segunda-feira, 31 de maio de 2010

Exemplos que não seguimos

Novo pólo de produção de frango surge no sul do Maranhão

A produção de grãos está transformando regiões onde antes predominava a agricultura em pólos de criação de frangos, em Mato Grosso e no Maranhão.
Os aviários ficam numa região estratégica do país, na divisa do Maranhão com o Tocantins, bem na área de influência do corredor norte de exportação. As granjas estão sendo instaladas às margens da Ferrovia Norte-Sul, a 750 quilômetros do complexo portuário de São Luís, zona de embarque mais próxima do mercado europeu. O empresário Newton de Oliveira foi um dos primeiros a investir na criação de frangos na região. Ele construiu cinco galpões para 150 mil pintos e também aproveita a fartura da soja na região. “Os grãos estão próximos, a ferrovia está próxima, o porto está próximo. Olhando para o futuro, a região é muito boa”, diz.
Os criadores maranhenses tiram proveito do clima amazônico para aumentar os lucros.
A temperatura media beira os 30°C nesta região praticamente o ano inteiro. Neste ambiente os frangos atingem o ponto de abate com 42 dias. Seu Ivaldo Leal coordena a integração entre a indústria e os criadores. Nos planos de expansão do pólo está prevista, até 2014, a produção de 12 milhões de frangos para abastecer o mercado nordestino e também mercado externo. “Nós temos estabilidade de clima, não temos intempéries aqui, o que é uma grande vantagem para o frango e nós temos tudo próximo. Então tudo favorece para que a gente produza uma carne cada vez mais barata”, garante.

Outro estado que vive uma expansão semelhante no setor de aves é Mato Grosso. Marcos Roberto mantém dois aviários em sociedade com o irmão em Tangará da Serra, na região sudoeste de Mato Grosso. A cada 45 dias recebem cerca de 30 mil pintinhos. Com a compra de uma nova área já pensam em estender a produção. “É um bom negócio. Ele dá uma segurança para a manutenção da pequena propriedade”. Os agricultores são integrados de um frigorífico. A empresa funciona há 15 anos. De lá pra cá a capacidade de produção vem aumentando. No encubatório são criados cerca de dois milhões de pintinhos por mês. No município de Nova Marilândia, perto de Tangará da Serra, o setor também começa a se desenvolver. Um frigorífico se instalou no município e m dezembro do ano passado já abate, diariamente, 50 mil frangos. Quinhentos funcionários foram contratados.
Os avicultores estão otimistas com desenvolvimento do setor e apostam em um crescimento ainda maior. É o caso do seu Agnaldo. Ele trabalhou vários anos como funcionário na avicultura. Agora decidiu comprar o próprio aviário. “A demora nossa estava sendo porque estava demorando para alojar. Agora está saindo em um dia e alojando no outro, então dessa forma já foi resolvido e melhorou 100%. O negócio é ir para frente, né? Estou gostando”, diz Agnaldo Vieira, avicultor
A criação de frangos em Mato Grosso cresceu 190% nos últimos dez anos.
No sul do Maranhão, a expansão da avicultura ainda está no início.

Nota do Blog - Milho e frango viram ração. Ração vira aviário que vira galpões de frangos que vira abatedouro e que vira exportação. Um ciclo razoavelmente normal. Menos para nossa região que não precisa de 750 km para acesso ao porto. Fica menos de 100 km. Mas temos o porto e falta o resto. Aqui porto é para construir bosquinho, e as empresas demolidas porque atrapalham o pôr do sol. Geração de renda e empregos não precisa. O PAC e as bolsas nos dão. Os ongueiros e ambiemtalistas de plantão agradecem.  

Que Deus nos ajude

Renato Gomes Nery (*)

As pendências envolvendo o Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso continuam se arrastando, sem aparente perspectiva de solução a curto prazo. E as denúncias contra membros desse Poder continuam a surgirem todos os dias. Já vai fazer um mês que os funcionários do Poder Judiciário encontram-se em greve. Para complicar este quadros os funcionários da Justiça Federal Comum e do Trabalho, também, estão em greve. Alguns membros do Tribunal Regional Eleitoral encontram-se envolvidos em uma série de denúncias, existindo, inclusive proposta de renúncia de todos os seus membros.

Por seu turno o Poder Executivo encontra-se envolvido em uma série de escândalos de desmandos com a coisa pública e o meio ambiente. Para não deixar por menos, o Poder Legislativo tem o seu principal condutor imiscuído num emaranhado de denúncias de malversação com o dinheiro público.

Voltando ao Judiciário, não se tem notícias de medidas efetivas para mudar este quadro que se agrava dia após dia. De há muito o CNJ está fazendo correção do TJMT e levantando dados e notícias envolvendo magistrados. Isto já resultou na aposentadoria compulsória de diversos magistrados. A intranqüilidade, a incerteza e a insegurança com relação ao futuro parecem ser as palavras de ordem. Os prejuízos são evidentes para a sociedade e para os advogados contenciosos que se encontram impossibilitados de trabalhar.

A sociedade assiste atônita aos desdobramentos de todos estes acontecimentos, na espera de que alguma coisa seja feita para restaurar a ordem. Onde estão as providências para sair desta letargia que a todos contaminou? Se elas existem não se tornaram públicas. A Presidência do TJMT tenta apagar os incêndios e oscila entre os acontecimentos a procura de um rumo. A OAB/MT, umas das principais interessadas, de há muito carece de uma liderança efetiva - depois de ser envolvida em diversos incidentes pelo seu penúltimo presidente - sob nova direção não conseguiu se encontrar e, muito menos, se fazer ouvir, se é que tentou falar alguma coisa.
Ao sabor dos acontecimentos, ficamos aguardando que Deus nos ajude.

(*) Advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB/MT.
E-mail – rgnery@terra.com.br

Com receita é outra coisa!

Numa pequena cidade do interior do RS, uma mulher entra em uma farmácia e fala ao farmacêutico:
__ Por favor, quero comprar arsênico.
__ Arsênico? Mas, não posso vender isso assim, sem mais nem menos! Qual é a finalidade?
__ Matar meu marido.
__ Pra este fim, piorou, minha senhora. Eu não posso vender....
A mulher abre a bolsa e tira uma fotografia do marido, transando com a mulher do farmacêutico.
__ Ah boooom!... COM RECEITA É OOOUUUTRA COISA!

O presidente que não lê nada agora é professor de tudo

Augusto Nunes (*)

Com uma frase na última edição de VEJA, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo decretou o fim do palavrório sobre os motivos do naufrágio do acordo esboçado em Teerã pelo Brasil e pela Turquia: “Ao concordar em ter o urânio enriquecido em outro país, e em seguida acrescentar que nem por isso deixaria de fazê-lo ele próprio, o Irã entrou nos anais com um caso raro, talvez inédito, de comprometimento simultâneo com uma coisa e o seu contrário”. Perfeito. Antes mesmo da divulgação do rascunho do que fora combinado, os aitolás atômicos trataram de implodi-lo com mais uma insolência.
Para quem vê as coisas como as coisas são, o Irã escalou o Brasil para o papel de otário em outra farsa forjada para que a produção da bomba nuclear siga seu curso. Para Lula, onde se enxerga um fiasco de bom tamanho deve-se contemplar um irretocável sucesso diplomático. O final feliz, tem reiterado de meia em meia hora, só não pôde ser celebrado ainda por culpa dos americanos. Sempre eles.

“A divergência do Irã com os Estados Unidos perdura 31 anos”, voltou a dedilhar a lira do delírio, nesta segunda-feira, o candidato a governador-geral do planeta. “Qual foi o mal que o Brasil e a Turquia fizeram? Foi convencer o presidente do Irã a sentar numa mesa para negociar, que era o que eles queriam que acontecesse. Aí quando o Irã topa sentar, eles falam: não vale mais”. Quer dizer: o companheiro Mahmoud Ahmadinejad é um soldado da paz que enfrenta com estoicismo de estadista a incurável belicosidade ianque.

