito sem graça e, de quebra, sem utilidade alguma. 

Bem rente à entrada da loja há umas tantas vagas especiais. São as reservadas aos deficientes e aos idosos. Eu até teria o direito de usar uma delas, mas, diante da dificuldade de locomoção no meio dos carros, optei por ficar na primeira vaguinha que encontrei. Aí, nos aproximamos das tais vagas especiais e me dou conta que deveria estar lá dentro da loja alguém com a notável marca etária de, no mínimo, 120 anos. Afinal, se, para estacionar nas vagas reservadas aos idosos é preciso contar pelo menos 60 anos, o individuo ou individua que estacionou ocupado duas vagas deve ter, pelo menos, o dobro disso. Fantásticas as descobertas que se faz num supermercado.

Entramos na loja. Encontrar e comprar os produtos para que fui escalado acaba se tornando tarefa altamente facilitada pela presença salvadora de minha filha. Enquanto ela procura os produtos, eu a sigo com o carrinho. Nisso acabo estacionando próximo a dois cidadãos que estão conversando. 

Se há uma tentação na vida à qual eu não resisto é ouvir conversa alheia. 
Estiquei minhas orelhas e comecei a prestar atenção. Um deles era bem mais velho que o outro. A principio, aquilo me parecia uma discussão com chances de virar briga. 
O mais velho mal deixava o mais novo falar, retrucava, cortava a fala do oponente. 
Mas esse oponente parecia decidido a continuar a conversa, deu uma espécie de intimação ao mais velho e a conversa entrou nos trilhos. Descobri que o assunto era um governo militar. O mais velho, então, passou a dissertar sobre os tempos da ditadura e a esclarecer que, dependendo do país, o regime militar é benéfico. Essa tinha sido a nossa experiência. Criticou o pessoal do partidão de apoio aos governistas esclarecendo que se travava de gente egressa da UDN. Apenas a título de esclarecimento, UDN morreu há décadas. Jânio Quadros foi um de seus destaques. 

Eu fiquei ouvindo e consegui me controlar para não entrar na conversa. 
Só queria perguntar ao cidadão mais idoso (e que parecia se prevalecer disso como se fosse uma testemunha ocular da História) se ele conhecia algum país, em todo o planeta e em todos os tempos, que tivesse se desenvolvido a contento debaixo de uma ditadura, seja ela de esquerda, de direita, de centro, de cima, de baixo ou de onde ele quisesse. 

Achei melhor ficar quieto e continuar a conduzir o carrinho onde minha filha depositava tudo aquilo que encontrava com uma desenvoltura irritante. Fim da tarefa. Passamos no caixa, pagamos e saímos. Estamos colocando as compras no porta-malas do carro quando um automóvel, em velocidade um pouco mais elevada, passa por nós e sai do supermercado pela porta onde, no chão, havia outro daqueles desenhos inúteis e feios, uma seta indicando a direção exatamente oposta àquela que o veículo passou para ir embora. 

Voltei para casa, continuei o meu espinhoso trabalho de tentar escrever uma canção no compasso de 5 por 4, coisa que para mim é complicado. Mas, mal consegui me concentrar porque, estranhamente, a Dona Maria da Graça insistia em ficar martelando no meu ouvido, lá pelas bandas do Grupo Escolar Godofredo Furtado, aquela lenga-lenga de Educação Moral, Social e Cívica. Estranho. 

(*) Advogado, avô e morador em São Bernardo do Campo (SP)

Democracia ruim trava Brasil, diz professor de Harvard

Exame 
James Robinson - Professor em Harvard


O que é que faz uma nação prosperar enquanto outra fracassa? 
A pergunta assombra políticos, teóricos e cidadãos comuns há séculos, e todo tipo de resposta já foi apresentada: da geografia à cultura, passando pela tese de que os pobres são pobres simplesmente porque não sabem como é que se faz. 

James Robinson, professor de governo na Universidade de Harvard, arriscou uma resposta com seu colega Daron Acemoglu. Para eles, a chave está nas instituições políticas que uma sociedade cria e como elas acabam definindo os incentivos no cenário econômico. 

