A entrevista de Lula ao jornal "Valor Econômico", publicada na quinta, 17/09, é dessas peças imperdíveis.
Fora do palanque, sem estar inebriado pela última pesquisa, sem ter de desancar a imprensa, sem demonstrar rancor ou ciúme de antecessores e até mesmo sucessores, Lula se mostrou Lula.
Afora, talvez, um excesso de "eu", ele mostrou o que pensa, o que faz, como interfere diretamente em estatais (BB) e até em empresas privadas (Vale) e o que considera do leque de candidaturas até aqui colocadas para sua sucessão em 2010.
Aos candidatos: "Feliz do país que vai ter uma disputa que pode ter Dilma, Serra, Marina, Heloísa Helena, Aécio. Houve no país um avanço qualitativo nas disputas eleitorais. O Fernando Henrique e eu já fomos um avanço extraordinário".
Afora o curioso fato de ele ter se esquecido de citar o "aliado" Ciro Gomes, também pré-candidato, Lula falou uma verdade inquestionável. Deveria ser lida por petistas, tucanos, democratas e principalmente pela própria turma encastelada no governo.
O Brasil hoje é outro, muito mais sólido internamente e com muito maior peso externamente. Mas Lula precisa reconhecer que não é obra só dele, sim resultado de um processo em que FHC teve uma participação decisiva. Assim como FHC precisa reconhecer que, com Lula, o país continuou avançando e os passos sociais foram mais largos.
O resultado é bom para todos. E é exatamente por isso que chegamos a uma etapa, como diz Lula, em que não há um só candidato "de direita", o que ele considera "uma conquista extraordinária de um Brasil exuberante". E que vem sendo construído a muitas, milhões de mãos.
(Eliane Cantanhêde é colunista da Folha de São Paulo desde 1997,e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento)
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