A missão em Teerã foi a segunda proeza do ano, lembrou Lula na semana passada: em março, consumou-se a missão no Oriente Médio. “A imprensa dizia: o Lula, que veio lá de Garanhuns? O cara não fala nem inglês e quer falar com árabe? Com persa? Não vai dar certo. E nós estávamos convencidos de que era possível”. O verbo conjugado no passado informa que o que parecia impossível aconteceu. Judeus e palestinos já aprenderam o que devem fazer para se tornarem amigos de infância. No caso do Irã, só falta Barack Obama deixar de ser brigão.
“Ninguém conseguia fazer o Irã sentar na mesa para negociar”, tornou a gabar-se o maior governante desde a chegada das caravelas. “E nós conseguimos, porque essas decisões às vezes são tomadas em função de uma relação de confiança”. Se acredita mesmo que pacificou o Oriente Médio, fez o Irã renunciar à fabricação da bomba e solucionou em dois meses duas crises aparentemente insolúveis, Lula é portador de uma perigosa mistura de megalomania e mitomania. Se sabe que fracassou, e está só contando mais mentiras, passou a acreditar que é o único esperto entre os homens que governam um viveiro de bilhões de idiotas.

Nas duas hipóteses, Lula seria, mais que um case político, um caso clínico. Em qualquer nação ajuizada, estaria ameaçado de trocar a faixa presidencial por uma camisa-de-força. Mas países com juízo não se arriscam a transformar em chefe de governo alguém que, sem ter estudado nada, vira professor de tudo. Não entregam a presidência a quem resolve sair pelo mundo dando aulas a povos sobre os quais não leu um único livro, um só parágrafo, sequer uma linha.

Gente civilizada sabe que é dramaticamente imprecisa a fronteira que separa um gabola incontrolável de um napoleão-de-hospício.

(*) Ex Diretor do Jornal do Brasil, do Jornal Gazeta Mercantil e Revista Forbes. Atualmente na Revista Veja

Cartilha perigosa II

Recebemos do padre Edilberto Sena, que habitualmente nos permite expôr seus comentários, um e-mail a respeito desse assunto postado ontem , referente a um artigo escrito por um jornalista do jornal Folha de São Pulo, sobre uma cartilha que estaria sendo bancada por ONGs e que incentiva índios e ribeirinhos a resistirem violentamente caso o governo federal implante um complexo de cinco hidrelétricas na bacia do rio Tapajós, entre Amazonas e Pará.
No e-mail Padre Edilberto nos anexa uma carta que foi enviada ao Jornal e que publicamos abaixo:

ARTIGO PARA Jornal O Diário do Pará e Folha de São Paulo em maio 2010

DEFENDER A VIDA E A AMAZÔNIA NÃO É CRIME
No tempo da escravidão legalizada, o senhor da Casa Grande detinha o poder total sobre os escravos. As leis e a moral católica da época lhe davam direito de vida e morte sobre os que viviam na Senzala. O tempo passou, a senzala foi extinta, mas para muitos patrões, grandes e pequenos, quem se rebela contra a atual escravidão social, política e econômica, é considerado criminoso (a), subversivo(a), etc e deve ser punido(a), ainda mais se for contra o governo federal.

Nestes novos tempos uma das senzalas é a Amazônia e algumas das casas grandes incluem o palácio do planalto, governos estaduais, além de empresários com mentalidade colônia. Qualquer atitude de inconformismo de trabalhadores, ribeirinhos, indígenas, ou moradores de periferia e do movimento dos sem terra, o MST, é logo considerada insubordinação à ordem democrática, incitação ao crime e deve ser exemplarmente punida.
O governo federal, através de seus Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC decidiu arbitrariamente construir 10 mega hidroelétricas na Amazônia. Sete delas no Estado do Pará. Não consultou as populações da região a serem prejudicadas por tais projetos, não leva em conta os grandes impactos negativos ao meio ambiente, à fauna e à flora das bacias dos rios Xingu e Tapajós; sabe que irá interferir no habitat dos povos indígenas Kaiapó, Munduruku, Juruna e mais outros 14 povos indígenas das duas bacias hidrográficas. Simplesmente segue os planos montados pelo Ministério de minas e Energia, com aval da ANEEL e do IBAMA, órgãos subalternos e subservientes.

O governo federal decidiu construir cinco mega hidroelétricas nos rios Tapajós e Jamanxin. A propaganda da Eletronorte é de que serão usinas modernas, com mínimos impactos ambientais, porque utilizarão um novo modelo em forma de plataforma. Considera um projeto com mínimos impactos, quando os dados oferecidos pela própria empresa afirmam que: serão atingidos 105.590 hectares de inundação em áreas protegidas, inclusive 9.935 hectares do Parque Nacional da Amazônia; o total de 55 kms2 de área Munduruku serão também inundadas. Sem contar as centenas de famílias ribeirinhas de Jacareacanga, Pimental, São Luiz do Tapajós, Piriquitos, Vila Rayol, que deverão ser expulsas de suas comunidades, indenizadas precariamente, perdendo seu rio, seus cemitérios, seu modo de vida que depende do rio e da mata. Nada disso parece crime para o governo e para os senhores das “casas grandes”.

Nem Santarém ficará imune ao desastre das hidroelétricas na bacia do Tapajós.
Como o rio é raso, no verão o rio Amazonas avança em frente a cidade de Santarém, indo além das Docas do Pará, como ilustra a foto na página 21 da cartilha “subversiva”. Imagine se o governo chegar a construir já a primeira barragem de 36 metro de altura na comunidade de São Luiz, quem garante que o amazonas não avançará até as cantadas em versos e prosa as praias de Alter do Chão, Pindobal, Maguari e demais?
Não será isso mais um crime econômico e turístico? E a violência às espécies de peixes de piracema, que normalmente migram para as cabeceiras do rio Tapajós para desova e depois descem com seus filhotes para serem pescados nas várzeas e lagos do Baixo Amazonas, que com as barragens poderão desaparecer da região, não são esses impactos crimes contra as populações tapajônicas?

Por que então uma cartilha reveladora desses fatos aparece como incitadora à violência? Quem mesmo está planejando violência e crimes, não é a Eletronorte, a ANEEL, o IBAMA, o Ministério de minas e energia? “Depende”, dirá alguém.
Para os senhores da “Casa Grande” o criminoso foi Zumbi dos Palmares e para os portugueses da época da colônia, criminoso foi Ajuricaba, que resistiu até a morte à invasão de Manaus.
Certamente quem ler a CARTILHA EM DEFESA DA BACIA DO RIO TAPAJÓS, seus povos e suas culturas, com olhar mais isento perceberá quem mesmo comete crime e incita á violência.
Finalmente, se um ladrão entra em sua casa e quer roubar você acorda defende sua propriedade e ele morre. Quem cometeu o crime?

Pe. Edilberto Sena

Nota do Blog : Ainda entendo ser um caminho perigoso. Você pode matar um ladrão, mas não mata a todos. Demonstrar, criticar, expôr suas contrariedades, são ações válidas e muitas vezes eficazes. Surtar em cima de violência e ainda mais quando propagamos com pessoas cujo bom senso e o equilíbrio é extremamente discutível a coisa pode complicar. Em todo caso não lêmos a cartilha que devemos recebe-la pelas mão do Pe. Edilberto.

Quanto o governo toma do trabalhador

Carlos Alberto Sardenberg (*)

O Brasil é um país ainda relativamente jovem, com uma imensa força de trabalho. Isso é um bônus, uma vantagem, por exemplo, em relação a países que estão envelhecendo e nos quais a população economicamente ativa está diminuindo. Aqui, temos mais gente para produzir as riquezas. Logo, deve ser prioridade do País facilitar a abertura de postos de trabalho.
Certo?
Antes de responder, considere o seguinte cálculo, referente ao contracheque de um trabalhador solteiro, CLT, com carteira assinada, na qual está registrado um salário de R$ 2 mil mensais.
O objetivo é verificar quanto a empresa paga, efetivamente, e quanto o empregado leva para casa, levando-se em consideração apenas dois tipos de impostos: o Imposto de Renda e as contribuições para a seguridade social.

Na vida real, a empresa tem custos mais elevados aqui. Mas consideramos apenas esses dois tipos de impostos para fazer a comparação com outros países, conforme os critérios definidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Assim, sobre os R$ 2 mil da carteira de trabalho do empregado brasileiro, a empresa recolhe 20% de INSS e mais 7,8%, assim divididos:
2,5% por conta do Sistema S (Senai, Sesc, etc.);
2,5% para o salário-educação;
2% de contribuição para acidentes e doenças do trabalho (RAT);
0,6% para o Sebrae;
e 0,2% para o Incra (sim, é isso mesmo que o senhor e a senhora estão pensando, a folha de salários financia a reforma agrária).