A tese está no livro “Por que as Nações Fracassam: As Origens do Poder, da Prosperidade e da Pobreza”, já publicado no Brasil. Britânico que mora nos Estados Unidos há quase 30 anos, Robinson conversou com EXAME.com por telefone no final do ano passado. 
Veja a entrevista: 

EXAME.com - Seu livro se chama “Por que as Nações Fracassam”, mas essa me parece uma pergunta mais fácil do que: por que as nações tem êxito? 
James Robinson - O sucesso é mais fácil de explicar do que o fracasso. Os economistas sabem o que torna um país rico: investir em educação e bens públicos, acumular capital, adotar tecnologias melhores, etc. O que intriga é porque isso não acontece mais. Na nossa visão, o que cria o fracasso é quando a sociedade se organiza de uma forma que destrói os incentivos da maior parte das pessoas. O que cria o sucesso é quando ela se organiza para criar incentivos e oportunidades amplas. Nosso livro é sobre as dificuldades políticas em criar uma sociedade que faça isso. 

EXAME.com - Uma das ideias é que um sistema político inclusivo permite um sistema econômico inclusivo. Como funciona esse mecanismo? 
Robinson - De várias formas. Instituições econômicas inclusivas criam um campo de igualdade de condições, oportunidades amplas, ausência de monopólios e barreiras para entrada. Mas o que cria igualdade perante a lei ou a expectativa de que contratos serão honrados independentemente de conexões pessoais ou políticas? É a distribuição ampla de poder político e a existência de um poder central efetivo, crucial para garantir essa igualdade. 

EXAME.com - Comparando o Brasil com outros países latino-americanos, o que foi positivo e negativo na nossa evolução histórica?
Robinson - A divergência nas Américas tem raízes profundas na formação das sociedades coloniais. O Brasil é, como os Estados Unidos, mais heterogêneo do que a maior parte dos latinos. Só que nos EUA o Norte venceu a Guerra Civil e o Sul não pôde determinar a evolução das instituições, enquanto no Brasil os lugares com instituições mais extrativas puderam exercer muito mais influência. Vocês tiveram escravidão por mais tempo, e um impacto maior dela sobre as instituições. Iniciativas modernas para construir o Estado, como a de Getúlio nos anos 30, não puderam lidar com essa longa sombra do passado de coerção no trabalho e instituições extrativas; as mudanças na América Latina vieram em ritmo glacial e vocês ainda tem níveis enormes de desigualdade, privilégios enraizados e aspectos oligárquicos. Se você for ver quem são os mais ricos em qualquer pais latino-americano, são sempre monopolistas como Carlos Slim no México. O elemento de conexões e clientelismo é muito poderoso. Somos muito otimistas em relação ao Brasil – talvez até demais, segundo meus amigos brasileiros – porque falamos sobre como quebrar essas instituições extrativas: com uma ampla coalizão que se forma fora das instituições politicas existentes e pode romper esse equilíbrio. Acho que o consenso agora entre os cientistas políticos é que o PT começou assim, mas quando chegou ao poder, foi corrompido e se tornou muito mais clientelista, mantendo apenas parte da sua forma original. 

Um dado absolutamente descartável

Petrobras estimou desvios em R$ 88 bi, mas retirou dado de balanço 

IstoÉ Independente 


A Petrobras admitiu, nas notas explicativas do balanço publicado na noite desta terça-feira (27), que possui ativos superavaliados em R$ 88,6 bilhões. 

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, esses ativos, que representam quase 15% do total de plantas e equipamentos da companhia, seriam indevidamente incorporados como investimentos, mas representavam, na verdade, valores desembolsados com propinas e contratos superfaturados. 

Após 10 horas de reunião, a estatal petroleira decidiu não ajustar o balanço levando em conta esses ativos "podres" por considerar que não havia consenso sobre a fórmula a ser empregada para isso. 

A companhia admitiu a impossibilidade de avaliar de forma correta, completa e definitiva os valores de imóveis, plataformas, refinarias, máquinas e benfeitorias em bens locados ou arrendados (ativos imobilizados) que sofreram impacto em razão de desvios de empresas fornecedoras, agentes políticos e funcionários públicos da própria estatal. 

As demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 mostram um lucro líquido de R$ 3,084 bilhões, queda de 38% na comparação com o trimestre anterior. 

Segundo a Folha, as perdas que não foram incorporadas ao balanço incluem a superavaliação da refinaria de Abreu e Lima, cotada em US$ 18,5 bilhões, mas que valeria, na verdade, US$ 7 bilhões. Em nota de esclarecimento divulgada durante a publicação das demonstrações contábeis, a Petrobras informou que – devido à falta de consenso – a empresa está buscando “avaliar outras metodologias que venham a atender às exigências dos reguladores de mercado – CVM [Comissão de Valores Mobiliários] e SEC [órgão regulador das bolsas de valores americanas], com objetivo de divulgar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014”, revisadas pelos auditores independentes. 

