Fernando Canzian (*)
O Brasil deveria ter hoje 16,2 bilhões de moedas em circulação. É um número quase equivalente ao de todas as latas de alumínio para bebidas produzidas no país no ano passado.
Ao contrário das latas, devidamente manuseadas e consumidas, o Banco Central estima que cerca da metade dessas 16,2 bilhões de moedas esteja fora de circulação. Elas acabam entesouradas em casas, carros, gavetas de escritório ou simplesmente perdidas por aí.
O BC calcula que se apenas 5% dessas cerca de 8 bilhões de moedas fora de circulação voltassem à praça, o país poderia economizar R$ 85 milhões ao longo dos anos. Isso porque é necessária uma reposição sistemática das redondinhas em função da escassez que o entesouramento provoca.
No ano passado, o país teve de fabricar 2 milhões de moedas de diferentes valores, a um custo médio de R$ 0,21 por unidade. Em 2008, 1,3 milhão.
Pesquisa disponível no Banco Central revela que 25% da população guarda moedas em algum lugar em vez de mantê-las nos bolsos e gastar no dia a dia. Entre os comerciantes entrevistados, apenas 43% disseram que fregueses usam moedas para facilitar o troco.
Embora pesadinhas e brilhantes, o valor total em reais das moedas no Brasil equivale a só 3% do total de reais em circulação. Isso desestimula o próprio setor bancário a manusear, armazenar, contar e recolocar moedas no mercado, segundo o BC.
Em países avançados, é comum ver nos bancos máquinas automáticas que contam moedas levadas pelos clientes (principalmente crianças). Elas geram um recibo com o valor contado que depois é trocado por cédulas nos caixas.
No Brasil, a cultura inflacionária do passado talvez seja responsável pelo descaso com as moedas, apesar das permanentes campanhas do Banco Central para estimular seu uso. Até a estabilização trazida pelo Plano Real, moedas não passavam de estorvos.
Mas isso é passado.
No dia 1º de julho, o real faz 16 anos. Comemoremos gastando!
(*) Repórter Especial da Folha de São Paulo.
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