Portanto, a empresa paga R$ 2 mil, mais R$ 440 para o INSS e mais R$ 156 para o Sistema S, no total de R$ 2.596.
Já o trabalhador desconta direto no contracheque mais 11% para o INSS e o Imposto de Renda, conforme a tabela progressiva. No caso, R$ 2 mil menos R$ 21 de Imposto de Renda e R$ 220 de INSS, ficando com R$ 1.759.
Tudo somado e subtraído, no nosso exemplo, o governo leva nada menos que R$ 837 em cima de um salário de R$ 2 mil. Ou quase 33% do total pago pela empresa. Essa é a cunha fiscal no salário, de novo considerando apenas os impostos de renda e para a seguridade social. Fazendo os mesmos cálculos para salários mais altos, até R$ 5 mil, a cunha fiscal restrita chega a absurdos 40%.

É muito ou é pouco?

É preciso comparar. A carga, aqui, é menor do que em países europeus mais desenvolvidos, como Alemanha e França, que chegam a 50% de cunha fiscal. O trabalhador leva para casa metade do que a empresa paga.
Mas os nossos 33% a 40% de carga superam, por exemplo, os valores cobrados em outros países igualmente ricos, como Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, Suíça, Japão, Austrália e Coreia do Sul (nesta, os impostos sobre o salário são de apenas 20%).

Há mais. Os serviços prestados pelo setor público em todos esses países são superiores aos brasileiros. Por exemplo, o trabalhador na Alemanha, na França, na Inglaterra ou no Canadá não precisa gastar um tostão com saúde. Já no Brasil, além de pagarem o imposto que financia o Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 35 milhões de trabalhadores ainda pagam planos de saúde, custo em geral também descontado no contracheque. A maior parte desses planos é cofinanciada pelas empresas, de modo que estas também têm esse custo adicional. Comparando: na Inglaterra, apenas 5% dos trabalhadores pagam seguro-saúde privado.
Além disso, o professor Hélio Zylberstajn, que preparou os cálculos, afirma que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) deve ser incluído nessa cunha fiscal. É verdade que, em algum momento, o trabalhador leva para casa o dinheiro do fundo. Por outro lado, trata-se de um pagamento mensal da empresa e que fica, durante certo tempo, como receita do governo, utilizada de diversas maneiras. Incluindo o FGTS, a cunha fiscal num salário de R$ 2 mil sobe para 35%. Num salário de R$ 4 mil, vai a 39%.

Tem mais. Ao pagar suas contas e fazer suas compras, o trabalhador morre de novo com impostos elevados, como os 35% mais ou menos que estão no telefone ou na luz.
Finalmente, na nossa conta não consideramos outros itens pagos pela empresa, como 13.º salário, férias, abonos e licenças ? dinheiro ou benefícios que acabam indo para o trabalhador, mas que encarecem a folha salarial.
E então? Parece um país que precisa oferecer empregos formais? Dá para entender por que quase metade da mão de obra está na informalidade?

Os impostos e encargos sobre a folha salarial constituem um dos maiores absurdos da economia brasileira. O ministro Guido Mantega, logo que assumiu o Ministério da Fazenda, disse que uma de suas metas era reduzir os encargos sobre a folha. Nada fez. Por que é tão difícil?
Por três motivos principais. Primeiro, porque o governo precisa do dinheiro para gastos sempre em expansão, embora nem sempre eficientes. Segundo, porque a arrecadação é muito simples. A empresa deposita direto na conta da Receita. E, terceiro, porque o dinheiro vai para setores de peso político. Exemplo: federações da indústria e do comércio do País afora que recebem os 2,5% do Sistema S.

(*) Jornalista

Mais bondades no orçamento

Opinião do Estadão

A Câmara dos Deputados continua empenhada na concessão de bondades pagas com dinheiro do contribuinte, desta vez para beneficiar dezenas de milhares de funcionários de vários setores do governo. A proximidade das eleições pode ser apenas uma coincidência ? semelhante àquela já observada na última semana, quando o Senado aprovou o aumento de 7,7% para aposentados e pensionistas e a extinção do fator previdenciário. Desta vez, foram dois os projetos sacramentados. Um deles, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, em caráter terminativo, estabelece gratificações e reajustes para 32.763 servidores. O outro, uma alteração da Medida Provisória (MP) 479, reestrutura numerosas carreiras do serviço público federal. No plenário, foi submetido a votação simbólica, rapidíssima, para chegar logo ao Senado, por causa do prazo de validade da MP.

Os deputados provaram, mais uma vez, ser capazes de multiplicar as bondades concebidas no Executivo. A MP 479, editada em 30 de dezembro e prorrogada por 60 dias em março, já continha, na versão original, uma longa lista de vantagens para funcionários de diversas carreiras. Na Câmara, foi alterada e, segundo o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), ninguém conhece exatamente as emendas contidas no texto aprovado às pressas. Mas alguns detalhes foram divulgados e indicam despesas bem maiores que as previstas inicialmente pelo governo.

Embora o Executivo tenha tentado limitar o estrago, foram acatadas pelo menos 12 das 201 emendas propostas por parlamentares. Uma delas aumenta o número de funcionários do Ministério da Saúde e da Funasa beneficiados com a Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias. Só essa mudança deve produzir um impacto de R$ 160 milhões, segundo cálculo do governo. Graças a outra mudança no texto, também contra a intenção do governo, professores dos extintos territórios do Acre, do Amapá, de Rondônia e de Roraima poderão ser incluídos nos quadros docentes de instituições federais. Uma terceira proposta reduz o tempo semanal de trabalho do perito médico previdenciário de 40 para 30 horas sem redução de salário. Com as várias mudanças, a MP causará um aumento estimado em R$ 1,8 bilhão na folha de pagamentos da União.

O projeto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça resultará neste ano em gasto adicional estimado em R$ 401,9 milhões. Prevê-se impacto de R$ 773,7 milhões em 2011 e de R$ 791,8 milhões em 2010. Entre outros benefícios para várias categorias, a proposta estabelece um adicional de até R$ 1.042 por participação em missão no exterior para servidores do Itamaraty, reajuste de gratificação de desempenho para agentes penitenciários federais e aumento salarial e de gratificação para funcionários da Agência Brasileira de Inteligência.

O Executivo pode tentar resistir a alguns atos de generosidade dos parlamentares, mas é responsável, de modo geral, pelas iniciativas de aumento de salários e de gratificações. Elevar a remuneração dos servidores e reestruturar carreiras podem ser medidas justificáveis em vários casos, como atos destinados à melhora da administração pública. Mas o governo tem obviamente abusado da concessão de benefícios, inflando a folha de pagamentos de forma quase ininterrupta nos últimos sete anos. O custo salarial da União tem crescido tanto pelo aumento do salário médio quanto pela expansão do quadro de pessoal. Não tem havido, como contrapartida, nem ganho de eficiência nem elevação da qualidade da maior parte dos serviços. Ministros tentam justificar essa política alegando a necessidade de reconstruir a máquina do governo. Essa conversa é mera retórica jamais confirmada pelos fatos: o governo está apenas mais gordo, mais caro e ineficiente, até porque se praticou amplamente o aparelhamento partidário.

Além do mais, o inchaço da folha cria despesas dificilmente comprimíveis, tornando o orçamento mais inflexível e reduzindo a liberdade e a eficiência no uso do dinheiro público. É urgente reabrir o debate sobre a qualidade da gestão pública no Brasil e repor na pauta política o tema da reforma administrativa. Mas só um governo disposto a enfrentar os interesses encastelados na máquina federal poderá tomar essa iniciativa.

domingo, 30 de maio de 2010

Cartilha perigosa

Cartilha pede reação violenta a índios e ribeirinhos na região do rio Tapajós
João Carlos Magalhães (*)

Uma cartilha bancada por ONGs incentiva índios e ribeirinhos a resistir violentamente caso o governo federal implante um complexo de cinco hidrelétricas na bacia do rio Tapajós, entre Amazonas e Pará.
A publicação contém o desenho -segundo o crédito, feito por um adolescente- de um índio carregando a cabeça cortada de um homem branco e diálogos de histórias em quadrinhos que incentivam a luta contra a "Eletromorte" -uma referência à Eletronorte, subsidiária da Eletrobras na região.
Feita em janeiro deste ano, mas só lançada no último dia 1º, a cartilha pretende elucidar as "verdades e mentiras sobre o projeto" e vem sendo distribuída para movimentos sociais e comunidades que devem atingidas pelas hidrelétricas.
Foram impressos 10 mil exemplares da cartilha (6.000 já distribuídos), ao custo de R$ 22 mil, segundo seu criador, o padre de Santarém (1.431 km de Belém) Edilberto Sena.

