Quem criou o Bolsa Família, maior cabo eleitoral do PT em geral e de Lula em particular?
De olho nas eleições, o PSDB lançou uma cartilha assumindo a paternidade dos programas de transferência de renda --bolsa escola, por exemplo-- que deram origem ao Bolsa Família. Meia verdade. Ou, se preferirem, meia mentira.
Foi, de fato, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso que se ampliaram os programas de renda mínima --uma ideia empunhada solitariamente, por muito tempo, pelo senador Eduardo Suplicy. Naquela época, aliás, o PT chamava bolsa-escola de bolsa-esmola.
Mas a verdade é que os programas de renda mínima tem dois autores. O então governador de Brasília, Cristovam Buarque, e o falecido prefeito de Campinas, Roberto Magalhães Teixeira.
Foi o Cristovam Buarque, porém, que atrelou com mais força a bolsa à permanência da criança na escola --sei disso porque seu apresentei o prefeito de Campinas ao então governador de Brasília. Esse modelo foi replicado à saúde, com o vale-alimentação.
De Brasília, a ideia teve a adesão do UNICEF e UNESCO, entusiasmando todo o país. Coube, então, ao então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, dar-lhe escala nacional. Isso graças ao Programa de Combate da Pobreza, criado por Antonio Carlos Magalhães, ex-governador da Bahia.
Pouca gente sabe que, durante a tramitação do Fundo de Combate à Pobreza no Congresso- base para ampliação do bolsa-escola --o PT foi contra.
A verdade, porém, é que foi Lula quem unificou todas aquelas bolsas, ampliando expressivamente seu alcance.
Curiosamente, com os novos tempos, Lula se tornou inimigo de Cristovam Buarque, o principal personagem da ideia que deu-lhe tanta popularidade. Fala-se que o presidente teria decidido atrapalhar ao máximo os projetos eleitorais de seu ex-ministro da Educação.
(Gilberto Dimenstein - membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz.)
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