A empresa admite que considerou a adoção de abordagens alternativas para correção dos valores das demonstrações contábeis. Segundo a nota, a empresa avaliou a possibilidade de uso de um percentual médio de pagamentos indevidos, já citados em depoimentos, e também a avaliação de um valor justo dos ativos cuja constituição se deu por meio de contratos de fornecimento de bens e serviços firmados com as empresas citadas na Operação Lava Jato. 

No entendimento da Petrobras, no entanto, essas opções se mostraram inapropriadas para substituir a "impraticável" determinação do sobrepreço relacionado a esses pagamentos indevidos. 

Segundo a empresa, essa divulgação das demonstrações contábeis revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender a obrigações da companhia de facultar o acesso a informações aos seus públicos de interesse, cumprindo o dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no âmbito da Operação Lava Jato. 

Caixa e operações não serão afetados pela Operação Lavo Jato, diz Graça Foster 
O caixa e a capacidade operacional da Petrobras não serão afetados por ajustes decorrentes da Operação Lava Jato ou de qualquer outro relacionado ao valor dos seus ativos. 

A afirmação é da presidenta da empresa, Maria das Graças Foster, em nota aos acionistas e investidores, nesta madrugada, quando da publicação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores independentes relativas ao terceiro trimestre de 2014. 

Graça Foster destacou que a companhia tem implementado ações que permitem afirmar que não será necessário recorrer a novas dívidas no ano de 2015 em função dos fatores que favorecem o fluxo de caixa da Petrobras. 

A presidenta disse, ainda, que preservará a manutenção da política de preços do diesel e da gasolina de não repassar a volatilidade do mercado internacional, o que, na situação atual, favorece o caixa da empresa. “Nosso patamar atual de produção de petróleo e derivados nos assegura o mesmo patamar de geração operacional, mesmo com o preço do barril de petróleo Brent variando entre US$ 50 bbl (por barril) e US$ 70 bbl”, justifica Foster. 

As demonstrações contábeis da Petrobras indicam que no terceiro trimestre do ano passado o lucro líquido totalizou R$ 3,1 bilhões, resultado 38% abaixo dos R$ 5 bilhões registrados no 2º trimestre, refletindo o menor lucro operacional que foi R$ 4,6 bilhões. Isso significa um lucro operacional 48% abaixo do registrado no 2º trimestre (R$ 8,8 bilhões). 

Essa redução é explicada, principalmente, por gastos com o Acordo Coletivo de Trabalho (R$ 1 bilhão), pelo pagamento do acordo com a Bolívia para importação do gás natural (R$ 900 milhões) e pelas baixas no ativo referente aos Projetos Premium I e II (R$ 2,7 bilhões). 

Segundo a Petrobras, a maior produção de petróleo e a consequente exportação agregaram R$ 2,4 bilhões ao resultado operacional do terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior. 

No balanço, a estatal projeta um crescimento da produção da ordem de 4,5%. 
“O fato é que 2015 dá sequência aos eventos de 2014, quando adicionamos quatro novas plataformas que agora estão em curva de ramp-up (linha de tendência de evolução) e aumentamos nossa frota de PLSV de 11 para 19 navios. Assim, a produção será sustentada pela interligação de 69 poços produtores e injetores e pela entrada em operação da P-61/TAD (Papa-Terra) no primeiro trimestre e do FPSO Cidade de Itaguaí (Campo de Iracema Norte) no quarto trimestre deste ano”, informa Graça Foster. 

Ela ressaltou que a empresa espera ter uma geração operacional – incluindo o pagamento de impostos antes dos juros, dividendos e amortizações – entre US$ 28 bilhões e US$ 32 bilhões em 2015, considerando patamares de Brent entre US$ 50 bbl e US$ 70 bbl e taxa de câmbio entre R$ 2,60 e R$ 2,80 o valor do real em relação ao dólar. 

“Consideramos que teremos à disposição garantias da União Federal para os recebíveis do setor elétrico, que permitirão a negociação desses créditos no mercado bancário”, destacou Graça Foster. 

Deputados devem custar R$ 75 milhões ao mês

Congresso em Foco 


Na última semana de trabalhos, deputados e senadores aprovaram o reajuste salarial para a próxima legislatura. Ao acrescentar o acumulado do IPCA dos últimos quatro anos aos vencimentos atuais, eles verão os contracheques subirem dos atuais R$ 26,7 mil para R$ 33,7 mil. Desta forma, também vai aumentar o gasto que o país terá com cada parlamentar. 