O dinheiro veio, entre outros meios, de um projeto com recursos da Ford Foundation gerenciado pela Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional), fundada por religiosos, e da Aliança Missionária Francisclariana.
A cartilha é feita de capítulos, como "O porquê de tantas hidrelétricas", nos quais o projeto é explicado e criticado.
Cada parágrafo é iniciado com a ilustração de uma marca de mão ensanguentada ou um círculo escorrendo sangue. Entre um capítulo e outro, aparecem histórias em quadrinhos, direcionadas a quem tem "menos estudo", disse Sena.
Em um delas, uma personagem índia conversa com uma religiosa, a "irmã Marisol", sobre as hidrelétricas.

"Preocupada" com as obras, a índia faz expressão de ódio e fala: "Mulher índia ajudar homem índio a flechar e cortar a cabeça de pariuat [branco] inimigo. Índia sabe usar facão. Nós não queremos hidrelétrica". A personagem da religiosa diz: "Olha, filha, se deixarmos eles soltos, a Eletronorte quer afogar terras dos índios."
Uma imagem de decapitação surge também no início da cartilha, em um desenho feito por dois meninos da etnia mundurucu, que estudam na 8ª série. Nos quadrinhos, peixes conversam temendo sua extinção.
Outra ilustração mostra o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão como um lobo mau, que usa terno e gravata e afirma que não quer se "ajoelhar aos pés do Ibama para conseguir licença ambiental".

O padre Sena defendeu a cartilha e disse que a violência vem, na verdade, do governo. "Se um ladrão entra em sua casa e você acorda, defende sua propriedade e ele morre, quem cometeu o crime?", afirmou.

(*) Jornalista da Folha de São Paulo - Agência de Belém - Pará

A volta 20 anos depois

Zico volta ao Flamengo como dirigente

Após 20 anos de sua despedida do Flamengo, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, acertou neste domingo a volta à agremiação que o projetou ao futebol mundial. Maior jogador da história flamenguista, ele é o mais novo executivo de futebol do clube. A decisão foi tomada em reunião com a presidente Patrícia Amorim, no Centro de Futebol Zico, no Rio.
Sua única exigência foi não receber salários pagos pelo Flamengo. Isto foi resolvido com a entrada de investidores interessados no trabalho do Zico para colaborar com o clube da Gávea.
"É um grande desafio pela frente. A meta é profissionalizar o futebol do Flamengo, concluir o CT, dar melhores condições ao time e elevar o nome do clube como referência. Eu tinha vontade de ficar no Brasil e sei que vou colaborar. Conversei muito tempo com a Patrícia, temos muito trabalho pela frente e minha única exigência era não ser remunerado pelo clube", disse Zico em seu site oficial.

Os detalhes do acordo entre o Flamengo, representado pela presidente Patrícia Amorim, e Zico serão passados na próxima terça-feira, em coletiva de imprensa.

Lula, por que não te calas?

Luiz Ricardo Menezes Bastos (*)

No último dia 25 de março o presidente Lula esteve em Tatuí, e lá fez a entrega simbólica de 650 ambulâncias para 573 municípios brasileiros. A cerimônia foi essencialmente política, pois os veículos são destinados ao SAMU, ou seja, os serviços de atendimento médico de urgência.
Acontece que a maior parte dos municípios contemplados não tem este serviço implantado, e nem mesmo tem verba prevista em seus orçamentos. Custa caro montar toda esta estrutura. As ambulâncias são a parte visível do negócio, mas é necessário aparelhá-las com equipamentos de UTI, de pessoal de apoio bem treinado, de médicos especializados principalmente. E isto tem que funcionar 24 horas por dia, pois emergência não tem hora.
Ou seja, ou a maioria das ambulâncias vai ter outro destino, ou vão virar sucata logo.

Como costuma fazer, o presidente Lula faz seus “discursos” de improviso, que sempre buscam contentar a platéia presente, e exagera nas frases feitas e cheias de pompa sobre os mais variados temas. Diga-se de passagem, normalmente o presidente não sabe nada sobre o que está falando, e suas gafes já são sobejamente conhecidas e divulgadas mundo afora. Nesta cerimônia em Tatuí, o presidente Lula foi extremamente infeliz com algumas de suas colocações.
Segundo o presidente da Associação Médica Brasileira, Lula teve “outro rompante de incontinência verbal”. Mais uma vez, culpou os médicos para os problemas de saúde que o Brasil enfrenta há décadas. Disse que a classe médica não se interessa em atender o interior, “pois é muito fácil ser médico na Avenida Paulista”, segundo suas palavras.
Depois, mandou um recado ao Conselho Federal de Medicina, por este ser contra a revalidação automática dos diplomas dos médicos formados em Cuba. E ainda criticou aqueles que são contra a volta de um imposto para melhorar a saúde.
E por fim, ainda criticou o médico que no passado cuidou dele próprio, ao sofrer o acidente de “trabalho” que lhe amputou o dedo. Ou seja, versou sobre tudo o que finge saber.

Como em todos os “discursos”, Lula fala o que lhe dá na telha, e nem se preocupa mais em ter coerência. Deve acreditar que somos todos burros, pois quanto mais fala, mais sua popularidade “aumenta”, segundo as informações “oficiais”. Mas para os que ainda tem paciência de ouví-lo, basta acompanhá-lo por algumas semanas. A opinião ora é uma, ora é outra. Depende da platéia. Como estamos numa democracia, livre “como nunca se viu na história deste país”, também tenho o direito de opinar.

O que o senhor presidente não disse (ou não sabe) é que é impossível à imensa maioria dos médicos montar um consultório na Avenida Paulista, um dos locais mais caros do país, principalmente se trabalhar no serviço público, onde recebe um salário de fome, não tem um plano de carreira decente e não encontra condições dignas de trabalho. Aparelhos defasados, funcionários insuficientes para o apoio (enfermagem, técnicos diversos), filas para marcação de exames, falhas em tratamento de doenças básicas. Se em São Paulo , que é a locomotiva da nação, é assim, o que dizer do restante do país? Há dezenas de crianças morrendo em pseudo-UTIs em hospitais públicos por aí. A sigla deveria ser Última Tentativa Inútil e não unidade de terapia intensiva. Intensivas são só as mortes nestes nosocômios.

Não disse o presidente (ou não sabe) que médico nenhum consegue trabalhar no interior sozinho. A não ser que seja para distribuir “vale-saúde”, a exemplo dos inúmeros outros que ele criou. Pois tratar e cuidar de alguém sem apoio, sem retaguarda e sem condições, só na cabeça dele.
Quanto aos médicos de Cuba, formados em uma realidade totalmente diferente da nossa, eles podem sim trabalhar no Brasil. Como qualquer outro, formado em qualquer lugar do mundo, que se submeta às avaliações necessárias e sejam aprovados. Desde que saibam Medicina. E o Conselho Federal de Medicina, autarquia federal, é o órgão definido por lei para avaliá-los. O que o senhor presidente quis dizer (mas não teve coragem) é que quer fazer um agrado ao moribundo amigo Fidel, valorizando escolas falidas e que pregam uma falsa “medicina social”.

Faltou falar sobre o assunto referente ao médico que o atendeu quando sofreu seu acidente de “trabalho”. Talvez seu dedo pudesse ser salvo, senhor presidente, se existisse na ocasião um atendimento decente em posto de saúde, unidades de emergência bem aparelhadas, um profissional médico bem preparado, com boa formação. Isso se o “SUS” da época funcionasse. Isso se um médico que atende “SUS” ganhasse um honorário, e não uns trocos.
Pois a CPMF, que geraria verba destinada ao “SUS” do seu governo, virou dinheiro nas meias, cuecas e malas pretas na sua gestão. E até hoje o “SUS” não funciona de forma decente!

E o senhor ainda quer recriar mais um imposto, para continuar alimentando as falcatruas? Senhor presidente, com o perdão da palavra, estou com o “saco cheio” do senhor e de seus “discursos”.
Se o senhor sofresse um novo acidente de “trabalho” e fosse eu o médico que lhe atendesse, cortaria-lhe a língua, e não o dedo.
E faria um bem ao país, pois cada vez que o senhor abre a boca, não causa um acidente. Causa um desastre.

