Opinião do Jornal da Tarde de São Paulo
Como nascer de novo no Brasil do faz de conta
A notícia dada neste Jornal da Tarde (JT) de que quadrilhas vendem documentos falsos a quem aborde seus membros em aglomerações no Largo 13 de maio, em Santo Amaro, e na Praça da Sé é a demonstração de que as blitze da Polícia Militar nas ruas de São Paulo podem terminar muitas vezes fazendo um trabalho de “enxuga gelo” repetitivo, mas ineficaz. A um preço relativamente módico, que pode variar de R$ 350 a R$ 2 mil, conforme constataram os repórteres Elvis Pereira e Josmar Jozino, qualquer transeunte pode obter Registro Geral (RG, carteira de identidade), Cadastro de Pessoa Física (CPF) do Imposto de Renda (IR) e Carteira Nacional de Habilitação (CNH), oferecidos com a promessa de “nascer de novo”. Afinal, de que adianta ter uma relação de procurados por violações da lei, se estes podem trocar de nome e de numeração de documentos a cada visita a esses locais, tendo de esperar apenas dez dias para receber o que quiserem do “kit” em casa pelo correio?
Os vendedores de tal facilidade, conforme constatou a reportagem, operam à luz do dia, sem se preocupar com disfarces nem se esconder em lugares menos visíveis. Quem precisa “nascer de novo” para driblar as operações policiais e anular fichas criminais aborda primeiramente pessoas que portam aquelas placas oferecendo ouro, fotógrafos ou vendedores de atestados. Estes intermediários, na verdade, nem sequer precisam ser abordados. Um senhor de óculos foi logo perguntando ao repórter do JT que lia a placa que ele carregava com os dizeres Compro Ouro: “Quer documento, hein?” Rotineiramente, eles colhem as primeiras informações e levam o interessado ao falsificador, que conclui o negócio, cobrando um sinal do interessado. Os repórteres foram aconselhados pelo advogado Celso Vilardi, coordenador e professor do Curso de Pós-Graduação em Direito Penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a não fazerem nenhuma encomenda para não incorrerem em crime de falsidade ideológica. Mas só na região central, eles localizaram quatro falsificadores, três na Praça da Sé e um na Praça do Patriarca, a poucos metros do gabinete do prefeito.
Pelo que deram a indicar esses vendedores, a quadrilha do “poupa tempo” informal tem ramificações nos setores de identificação e controle do trânsito da Polícia estadual e na Receita, pois asseguram que o CPF é “quente” e que não há risco de o comprador ser preso por uso de RG e CNH falsos. A Receita Federal, contudo, informou ser remota a possibilidade de fraude dentro do órgão, pois o acesso ao sistema de emissão é restrito e rastreado. Mas o perito criminal aposentado Sebastião Edison Cinelli, especialista em desvendar falsificações, reconhece a dificuldade de identificar tais falsificações.
Os vendedores de tal facilidade, conforme constatou a reportagem, operam à luz do dia, sem se preocupar com disfarces nem se esconder em lugares menos visíveis. Quem precisa “nascer de novo” para driblar as operações policiais e anular fichas criminais aborda primeiramente pessoas que portam aquelas placas oferecendo ouro, fotógrafos ou vendedores de atestados. Estes intermediários, na verdade, nem sequer precisam ser abordados. Um senhor de óculos foi logo perguntando ao repórter do JT que lia a placa que ele carregava com os dizeres Compro Ouro: “Quer documento, hein?” Rotineiramente, eles colhem as primeiras informações e levam o interessado ao falsificador, que conclui o negócio, cobrando um sinal do interessado. Os repórteres foram aconselhados pelo advogado Celso Vilardi, coordenador e professor do Curso de Pós-Graduação em Direito Penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a não fazerem nenhuma encomenda para não incorrerem em crime de falsidade ideológica. Mas só na região central, eles localizaram quatro falsificadores, três na Praça da Sé e um na Praça do Patriarca, a poucos metros do gabinete do prefeito.
Pelo que deram a indicar esses vendedores, a quadrilha do “poupa tempo” informal tem ramificações nos setores de identificação e controle do trânsito da Polícia estadual e na Receita, pois asseguram que o CPF é “quente” e que não há risco de o comprador ser preso por uso de RG e CNH falsos. A Receita Federal, contudo, informou ser remota a possibilidade de fraude dentro do órgão, pois o acesso ao sistema de emissão é restrito e rastreado. Mas o perito criminal aposentado Sebastião Edison Cinelli, especialista em desvendar falsificações, reconhece a dificuldade de identificar tais falsificações.
E isso permite que estelionatários com esses documentos abram empresas e contas bancárias, adquiram linhas fixas de telefones, aparelhos celulares e cartões de crédito, façam compras e empréstimos e aluguem imóveis.
O Brasil do faz de conta pode, então, ser um pesadelo perigoso.
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