Além da meta voluntária de redução das emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020, o Brasil levará outro trunfo para a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que será realizada em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca.
O governo apresentará um percentual abaixo de 5% na emissão de gases pelo desmatamento da Amazônia em relação ao total emitido pelo país.
Os dados sobre a queda das emissões de dióxido de carbono (CO2) pela ação da derrubada da floresta serão apresentados amanhã, em Brasília, pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em agosto, o diretor-geral do Inpe, Gilberto Câmara, havia dito que valores preliminares apontavam que as emissão de gases pelo desmate da Amazônia ficariam em 2,5% do total - e não 5%, conforme havia sido apurado entre 2000 e 2005.
Agora, com a medição concluída, o percentual ficará entre 2,5% e 5%.
A queda das emissões resultantes do desmate da Amazônia em relação ao total do país deve-se à redução do desmatamento nos últimos quatro anos. "Além disso, a emissão por combustíveis fósseis aumentou, principalmente por causa do uso de carvão vegetal e do crescimento da frota de veículos", disse o pesquisador do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Inpe Jean Ometto.
Segundo Ometto, houve queda no desmatamento na Amazônia, Indonésia e, embora em pequena escala, na África. Soma-se a isso o fato de que o desmatamento não faz árvores virarem fumaça imediatamente.
Parte da madeira se transforma em móvel, casas e portas.
Com isso, o carbono fica estocado por anos.
Há ainda o fato de que parte das áreas desmatadas é substituída por pasto, à base de capim braquiária, um conhecido sequestrador de carbono, cana-de-açúcar e grãos, que também neutralizam a emissão. Isso, diz Ometto, também contribuiu para reduzir a emissão
Os cálculos da emissão de gases no Brasil feitos pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) são imprecisos. A entidade adota como média para o Brasil um desmatamento anual de 30 mil km quadrados, valor acima do real.
O maior desmate ocorreu em 2004, com 27.423 km quadrados. De lá para cá, a queda foi acentuada - 2009 deve fechar com 7.008 km quadrados. Se o país cumprir a meta voluntária de redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020, a derrubada ficará em 4,5 mil km quadrados por ano.
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