(*) Médico e Presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira

Sistema Federativo do Brasil desregulado

Padre Edilberto Sena (*)


O Brasil é uma República Federativa, isto é, uma união de estados, parcialmente autônomos, unidos por uma constituição nacional e um governo central. Por isso, cada Estado tem sua própria constituição, na sequência da constituição nacional, assim como cada município tem sua lei orgânica, na sequência das anteriores. Todas têm sua administração própria.
Para tanto, cada instância destas arrecada seus impostos, taxas e semelhantes cobranças financeiras. Como a instância federal arrecada impostos de todo o território nacional e o Estado, em todos os municípios, há uma lógica de repartição dos impostos arrecadados em proporção. Tudo isso era para ser justo e suficiente para cada instância administrar o bem de seu povo. Acontece que, no Brasil cresceu uma hipertrofia de poderes. O governo federal arrecada cada vez mais impostos e controla mais e mais a repartição com estados e municípios.

Então, os estados onde seus políticos são mais espertos e defendem melhor seus povos, conseguem usufruir melhor as rendas federais. Onde os políticos são incompetentes e defendem apenas interesses pessoais ou de grupos de interesses, as populações sofrem mais. Dois exemplos ilustrativos: Um tempo atrás o Congresso Nacional criou uma lei, perversa aos estados produtores de matéria primária de exportação, pela qual as empresas exportadoras estão isentas de pagar imposto de exportação aos estados originários dos produtos, a chamada lei Kandir. Até hoje estados como o Pará, sofrem um prejuízo enorme e seus políticos nunca levantaram uma ação para acabar com tal lei.
Um exemplo oposto: agora com a perspectiva de o governo federal extrair petróleo do chamado pré sal, os políticos do sul fizeram a maior guerra e estão conseguindo que o congresso mude o projeto de lei para os estados que ficam mais próximo das minas do pré sal, terem mais rendimento dos impostos do petróleo.

Na atual hipertrofia do governo federal em relação a estados e municípios, vive-se uma situação injusta e humilhante. Um município como o de Santarém, com uma população trabalhadora, onde a receita federal arrecada um bom índice de impostos, o município não faz nada de investimento a bem de seu povo, se não recorrer à literal mendicância ao governo federal. Quase semanalmente a prefeita ou um dos secretários toma um avião e vai a Belém ou a Brasília para pedir recurso. Se é para consertar um estádio esportivo vai lá, se é para asfaltar uma rua, vai lá, se é construir uma escola, um restaurante popular, até fazer uma cemitério, tem que ir pedir dinheiro ao “papai” ministro ou presidente.
Como o poder municipal é do mesmo partido do estadual e do federal, a prefeita ainda vai lá e chega com promessa de que recebeu tantos milhões para isso, tantos milhões para aquilo, embora várias dessas obras iniciadas com dinheiro de mendicância estadual e federal tenham ficado paradas a meio caminho, não se sabe bem o porque. E se pergunta como anda um município cujo prefeito é de oposição aos governos do Estado e Federal, com está sobrevivendo?

Ficam algumas dúvidas no ar que talvez agora, com a obrigação de transparência total se venha a saber: Quanto o município arrecada de IPTU, licença de funcionamento de firmas, taxas de construções de prédios, partilha de dividendos da hidroelétrica Curuauna, ISS, etc? Onde esse recurso é empregado? Será que todos os funcionários e agregados à folha de pagamento da prefeitura são necessários? Há alguma pessoa recebendo “salário” sem prestar serviço?
Talvez agora com a transparência disponível ao público se vá saber responder a essas perguntas. E quando será que os políticos do Pará vão começar a lutar para mudar a Lei Kandir, que hoje favorece a empresas como a Mineração Rio do Norte, ALCOA, Cargill, entre outras que exploram matéria prima e exportam sem agregar valores e por isso continuam isentas de impostos de exportação? Quando será que os municípios vão lutar para ter mais autonomia financeira, para melhorar a qualidade de vida de seus povos? É uma vergonha que prefeitos (as) tenham que viajar a Brasília ou a Belém cada vez que precisem melhorar um bem público.

(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural

Para relembrar

Blowin' In The Wind
Bob Dylan
http://www.dailymotion.com/video/x1jz4w_bob-dylan-blowing-in-the-wind_music

How many roads must a man walk down,
Before you call him a man?
How many seas must a white dove sail,
Before she sleeps in the sand?
Yes and how many times must cannonballs fly,
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind


Yes and how many years can a mountain exist,
Before it's washed to the seas (sea)
Yes and how many years can some people exist,
Before they're allowed to be free?
Yes and how many times can a man turn his head,
Pretend that he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind.


Yes and how many times must a man look up,
Before he can see the sky?
Yes and how many ears must one man have,
Before he can hear people cry?
Yes and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind


Soprando no vento


Quantas estradas precisará um homem andar
Antes que possam chamá-lo de um homem?
Sim e quantos mares precisará uma pomba branca sobrevoar
Antes que ela possa dormir na praia?
Sim e quantas vezes precisará balas de canhão voar
Até serem para sempre abandonadas?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento


Quantas vezes precisará um homem olhar para cima
Até poder ver o céu?
Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter
Até que ele possa ouvir o povo chorar?
Sim e quantas mortes custará até que ele saiba
Que gente demais já morreu?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento


Quantos anos pode existir uma montanha
Antes que ela seja lavada pelo mar?
Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não ver?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no ventohttp

Advogado e o surdo-mudo

ADVOGADO E O SURDO-MUDO
Um chefão da Máfia descobriu que seu contador havia desviado dez
milhões de dólares do caixa.
O contador era surdo-mudo, por isto fora admitido, pois nada poderia ouvir e em caso de um eventual processo, não poderia depor como
testemunha.
Quando o chefão foi dar um arrocho nele sobre os US$10 milhões, levou
junto seu advogado, que sabia a linguagem de sinais dos surdos-mudos.
O chefão perguntou ao contador:
- Onde estão os U$10 milhões que você levou?
O advogado, usando a linguagem dos sinais, transmitiu a pergunta ao
contador que logo respondeu (em sinais):
- Eu não sei do que vocês estão falando.
O advogado traduziu para o chefão:
- Ele disse não saber do que se trata.
O mafioso sacou uma pistola 45 e encostou-a na testa do contador, gritando:
- Pergunte a ele de novo!
O advogado, sinalizando, disse ao infeliz:
- Ele vai te matar se você não contar onde está o dinheiro!
O contador sinalizou em resposta:
- OK, vocês venceram, o dinheiro está numa valise marrom de couro, que está enterrada no quintal da casa de meu primo Enzo, no nº 400, da Rua 26, quadra 8, no bairro Santa Marta!
O mafioso perguntou para advogado:
- O que ele disse?
O advogado respondeu:
- Ele disse que não tem medo de Viado e que você não é macho o bastante para puxar o gatilho, seu Corno!!!

ADVOGADO É FO.....!!!

Blog do Noblat - O Globo

                                                            Foto: Muhammed Muheisen / AP
Um menino chinês se diverte aos pés de esculturas em um museu de Pequim.

Frase da semana


" Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível".

José Serra

Palmeiras - outra topada

De forma ridícula e bisonha, novamernte o time do Palmeiras não consegue uma vitória. Não perdeu, mas conseguiu um sofrido empate diante da "poderosa" esquadra do Gremio Prudente (ex-Barueri).
Com todo respeito ao time de Prudente mas, não há como imaginar que um time como o Palmeiras, consiga em casa, apesar de jogar em Barueri devido as obras no Parque Antarctica, atuar de forma tão apática, perdendo gols em cima de gols, numa prova daquilo que mencionamos num artigo anterior, que a falta de qualidade no elenco é monstruosa. Há jogadores que certamente em qualquer time de várzea teria que pagar recibo para jogar no 2º quadro (aquele que joga mais cedo). Incrivel. Lances bizonhos, erros infantis cometidos por quem não tem qualidade técnica. Pode vir o técnico que fôr, mas ensinar a bater na bola, lançar, dar um passe, bater um lateral, técnico nenhum ensina, pode aprimorar . Muito dos atuais jogadores do Palmeiras tem que aprender.
Sem querer pessimista ao extremo mas, se observa que com esse time caminha a passos largos para segundona se medidas extremas não forem tomadas e não será com a vinda de um novo treinador.

