quarta-feira, 30 de junho de 2010

Lição da greve da USP

Gilberto Dimenstein (*)

A sociedade fica horrorizada diante das cenas de selvageria patrocinadas pela greve dos funcionários da USP --cenas que ganharam um símbolo devastador com a proibição pelos grevistas de uma criança de quatro anos usar o banheiro da creche, bloqueada pelos piqueteiros. Ameaça-se agora a invasão do centro de computação da universidade.

A principal lição disso tudo vai muito além da USP. O que está em discussão é a crescente força dos servidores públicos, com seus sindicatos, colocando interesses corporativos acima dos interesses do coletivo.

Basta lembrar que neste ano o sindicato dos professores reivindicou aumento do absenteísmo, fim da promoção por mérito e das provas de conhecimento dos professores temporários.

Todos os dias, vemos como, em diferentes partes, são propostos novos benefícios a funcionários públicos, a começar de aposentadorias, inchando a folha de pagamentos --sem vermos retorno em eficiência.

Neste período eleitoral, se forem atender as reivindicações que estão no Congresso, vamos ter de trabalhar apenas para bancar os salários públicos. Aliás, já trabalhamos mais de quatro meses só para pagar impostos.

Como a economia vai razoavelmente bem, a população está anestesiada e desinformada, sem saber que quanto mais o recurso público for usado para bons investimentos --educação, por exemplo-- maior será o crescimento e a riqueza coletiva.

(*) Membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz.

Um comentário:

  1. Anônimo2/7/10 08:12

    Há muito tempo este jornalista perdeu contato com a realidade. É uma pena! Hora de aposentar (pelo INSS).

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