quinta-feira, 27 de maio de 2010

Palmeiras. Um futuro previsível

Antenor Pereira Giovannini

Com o distintivo do clube quase do tamanho da página, entendo ser desnecessário dizer o quanto sou palmeirense.
Sou da época antiga. Não cheguei a pegá-lo como Palestra Itália, mudado para Palmeiras no período da 2ª. Grande Guerra, devido o apoio de Mussolini da Itália ao regime nazista de Hitler. Da mesma forma, que foi adotado o uniforme verde e branco sendo retiradas cores da bandeira italiana, original desde a fundação.
Nesses meus 61 anos de vida e pelo menos 56 acompanhando o Palmeiras já vivi grandes e maus momentos do clube. A memória, graças a Deus, ainda nos permite lembrar o primeiro jogo ao vivo no Pacaembu, aos cinco anos acompanhado de meu pai, não muito lotado para ver um Palmeiras e América do Rio de Janeiro. Foram 10 gols palmeirenses num ataque que tinha: Liminha, Nei, Humberto Tozzi, Jair da Rosa Pinto e Rodrigues Tatú. No gol o grande Oberdã Cattani (ainda vivo) e na zaga um dos maiores jogadores que o time teve Valdemar Fiume e que merecidamente possui uma estátua nas dependências do Parque Antarctica.
A partir de então, como todo torcedor, sempre que podia ia vê-lo ao vivo jogar.
Cheguei a ser federado jogando pelos infantis do clube, levado por um tio corneteiro, mas, não houve seqüência e a carreira de jogador encerrada.

Grandes títulos e grandes times. Julinho, Nardo, Américo, Chinesinho, Romeiro. Campeão de 1959 em cima do Santos de Pelé. Ou Julinho, Servilio Tupãzinho, Ademir da Guia e Rinaldo. Já fazendo parte da famosa Academia do técnico Filpo Nunes e que com esse ataque inaugurou o Mineirão usando a camisa da Seleção Brasileira. Na defesa com Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias (pai do Djalminha) e o grande Dudu (tio do atual técnico do Santos- Dorival Junior) .
Mais tarde se conseguiu formar outro time vencedor já sendo campeão paulista e brasileiro: Leão , Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu e Ademir da Guia, Edú, Leivinha , César Maluco, Nei. Bicampeão Brasileiro em l972 e 1973.
Depois de uma sequência de times medíocres, inclusive num dos campeonatos paulistas para evitar rebaixamento, a Diretoria fez conchavos com o Guarani e que no ultimo jogo escalou um jogador de forma irregular (Flamarion) e assim o time ganhou os pontos e não caiu, dessas coisas que apenas o futebol brasileiro e suas lambanças conseguem produzir.
Para um passado recente vimos outros bons times como o de 1993/1994 de Evair, Zinho, Antonio Carlos, Veloso, Roberto Carlos, Edmundo, Edilson e que deram novo bi-campeonato brasileiro ao Palmeiras e não esquecendo que logo em seguida outro time com Cesar Sampaio, Djalminha, Rivaldo, fez mais de 100 gols no Campeonato Paulista.

São boas memórias. Mas, não há como esquecer o rebaixamento para 2ª. Divisão do Campeonato Brasileiro há pouco tempo atrás, até chegar aos dias de hoje.
Uma demonstração de lambanças das mais grotescas praticadas por uma Diretoria fraca, omissa, desarrumada e que vem a cada dia demonstrando toda sua incompetência, mesmo tendo na presidência um economista famoso e inteligente na sua área, mas que no clube passa a gerir como se torcedor fosse, executando atitudes esdrúxulas.
No ano passado por um desentendimento bobo mandou Vander Luxemburgo embora. Apesar de não gostar do estilo do técnico, pela arrogância e soberba, mas trata-se de um técnico de nível internacional e não poderia sair naquele momento. Mas, tudo tinha um motivo. Precisavam arrumar uma desculpa para demiti-lo em razão do técnico Muricy Ramalho estar desempregado na época, demitido do São Paulo, seu vizinho de CT e sonhado por alguns dirigentes.

Veio Muricy e o time conseguiu a proeza de perder um Campeonato Brasileiro ganho muitas rodadas antes do final. Entrou em queda técnica vertiginosa e deu no que deu. Começou o ano e na derrota vexatória contra o São Caetano, mandaram o tão sonhado técnico de meses anteriores embora.
Trouxeram Antonio Carlos, ex-zagueiro, mas sem lastro para ser técnico de time grande. Poucas rodadas depois também foi mandado embora.
Agora os jornais trazem a noticia que o Palmeiras quer Felipão que se encontra na Europa. Será possível alguém não enxergar que o problema do Palmeiras atual não é treinador?
Será possível não visualizar se já tiveram com dois técnicos de ponta nas mãos em pouco tempo e não deram certo que a questão não é treinador?
Quem teve a paciência, para não dizer outra coisa, de assistir sábado retrasado Palmeiras e Vasco da Gama, puderam comprovar o enorme buraco que o atual elenco se encontra e que seja o treinador que vier dificilmente conseguirá colocá-lo nos trilhos.

Se a bagunça existe fora do campo, dentro é nítido que o Palmeiras atual não tem um time e sim um bando tal qual num time de várzea que falta tudo, desde capacidade física e principalmente técnica. Há profissionais que jamais poderiam vestir a camisa de um time profissional e ainda mais um Palmeiras de tradição e história.
Não se trata viver do passado, mas muitos dos grandes times montados pelo Palmeiras não havia 11 craques, mas 11 atletas dispostas a superar a técnica pela garra e pela honra de vestir uma camisa de um clube grande.
Como é possível um time profissional bater sete pênaltis nos últimos jogos e perder seis, tal qual ontem contra o São Paulo, que independente da qualidade do goleiro, pênalti não se perde. Basta treinar, treinar, treinar.

Lamenta-se, sem querer ser pessimistas, mas com esse elenco e com essa bagunçada diretoria, mais uma vez, meu querido Verdão caminha a passos largos para 2ª. Divisão. Espero estar errado.

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