A partir de 1º de fevereiro, quando o novo subsídio dos deputados federais passa valer, cada parlamentar pode custar mensalmente R$ 1.792.164,24 aos cofres públicos. 
Este valor leva em conta os 13 salários anuais, a média de gastos da ajuda de custo, do cotão, do auxílio-moradia e dos gastos com verba de gabinete. 

Com exceção do salário, os outros benefícios são usados de acordo com a demanda. Um deputado pode, por exemplo, economizar verba de gabinete e não usá-la, assim como viajar menos para seu estado de origem, o que resultará na economia do cotão. Caso ele não use, os valores ficam na conta da Câmara. 

Veja a tabela de benefícios que valerá a partir de fevereiro: 

Benefício                            Média mensal           Por ano 
Salário                                R$ 33.763,00            R$    438.919,00 
Ajuda de custo (1)               R$   1.113,46            R$      13.361,57 
Cotão (2)                             R$ 33.010,31            R$    396.123,74 
Auxílio-moradia (3)              R$      239,85            R$        2.878,24 
Verba de gabinete                R$   78 mil               R$ 1.014.000,00 
Total de um deputado          R$ 147.659,96          R$ 1.919.579,48 
Total dos 513 deputados       R$ 75.749.559,48     R$    984.744.273,24 

BENEFÍCIOS SEM VALOR ESTIMADO 
Carros oficiais. São 11 carros para uso dos seguintes deputados: o presidente da Câmara; os outros 6 integrantes da Mesa (vice e secretários, mas não os suplentes); o procurador parlamentar; a procuradora da Mulher; o ouvidor da Casa; e o presidente do Conselho de Ética. 

Impressões e materiais 
até 15 mil A4 por mês, 
até 2 mil A5 por mês 
até 4 mil exemplares de 50 páginas por ano (200 mil páginas por ano) 
até 1 mil pastas por ano 
até 2 mil folhas de ofício por ano 
até 50 blocos de 100 folhas por ano 
até 5 mil cartões de visita por ano 
até 2 mil cartões de cumprimentos por ano 
até 5 mil cartões de gabinete por ano 
até 1 mil cartões de gabinete duplo por ano 

OBSERVAÇÕES 

(1) Ajuda de custo. O 14º e o 15º salários foram extintos em 2013, restando apenas a ajuda de custo. O valor remanescente se refere à média anual do valor dessa ajuda de custo, que é paga apenas duas vezes em 4 anos. 

(2) Cotão. Valor se refere à média dos 513 deputados, consideradas as diferenças entre estados. A média não computa adicional de R$ 1.244,54 devido a líderes e vice-líderes partidários. A Câmara decidiu aumentar o valor do cotão este ano em 12%. Cotão inclui passagens aéreas, fretamento de aeronaves, alimentação do parlamentar, cota postal e telefônica, combustíveis e lubrificantes, consultorias, divulgação do mandato, aluguel e demais despesas de escritórios políticos, assinatura de publicações e serviços de TV e internet, contratação de serviços de segurança. O telefone dos imóveis funcionais está fora do cotão: é de uso livre, sem franquia. O cotão varia, de estado para estado, de R$ 25 mil a R$ 38 mil, conforme a relação abaixo: 

Acre: 37.779,62
Alagoas: 34.631,34 
Amazonas: 36.872,84 
Amapá: 36.706,11
Bahia: 32.981,17 
Cerará: 35.918,24 
Distrito Federal: 25.962,94 
Espírito Santo: 31.626,61 
Goiás: 29.990,43 
Maranhão: 35.662,11 
Minas Gerais: 30.490,33 
Mato Grosso do Sul: 34.288,84 
Mato Grosso: 33.337,27 
Pará: 35.726,77 
Paraíba: 35.560,42 
Pernambuco: 35.256,76 
Piauí: 34.654,96 
Paraná: 32.862,54 
Rio de Janeiro: 30.206,31 
Rio Grande do Norte: 36.157,43 
Rondônia: 36.960,22 
Roraima: 38.616,18 
Rio Grande do Sul: 34.573,13 
Santa Catarina: 33.721,16 
Sergipe: 33.944,35 
São Paulo: 31.301,92 
Tocantins: 33.401,78 

(3) Auxílio-moradia. O valor indicado representa a média de gastos de acordo com o uso do benefício em cada época. Em 2011, o valor era de R$ 3 mil por mês. Em 2013, vai subir para R$ 3.800, aumento de 26,67%. Mas só quem não usa apartamento funcional tem direito ao benefício. Em março de 2011, 270 deputados não usavam apartamentos e, portanto, recebiam auxílio. Em março de 2013, 207 deputados usavam o benefício, 300 moravam em um dos 432 imóveis existentes e 5 não usavam os apartamentos funcionais e nem recebiam o auxílio. 

