segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A poetisa, a mística e a gata

Leonardo Boff (*)

A Igreja Católica italiana apresenta em sua história uma contradição fecunda. Por um lado há a presença forte do Vaticano, representando a Igreja oficial com sua massa de fiéis mantidos sob vigilante controle social pelas doutrinas e especialmente pela moral familiar e sexual. Por outro, há a presença de cristãos leigos e leigas não alinhados, resistentes ao poder monárquico e implacável da burocracia da Cúria romana mas abertos ao evangelho e aos valores cristãos sem romper com o Papado embora críticos de suas práticas e do apoio que dá a regimes conservadores e até autoritários.

Assim temos a figura de Antônio Rosmini no século XIX, fino filósofo e crítico do antimodernismo dos Papas. Modernamente identificamos figuras como Mazzolari, Raniero La Valle, Arturo Paoli, a eremita Maria Campello. Entre todos, destaca-se Adriana Zarri, eremita, teóloga, poetisa e exímia escritora. Além de vários livros, escrevia semanalmente no diário Il Manifesto e quinzenalmente na revista de cultura Rocca.

Era duríssima contra o atual curso da Igreja sob os Papas Wojtyla e Ratzinger a quem acusava diretamente de trair os intentos de reforma provados pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) e voltar a um modelo medieval de exercício de poder e de presença da Igreja na sociedade. Veio a falecer no dia 18 de novembro de 2010 com mais de 90 anos.

Visitei-a por algumas vezes em seu eremitério perto de Strambino no norte da Itália. Vivia só num enorme e vetusto casarão, cheio de rosas e com sua gata de estimação Arcibalda. Tinha uma capela com o Santíssimo exposto para onde se recolhia várias horas por dia em oração e profunda meditação.

Na conversa com ela, queria saber tudo das comunidades eclesiais de base, do engajamento da Igreja na causa dos pobres, dos negros e dos indígenas. Tinha um carinho especial pelos teólogos da libertação por causa da perseguição que sofriam por parte das autoridades do Vaticano que os tratavam, segundo ela, "a bastonadas”, enquanto usavam luvas de pelica aos seguidores do cismático Mons. Lefebvre.

Seu último artigo, publicado três dias antes de sua morte, dedicou-o à gatinha de estimação Arcibalda. Com ela, como pude testemunhar pessoalmente, possuía uma relação afetuosa como de íntimos amigos. Aquilo que a nossa grande psicanalista junguiana Nise da Silveira descreveu em seu livro Gatos, a emoção de lidar o confirmou Zarri: "o gato tem a capacidade de captar o nosso estado de alma; se me vê chorando, logo vem lamber minhas lágrimas”. Contam que a gata esteve junto dela enquanto expirava. Ao ver os amigos chegarem para o velório, se enrolava, nervosa, na cortina da sala. Como se soubesse a hora, discretamente, pouco antes de fecharem o féretro, entrou discretamente na capela.

Alguém, sabendo do amor da gatinha por Adriana Zarri, pegou-a no colo e a aproximou ao rosto da defunta. Fixou-a longamente e parecia que lacrimejava. Depois colocou-se debaixo do féretro e aí permaneceu em absoluta quietude.

Isso me reporta à nossa gata, a Branquinha. Parece uma menina frágil e elegante. Apegou-se de tal maneira à minha companheira Márcia que sempre a acompanha e dorme a seus pés, especialmente, quando passa por algum aborrecimento. Ela capta seu estado de alma e procura consolá-la roçando-se nela e miando suavemente.

Adriana Zarri deixou uma epígrafe que vale a pena ser reproduzida: "Não me vistam de preto: é triste e fúnebre. Nem me vistam de branco porque é soberbo e retórico. Vistam-me de flores amarelas e vermelhas e com asas de passarinho. E Tu, Senhor, olhe minhas mãos. Talvez tenham colocado um rosário, talvez uma cruz. Mas se enganaram. Nas mãos tenho folhas verdes e sobre a cruz, a tua ressurreição. E sobre minha tumba não coloquem mármore frio com as costumeiras mentiras para consolar os vivos. Deixem que a terra escreva, na primavera, uma epígrafe de ervas. Ali se dirá que vivi e que espero. Então, Senhor, tu escreverás o teu nome e o meu, unidos como duas pétalas de papoulas”.

A mística dos olhos abertos, Adriana Zarri, nos mostrou como viver e morrer bela e docemente

(*) Teólogo, filósofo e escritor

Mulher não trai, mulher se vinga .....

VINGANÇA FEMININA 1:

Um homem sempre zoava sua mulher que era loira.
Um dia, ele passou na casa de seus amigos para que eles o acompanhassem ao aeroporto, porque sua mulher iria viajar.
Como sempre zoava com ela, ele disse na frente de todo mundo:
- Amor, traz uma francesinha de Paris pra mim?
Ela abaixou a cabeça e embarcou muito chateada. A mulher passou quinze dias na França.
O marido pediu que os amigos o acompanhassem novamente ao aeroporto.
Ao chegar lá, ele perguntou para a mulher:
- Amor, você trouxe minha francesinha?
Ela disse:
- Eu fiz o possível. Agora é só rezar para nascer menina

O que são quatro anos sem radares?

Carlos Alberto Sardenberg para O Estado de S.Paulo

Os radares, lombadas eletrônicas e pardais das rodovias federais não funcionam há quatro anos. O contrato com a empresa que cuidava disso foi encerrado em 2007 e o novo só começará a ser aplicado em março, se for cumprida a promessa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), um dos órgãos mais cobiçados na partilha de cargos em Brasília. Difícil de acreditar.

Na última sexta-feira, reportagem da rádio CBN revelou que o pessoal do DNIT acha que não há nada de errado nisso. Quatro anos sem contrato? É assim mesmo. Vocês sabem, não é simples fazer uma licitação no Brasil, ainda mais quando se trata de comprar radares para todas as rodovias federais e administrar tudo isso. Uma trabalheira danada.

Os leitores e as leitoras não estão acreditando? Pois foi assim mesmo que o pessoal do DNIT explicou. Como qualquer pessoa que não seja um burocrata de Brasília sabe que quatro anos para instalar radares é um absurdo monumental, o que se pode concluir daí?

Primeiro: o sistema de licitações, contratações e licenças no Brasil ficou tão nonsense que o pessoal do setor também perdeu o juízo.

Segundo: a turma se acostumou com isso. Qualquer pessoa normal colocada na diretoria do DNIT ficaria desesperada com uma demora de quatro anos para fechar um contrato tão importante. Faria o diabo para adiantar isso e, no limite, diante do fracasso, se demitiria.
(Mas alguém se demite por essas coisinhas em Brasília?)

