Antenor Pereira Giovannini (*)
Trabalhei por quase 40 anos numa empresa exportadora de vários produtos e tive oportunidade de acompanhar todo tramite que uma operação desse porte requer. É uma intrincada cadeia de agentes envolvendo um sem números de outras empresas e coligadas para que, finalmente, esse produto chegue ao porto e seja transferido para outro destino. Talvez por conhecer um pouco o processo, me surpreende constatar que, embora tendo um porto na porta, com acesso ao mundo, não há nenhum interesse por parte de nenhuma autoridade em que nosso porto se desenvolva. Pelo contrário, há muito mais clamores para que os poucos que aqui estão se mudem, sejam demolidos ou outras barbáries do tipo.
Em vista disso, resolvi navegar com meu ratinho por esse mundo virtual à procura de portos e encontrei alguns fatos que chamam a atenção: O número de portos em determinados países como, por exemplo:
China – possui 23 portos
Japão - possui 21 portos
Rússia – possui 13 portos
Itália - possui 11 portos
EUA – possui 28 portos
Brasil – possui 11 portos e não incluem Santarém na lista.
Os dados são fornecidos pela COMEX – Comunidade do Comércio Exterior.
Não há como inserir o nosso porto na lista já que seu movimento é pífio em relação a todos os demais.
Não há dúvida que não querem desenvolvimento portuário, mas o mais difícil de digerir são os motivos e argumentos. Um deles é que atrapalha o pôr do sol. Claro que o espetáculo é majestoso. É lindo ver o sol mergulhar nas águas do Tapajós, porém por mais bonito que seja não gera empregos, nem renda, nem possibilita à cidade criar receitas e sair do marasmo e dependência econômica que persiste há tempos, o que a obriga a viver de esmolas advindas do governo federal ou estadual, até mesmo para um simples reparo de rua.
Com o porto se abre um enorme leque de oportunidades uma vez que um porto não significa apenas saídas, mas, principalmente entradas obrigando as empresas importadoras a se instalarem em Santarém trazendo em seu bojo todo imposto de importação que certamente alavancaria não somente receitas, mas principalmente empregos.
Difícil entender realidades como, por exemplo, uma cidade como Barcelona, na Espanha. , uma das mais bonitas da Europa, uma cidade com mais de quatro milhões de pessoas, fazendo parte importante da historia espanhola desde a sua fundação pelos romanos no ano 1 AC., passando por vários conquistadores até a Guerra da Sucessão Espanhola em 1714. Depois de tudo isso, ainda enfrentou a Guerra Civil Espanhola e a era Franco para, finalmente, poder crescer e se desenvolver aos níveis que se observa hoje, econômica, social e culturalmente. Tem hoje o maior centro industrial da Espanha e um dos maiores portos da Espanha, o que em nada empana a beleza de uma cidade linda e desenvolvida.
Certamente quem já teve oportunidade de visitá-la sabe que não há exageros. E se convive perfeitamente com uma área portuária já que todos sabem da importância econômica que o porto tem dentro do contexto da cidade, da região e do País.
Por aqui, nada disso conta. Aqui o importante é continuar de chapéu na mão a espera das esmolas governamentais. Geração de emprego e renda, nem pensar. Porto é para fazer bosquinho e não para ter empresas, ship-lowders, barulho, caminhões, navios, carga/descarga, movimentação, emprego, renda. , Isso tudo atrapalha o pôr do sol.
Psiu! Quieto, está na hora do pôr do sol. Mas..., veja aquele monstrengo atrapalhando !!!
(*) Aposentado, agora comerciante e morador em Santarém
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