(4) Saúde. O valor se refere à média de gastos por parlamentar. 
Em 2011, foram R$ 2,01 milhões; em 2012 (último ano fechado), R$ 1,47 milhão.
Os deputados só são ressarcidos em serviços médicos que não puderem ser prestados no Departamento Médico (Demed) da Câmara, em Brasília.

Produção de soja em MS será recorde pela 3ª vez consecutiva

Aprosoja 

Pela terceira vez consecutiva, a produção de soja será recorde em Mato Grosso do Sul. Ontem, durante lançamento oficial da colheita do grão, o diretor da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/MS), Maurício Saito, apresentou projeção de 6,8 milhões de toneladas, mas admitiu que esse volume deve ser revisto para baixo em razão das condições climáticas. 

Com o recuo, o volume a ser colhido deve alcançar 6,6 milhões de toneladas, 10% acima das 6 milhões de toneladas da safra anterior. Esse volume deve proporcionar receita estimada em R$ 5,52 bilhões. O evento ocorreu na tarde de ontem na sede da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), em Campo Grande. 

“Este número não está consolidado. Pode ser menor em razão de um período de 15 dias de falta de chuva”, afirmou Saito, referindo-se à projeção de 6,8 milhões de toneladas de soja. Ele acredita que não haverá, até o fim da colheita, chuva em volume satisfatório para atingir essa estimativa. O problema é maior na região sul, nos municípios de Dourados, Caarapó, Naviraí, Fátima do Sul, entre outros, com média pluviométrica, nesta safra, de 300 milímetros, abaixo da média estadual de 550 milímetros. 

Saito preferiu não estimar a perda em relação à projeção de 6,8 milhões de toneladas. 
No entanto, de acordo com o analista de grãos da Famasul, Leonardo Bertolotto, o recuo deve ser de 200 mil toneladas. A produção cai, assim, para 6,6 milhões de toneladas.

Esperem o barítono

J.R. Guzzo (*) 

A presidente Dilma Rousseff começou seu segundo governo com mais uma exibição desta sua estranha habilidade em escolher, entre todas as opções possíveis, sempre aquela que é a pior. 
Nem foi preciso esperar pelo discurso de posse, mais um fenômeno na arte de anunciar o bem e fazer o mal que tanto atrai a presidente. Bastava, logo de cara, ver os seus ministros. 
Pelo manual mais elementar do bom-senso, deveriam ser os melhores entre os melhores. 
Mas Dilma é Dilma. Nomeou os piores que encontrou à disposição no momento, mais uma prodigiosa manada de nulidades, com apenas duas exceções, Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura — e mesmo aí conseguiu se meter em confusão, pois ambos já estão jurados de morte pelo PT e terão de gastar boa parte do seu horário de trabalho simplesmente tentando sobreviver. É típico da presidente: em 39 possibilidades, o número dos cargos que tinha a preencher, acertou duas. Obstinação? 
Como Dilma jamais explicará ao público nenhuma das escolhas que fez, fica realmente parecendo que estamos diante de um caso de ideia fixa. 
Em resumo: o ministério do seu segundo mandato é um hino à perseverança no erro. 

O primeiro governo de Dilma foi um espetáculo praticamente sem intervalos de corrupção, incompetência coletiva e culto à farsa. O Brasil teve um crescimento miserável nos últimos quatro anos, fracasso para o qual não há desculpa. 
O melhor investimento possível, na média de 2011 para cá, foi o dólar, marca de todas as economias derrotadas; é o que há, em matéria de subdesenvolvimento. 
A presidente se irrita quando os fatos indicam que o Brasil é um país vira-lata — mas como governante ela insiste em fazer tudo o que pode para garantir que continuemos exatamente assim. Sua última contribuição é esse ministério. 
É como se Dilma, a exemplo do tenor vaiado que ameaça a plateia (“Esperem só o barítono”), estivesse dizendo: “Vocês acham que o meu primeiro governo foi ruim? Esperem só o segundo”. 

Vai-se ver a lista de novos ministros e quem está lá? Ninguém menos que Jader Barbalho, por exemplo. O nomeado é seu filho, mas nem Dilma acredita nisso; o ministro é Jader mesmo, ex-presidiário por denúncia de corrupção e gigante na história da treva política nacional. É a opção deliberada pelo deboche. Fica pior no Ministério da Educação, responsável por lidar com o problema estratégico número 1 do Brasil. 
Entre os 200 milhões de brasileiros hoje vivos, é impossível, pela lei das probabilidades, que não haja profissionais com competência para tirar a educação brasileira da miséria em que está enterrada. Mas Dilma nomeia o ex-governador Cid Gomes, do Ceará, um espetacular zé-ninguém na área. 

