O verde que dá lucro
Finalmente as empresas brasileiras estão lucrando com a venda de créditos de carbono. E podem ganhar ainda mais nos próximos anos
As empresas brasileiras, enfim, aprenderam a ganhar dinheiro com os créditos de carbono, espécie de moeda ambiental trocada por projetos que promovam a redução da emissão de gás carbono na atmosfera. A Suzano Papel e Celulose vendeu por US$ 100 mil, em junho deste ano, os créditos adquiridos com a não emissão de 25 mil toneladas de carbono. "Sabemos que esse será um dos negócios mais lucrativos no futuro", diz Luiz Cornacchioni, diretor de relações institucionais da Suzano.
O valor poderia ser maior. Isso porque esses créditos foram provenientes de florestas nativas. As vendas resultadas dessa modalidade não são negociadas nas bolsas de valores credenciadas pela ONU. Por isso, esses créditos são vendidos a preços baixos até dez vezes menores, em mercados voluntários, como a Bolsa do Clima de Chicago. Em breve isso pode mudar.
Na 15ª Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a ser realizada em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca, o governo brasileiro irá propor que esses créditos sejam negociados nas bolsas credenciadas pela ONU. Se isso acontecer, tanto o País quanto as empresas brasileiras que mantêm áreas preservadas podem multiplicar seus ganhos com as não emissões.
"Apenas em 2008, as vendas de carbono feitas pelo Brasil somaram US$ 20,8 milhões", afirma Maurik Jehee, superintendente das vendas de crédito de carbono do Santander Brasil. "Se as florestas do País pudessem ser vendidas nas bolsas certificadas pela ONU, esse número subiria para US$ 350 milhões ao ano", completa Jehee. Segundo Bracelpa, Associação Brasileira de Celulose e Papel, apenas o setor de papel e celulose é capaz de gerar atualmente 42 milhões de toneladas de crédito de carbono. A mudança chegaria num momento especial para as empresas brasileiras. O motivo: depois de anos, elas começam a ganhar dinheiro com a venda de créditos de carbono.
Para se ter uma ideia, o Brasil é hoje o terceiro país que mais apresenta projetos de não emissão à ONU, atrás da China e da Índia, respectivamente. Esses processos evitaram que, em 2008, 35 milhões de toneladas de dióxido de carbono fossem jogadas no ar pelas companhias e algumas, finalmente, já começam a lucrar com isso.
Uma delas é a fabricante de papel e celulose International Paper, que realizou sua primeira venda de créditos no ano passado. Com a troca de energia combustível por limpa em uma das fábricas, a empresa deixou de emitir 211 mil toneladas de gás. Conclusão: os créditos foram vendidos por US$ 1,2 milhão na bolsa de valores de Chicago, nos EUA. Mais 78 mil toneladas deverão ser comercializadas no próximo ano.
"Estamos investindo em outras formas de redução porque queremos ganhar muito mais com isso", afirma Robson Laprovitera, gerente florestal da International Paper. Se por enquanto os créditos emitidos por preservação de florestas têm de ser vendidos apenas em bolsas voluntárias, os provenientes de outros processos podem ser comercializados diretamente para empresas estrangeiras. Foi o que fez a siderúrgica Arcelor Mittal Tubarão.
A companhia recebeu em setembro o primeiro pagamento da venda que fez ao banco alemão KFW de 213 mil toneladas de gás deixados de emitir. Só nesta negociação, a Arcelor faturou e 2,6 milhões e a intenção é poluir menos para lucrar muito mais nos próximos anos. Um outro lote de 100 mil toneladas está sendo auditado para ser vendido ainda este ano. "Nas vendas diretas para empresas, a vantagem é que conseguimos barganhar preços melhores", diz Luiz Antonio Rossi, gerente de meio ambiente.
Isto É Dinheiro - Negócios
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