sábado, 26 de setembro de 2009

Lixo Orgânico

“Aqui, transformamos sobras de alimentos, cascas de verduras e frutas, restos de madeira e grama em fertilizante orgânico. Pode ser a solução para o problema do lixo nas cidades e no campo, além de ser mais simples eficaz e barato. É também uma opção ao uso dos adubos minerais”, diz o pesquisador Caio Inácio Tevês, da Embrapa Solos, no Rio de Janeiro/RJ, ao mostrar o local escolhido para instalar os recipientes construídos, e adequados, para depositar o lixo orgânico. Uma parceria entre a Embrapa e a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) utiliza os restos de alimentos produzidos pelos restaurantes e lanchonetes do Aeroporto do Galeão.


A pesquisa de Caio Inácio Teves com fertilizantes orgânicos começou quando estudava Agronomia, na Universidade Federal de Santa Catari na (UFSC). Na ocasião, ele, colegas e professores buscaram um destino para cinco toneladas de lixo gerado diariamente pela entidade. O lixo, não tratado, pode causar doenças e prejudicar a saúde, além de trazer danos ambientais. O desafio era transformá-lo em adubo orgânico. Os testes começaram a ser feitos em composteiras, próximas à universidade.

O projeto da UFSC deu certo e foi adotado pela prefeitura de Garopaba, a 80 quilômetros da capital catarinense. Hoje, a cidade turística recolhe, em recipientes chamados bombonas, o lixo orgânico produzido nos restaurantes, lanchonetes, hotéis e peixarias.
Todos os dias, o caminhão da coleta seletiva recolhe as “bombonas”. Caio Inácio Tevês levou essa experiência de sucesso para, no Rio de Janeiro, desenvolver um projeto de fertilizantes orgânicos. “É uma solução simples e que resolve dois problemas comuns em propriedades agrícolas: o lixo e os preços dos fertilizantes minerais”, diz o pesquisador.

Ele explica que a quantidade de adubo orgânico utilizada é muito maior que a mineral, mas os preços são muito inferiores. “O ideal é que seja utilizado em produção de hortaliças e frutas, mas nada impede seu emprego pelos produtores de soja. O que precisamos é de produção em maior escala”, define. A iniciativa, também, resolveu o problema na Escola de Equitação do Exército, no Rio Janeiro, ao eliminar dejetos de animais.
A idéia começou nos Jogos Pan-americanos, em 2007. Nas competições, as provas de hipismo reuniram 142 cavalos e mais de três mil toneladas de estrume. A Embrapa Solos ficou encarregada de fazer a compostagem do material e transformá-lo em fertilizante orgânico, para uso nos parques e jardins da Escola do Exército.
O pesquisador da Embrapa e responsável pelo projeto nos jogos, Ricardo Trippia Peixoto, conta que a preocupação da sociedade com o ambiente também é uma forma de propor a utilização de resíduos, antes inúteis, e considerar valor agregado aos dejetos de animais. Peixoto argumenta que o processo aplicado nos Jogos Pan-americanos pode ser utilizado pelos criadores de cavalo.

A técnica permite reciclar resíduos orgânicos com maior eficiência, minimizando os impactos ao meio ambiente. “Não há um número limite de cavalos para fazer a compostagem, pois a técnica permite reciclar o resíduo orgânico com muita eficiência”, esclarece o pesquisador.
Nos jogos, adotou-se o procedimento de pilha com manejo dinâmico intensivo.
Um pátio de compostagem, com piso de concreto, foi formado com pilhas de 4,5 metros de comprimento, três metros de largura e 1,5 metros de altura. “A geração de novos conhecimentos e aprimoramento tecnológico vêm resgatando essa técnica antiga que é a compostagem”, finaliza. Os pesquisadores da Embrapa Solos contribuem para aumentar projetos para desenvolver novos fertilizantes orgânicos.

A empresa está investindo em transferência de tecnologia de projetos, já validados, como o de Caio e Ricardo. De acordo com o pesquisador José Carlos Polidoro, a proposta é criar novos produtos para o mercado, com reaproveitamento de resíduos. “O aumento do preço dos fertilizantes químicos, que são importados, é uma grande oportunidade para o desenvolvimento de tecnologia nacional, com utilização de matéria-prima abundante no País, que é resíduo orgânico”, explica.

(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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