Terceiro: está aí a prova cabal da ineficiência da administração pública e, mais ainda, da administração loteada politicamente.

Essa gestão é centralizada em Brasília, o contrato total chega a quase R$ 1 bilhão. Desperta interesses, cobiças, etc. e tal.

Imaginem o contrário, que as rodovias federais tivessem sido todas privatizadas, em diversos lotes. Os radares passariam a ser responsabilidade de cada concessionária, em uma administração descentralizada e flexível. O DNIT não teria de comprar nada, apenas fiscalizar o cumprimento do contrato de concessão. (Passei outro dia numa rodovia federal privatizada e estava cheia de radares.)

Mas aí não haveria R$ 1 bilhão para gastar nem cargos "bons" para nomear.
Não são apenas radares que estão apagados. Aeroportos e estádios da Copa, por exemplo, estão todos atrasados - e em todos os casos há problemas de licitação, licenças ambientais, fiscalização do TCU e "judicialização" - aquela circunstância em que tudo vai parar nos tribunais, todos rapidíssimos, como se sabe.
A receita para isso é um choque de privatização e uma mudança no ambiente de negócios.

O mapa da violência no País

Opinião do Estadão

O quadro da violência no Brasil está mudando. Antes concentrada nas áreas mais pobres das regiões metropolitanas do Sudeste, agora está se expandindo para as regiões mais pobres - especialmente para o interior e para a periferia - das capitais do Nordeste. Esta é a região onde os índices mais cresceram - entre 1998 e 2008, os homicídios aumentaram 65%; os suicídios, 80%; e os acidentes de trânsito, 37%.

No caso específico da violência criminal, enquanto São Paulo e Rio de Janeiro registraram queda acentuada do número de homicídios, entre 1998 e 2008, em alguns Estados nordestinos a situação se tornou crítica. No Maranhão, os assassinatos cresceram 297% e na Bahia, 237,5%. Em Alagoas, que em 2008 ocupava o 1.º lugar no ranking de homicídios, os novos bairros da região metropolitana de Maceió ganharam o nome de Iraque e Vietnã, sendo tratados pelas autoridades locais como verdadeiros campos de batalha. Para a Organização Mundial da Saúde, taxas superiores a 10 homicídios por 100 mil habitantes configuram "violência epidêmica". Em Alagoas, o índice foi de 60,3 assassinatos por 100 mil habitantes, em 2008.

Esta é a síntese do Mapa da Violência de 2011, um amplo levantamento que é realizado anualmente nos mais de 5,5 mil municípios brasileiros pelo Instituto Sangari, com apoio do Ministério da Justiça. Em sua 12.ª edição, o trabalho foi elaborado com base nos dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde.

Segundo o coordenador do trabalho, Julio Jacobo Waiselfisz, a tendência de desconcentração da violência decorre de dois fatores: a multiplicação dos polos de crescimento econômico, por um lado, e as deficiências estruturais do poder público, por outro. "Os polos emergem com força e peso econômico, mas quase não têm a presença do Estado em serviços de segurança pública, que continuam praticamente à míngua. Em determinado momento, capitais e áreas metropolitanas começam a receber investimentos para melhoria do aparato de repressão e mais eficiência policial. Mas as áreas do interior, antes consideradas calmas, ficam desprotegidas", diz ele.

Além da desconcentração da violência, o estudo mostra uma tendência de crescimento dos índices de homicídio entre a população jovem. Segundo o IBGE, em 2008 o Brasil tinha um contingente de 34,6 milhões de habitantes com idade entre 5 e 24 anos - o equivalente a 18,3% de toda a população brasileira. Entre 1988 e 2008, quase 40% das mortes de pessoas dessa faixa etária foram causadas por assassinatos. Nas demais faixas etárias, os assassinatos representaram somente 1,8% do total de óbitos.

A expansão da chamada "vitimização juvenil" decorre de várias causas. No interior do Nordeste, por exemplo, vaqueiros e agricultores trocaram o cavalo pela moto - o que, conjugado com o abuso de álcool, resultou numa significativa elevação do número de mortos em acidentes de trânsito. No caso dos homicídios, as vítimas são, em grande maioria, negras. No Estado da Paraíba, por exemplo, o número de negros assassinados foi 12 vezes maior, proporcionalmente, que o de vítimas brancas, entre 2002 e 2008.

Segundo o Mapa da Violência de 2011, o número de jovens brancos que foram vítimas de homicídio caiu 30% nesse período. Já entre os jovens negros houve um aumento de 13%, no mesmo período. Isso decorre, basicamente, da má distribuição de renda, das diferenças de escolaridade e das desigualdades de oportunidades entre brancos e negros. Por serem mais afetados pela pobreza, pelo analfabetismo e pela falta de opções profissionais, muitos jovens negros se envolvem com o tráfico e passam a roubar para comprar crack - e isso os leva a se envolverem nas guerras entre quadrilhas e a se tornar alvos de justiceiros, milícias e esquadrões de extermínio.

Exibindo as históricas disparidades sociais e regionais do País, o Mapa da Violência de 2011 não traz maiores novidades. Não obstante, é um instrumento importante para a formulação de políticas que combinem programas sociais, melhoria de serviços públicos para os setores carentes e estratégias mais eficientes de combate à criminalidade.

Reencarnação

Reencarnação e Contato Sexual

Um casal fez um acordo que se existisse reencarnação, o primeiro a morrer informaria o outro como é que era.
O marido foi primeiro, contactou a mulher e contou-lhe:
"Meu Bem... levanto-me cedo e faço sexo. Tomo o café da manhã e vou para o campo de golfe. Faço mais sexo, apanho sol e faço sexo mais algumas vezes. Depois almoço, com muitos legumes e verduras, mais sexo... Depois do jantar, volto ao campo de golfe e faço mais sexo até anoitecer. Depois durmo muito bem para recuperar e no dia seguinte recomeça tudo igual outra vez."
A mulher pergunta: "Estás no Paraíso?"
" Não, reencarnei e agora sou um coelho numa fazendinha em Atibaia"

Entre a dor e o nada, o que você escolhe?

Rosana Braga (*)

Não quero defender as relações falidas e que só fazem mal, nem estou sugerindo que as pessoas insistam em sentimentos que não são correspondidos, em relacionamentos que não são recíprocos, mas quero reafirmar a minha crença sobre o quanto considero válida a coragem de recomeçar, ainda que seja a mesma relação; a coragem de continuar acreditando, sobretudo porque a dor faz parte do amor, da vida, de qualquer processo de crescimento e evolução.

Pelas queixas que tenho ouvido, pelas atitudes que tenho visto, pela quantidade de pessoas depressivas que perambulam ocas pelo mundo, parece que temos escolhido muito mais vezes o nada do que a dor.