O que fez esse Gomes, em toda a sua vida, que o tornasse capaz de ser promovido ao posto de maior autoridade na educação brasileira? 
O que ele sabe, além de pedir verba, gastar dinheiro e nomear amigos? 
O ponto de maior destaque em sua biografia é ter fretado um jatinho, quando governador, para um passeio com a sogra pela Europa. É o grande nome de Dilma para comandar a “Pátria Educadora”. Mais funesto ainda é o caso do Ministério do Esporte.
Às vésperas da Olimpíada do Rio de Janeiro, Dilma veio com um pastor evangélico, um certo George Hilton, de um certo PRB; ninguém, até agora, tinha ouvido falar nem de um nem de outro. Quando se ouviu, foi para saber que o homem responde a catorze processos na Justiça e foi pego carregando caixas com 600 000 reais em dinheiro vivo, anos atrás, no Aeroporto da Pampulha. 

Se isso não é insultar o público, o que seria? 
O Ministério dos Transportes (orçamento: 20 bilhões de reais) foi doado a um cidadão que até outro dia morava na Penitenciária da Papuda, cumprindo sentença por corrupção – o ex-deputado Valdemar “Boy” Costa, que colocou no cargo Antonio Rodrigues, réu em ação penal por improbidade. Ressuscitou para a Cultura um perdedor comprovado, Juca Ferreira. “A população brasileira não tem ideia dos desmandos que esse senhor promoveu à frente da cultura brasileira”, disse dele a senadora Marta Suplicy, do PT — sim, Marta, não a “mídia de direita”. 

A presidente Dilma, há muitos anos, fez uma viagem para fora do Brasil, e provavelmente para fora do planeta Terra, ao confinar a si própria na cápsula segura do Planalto.
Quando a polícia estourar a próxima central de roubalheira em seu governo, dirá que ficou “estarrecida” — e continuará convicta de que não tem culpa de nada. 
Ao permitir a entrada franca do crime organizado em seu ministério, Dilma, mais uma vez, torna muito difícil a posição de quem se esforça para ter alguma simpatia por ela. 

(*) Jornalista  é diretor editorial do grupo EXAME e colunista das revistas EXAME e VEJA, integrando ainda o Conselho Editorial da Abril.

É cuspir na cara do povo brasileiro

Governo atualiza custo dos Jogos e Rio-2016 fica R$ 100 milhões mais cara 

UOL 

A APO (Autoridade Pública Olímpica) atualizou nesta quarta-feira (28) a Matriz de Responsabilidades da Olimpíada de 2016, documento que lista todos os projetos essenciais para os Jogos do Rio. A nova versão da matriz revelou um aumento de R$ 100 milhões no custo dos projetos olímpicos. 

Em julho de 2014, quando a APO atualizou pela última vez a Matriz de Responsabilidades, o custo das arenas olímpicas e seus entornos era de R$ 6,5 bilhões. 
Hoje, a APO estima que pelo menos R$ 6,6 bilhões sejam gastos com esses projetos --aumento de 1,4%. 

Considerando os investimentos em infraestrutura e legado que também serão feitos para a Olimpíada, o custo total dos Jogos está hoje estimado em R$ 37,7 bilhões. 
A Olimpíada de Londres, em 2012, custou ao todo cerca de R$ 43,6 bilhões (considerando o câmbio atual) –quase R$ 6 bilhões a mais. 

Ressalta-se que essa é uma estimativa de custo da Olimpíada de 2016 é incompleta. 
Isso porque, faltando 555 dias para o início do evento, 25% das obras que constam da matriz de responsabilidades dos Jogos, ou seja, as essenciais, não têm sequer um custo estimado. Há seis meses, a APO não tinha sequer uma estimativa de custo de 30% das obras. 

Dos gastos previstos até agora, R$ 4,24 bilhões (64%) serão custeados pelo setor privado. O restante, R$ 2,37 bilhões (36%), será pago com recursos públicos. 

CONFIRA O ORÇAMENTO DA OLIMPÍADA DE 2016 
Arenas – R$ 6,6 bilhões (estimativa atualizada, mas incompleta) 
Legado – R$ 24,1 bilhões (estimativa incompleta) 
Investimento do Comitê Rio-2016 – R$ 7 bilhões 
CUSTO TOTAL – R$ 37,7 bilhões
Custo na candidatura – R$ 28,8 bilhões 
Custa da Copa de 2014 – R$ 27,1 bilhões 
Custo de Londres-2012 – R$ 43,6 bilhões (câmbio atual) 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Qual a próxima surpresa governamental?

