Humberto Peron (*)
Vamos esquecer que queremos ver uma seleção jogando para frente, ou de uma maneira totalmente diferente. Nessa Copa da África do Sul temos que analisar o time do jeito que Dunga pensa e do que quer do time que armou. Se usarmos a visão do nosso técnico, somos obrigados a dizer que a seleção fez uma partida muito boa contra a decepcionante Costa do Marfim.
Se no começo o time sofreu com a marcação de intermediária a intermediária imposta pelos marfinenses, o Brasil se não criava também não corria riscos. Os nossos volantes --Gilberto Silva e Felipe Melo-- funcionavam muito bem na marcação, mas não conseguiam fazer a transição para o ataque. Os dois cansavam de dar toques laterais ou erravam os passes mais longos. O Brasil tinha uma boa opção de ataque pela direita com a dupla Maicon e Elano, mas pela esquerda Michael Bastos estava muito tímido.
No pensamento do nosso treinador, num jogo equilibrado é preciso aproveitar a chance de gol. E foi isso que aconteceu. Quando numa triangulação entre Robinho, Kaká e Luís Fabiano acabou surgindo o primeiro gol do Brasil.
Com o gol de vantagem, o Brasil passou a jogar da maneira que mais gosta com Dunga no comando: explorando os espaços que o adversário deixa quando busca o empate. Assim, com um gol de vantagem, até os nossos volantes, principalmente Gilberto Silva, começaram a tentar --e acertar-- lançamentos longos. Pena que os jogadores que recebiam a bola não conseguiam dar sequência nas jogadas.
O gol logo no início do segundo tempo de Luís Fabiano --tão belo, quanto irregular-- acabou decidindo a partida. Os espaços sobraram ainda mais e Kaká, pela primeira vez no Mundial, conseguiu fazer seu arranque característico pela esquerda e deu um belo passe para Elano fazer o nosso terceiro gol na partida.
Depois disso, o Brasil mandou totalmente na partida, com direito a belos toques de primeira. O time perdeu o controle do jogo quando começou a se desconcentrar com as entradas mais duras dos marfinenses e querer revidar as faltas mais violentas. Aí o time se perdeu. Começou a dar muitos espaços para o adversário e Júlio César começou a ter que fazer intervenções importantes na partida. Até contra-ataques o time começou a ceder, o gol da Costa do Marfim começou assim e terminou com a cabeçada de Drogba livre.
Mas, mais que o gol tomado o pior para o Brasil foi perder Kaká --expulso infantilmente.
Seria importante para o nosso melhor jogador atuar contra Portugal para pegar ritmo de jogo.
No final, a vitória garantiu a nossa classificação antecipada para a próxima fase, que era tudo que Dunga e sua comissão técnica queriam para provar que eles sabem o que estão fazendo.
Aliás, tenho medo que a Copa de 2010 prove que só o Dunga sabe o que é futebol no Mundo. Bom, pelo menos o Brasil vai ganhar a Copa.
Até a próxima.
(*) Jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol. Escreve para Folha de São Paulo
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