quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Santarém tão linda, mas, tão abandonada!


Texto antigo, mas que lamentavelmente continua sendo atual tal qual expusemos nas primeiras inserções de hoje.



Santarém tão linda, mas, tão abandonada!
Antenor Pereira Giovannini (*)


Escritores, poetas, compositores, cantores, instrumentistas, artistas de todas as artes já expressaram das mais variadas formas e gêneros toda a beleza com que nossa Santarém foi contemplada.

“Santarém do meu coração!
Terra mimosa, de paz e de sonhos de amor.
Santarém do meu coração!
Lindo jardim, vivaz canteiro do Céu todo em flor.
Santarém, princesa da luz,
De praias alvas e campinas verdes, rio de anil,
Onde flutuam iáras mil,
Loucas, ao léu na onda azul.
Santarém, meu jardim, meu Pará, Meu Brasil”.

Já no trecho do hino de nossa cidade está registrada grande parte dessa beleza que foi traduzida e exposta das mais variadas maneiras tornando-a a Pérola do Tapajós, onde docemente os rios Amazonas e Tapajós circundam suas terras para se encontrarem de maneira singela e ordeira caprichosamente no centro da cidade. Afora toda essa beleza temos esse povo simples e hospitaleiro como nunca, que faz com quem aqui chega se apaixone, se encoste e não mais queira deixá-la. Assim aconteceu comigo que, vindo de fora, não consegui me desvencilhar dessas gostosas amarras, aqui me estabeleci e até gerei minha doce mocoronguinha Giovana. E não vamos, em hipótese alguma, esquecer a exótica culinária desta terra que esparrama todo seu sabor e sua genuinidade pelo resto do País e do mundo. Exatamente por tudo isso, dói no peito e na alma ao vê-la tão abandonada pelas nossas autoridades. Como se nada dessas maravilhas fosse real, coisas básicas vão se esvaindo e sendo deixadas de lado. É como se nada de valor existisse por aqui. .
Porque esse desleixo? Porque esse pouco caso? Os senhores e senhoras pertencem a essa terra. Aqui nasceram e aqui foram criados. Porque tratar tal mal a sua própria terra como se ela fosse um nada que se pode deixar conduzir de qualquer modo. “Pela entrada da casa se conhece o dono”, ditado antigo e, como quase sempre, muito verdadeiro. No nosso caso, ele mostra o quanto somos desleixados até mesmo em relação a esse simples detalhe. Não temos uma porta de entrada na cidade, de que pudéssemos nos orgulhar ao receber nossos visitantes. Apesar de sermos uma cidade ribeirinha não tivemos capacidade, ao longo desses mais de 300 anos, de construir uma hidroviária e assim poder receber e conduzir quem aqui vem de forma digna e respeitosa.
Se já existe um enraizamento do nepotismo no âmbito do poder municipal, pior ainda é verificar que secretários usam suas próprias empresas ou as de parentes para participar da festa da administração pública, mesmo que através de licitações. Há de se convir que mesmo que a prática possa ter algum respaldo legal, não há como não enxergar um flagrante desvio moral e ético nessa conduta.
Nossa Câmara, nesse período de turbulência, poderia também se tornar muito mais ativa e compromissada, deixando de lado interesses político-partidários e diferenças até pessoais, em beneficio da cidade. Bom seria se todos se irmanassem na luta por fazer com que novos projetos acontecessem, velhos projetos fossem acelerados, em especial que nosso Plano Diretor fosse oficializado e principalmente cumprido para que muitas das mazelas que ocorrem diariamente na cidade, fossem evitadas. Que nosso Código de Postura fosse atualizado e principalmente aplicado tornando nossa cidade menos violentada em princípios e direitos.
Como seria bom se nossas ruas pudessem ser chamadas de ruas, nelas trafegassem apenas veículos e que nelas houvesse um piso minimamente transitável. Se nossas calçadas fossem ordeiras e mais do que nunca apenas usadas por pedestres, sem comércio, sem entulhos, sem propagandas, apenas calçadas tal qual em qualquer cidade do País.
Se a intensidade de água que observamos em épocas de cheia fosse à mesma nas torneiras das casas, permitindo, assim, que todos usufruíssem de um direito natural de ter água em suas moradias. Se houvesse planos para conter as cheias, sabedores que todos os anos teremos chuvas mais ou menos intensas, mas as teremos.
Que ótimo seria se não esperássemos ocorrer todo esse drama, para observar nossas autoridades literalmente de pires na mão em busca de esmolas do Governo Federal para arrumar uma coisinha aqui ou ali. Mais do que nunca há necessidade de união para que se evite que os bairros cresçam de forma desordenada e sem qualquer controle causando uma série de novos problemas. Se tivéssemos planos efetivos para um mínimo básico de saneamento.
Já que pensamos em ser uma cidade turística, é imprescindível que os pontos turísticos recebam a atenção devida desde os acessos até a indicação de quem pode e deve recepcionar e servir esses turistas. O que se observa hoje é que, afora dispormos de um verdadeiro caminho de rato levando até nosso principal ponto turístico, itens como recepção, atendimento, estruturas de consumo são pífios.
Isso sem falar na absurda falta de interesse em se ter a BR 163 asfaltada, no desinteresse em trazer novas empresas e bem como não perder as que já estão por aqui, como vem ocorrendo. Quando uma instituição como o museu Drica Frazão que é um esteio em termos de cultura regional, reconhecida internacionalmente como das mais atrativas e importantes, se vê na contingência de precisar recorrer às entidades privadas para se manter dada a falta de recursos da secretaria competente, bate uma vontade de largar tudo de vez. Aí se tem a visão clara e desanimadora de que nem mesmo para a cultura que tanto apregoamos é dado o devido respeito e valor.
Por favor, senhores e senhoras, ajam em nome dessa cidade. Esse povo ordeiro e pacifico não merece esse descaso. Seja para essa população, seja para quem quer apresentar a cidade a qualquer parente ou amigo de fora, é triste constatar o quanto nossa Santarém é linda, é bela, e, ao mesmo tempo, o tanto que se encontra abandonada, órfã e quase mendicante.


(*) Aposentado e morador em Santarém

Um comentário:

  1. Olá Antenor!
    Meu nome é Jacqueline Giovannini Costa.
    Por uma dessas "coincidencias"da vida,estava ha pouco tentando saber como posso comprar um muiraquitã feito por alguma comunidade indígena daí,e terminei chegando em voce o que me chamou a atenção foi o sobrenome em comum!Portanto caso voce possa me falar o que sabes sobre os giovannini que imigraram para o Brasil ficarei imensamente agradecida e tambem gostaria de informações de como comprar um muiraquitã.
    Hoje vivo em Vitória ES.,mas minha família é de Minas Gerais.Sou escultora,faço esculturas em bronze.Ficarei aguardando ansiosamente uma resposta!
    Abraços e obrigadíssima desde já!
    Jacqueline Giovannini de Rezende Costa
    e-mail:jackiegiovannini@gmail.com

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