Meu caro Antenor: com que, então, você criou um “blog” com cara e cores do teu time do coração? Não sei se você assistiu ao filme de nome “O casamento de Romeu e Julieta”. É todo engraçado, sobretudo, graças às peripécias de um corinthiano fanático que se apaixona também fanaticamente por uma palmeirense igualmente fanática e tem que contornar o fanatismo do futuro sogro, esse muito além de fanático. E a moça é fanaticamente linda. Na primeira vez em que vão ficar juntos, ela está lindamente deitada na cama, com suas maravilhosas pernas à mostra. E, eis que o namorado, apoplético e quase engasgado, olha para aquilo e geme alguma coisa como “a coxa”. Ela, então (e a platéia inteira) pergunta o que há de errado com suas coxas. Mas ele está se referindo à colcha a cama que tem o brasão do Verdão. Esse e muitos outros atropelos acontecem ao longo da história que, como não poderia deixar de ser e, de resto, deveria ser sempre, termina com o casal em absoluta harmonia. Afinal, torcer por times diferentes é apenas mais uma das diferenças que enriquecem as relações entre as pessoas.
Como você bem sabe, meu caro amigo, eu não sou torcedor do Verdão. Sou exatamente o oposto disso. Torço pelo histórico rival. E nunca perdi de vista que, no caso em particular desses dois, um não existiria sem o outro. Afinal, foram as duas torcidas que atravessaram o século XX na cidade de São Paulo, desde os idos da segunda década, idos de 1910 a 1920. Nesses quase cem anos, esses dois escreveram boa parte da história da cidade de São Paulo. Se eu tivesse material e talento, me atreveria a escrever a história da cidade apenas pela ótica do “derby”, nome com que um jornalista romântico chamado Thomaz Mazzoni, de “A Gazeta Esportiva”, apelidou esse jogo (a expressão vem de uma importante corrida de cavalos chamada “Derby de Empsom”).
Por isso, achei que a idéia de criar um “blog” para tratar de assuntos variados, mas enfeitado pelo brasão do teu time do coração, dá margem a que se tente, mais uma vez, recuperar o que já foi um espírito olímpico altamente positivo e agradável. Refiro-me a uma época em que o apelido do Palmeiras era “Periquito” e o do Corinthians, o Mosqueteiro. E o que simbolizava o São Paulo era a figura do santo de barbas brancas enquanto o Santos era a baleia alvinegra.
Não havia bambis, nem porcos, nem gambás nem outras grosserias sem qualquer resquício de inteligência. E se podia perfeitamente ir ao estádio de futebol com qualquer roupa, entrar por qualquer porta e se sentar em qualquer lugar, como se fôssemos livres. Isso até pode soar muito estranho a muitos ouvidos, mas asseguro que já foi assim. Brigas, sempre aconteceram. Massacres, no entanto, eram inimagináveis.
Aceite, meu caro amigo, os cumprimentos pela idéia de criar mais uma oportunidade para que se possa mostrar que divergências de opinião não se confundem com confrontos, apenas com respeito. Isso é que anda fazendo uma falta danada em todos os segmentos da nossa castigada sociedade.
E, de quebra, receba o abraço de um adversário que nunca será inimigo.
Bellini
(Dr. Bellini Tavares de Lima Neto - Advogado morador em São Bernardo do Campo em São Paulo.
Dono do Blog : O DIA NOSSO DE CADA DIA (http://blcon.wordpress.com/) Colunista do Jornal O Estado do Tapajós e meu amigo a quem agradeço a audiência e esperando receber mais textos e principalmente seus comentários)
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