Família Maeda vende controle do grupo

O grupo agroindustrial Maeda, um dos maiores produtores de algodão e de grãos do Brasil, foi vendido ontem ao fundo Arion Capital, especializado na reestruturação financeira de empresas. Apurou-se que o fundo comprou 86% da companhia por cerca de R$ 100 milhões, além de assumir a dívida.
Quem está por trás desta transação, como principal investidor da Arion Capital, é o bilionário espanhol Enrique Bañuelos, que entrou no Brasil há cerca de um ano e meio comprando empresas do setor imobiliário.

A conclusão da operação está condicionada à renegociação da dívida com os bancos - nos moldes que a Veremonte, empresa de Bañuelos, fez com a incorporadora Klabin Segall.
A princípio, o grupo executivo será mantido na companhia, mas o fundo vai assumir a gestão financeira. O aporte feito na aquisição será usado para capital de giro.
Segundo uma fonte envolvida na negociação, o objetivo da gestora Arion Capital e de Bañuelos é fazer do Maeda um veículo de consolidação no setor de agronegócio, a exemplo do que o investidor espanhol fez no setor imobiliário - quando se uniu à Agra para comprar Abyara e Klabin Segall e formar a Agre, recentemente comprada pela PDG Realty.
A compra do grupo Maeda abre as portas do setor de alimentos e agronegócios para Bañuelos, que já tinha planos de diversificar sua atuação no Brasil.
A aquisição repete o modelo de negócios de Bañuelos, que elege um time de gestores - nesse caso, executivos com experiência em reestruturação financeira, além dos diretores do grupo que entendem do negócio - e f ica na retaguarda como investidor capitalista. Essa é a primeira aquisição do Arion Capital, que deve fechar mais três ou quatro operações durante este ano. A venda foi comandada por Renato Carvalho, ex-sócio e fundador da Angra Partners, empresa de gestão e private equity. Entre os sócios da Arion, está Flávio Souto, que foi diretor financeiro da Laep Investments.

A saída dos Maeda do controle de seu próprio negócio surpreende o mercado.
Considerado um dos mais tradicionais produtores de algodão do Brasil, a família Maeda, que tem sede na região de Ituverava (SP), ajudou a expandir a cotonicultura para o Centro-Oeste, junto com os produtores gaúchos.
No início do ano passado, o então presidente da companhia, Jorge Maeda, passou a encabeçar o conselho do grupo, que faturou cerca de R$ 300 milhões. Em seu lugar,
contratou o executivo Fábio Meirelles, que deverá permanecer na companhia.
Os planos dos Maeda eram ambiciosos.
A família planejava abrir o capital da empresa, mas foi abatida pela crise no meio do caminho.
Em 2006, o grupo entrou como sócio da usina Tropical Energia, que tem a British Petroleum (BP) como controladora (50%) e o Louis Dreyfus como sócio, com 25%.

A família decidiu se desfazer de seus ativos este ano para se dedicar aos grãos, seu principal negócio. Jorge Maeda confirmou a venda do negócio, mas não deu nenhum detalhe.

Nota do Blog - De onde estiver será que o velho Maeda está feliz com esse final?
Para quem teve oportunidade de conhecê-lo, sabia o quanto ele prezava o grupo e tudo que conseguiu fazer para deixá-lo forte, grande até que seus filhos assumissem.

Falta pessoal com qualificação

Opinião do Estadão

Levantamento da Fundação Dom Cabral mostrou que em 2/3 das 76 maiores companhias do País há falta de pessoal qualificado que elas não conseguem encontrar no mercado. Há vagas abertas para engenheiros, eletricistas, carpinteiros, técnicos em operação e manutenção, secretárias, profissionais de Tecnologia da Informação, finanças, vendas e até motoristas, em todo o País. Mas, dadas as deficiências educacionais, muitas vagas não podem ser preenchidas.
O professor Paulo Resende, responsável pelo levantamento, considera que a escassez de trabalhadores qualificados é uma restrição de gravidade comparável à da falta de infraestrutura, e também impede maior crescimento da economia. Estudo semelhante, da empresa global de recursos humanos Manpower, mostrou que 64% dos empresários têm dificuldade de contratar, por falta de talentos disponíveis.
Para enfrentar o problema, as empresas investem na formação da mão de obra de que precisam, mostrou reportagem de Renée Pereira, no Estado (24/5). A Vale abriu um curso de pós-graduação para engenheiros nas áreas de pelotização, ferrovias, portos e mineração, concedendo bolsa integral e pagando R$ 3 mil por mês para alunos que serão contratados após o término das aulas. "Antes a gente contratava e as pessoas aprendiam na prática, mas levava tempo", observa a gerente Hanna Meirelles.

A América Latina Logística (ALL) criou um curso para qualificar, apenas neste ano, 2 mil alunos em transporte ferroviário, pois "não conseguiríamos contratar nenhum profissional sem esse curso", observou o gerente de Gestão Rodrigo Paupitz.
A Ford fez contratos com universidades e escolas para qualificar o pessoal, mas mesmo assim não conseguiu preencher 130 vagas de engenheiros. "Para nós, uma das maiores carências é a falta de fluência no inglês", disse o diretor Rogélio Goldfarb. A multinacional espanhola Caf, que fabrica vagões de passageiros em Hortolândia, busca pessoal em cidades próximas ? Valinhos, Vinhedo ou Jundiaí ?, o que representa mais custos, segundo o presidente, Paulo Fontenele. Algumas companhias, segundo o professor Paulo Resende, estão contratando mão de obra em países vizinhos. "No setor de petróleo, trazem profissionais da Venezuela; no agronegócio, da Argentina, Uruguai e Paraguai."
A demanda interna, aliada à crise econômica internacional, está atraindo de volta parte dos 3,3 milhões de brasileiros que emigraram, sobretudo para a América do Norte, Europa e Japão. Mais de 400 mil pessoas "estão voltando para trabalhar no Brasil", calculou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, há alguns dias.
A demanda de pessoal desperta esperança entre os que procuram emprego ? há cerca de 8 milhões de desempregados no País ?, mas faltam recursos públicos para investir na qualificação. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) tem entre suas finalidades prover recursos para a qualificação de mão de obra, mas o governo tem preferido direcionar a quase totalidade de suas receitas anuais superiores a R$ 40 bilhões para capitalizar o BNDES e pagar o seguro-desemprego.

A escassez de trabalhadores preparados decorre, em geral, da baixa qualidade da educação pública e privada, em todos os níveis ? e à pouca preocupação de grande parte das universidades em formar pessoal para atender à demanda do mercado de trabalho. "Nos últimos dez anos, crescemos abruptamente, mas ao mesmo tempo não demos valor à formação escolar", notou o professor do Insper Marcus Soares ao Jornal da Tarde (22/5). "Por isso, temos um grande contingente de desempregados e uma grande oferta de empregos, mas não conseguimos preencher essas vagas."

Pelos números do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), calcula-se que mais de 2 milhões de empregos formais serão abertos neste ano, mas a maioria dos contratados terá baixa qualificação e baixos salários.
Serão enormes os benefícios do aumento da qualificação profissional, para o País e para os trabalhadores.

Usando agrotóxico proibido

Brasil se torna o principal destino de agrotóxicos banidos no exterior

Campeão mundial de uso de agrotóxicos, o Brasil se tornou nos últimos anos o principal destino de produtos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia (UE), Estados Unidos e um deles até no Paraguai.
A informação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Apesar de prevista na legislação, o governo não leva adiante com rapidez a reavaliação desses produtos, etapa indispensável para restringir o uso ou retirá-los do mercado. Desde que, em 2000, foi criado na Anvisa o sistema de avaliação, quatro substâncias foram banidas. Em 2008, nova lista de reavaliação foi feita, mas, por divergências no governo, pressões políticas e ações na Justiça, pouco se avançou.
Até agora, dos 14 produtos que deveriam ser submetidos à avaliação, só houve uma decisão: a cihexatina, empregada na citrocultura, será banida a partir de 2011. Até lá, seu uso é permitido só no Estado de São Paulo.