Quando você se perguntar Do que adianta amar, tentar, entregar-se, dar o melhor de mim, se depois vem a dor da separação, do abandono, da ingratidão?. Pense nisso: então você prefere a segurança fria e vazia das relações rasas? Então você prefere a vida sem intensidade, os passos sem a busca, os dias sem um desejo de amor? Você prefere o nada, simplesmente para não doer?

Não quero dizer que a dor seja fácil, mas pelo amor de Deus, que me venha a dor impagável do aprendizado que é viver. Que me venha a dor inevitável à qual as tentativas nos remetem. Que me venha logo, sempre e intensa, a dor do amor...

Prefiro o escuro da noite a nunca ter me extasiado com o brilho da Lua...
Prefiro o frio da chuva a nunca ter sentido o cheiro de terra molhada...
Prefiro o recolhimento cinza e solitário do inverno a nunca ter me sentido inebriada pela magia acolhedora do outono, encantada pela alegria colorida da primavera e seduzida pelo calor provocante do verão...

E nesta exata medida, prefiro a tristeza da partida a nunca ter me esparramado num abraço...
Prefiro o amargo sabor do não a nunca ter tido coragem de sair da dúvida...
Prefiro o eco ensurdecedor da saudade a nunca ter provado o impacto de um beijo forte e apaixonado... daqueles que recolocam todos os nossos hormônios no lugar!
Prefiro a angústia do erro a nunca ter arriscado...
Prefiro a decepção da ingratidão a nunca ter aberto meu coração...
Prefiro o medo de não ter meu amor correspondido a nunca ter amado ensandecidamente.
Prefiro a certeza desesperadora da morte a nunca ter tido a audácia de viver com toda a minha alma, com todo o meu coração, com tudo o que me for possível...
Enfim, prefiro a dor, mil vezes a dor, do que o nada...

Não há – de fato – algo mais terrível e verdadeiramente doloroso do que a negação de todas as possibilidades que antecedem o nada.

E já que a dor é o preço que se paga pela chance espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais, respire fundo e comece tudo outra vez...

Porque você pode desistir de um caminho que não seja bom, mas nunca de caminhar...
Pode desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser você mesmo...
Pode desistir de um jeito falido de se relacionar, mas nunca de abrir seu coração...

Portanto, que venha o silêncio visceral que deixa cicatrizes em meu peito depois das desilusões e dos desencontros... Mas que eu nunca, jamais deixe de acreditar que daqui a pouco, depois de refeita e ainda mais predisposta a acertar, vou viver de novo, vou doer de novo e sobretudo, vou amar mais uma vez... e não somente uma pessoa, mas tudo o que for digno de ser amado!

(*) Jornalista, Escritora, Consultora e Palestrante

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Literatura mais pobre

Faleceu nesta madrugada em Porto Alegre , Moacyr Jaime Scliar, gaúcho nascido na mesma cidade em 1937.

Escritor , formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário.
Moacyr Scliar publicou mais de setenta livros, entre crônicas, contos, ensaios, romances e literatura infanto-juvenil.

Seu estilo leve e irônico lhe garantiu um público bastante amplo de leitores, e em 2003 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, tendo recebido antes uma grande quantidade de prêmios literários como o Jabuti (1988, 1993 e 2009), o Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) (1989) e o Casa de las Americas (1989).
 
Entre as suas mais importantes obras podemos citar "O ciclo das águas".

Uma grande perda para literatura nacional.

As ditaduras

Toda ditadura desaba mais cedo ou mais tarde

Edilberto Sena (*)

Caíram ditaduras no Egito, na Tunísia, está caindo a ditadura na Líbia e estão para cair em outros países, onde tiranos já por tantos anos humilharam seus povos. Eles se enriqueceram a custa da pobreza de tantos cidadãos submissos. Prenderam e mataram dissidentes, mas estão caindo todos, porque toda servidão tem limites.

Quando será que vai cair a ditadura brasileira, disfarçada de democracia representativa? Neste país tropical, abençoado por Deus e amaldiçoado por seus políticos e autoridades oportunistas e injustos, a imoralidade pública, o enriquecimento com patrimônio do povo já chegam ao limite do cinismo irresponsável.

Uma ilustração disto são as leis criadas em benefício do corporativismo. Para o povo pobre criam-se regras humilhantes, como a do salário mínimo atual. A presidenta da República, para evitar um aumento de 15 reais ao salário mínimo, utilizou o chicote de domadora aos deputados e senadores e também às centrais sindicais. Ou era o que ela e sua equipe já haviam decidido, ou seriam punidos os dissidentes.

 A confirmação do uso do chicote ficou ilustrado com o paladino senador Paulo Pain tradicional defensor dos direitos dos trabalhadores. Um dia antes, indicou sua coerência com sua luta em defesa dos trabalhadores, propunha um aumento de 30 reais ao salário mínimo. Mas no dia seguinte, depois de uma conversa aos pés da presidenta, ele se humilhou e justificou seu voto pelo salário mínimo de 545 reais.

Tudo igual como na Líbia, Egito e Tunísia de uns anos atrás. Dias antes os mesmos deputados federais já haviam agraciado a presidenta com aumento salarial dela e deles em 60 %, hoje em torno de 24 mil reais, além de outras rendas.

O cinismo federal chegou ao Pará, parou, bebeu açaí e... também os deputados daqui aumentaram os salários do governador e seu vice (que não reclamaram nada se iria abalar os cofres do Estado). Naturalmente que seus próprios salários já estavam aumentados para R$ 20.000,00 cada um. Enquanto isso, os salários dos professores do Estado do Pará, de ensino médio não chegam a 3 salários mínimos normalmente. As escolas decadentes de Santarém, como Olindo Neves, Guadalupe e outras, que a ex governadora iniciou em período de campanha eleitoral, em regime de urgência, ainda não estão concluídas, porque o governo alega falta de recurso.

A falta de moralidade pública chega a tão alto grau no país e no Pará, que agora cinicamente mais uma vez, o Congresso Nacional trabalha uma reforma política para ajustar seus interesses, quando se esperava uma constituinte ad hoc exclusivamente para fazer uma mudança geral das atuais regras políticas.

Só falta agora, para completar a tragicomédia, que as câmaras de Vereadores dos municípios paraenses também aumentem seus salários, pelo efeito dominó. Afinal, se João grande faz, o João pequeno acha natural imitar. Acontece que lá no Egito e na Líbia a paciência do povo já esgotou. Quando vai estourar aqui neste país cordial? Os professores do município de Santarém já estão dando sinal. Toda ditadura tem seus dias contados, podem tardar mas chegam.