Seguro-desemprego já foi. Qual a próxima mudança? A carteira assinada? 

Leonardo Sakamoto (*)  

- Seguro-desemprego 
– Auxílio doença 
– Pensão por morte 
– Seguro defeso 
– Abono salarial 

Como todos sabem, o governo Dilma Rousseff anunciou regras para impor limite à concessão desses benefícios previdenciários a fim de fazer caixa e tentar fugir da crise que o próprio governo ajudou a construir. Ministros se justificam dizendo que distorções e regalias estão sendo corrigidas a fim de preservar o futuro dos trabalhadores. Conversa pra boi dormir. 

Sabemos que a sociedade mudou e a estrutura do mercado de trabalho mudou, portanto, algumas regras também deveriam mudar. Mas não há receita mágica para mudanças estruturais, que deveriam vir antes dessas medidas para salvar o caixa público e o pescoço do governo. Alguns pontos que poderiam ser um começo: melhorar a regulação do mercado de trabalho, desenvolver a qualificação profissional de forma a gerar empregos mais sólidos, melhorar o sistema de ingresso no mercado de trabalho e, é claro, a redução na jornada de trabalho – pleiteada pelos trabalhadores e empurrada pelo governo com a barriga e com medo há anos 

Já tratei desse assunto nos textos dos links abaixo, então não vou retomar toda a linha de raciocínio. 

Mas tendo em vista que o significado de algo depende do referencial de onde você olha – o que uns podem chamar de “regalia'' outros diriam que é “questão de sobrevivência''. 

Por isso, fiz uma listinha: 
– Carteira assinada 
– Férias remuneradas 
– Limite de jornada de trabalho 
– Adicional insalubridade 
– Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
– Previdência Social para afastamento por saúde ou aposentadoria 
– Décimo terceiro salário 
– Piso salarial de categoria 
– Idade mínima para começar a trabalhar 
– Dissídio (ah, o dissídio, que os incautos acham que vêm do nada como o leite vem da padaria, sem muita luta e disputa) 
– Local de trabalho digno 
– Licença maternidade 
– Proibição de trabalho análogo ao de escravo. 


Picanha suína com tutu de feijão

Ingredientes:

Picanha suína 
1 picanha suína (aproximadamente 1,2 kg) 
Sal a gosto 
2 dentes de alho picados 
1 xícara (chá) de cebola picada 
Suco de 1 limão 
1 dose de cachaça 
1 xícara (chá) de vinho branco 
2 ramos de alecrim 
2 folhas de louro 

Tutu de feijão 
2 colheres (sopa) de óleo 
1 dente de alho picado 
3 xícaras (chá) de feijão batido com o próprio caldo 
1 xícara (chá) de feijão inteiro 
½ xícara (chá) de farinha de mandioca 
½ xícara (chá) de cebolinha picada 
Sal a gosto 
Pimenta a gosto 

Couve 
Óleo para fritar 
3 xícaras (chá) de couve cortada 

Modo de Preparo: 

Picanha suína: 
tempere a picanha com sal, alho, cebola, limão, cachaça, vinho branco, alecrim e louro. Deixe por 3 horas.
Em uma panela, doure a picanha de todos os lados. 
Coloque a marinada, em fogo baixo, adicione água quente sempre que necessário aos poucos até ficar macia. 

Tutu de feijão: 
em uma panela, refogue o alho no óleo. 
Coloque o feijão batido e o feijão inteiro. 
Acrescente a farinha aos poucos para engrossar. 
Acerte o sal. 
Enfeite com cebolinha e coloque pimenta se desejar.

Couve: 
em uma panela com óleo, frite rapidamente a couve até ficar crocante.

Rendimento: 6 pessoas
Tempo: 1 hora (+ 3h de marinada)

Extraída do site http://receitas.eduguedes.com.br/

Novo escárnio

“Pátria Educadora” é só mais um escárnio gerado pelo cruzamento da cabeça baldia de Lula com o neurônio solitário de Dilma 

Augusto Nunes (*) 

O ex-presidente Lula menospreza o estudo, odeia leitura e não sabe escrever.
Acha que acumulação de conhecimentos é coisa de granfino desocupado e nunca foi além da orelha de um livro. Os quatro manuscritos rabiscados em 60 anos informam que, caso se submetesse a uma prova de redação do Enem, entraria para a história universal da ignorância como detentor da primeira nota abaixo de zero. Em nações civilizadas, seria obrigado a matricular-se num curso de alfabetização de adultos. 
Como isto aqui é o Brasil, Lula virou Pai da Pátria Educadora. 