Da lista de 2008, três produtos aguardam análise de comissão tripartite - formada pelo Istituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Ministério da Agricultura (Mapa) e Anvisa - para serem proibidos: acefato, metamidofós e endossulfam. Um item, o triclorfom, teve o pedido de cancelamento feito pelo produtor. Outro produto, o fosmete, terá o registro mantido, mas mediante restrições e cuidados adicionais.
Enquanto as decisões são proteladas, o uso de agrotóxicos sob suspeita de afetar a saúde aumenta. Um exemplo é o endossulfam, associado a problemas endócrinos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que o País importou 1,84 mil tonelada do produto em 2008. Ano passado, saltou para 2,37 mil t.
"Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam", resume a coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, Rosany Bochner. Proibido na UE, China, Índia e no Paraguai, o metamidofós segue caminho semelhante.

O pesquisador da Fiocruz Marcelo Firpo lembra que esse padrão não é inédito. "Assistimos a fenômeno semelhante com o amianto. Com a redução do mercado internacional, os produtores aumentaram a pressão para aumentar as vendas no Brasil." As táticas usadas são várias. "Pagamos por isso um preço invisível, que é o aumento do custo na área de saúde", completa.

Nota do Blog:  Existe outra palavra a não ser que é uma vergonha essa falta de critério.

Planalto gastou R$ 3 mi para exibir Dilma em viagens

Blog do Josias - Folha de São Paulo

Ao ungir Dilma Rousseff como sua candidata, Lula se auto-atribuiu a tarefa de convertê-la de auxiliar desconhecida em presidenciável competitiva.
Com antecedência nunca antes vista na história desse país, o presidente antecipou sua própria sucessão. Levou a ministra-candidata à vitrine já em 2009.
Exibiu-a em inaugurações e inspeções de obras, num vaivém que inspirou os rivais a acusá-lo de usar a máquina pública com propósitos eleitorais.
Uma pergunta passou a boiar na atmosfera: Quanto custou ao contribuinte brasileiro a movimentação urdida para catapultar Dilma?

Um deputado oposicionista, Raul Jungmann (PPS-PE), transformou a dúvida num requerimento de informações. Endereçou-o à Casa Civil da Presidência.
Esse tipo de requerimento é uma prerrogativa que a Constituição confere aos congressistas. Coube à sucessora de Dilma, Erenice Guerra, responder.
No questionário, Jungmann circunscreveu sua curiosidade a eventos realizados entre 1º de setembro de 2009 e 19 de fevereiro de 2010, quase seis meses.
Em pesquisa prévia, o deputado contabilizara 26 as viagens e eventos. Inquiriu sobre os custos da participação de Dilma, de Lula e dos convidados oficiais.
Na chefia da Casa Civil desde abril, quando Dilma trocou o posto pelos palanques, Erenice respondeu apenas um pedaço do questionário.

Limitou-se a informar a cifra referente à participação de Dilma nos pa©mícios: R$ 3,052 milhões. Para ser exato: R$ 3.052.870,94.
Ou seja, noves fora o grosso dos custos (Lula e comitiva) a Viúva foi levada a torrar uma média de R$ 508,8 mil por mês para promover a candidata oficial.
As cifras incluem, segundo a resposta da Casa Civil: “Fornecimento de alimentação, diárias, hospedagem...”
“...Serviços de telecomunicações, de apoio logístico e locação de veículos terrestres [utilizados por Dilma] nas viagens”.

E quanto ao resto? “As demais despesas relacionadas a combustível das aeronaves oficiais, locação de veículos aéreos...”
Custo estimado por convidado e número de convidados que integraram a comitiva presidencial, deixam de ser informadas”.
Por quê? “Não são da competência desta secretaria [de Administração da Casa Civil] e tampouco constam do nosso sistema de apropriação de custos”. Pena.
Só numa das viagens, a “Caravana do São Francisco”, Lula e Dilma dispuseram de um séquito de mais de cem convidados. Seria razoável saber quanto custou.
O Planalto sempre alegou que o périplo promocional de Dilma não ultrapassou as fronteiras da lei. Foram atos de governo, não de campanha.
Decisões tomadas pelo TSE deram ares de pantomima à alegação. O rol de viagens inclui, por exemplo, um deslocamento ocorrido em 22 de janeiro de 2010.
Nesse dia, Lula e Dilma foram à inauguração da sede do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados de São Paulo. A coisa virou comício.

Em discurso transmitido ao vivo pela emissora estatal, Lula fez campanha para Dilma. Ao julgar representação da oposição, o TSE multou-o em R$ 10 mil.
Noutra viagem listada por Jungmann e incluída nos levantamento de custos da Casa Civil, Lula levou a candidatura de Dilma ao interior de Minas Gerais.
Cabo eleitoral e candidata foram a cidades do Vale do Jequitinhonha, em 9 de fevereiro de 2010. Uma visita impregnada de 2010.
Num dos discursos do dia, Lula, com Dilma a tiracolo, disse: “Vou fazer a sucessão”. Para quê? “Dar continuidade ao que nós estamos fazendo...”
“...Porque este país não pode retroceder. Este país não pode voltar para trás como se fosse um caranguejo”.

De novo, provocado pela oposição, o TSE condenou Lula por campanha ilegal e fora de época. Multou-o, nesse caso, em R$ 5 mil.
Não foram as únicas multas. Houve outras, resultantes de transgressões praticadas em viagens e eventos não listados no requerimento que a Casa Civil respondeu.

A azáfama administrativo-eleitoral foi tanta que, em 27 de janeiro, de passagem por Recife, Dilma viu Lula ser recolhido a um hospital da capital pernambucana.
O mal-estar do presidente foi passageiro. Rendeu-lhe uma madrugada no leito hospitalar e um check-up de emergência.
Permanente mesmo só a impressão de que o contribuinte –inclusive os eleitores de José Serra e Marina Silva— financiou parte do empreendimento eleitoral de Lula.

Outra do Papai Noel

Outro comentário do Papai Noel recuperado na volta do HD.

Caro Antenor
Tenho comentado comigo mesmo e com alguns amigos que me cansei de falar ou escrever sobre política e sobre a vida nacional.
As razões, simples, já as expliquei também.
A sociedade brasileira nunca foi tão bem representada como nos dias atuais. Essa gente que hoje ocupa os espaços públicos é a cara do Brasil com absoluta fidelidade.
Por menos que isso possa agradar ou ser politicamente correto, o Brasil é exatamente o Luiz Inácio e sua falta de escrúpulos, a Dilma e sua pose sem conteúdo, o Tarso e sua desonestidade intelectual, o Sarney e seu cinismo, o Collor e seu destempero machista em dúvida perene quanto à própria masculinidade.
E, aliado à falta de decência, de honestidade, de seriedade, de responsabilidade, ao deboche e ao cinismo, está à completa falta de refinamento, aquela naturalidade com que se arrota na mesa.
Antigamente a sociedade produzia o punguista, o lanceiro, aquele que extraia a carteira do bolso da vítima com habilidade e maestria. Hoje o troglodita “mete o ferro na cara do mané”. Soa como um discurso raivoso do mais alto mandatário da nação, esse que vive investindo contra as elites como se fosse vítima delas e não o mais alto mandatário da nação há um tempão.
Melhor, no entanto, que dissertações e conjecturas sobre o tema, é fazer uma lista do que caracteriza e distingue o brasileiro.
Note que não usei propositadamente a palavra “cidadão”.
Nós ainda não chegamos a esse estágio. O espécime semovente por aqui ainda não atingiu esse patamar que pressupõe civismo, respeito a leis e princípios éticos, recusa ou considerável resistência à idéia de sempre levar vantagens indevidas em detrimento de outros ou de toda a coletividade, a revogação, ao menos parcial, do “vou se dar bem”.
Uma lista das atitudes e comportamentos do brasileiro em geral.
Eu recebi uma dessas pela “internet”.
Li fiquei pensando em como é verdadeira e guardei. Depois, descobri outro exercício interessante, uma espécie de joguinho ou passatempo. Não digo que seja divertido porque isso não é engraçado. É motivo para se tentar raspar, da carteira de identidade, o campo onde consta a nacionalidade, passar um branquinho em cima e deixar sem nada. O joguinho consiste em inserir novos itens nesse universo de tópicos que descreve o dia a dia mais prosaico do brasileiro. Tudo isso que está dito na lista foi se repetindo ao longo do tempo até se tornar normal. E, passo seguinte, hoje já é natural. As coisas são assim e pronto.
A regra do joguinho é única e simples. Vá inserindo as suas próprias contribuições em letra maiúscula para não confundir com o original. Afinal, a lista foi escrita por alguém e mesmo que a autoria não tenha sido identificada, não é correto nem ético ignorar essa autoria. Foi assim que eu fiz na lista que estou reproduzindo abaixo. Tudo o que está em letra minúscula foi exatamente o que recebi. O que está em maiúsculo eu mesmo inseri. Se não se fizer assim, já é motivo para inserir mais um tópico, algo como “BRASILEIRO ESCREVE COISAS PARA CIRCULAR PELA INTERNET, MAS USA O NOME DE GRANDES E CONHECIDOS ESCRITORES COMO SE FOSSEM OS AUTORES, PARA COM ISSO GANHAR DESTAQUE E CONSEGUIR SER LIDO.”
Aí vai. Sabe quem ganha o jogo? Ninguém