(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural em Santarém 

Mercadão de Santarém

Hoje pela manhã acompanhei a Daniela em algumas compras no Mercadão de Santarém. Não há como não sair triste de um local que poderia ser nosso cartão de visita.

Primeiro porque é localizado na orla da cidade, segundo porque é espaçoso e tendo todas as condições de se tornar uma atração fazendo com que uma massa de consumidores fizesse do local um ponto turístico e não somente de compras de produtos alimentícios.
Uma desorganização aliado a uma coisa que jamais deveria ter: sujeira por todos os lados.

No meio delas aquele exército de pessoas em busca do seu ganha-pão oferecendo com galhardia, simpatia, tenacidade, desprendimento seus produtos.
Poderia ser muito diferente.

Barracas coloridas bem iluminadas e com produtos bem expostos, local arruado e separados por tipos de mercadorias, dando aquele visual que atrai o consumidor (quantos de nós não somos atraídos pelos olhos que atiça a gula). Nada no chão. Tudo limpo. Com petisqueiras separadas do local de vendas de produtos, quem sabe num mezanino . Banheiros bem limpos e higiênicos. Tudo coberto e nada aberto, evitando problemas com chuvas e poeira. Os barraqueiros identificados, uniformizados dando mais colorido ao ambiente.

E a atenção principal: Limpeza desde o portão de entrada até a sua saída. Estacionamento limpo e se possível explorado pela própria administração do Mercadão evitando-se que flanelinhas se atraquem em busca de um carro. Coisa profissional. 

Com certeza todos sairiam no lucro. Os expositores e vendedores teriam muito mais clientela, e a clientela que se sentiria muito mais satisfeita em se dirigir a um local com produtos de boa qualidade, com preços competitivos, amplo. E limpo.
Isso seria um desafio para administração municipal.Será que seria difícil ?

Mas, qual é. Isso é utopia de um velho aposentado que se entristece ao ouvir a história de uma vendedora de farinha de mandioca o que ela , o marido e a família precisam fazer para conseguirem duelar com todas essas dificuldades e obter o pão de cada dia .

Poderiam facilitar mas, o melhor é deixar assim mesmo e quem não estiver contente que freqüente outro lugar. 

A Goiabada da Vovó

Um texto que os senhores "deformados" que transitam em Brasília no Congresso ou na Câmara de Deputados deveriam ler e reler para quem sabe fazerem algo por esse País e não tão sómente poara seus bolsos e umbigos. 


O professor da PUC-RJ, Jorge Ferreira da Silva (*) , deu uma última aula para seus ex-alunos, em 16 de dezembro de 2008.

Diante de uma platéia de formandos, acompanhados de seus pais, o professor paraninfo da turma discursou sobre o Brasil.

“Ilustríssimos Colegas da Mesa, Senhor Presidente, meus queridos alunos, Senhoras e Senhores . Para mim é um privilégio ter sido escolhido paraninfo desta turma. Esta é como se fôra a última aula do curso. O último encontro, que já deixa saudades. Um momento festivo, mas também de reflexão.
Se eu fosse escolhido paraninfo de uma turma de direito, talvez eu falasse a importância do advogado que defende a justiça e não apenas o réu. Se eu fosse escolhido paraninfo de uma turma de medicina, talvez eu falasse da importância do médico que coloca o amor ao próximo acima dos seus lucros profissionais. Mas, como sou paraninfo de uma turma de engenheiros, vou falar da importância do engenheiro para o desenvolvimento do Brasil.

Para começar, vamos falar de bananas e do doce de banana, que eu vou chamar de bananada especial, inventada (ou projetada) pela nossa vovozinha lá em casa, depois que várias receitas prontas não deram certo.
É isso mesmo. Para entendermos a importância do engenheiro vamos falar de bananas, bananadas e vovó.
A banana é um recurso natural, que não sofreu nenhuma transformação.

A bananada é = a banana + outros ingredientes + a energia térmica fornecida pelo fogão + o trabalho da vovó... e + o conhecimento, ou tecnologia da vovó.
A bananada é um produto pronto, que eu vou chamar de riqueza.
E a vovó?
Bem, a vovó é a dona do conhecimento, uma espécie de engenheira da culinária.

Agora, vamos supor que a banana e a bananada sejam vendidas. Um quilo de banana custa um real. Já um quilo da bananada custa cinco reais. Por que essa diferença de preços?
Porque quando nós colhemos um cacho de bananas na bananeira, criamos apenas um emprego: o de colhedor de bananas.
Agora, quando a vovó, ou a indústria, faz a bananada, ela cria empregos na indústria do açúcar, da cana-de-açúcar, do gás de cozinha, na indústria de fogões, de panelas, de colheres e até na de embalagens, porque tudo isto é necessário para se fabricar a bananada.

Resumindo, 1kg de bananada é mais caro do que 1kg de banana porque a bananada é igual banana mais tecnologia agregada, e a sua fabricação criou mais empregos do que simplesmente colher o cacho de bananas da bananeira.

Agora vamos falar de outro exemplo que acontece no dia-a-dia no comércio mundial de mercadorias.
Em média: 1kg de soja custa US$ 0,10 (dez centavos de dólar), 1kg de automóvel custa US$ 10, isto é, 100 vezes mais, 1kg de aparelho eletrônico custa US$ 100, 1kg de avião custa US$1.000 (10mil quilos de soja) e 1kg de satélite custa US$ 50.000.
Vejam, quanto mais tecnologia agregada tem um produto, maior é o seu preço, mais empregos foram gerados na sua fabricação.
Os países ricos sabem disso muito bem. Eles investem na pesquisa científica e tecnológica. Por exemplo: eles nos vendem uma placa de computador que pesa 100g por US$ 250. Para pagarmos esta plaquinha eletrônica, o Brasil precisa exportar 20 toneladas de minério de ferro. A fabricação de placas de computador criou milhares de bons empregos lá no estrangeiro, enquanto que a extração do minério de ferro, cria pouquíssimos e péssimos empregos aqui no Brasil.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Hipotireoidismo e hipernepotismo

O Brasil é mesmo um país de estranhas contradições: Ronaldo parou de jogar por causa de um hipotireoidismo, mas Sarney não abandonou o jogo político por causa do seu hipernepotismo. Vá entender...

Do Blog Trágico e Cômico do Jornal da Tarde/SP

Porque será que todo vice se acha?

Algum tempo atrás tivemos um vice bem próximo que gostava de aparecer de helicópetero, andar com vários seguranças mesmo em lugares que em nada poderia significar algum perigo e por ai adiante.. e eis que agora temos um velho nanico da política brasileira cuja vice presidência da república lhe caiu no colo, e que segue os mesmos passos.