Enquanto segue ampliando a coleção de títulos de doutor honoris causa, já assinou os prefácios, dezenas de artigos para jornais e o Acordo da Reforma Ortográfica. 
A farsa é desmontada pelas escolhas que faz. Orientados por uma cabeça baldia, os olhos de Lula viram em Dilma Rousseff uma sucessora à altura do maior dos governantes desde Tomé de Souza. Por enxergar uma sumidade onde quem tem juízo vê uma nulidade sem cura, instalou no gabinete presidencial um poste de terninho. 

Dilma não lembra o título nem o nome do autor do livro que jura estar lendo (e adorando), exprime-se num dialeto indecifrável para quem se expressa em português, produz platitudes de jardim de infância e frases sem pé nem cabeça em escala industrial, amparada no repertório vocabular que não chega a mil palavras. 
Mas é ela a Mãe da Pátria Educadora, título honorífico que lhe permite caprichar na pose de melhor da classe para falar sobre rigorosamente tudo sem nada dizer de aproveitável. 

Compreensivelmente, os olhos obedientes ao neurônio solitário enxergaram em Cid Gomes um gênio da raça nascido para exumar um sistema de ensino público em avançado estágio de decomposição. O novo ministro da Educação tem tanta intimidade com o assunto quanto Lula com o grego antigo e Dilma com a física quântica. 
Até agora, sua mais profunda dissertação sobre ensino público é a que aparece num vídeo gravado em 2011 que ilustra este post. Em menos de 40 segundos, o então governador do Ceará explicou por que rejeitara o reajuste salarial reivindicado por professores da rede estadual: 

“Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado. É uma opinião minha que governador, prefeito, presidente,deputado, senador, vereador, médico, professor, policial devem entrar… ter como motivação para estar na vida pública amor, espírito público. Quem tá atrás de riqueza… de… de…de dinheiro deve procurar outro setor, não a vida pública”. 

Nascido e criado numa família de políticos, Cid é sustentado por cofres públicos desde o dia do parto. Jamais devolveu um tostão da fortuna que juntou servindo à nação como deputado, prefeito e governador. No comando da capitania do Ceará, usou dinheiro dos pagadores de impostos para passear de jatinho na Europa em companhia de parentes ─ sogra incluída ─, assessores e amigos. Logo estará sobrevoando os céus do Brasil como passageiro da FABTur. Mas faz de conta que aceitou a vaga no primeiro escalão por amor e espírito público. Haja cinismo. 

A Pátria Educadora abriga mais de 13 milhões de analfabetos ─ um oceano de gente que impõe ao Brasil um desolador 8° lugar no ranking da ONU que mede a taxa de analfabetismo em 150 países. Outros 30 milhões não sabem escrever muito mais que o próprio nome. Metade dos alunos das universidades federais é desprovida de raciocínio lógico. Os alunos do 1° grau aprendem que falar errado está certo. 
Na prova de Redação do Enem, 500 mil estudantes foram estigmatizados com a nota zero. Fora o resto. 

Promovido a gerente de um sistema educacional em frangalhos, Cid Gomes engoliu sem engasgos o corte de verbas anunciado pela chefe quando ele ainda tentava decorar o ramal da secretária. Logo terá provado que, no criadouro de poderosos idiotas, o que está péssimo sempre pode piorar. “Pátria Educadora” não é slogan, não é lema, não é bandeira. 

É só mais um escárnio gerado pelo cruzamento de uma cabeça baldia com um neurônio solitário. 

(*) Jornalista é colunista da Revista Veja

Feliz 2015

Somente agora quase ao final do mês de Janeiro de 2015 estamos retornando a rabiscar no blog. 

Uma forte dor no nervo ciático no começo da segunda quinzena de dezembro nos baqueou de vez fazendo com que até a nossa viagem anual a Santarém tivesse que ser realizada na base de muitos analgésicos. 

 O retorno que deveria ocorrer na metade desse mês, somente ontem dia 26/01 pode ser feito devido a essas dores. 

Mas, estamos de volta e por isso mesmo atrasado o blog e o blogueiro desejam a todos os leitores e amigos que 2015 seja um ano de conquistas e principalmente repleto de saúde, porque sem ela nada conseguimos. 

 Um forte abraço e vamos encarar o ano com altivez e de peito aberto.