Wanderley Nogueira (*)
Sobram motivos para a ausência de torcedores nos estádios de São Paulo. E, pelas informações que chegam, em todo o país o número de assistentes é decepcionante.
Sei que não é fácil compreender a causa das coisas. Também reconheço que é melhor compreender pouco do que compreender mal.
Aqui em São Paulo, a federação, organizadora da competição, não mexe uma palha para tentar mudar a situação. Está chegando a fase mais importante do campeonato, e o pequeno público virou motivo de chacota.
Fiquei observando a lojinha de um simpático “turco” lá pelos lados do Mercadão. Depois, tomei coragem e perguntei como ele faz quando os clientes somem. A minha curiosidade era descobrir se ele ficava esperando o retorno da clientela ou fazia alguma coisa para atraí-la.
Olhando com jeito de quem sabia que eu não entendia nada do “negócio”, o negociante deu uma pequena aula: “claro que eu faço alguma coisa. Um dos segredos é que a mesa que os meus clientes comem deve ser melhor que a minha, caso contrário eu quebro”.
Imediatamente, pensei na cartolagem do futebol. Os dirigentes fazem exatamente o oposto. O futebol perde consumidores nos estádios. Os estaduais estão anêmicos. Alguns, não voltaram às praças esportivas nunca mais depois de decepções pelo tratamento recebido.
Mas, vamos lembrar apenas das arquibancadas vazias nos estádios do interior e das capitais. Com cada vez mais raras exceções. Se o público é pequeno, qual a dificuldade para liberar a entrada para todas as crianças com suas mães? Qual o empecilho para franquear a entrada de escolas com seus professores e coordenadores ? Que tipo de barreira existe para não conceder ingresso livre para casais?
Você deve estar pensando que seguindo o meu desejo, ninguém vai pagar para ir ao jogo. E é exatamente isso. A rica Federação Paulista de Futebol, por exemplo, deveria garantir a renda equivalente ao público médio da temporada 2011 e determinar o “portão livre”.
Pesquise e constate que a grande maioria dos clubes tem presença/média de 2 mil pessoas gerando arrecadação aproximada de 40 mil reais. Há jogos com 600 torcedores ou menos!
Se a entidade estivesse mesmo interessada em resolver o problema, pagaria essa cota/padrão e tentaria acabar com o triste cenário de estádios vazios.
O público definha na “lojinha” e ela não mexe uma palha, não faz nada e ignora a terrível possibilidade do futebol quebrar…
(*) Jornslista esportivo e que atua na Rádio Joven Pan de São Paulo desde 1977. É responsável pelo Terra Esportes Show.
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