Um cidadão que mais recebe elogios pela beleza de sua esposa do que propriamente pelos seus feitos políticos, que tal qual os demais, são quase nada.

E não é que o cidadão Michel Temer foi visto circulando no Rio de Janeiro escoltado nada mais , nada menos, que dois carros do Batalhão de Choque, duas ambulâncias, outros tantos carros de chapa fria cheio de seguranças e tudo isso sendo aberto por 10 batedores.  Uma afronta para um vice presidente, mesmo que seja da República.

Alguém precisa alertar esse nanico da política que vice nesse País é que nem saco ... participa mas, não entra .. como sempre diz meu amigo Ronaldão. .. .

Vá encontrar o que fazer seu Michel ! Pare de gastar verbas públicas com passeios prá cima e prá baixo...

Café Brasileiro

Impurezas no café brasileiro não poderão passar de 1%

A qualidade do café brasileiro vai melhorar ainda mais. Segundo o Ministério da Agricultura, as impurezas não poderão passar de 1%.

Os produtores também serão beneficiados com a nova medida.

Brasil Tiririca

Do Blog Sanatório da Notícia - de Sérgio Siqueira

O palhaço Tiririca foi indicado pelo PR, sua facção política para integrar a Comissão de Educação e Cultura da Câmara. Qual o espanto? De onde se espera o pior é sempre dali que sai mesmo o pior.

A verdade é que Tiririca foi diplomado como deputado. Tem tantas credenciais quanto Lula teve para presidir o Brasil. Tem tanto diploma quanto Dilma, a diligenta e inteligenta primeira-presidenta.

João Paulo Cunha
No que diz respeito à Câmara, um palhaço semianalfabeto na Comissão de Eduação e Cultura é algo tão honroso quanto ter o mensaleiro João Paulo Cunha na Comissão de Constituição e Justiça.

No fundo, no fundo, tanto Tiririca quanto João Paulo Cunha, sabem do que estão falando: o palhaço analfa, trata de educação; o réu mensaleiro, de justiça. Não fique tiririca, pior do que tá não fica.

A crise da saúde em Santarém

A crise municipal é grave e precisa de ajuda

Edilberto Sena (*)

Se a situação da saúde do povo está crítica, mais crítica parece ser a saúde da administração pública. É o que transparece com o caso do hospital Municipal. Agora o MPE (Ministério Público Estadual) exige um Termo de Ajuste de Conduta, TAC com uma lista de médicos especialistas,enfermeiros e técnicos para atender o crescente volume de clientes que procuram o hospital.

Mas, causa maior preocupação da atual crise ali foi a negligência dos médios de plantão, que levou até a diretora à delegacia de polícia. A diretora do hospital deve ter sua responsabilidade, mas não deve ser a única. Médicos que ganham alto salário e não cumpriam horário de serviço, nem respeitavam a diretora do hospital. Se a diretora foi fraca de autoridade, os médicos contratados e bem remunerados foram negligentes, mas não foram atingidos pelo zelo policial do MPE.

Agora o foco da questão está um pouco desviado. O MPE exige uma equipe completa de especialistas ortopedistas, pediatras, cirurgiões, nefrologistas e outros istas da medicina. Aí, a administração municipal se apavora alegando falta de recurso e falta de médicos na cidade.Solução para isto há, desde que a prefeita tenha coragem de colocar o serviço público acima de coligações partidárias.

Para atender ao TAC da saúde exigido pelo MPE, duas pistas : uma, selecionar melhor entre os mais de 120 médicos que trabalham aqui na região que tenham competência, amor à causa que abraçaram de curar pessoas necessitadas, além de honestidade de cumprir o horário de trabalho sem pensar apenas em lucro desproporcional.

A outra pista de solução é a prefeita fechar algumas secretarias inúteis, cabides de emprego, consumindo dinheiro público que falta em outras áreas mais urgentes. Fechar a Secretaria dos portos, a do Desenvolvimento Econômico Social, a dos Direitos do Cidadão e a da Agricultura Familiar. Cada uma dessas tem um ou uma secretária recebendo 10 ou mais salários mínimos/mês e mais 6 ou 8 funcionários ganhando salário variado. Estas secretarias recentes não cumprem as funções para as quais deveriam existir, uma delas é repetição de outra. num desperdício atoa.

Com a extinção destas e outras secretarias cabides inócuas, a prefeitura terá uma economia de uns 100 mil reais mês, ou mais, para atender ao TAC exigido e melhorar bastante o serviço público da saúde.

Num município limitado como o de Santarém, um médico formado em universidade pública exigir um mil reais por um plantão de serviço é um escândalo mercenário. Terá a prefeita coragem de tomar esta patriótica decisão? Hoje ou amanhã se saberá? Do jeito em que está é que não pode continuar. É urgente a moralização do serviço público e não transferir para outros a responsabilidade que é própria.

(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural em Santarém (PA)

Essas crianças !!!

Uma menina estava conversando com a sua professora.
A professora disse que era fisicamente impossível que uma baleia engula um ser humano porque apesar de ser um mamífero muito grande, a sua garganta é muito pequena.
A menina afirmou que Jonas foi engolido por uma baleia.
Irritada, a professora repetiu que uma baleia não poderia engolir nenhum ser humano; era fisicamente impossível.
A menina, então disse:
- Quando eu morrer e for ao céu, vou perguntar a Jonas.
A professora lhe perguntou:
- E o que vai acontecer se Jonas tiver ido ao inferno?
A menina respondeu:
- Aí a senhora pergunta.

Poluição do ar

Poluição do ar causa mais infarto que cocaína

Folha de São Paulo

Respirar ar poluído causa mais ataques cardíacos que usar cocaína, segundo revisão de estudos envolvendo 700 mil pessoas, publicada ontem no "Lancet".
O trabalho, feito pela Hasselt University, na Bélgica, cruzou fatores de risco para infarto e a exposição da população a esses fatores.

Estudo feito na Bélgica mostra que ar poluído das grandes cidades é um dos maiores gatilhos para ataques cardíacos
É por isso que a poluição ficou em primeiro lugar. Individualmente, aumenta apenas 2,9 vezes o risco de infarto, em comparação com a cocaína (23 vezes).
Mas, como a população toda é exposta à poluição, e apenas uma fração pequena usa a droga (0,04%), a poluição desencadeia muito mais infartos do que a cocaína.

O estudo também coloca em patamares semelhantes os riscos da poluição e de outros fatores mais conhecidos, como esforço físico e consumo de álcool e de café.
Para o médico epidemiologista Luiz Alberto Pereira, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, é esse o mérito do estudo.
Segundo Pereira, a poluição não é valorizada como fator de risco e ainda há muito ceticismo a seu respeito.