O BRASILEIRO É ASSIM....
- Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.
- Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas..
- Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.
- Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura.
- Fala no celular enquanto dirige.
-Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.
- Para em filas duplas, triplas, em frente às escolas
- Viola a lei do silêncio.
- Dirige após consumir bebida alcoólica.
- Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.
- Espalha mesas, churrasqueira nas calçadas..
- Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.
- Faz gato de luz, de água e de tv a cabo.
- Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.
- Compra recibo para abater na declaração do imposto de renda para pagar menos imposto.
- Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.
- Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10 pede nota fiscal de 20.
- Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.
- Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.
- Adultera o odômetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.
- Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas.
- Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.
- Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.
- Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.
- Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.
- Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo.
- Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.
- Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado....
- Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem...
- Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.
- Trai sua esposa, seu marido ou seus amigos na certeza de nunca ser descoberto e muitas vezes descaradamente e repetidamente.
E quer que os políticos sejam honestos.

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo, ou não ?
• ESTACIONA O CARRO NO PATIO DO SUPERMERCADO, MAS VAI AS COMPRAS EM OUTRO LUGAR;
• VAI AO BANCO ACOMPANHADO DE UM IDOSO PARA USUFRUIR DA FILA DE ATENDIMENTO ESPECIAL ou CONTRATO IDOSOS PARA SERVIÇOS BANCARIOS COM A MESMA FINALIDADE;
• DÁ UM DINHEIRO AO GARÇON DE UMA FESTA SÓ PARA SER MELHOR ATENDIDO QE OS OUTROS (E O GARÇON ACEITA, É CLARO);
• PAGA PROPINA AO CENTRO DE FORMAÇÃO DE VEÍCULOS E AO DESPACHANTE PARA OBTER CARTEIRA DE HABILITAÇÃO SEM SE PREOCUPAR COM O RESULTADO DO EXAME PRÁTICO OU PARA RENOVAR A CARTEIRA SEM FAZER O EXAME TEÓRICO OU CUMPRIR A PENALIDADE DE SUSPENSÃO DA CARTA;.
• ESTUDANTE BRASILEIRO COPIA E COLA OS TRABALHOS DE ESCOLA NA INTERNET E OS ENTREGA ATÉ SEM LER. E O PROFESSOR ACEITA.
• FAXINA O CARRO NO MEIO DO TRÃNSITO DESPEJANDO NA RUA TUDO O QUE ESTÁ ACUMULADO DE LIXO DENTRO DO VEÍCULO;
LARGA NA PRAIA OS RESTOS DE TUDO O QUE CONSUMIU (LATA DE CERVEJA, GARRAFA DE ÁGUA, PALITO DE SORVETE, PONTA DE CIGARRO, ESPIGA DE MILHO, ESPETO DE QUEIJO, PAPEL DE EMBRULHO DO FRANGO ASSADO E DA FAROFA E QUER SAIR NO TAPA SE ALGUÉM RECLAMAR

Tudo isso repetidamente há de convir que cansa .

Papai Noel

Vai Querer?

Bellini Tavares de Lima Neto (*)

“Na prateleira está marcado R$13,10. Alguém colocou isso lá e é isso que vale. Eu só aceito outro preço se for menor que isso”. Eu já peguei a conversa nesse ponto, mas como isso aconteceu no caixa de um mini-mercadinho aqui num também míni-balneario no litoral norte de São Paulo, não é preciso ser muito perspicaz para entender o contexto inteiro. A mulher relativamente jovem, trajando uma saia jeans e uma sandália de dedos, acompanhada de mais três pessoas, estava passando suas compras no caixa e deve ter havido uma divergência entre o preço cobrado pela pessoa do caixa e o valor constante da etiqueta colada no produto. E a cliente só fez valer seu direito, consagrado, aliás, na legislação que regula as relações entre fornecedores e consumidores, o hoje tão afamado e temido Código de Defesa do Consumidor. Tudo, enfim, muito trivial.
O que chamou a minha atenção, na verdade, foi o tom de voz usado pela freguesa e a parte final do seu discurso. Ela simplesmente não foi capaz de manifestar seu direito, irrefutável, aliás, de maneira tranqüila, natural, descontraída. Em vez disso, já emprestou à própria fala uma carga de agressividade, desafiante, clara pré-disposição para o conflito.

Esse é, quase sempre, o jeito pelo qual o brasileiro procura fazer valer um direito. E isso mostra o quanto essa questão do direito está distante do cotidiano da população. Aqui no planeta-Brasil o individuo ainda trata o direito por “senhor”, com mesuras, reverências, cerimônias, tal é a sua falta de familiaridade com eles. Prevalece por aqui a cultura e a tradição do “vai querer?” Para os mais jovens, essa era uma das maneiras mais comuns de se começar uma briga de rua, Um dos valentões se levantava, muitas vezes já tirando o paletó e lançava um “vai querer?” que, traduzido em miúdos queria dizer exatamente isso: briga. O outro valentão, obviamente, ia querer caso contrário cairia na boca do povo, tradicionalmente implacável. Assim se iniciava o diálogo que prosseguiu inflamado e onde a parte superior do corpo, a cabeça, só servia para atingir ou ser atingida por sopapos. A cultura do “vai querer?” continua em vigor.

A cena do mini-mercadinho me fez me lembrar de uma outra, que presenciei num aeroporto voltando de um vôo doméstico. Concluída a aterrissagem e abertas às portas (não sem o indefectível levantar dos apressados antes da ordem da comissária de bordo), lá fomos nós em direção ao setor de bagagens, Por ali também se manifestou o refinamento social dos senhores passageiros, uns querendo passar à frente dos outros para apanhar suas malas. Aos poucos foram todos indo embora e só ficaram dois: eu e um senhor de origem oriental, já entrado em anos. Fomos os dois contemplados. Nossas malas não estavam na esteira. E lá fomos nós em busca do balcão da companhia aérea perguntar sobre elas. O funcionário da empresa, entre expedito e desinteressado, tratou de nos despachar rapidamente, coisa que deveria ter sido feita com as nossas malas e não conosco. O moço foi logo avisando que as malas não tinham chegado e que chegaria só à tarde. Nós, então, que voltássemos ao aeroporto na parte da tarde ou no dia seguinte para apanhá-las. Eu não fiquei muito contente, mas, nascido e criado por estas bandas, já devidamente contaminado pelo estilo verde-amarelo de pensar, já comecei a me dirigir à saída do aeroporto. No entanto, ainda deu tempo de ouvir o senhor japonês, num português claudicante e com muita dificuldade, mas sem a mais perceptível alteração no tom de voz, dizer ao solerte funcionário: “mas, esse é seu pobrema, não meu pobrema”.
E claro que de nada adiantou aquilo, mas eu tratei de sair ainda mais depressa para que ninguém visse a minha cara vermelha de vergonha.

Talvez seja em detalhes como esse que resida à diferença entre ser cidadão e simples habitante. Uma cidadã teria apenas informado à moça do caixa do mini-mercadinho que o preço válido era o que constava da etiqueta e não o que talvez estivesse indicado em alguma lista interna. E a moça do caixa, outra cidadã, teria compreendido isso imediatamente, agradecido pela informação e corrigido o equívoco. Ah, e a titular do direito provavelmente também não coroaria o incidente com a pérola que veio em seguida: “só aceito se o preço for menor”.
Menores ainda somos nós, não é não?

(*) Advogado, agora avô e morador em São Bernardo do Campo em São Paulo. Escreve para o site O Dia Nosso De Cada Dia - http://blcon.wordpress.com/