"O estudo pode fazer com que os clínicos finalmente olhem para a poluição como fator de risco relevante para infarto. Não se pode mais menosprezar um risco de 7%, similar ao do álcool."
Os gatilhos fazem a doença preexistente piorar ou se manifestar. No caso da poluição, a piora da qualidade do ar pode causar um infarto poucas horas depois da exposição em quem tem hipertensão ou problemas cardiovasculares.

Mas mesmo pessoas saudáveis podem sofrer dano e ter o risco de infarto aumentado ao longo do tempo, principalmente se morarem em cidades como São Paulo, diz o pneumologista Ubiratan de Paula Santos, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Já aqueles que se protegem com medicamentos para pressão alta e se expõem menos aos riscos sofrem menos os efeitos dos gatilhos. 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Planeta

Simplemente incrível e belíssimo esse video da BBC.
Vale muito a pena conferir.

Seja um idiota

Arnaldo Jabor (*)

A idiotice é vital para a felicidade.
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

hahahahahahahahaha!...

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.

Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.

Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:
passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!

(*) Crítico, escritor e diretor de cinema 

Justiça cassa licença de Belo Monte

Folha de São Paulo 
 A Justiça Federal do Pará cassou nesta sexta-feira a licença de instalação parcial concedida pelo Ibama a Norte Energia S.A., empresa responsável pelo início das obras da usina de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
A licença autorizava os empreendedores a iniciar o desmatamento na região para a montagem dos canteiros e dos acampamentos dos sítios Belo Monte e Pimental, onde serão erguidas as duas barragens.

A liminar suspendendo os efeitos da licença foi pedida pelo Ministério Público Federal do Pará. O órgão questionou a concessão de uma licença parcial, o que não existe no sistema legal de licenciamento.
A Justiça Federal do Pará entendeu que o licença é ilegal por não ter cumprido pré-condições estabelecidas pelo próprio Ibama. A agência ambiental federal havia imposto o cumprimento de 40 condicionantes para emitir a licença de instalação.

Como o empreendedor não cumpriu, o Ibama classificou a licença de parcial.
A medida não muda a atual situação. A Norte Energia ainda não havia iniciado o desmatamento das áreas para a construção da infraestrutura de apoio. Isso deve começar apenas em março, depois que o consórcio construtor aprovar no Ibama o plano de manejo florestal.

No despacho, o juiz federal Ronaldo Desterro, da 9º Vara, também proíbe o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de repassar recursos à Norte Energia.
A direção do BNDES havia aprovado um alinha de R$ 1 bilhão a Nesa, que desistiu do recurso após tomar conhecimento das cláusulas do empréstimo-ponte.

O banco havia vetado o uso do recursos para qualquer tipo de obra na área, antes da obtenção da licença de instalação definitiva. Era exatamente esse o objetivo da empresa.
A Norte Energia e o BNDES podem recorrer.

À Folha, recentemente, o procurador da República, Ubiratan Cazetta, disse que confiava na cassação da licença na discussão na primeira instância, mas reconhecia a dificuldade de convencer o Tribunal Reginal Federal da 1ª Região, em Brasília, da manutenção da decisão.
O TRF-1 tem derrubado as liminares que impedem o avanço do projeto da Usina Belo Monte. Hoje, há dez ações judiciais contra o empreendimento tramitando na justiça brasileira.

Cabeçuda, mas nem tanto!

Herton Escobar (*)

Você já deve ter ouvido falar que as tartarugas marinhas, quando adultas, sempre voltam à mesma praia onde nasceram para desovar. Incrível, não é?
Mas já parou para pensar como é que elas fazem isso? Como elas sabem exatamente qual era a praia? E como elas acham o caminho de volta após anos e anos migrando oceano afora?

Se nós, seres humanos, com nossos cérebros gigantes e tecnologia superevoluída, temos dificuldade em manter o rumo certo no oceano, imagine então uma “simples” tartaruga, sem bússola nem mapa nem muito menos GPS!
Cerca de 10 anos atrás, um casal de pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (UNC), nos Estados Unidos, propôs que as tartarugas usavam o campo magnético da Terra para se orientar no oceano. Parecia loucura no início, mas a teoria foi comprovada por vários experimentos e hoje é amplamente aceita como correta. Não só para as tartarugas marinhas como para várias outras espécies migratórias de aves, mamíferos e insetos.
No trabalho original, publicado em 2001 na revista Science, Kenneth e Catherine Lohmann mostraram que as tartarugas-cabeçudas (Caretta caretta, é o nome científico) usavam referências do campo magnético da Terra para determinar posições de latitude (norte-sul). Agora, dez anos depois, fizeram um experimento bem semelhante e concluíram que as tartarugas utilizam esse mesmo mecanismo para determinar também sua posição de longitude (leste-oeste) … o que era um mistério até agora.

O campo magnético da Terra é gerado pela movimentação do ferro líquido e fervente que compõe o núcleo externo do planeta (que é chamado “externo”, mas na verdade é interno, pois está dentro do planeta, então não se confunda … é que dentro desse núcleo “externo” há um outro núcleo de ferro sólido, chamado núcleo “interno”). Por ser um líquido condutor de eletricidade, ao girar com o planeta ele cria esse magnetismo, que flui do pólo norte ao pólo sul, envolvendo a Terra numa espécie de bolha magnética. Por isso as bússolas sempre apontam para o norte, porque é lá que a atração magnética do planeta é mais forte. (Para ler mais sobre o interior da Terra, veja um artigo que escrevi em 2008: Terra, o planeta petit gateau)
Como o magnetismo flui num eixo norte-sul, faz sentido que as tartarugas consigam utilizá-lo como uma referência de latitude, percebendo pequenas diferenças nas características do campo dependendo de onde estão.

Frase

Do Blog do Ricardo Noblat para O Globo

"Saímos da escola de samba e entramos no Teatro Municipal. Dilma demonstra um estilo quase oposto ao de Lula: fala pouco, não quebra agenda, tem menos jogo de cintura. Só espero que aprimore os avanços do governo Lula, sobretudo na área social, e faça o que ele não fez: reformas estruturais, como a política, a agrária, a tributária, etc."

Frei Betto, ex-assessor especial de Lula

Vale e seu lucro

Vale tem segundo maior lucro entre empresas de capital aberto

Folha de São Paulo

Levantamento da consultoria Economática aponta que a mineradora Vale teve o segundo maior lucro anual da história entre as empresas de capital aberto (com ações no mercado), perdendo somente para a estatal Petrobras.

Ontem à noite, a companhia anunciou um lucro de R$ 30 bilhões no exercício de 2010. A cifra somente é menor que o lucro de R$ 32,98 bilhões apurado pela Petrobras em 2008.

Em uma lista dos 20 maiores lucros contabilizados por empresas brasileiras de capital aberto, os resultados da Petrobras ainda ocupam a terceira, a quarta, a quinta e a sexta posições, tendo apresentados ganhos entre R$ 28,98 bilhões e R$ 21,51 bilhões.

A Vale registrou lucros robustos em 2008 (R$ 21,28 bilhões) e 2007 (R$ 20 bilhões), que garantiram a sétima e a oitava posição nesse ranking.

BALANÇO
Superada a crise que derrubou seu lucro à metade em 2009 (R$ 10,3 bilhões), a Vale viveu o melhor ano de sua história em 2010. O resultado da companhia cresceu 192% e atingiu o recorde de R$ 30,1 bilhões no ano passado, impulsionado pelo aumento dos preços do minério de ferro, que dobraram em 2010 e devem seguir em alta.

Sob influência também do crescimento de produção de 29,5% em 2010, o faturamento da Vale ficou em R$ 85,4 bilhões em 2010 --alta de 71% e recorde.
O desempenho foi puxado pela maior demanda, principalmente da China --que respondeu por 32% das vendas da empresa.

Roubo nos portos

Opinião do Estadão

Ao receber, de compradores do exterior, reclamações de que as mercadorias que encomendaram não chegaram de acordo com o contratado, tanto em quantidade quanto em qualidade, é muito constrangedor para os exportadores brasileiros de produtos agrícolas. Essas queixas, que se tornam cada vez mais comuns, acarretam grandes prejuízos e podem significar a perda de mercado no futuro, em detrimento da imagem do Brasil como fornecedor. A grande maioria dos exportadores toma os cuidados necessários para atender às encomendas, mas seus esforços são frustrados pelos desvios de cargas nos portos, um tipo de crime que cresce à medida que avançam as vendas de commodities agrícolas. O que significa que a exportação brasileira, além das deficiências de infraestrutura, ainda se vê diante de falhas do policiamento portuário.

A situação tem deixado os exportadores extremamente preocupados: "Fizemos todos os esforços para reverter esse problema, mas não conseguimos", disse ao Estado (21/2) o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Cereais (Abec), Sérgio Mendes. "Tivemos de levar o assunto à Secretaria da Receita Federal, que começou a investigar a questão." O governo demorou para tomar providências, mas, em resposta a denúncias de exportadores, 130 mandados de prisão foram expedidos nos últimos quatro meses pela Polícia Federal (PF) contra roubos de carga em portos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Esta é a segunda operação do gênero efetuada pela PF. A primeira foi deflagrada em outubro do ano passado.

Ações criminosas são comuns em todos os portos do mundo, mas o que se observa no Brasil é uma flagrante ausência de vigilância nos armazéns e nas áreas de manejo de mercadorias nos terminais. Antes da Constituição de 1988, existia no País a Polícia Portuária Federal, que foi substituída pela Guarda Portuária, subordinada à Secretaria Especial de Portos, hoje vinculada à Presidência da República. Seja porque seus efetivos são insuficientes em face do maior movimento dos terminais, seja porque a Guarda não esteja equipada para fazer um trabalho eficiente de repressão, o fato é que as ações realizadas nos portos têm sido conduzidas pela Polícia Federal juntamente com a Polícia Militar dos Estados.

Os desvios de cargas à espera de embarque nos portos têm sido de grande vulto. No Porto de Paranaguá (PR), por exemplo, as investigações detectaram o roubo de 4 mil toneladas de soja e farelo, no valor de US$ 3 milhões. Isso seria praticamente impossível sem a conivência ou a participação direta de pessoas ligadas à operação portuária. Além disso, há receptadores que reexportam as mercadorias ou as dirigem para o mercado interno. Já foram identificadas quadrilhas organizadas que atuam nos portos brasileiros, que agrupam, além de criminosos comuns, caminhoneiros e funcionários das companhias estatais que operam os terminais, policiais, fiscais estaduais e donos de empresas de fachada, que servem para emitir notas frias.

Como se pode deduzir, essas quadrilhas têm fácil acesso às instalações portuárias, sendo capazes, como foi apurado, de substituir por areia os produtos subtraídos de uma carga a embarcar, colocando boa parte dela a perder. O pior é que práticas dessa ordem são desmoralizantes para o País, hoje um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas, com tendência firme de crescimento em face da expansão da demanda mundial de alimentos.

Com os interesses econômicos nacionais em jogo, o que vem acontecendo deveria determinar uma ação enérgica por parte da Secretaria Especial de Portos em colaboração com outros órgãos do governo. Não se sabe se a proposta de emenda constitucional em curso no Congresso Nacional, prevendo que a Guarda Portuária volte a ter o status anterior a 1988, teria o condão de resolver o problema. Seja como for, é obrigação do Estado, por meio das companhias que administram os portos públicos, delegados ou não a governos estaduais, prover a segurança indispensável para a atividade exportadora, tanto de produtos agrícolas como de manufaturados.


Estranheza

Bellini Tavares de Lima Neto (*)

Existem algumas coisas na vida moderna das quais não há como se livrar ou pelo menos é muito difícil de ficar a salvo. Até bem pouco tempo, uma delas era a famosa “A voz do Brasil” que invadia a tudo e a todos exatamente as 19:00 horas. O único jeito de se livrar dela era dando um descanso ao aparelho de rádio. Difícil era quando se estava preso no trânsito e se ficava entre a chatice de ficar parado e a outra chatice, a de ouvir o programinha. Por um bom tempo andamos quase totalmente livres dele, mas, ao que parece, há suspeitas de que nossos rádios voltem a ganhar o descanso diário. Segundo consta, quem estava livre de transmitir o programinha deverá voltar a se submeter à obrigação. Se isso acontecer, o programa fará uma dupla de respeito com o horário reservado à propaganda política obrigatória. Serão dois momentos de silêncio radiofônico. E há muitas outras que se grudam ao nosso dia a dia e não há quem consiga fazer com que nos deixem em paz.

Para quem gosta de navegar na “internet”, mandar e receber “e-mails”, uma das dificuldades próprias dessa tecnologia são as mensagens que se recebe dos amigos, parentes e afins. Há quem adore receber aqueles textos longos, cheios de imagens e sons que conseguem se apoderar de boa parte da capacidade de armazenagem dos indefesos computadores domésticos. E há quem adore ainda mais enviar essas mensagens. Vem de tudo: piadas de bom ou mau gosto, mensagens de otimismo, muitas delas ligadas à febre do momento, a auto-ajuda, textos de qualidade duvidosa atribuídos a grandes nomes da literatura e do jornalismo, denuncias antigas e ultrapassadas, relatos sigilosos muito próprios da teoria da conspiração, enfim, o que se puder imaginar. Que ninguém reclame de tédio em matéria de variedade desses longos e encorpados arquivos que, às vezes, transformam o computador numa carroça puxada a jabutis.

Mas, como diziam os antigos, do couro é que sai a correia. Embora uma boa parte desse material não compense o trabalho de abrir os arquivos, às vezes chegam coisas surpreendentes. Foi o caso de um que bateu no meu combalido computador ainda recentemente. Tratava-se de um filme suposta ou alegadamente capturado pelos cinegrafistas da revista “National Geographic”. Nele há a imagem de uma pantera em plena caça. O animal enxerga um desavisado babuíno que, em rigoroso respeito às leis naturais, vai se transformar em vítima do predador numa fração de segundos. Não deixa de ser um tanto brutal, mas resta o consolo que assim a natureza determinou quando inventou a cadeia alimentar. A pantera rapidamente abate o babuíno e começa a arrastá-lo para um local menos aberto onde possa devorar com tranqüilidade. Mas, ao começar a arrastar a presa, a pantera percebe que algo está se movendo dentro da sua refeição. E, então, é explicado que se tratava de um babuíno fêmea e que o animal estava prenhe quando foi abatido. O que estava se mexendo durante o trajeto feito pela pantera era simplesmente o filhote da boina. Não é preciso ter muita imaginação para se perceber que o que se segue é uma cena tocante: a pantera, em lugar de devorar mãe e filhote, praticamente abandona a caça para se dedicar exclusivamente a proteger e cuidar do filhote. Enfim, é um verdadeiro canto de louvor à natureza e sua grandeza, um hino em homenagem ao sentimento de maternidade manifestado pela pantera em relação ao frágil filhote que teve sua mãe predada por conta de uma lei na própria natureza. Em palavras simples, é a natureza em toda sua pujança falando mais alto, mostrando sua dimensão superior e enternecendo as lentes do coração dos cinegrafistas e de todos quanto fazem o filme circular em larga escala e sempre precedido de palavras de entusiasmo e admiração.

Eu não reclamei de ter recebido a mensagem, apesar de seu tamanho. Ao contrário, procurei enviá-la a mais pessoas já que é realmente algo de emocionar. Mas, não consegui resolver uma dúvida que me ocorreu depois de me sentir tocado pelo filme: porque será que nós nos entusiasmamos tanto com essas manifestações da natureza se, ao mesmo tempo, não temos tido um mínimo de sensibilidade para com essa mesma natureza que nos cerca? Porque será que ficamos tão extasiados com as coisas da natureza como se ela fosse alguma coisa que existe em outra dimensão e que não fôssemos parte dela?

Eu até consigo entender a atitude da pantera. Já a dos meus colegas de categoria biológica...

(*) Advogado , morador em S. Bernardo do Campo (SPO).
Escreve para o site O Dia Nosso De Cada Dia - http: blcon.wordpress.com

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A resposta está no final.

Sem nenhum tropeço, posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo permitindo, mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, como se isto fosse mero ovo de Colombo.

Desde que se tente sem se pôr inibido, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento

Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", ou o que quiser escolher. Podemos, em estilo corrente, repetir sempre um som ou mesmo escrever sem verbos.

Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?

Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.

Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.

Descobriu? Tente mais uma vez.
Ainda não descobriu? Então, veja a resposta.
O texto não tem letra A.

O preconceito vindo de cima (2)

Amazonino Mendes
"Eu me senti um nada", afirma mulher xingada por prefeito
Folha de São Paulo

A desempregada Laudenice Cantalista de Paiva, 37, disse à Folha que estava em estado de choque em seu encontro com o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), na segunda-feira (21).
Em um bate-boca, ela disse a Amazonino que não tinha como abandonar uma área de risco da cidade. Ele retrucou: "Então, morra".
Um dia antes, Laudenice perdeu tudo num temporal que matou três vizinhos.

Mãe de sete filhos e avó de um bebê, ela falou que pretende processá-lo.

Folha - Por que a senhora veio para o Amazonas?
Laudenice Cantalista de Paiva - Sou de Prainha, no Pará. E a vida lá era muito difícil. Meu marido arrumou emprego aqui e eu também. Trabalhava como doméstica.

E como a sra. chegou a Santa Marta, em Manaus?
Vim porque não tinha condição de comprar terreno em outro canto. Não é uma invasão, mas é área de risco. Paguei R$ 6.000. No domingo, durante a chuva, a água invadiu a casa. Perdi o fogão. Fiquei sem roupa para usar.

Como foi o encontro com o prefeito?
Pensei: "Vou correr para ele ajudar". Estava em estado de choque. Eu disse: "Só o senhor para solucionar nosso problema". Ele: "Quem manda invadir área de risco?"
Eu disse: "Não temos condições de morar onde o senhor mora. Por isso estamos aqui". Ele perguntou: "De onde você é?". Eu disse: "Do Pará". E ele: "Tá explicado".
Depois o pessoal da prefeitura saiu me empurrando.
Hoje me sinto muito humilhada [chora]. Passo na rua e o pessoal manga de mim.

E quando ele disse "morra"?
Para mim, a vida acabou naquele momento. Eu me senti um nada.

Sobre a moradia, o que ficou definido?
Meu desespero maior era para ter uma casinha. Todo mundo perdeu tudo.
Quando desabou a casa [dos vizinhos, matando três deles], ligamos para os bombeiros, mas eles não apareceram e nós cavamos com a mão para retirar os corpos.
Meu filho tirou uma criança. Meus filhos não dormem.

O que a sra. vai fazer?
Minha vontade é processar por discriminação. Não pediu desculpas. Vou procurar meus direitos.

A cor da gata e a morte do rato

Alexandre Barros para O Estado de S.Paulo

Desculpe, dona Solange, não se ofenda. A gata é a senhora. Mas, lendo o artigo, verá que o título foi por boa causa.

Em 2007 a crise aérea rivalizou com a seleção brasileira: todos tinham opiniões, diagnósticos e estratégias. O ministro da Defesa disse que o caos aéreo seria resolvido. Poucos problemas: recapear as pistas e um novo presidente para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Disse ele que, na aviação civil, a cor da gata era irrelevante. O importante era que ela matasse o rato.

Dona Solange chegou à presidência da Anac e as coisas pareceram começar a funcionar. De colete amarelo ela foi para a frente de batalha. Tudo parecia encaminhado e resolvido. As múltiplas vaidades envolvidas na administração do transporte aéreo civil pareciam engolidas pela decisão, energia e exemplo de dona Solange.

Faltavam duas coisas simples, mas raras: gestão e energia. Dona Solange chegou com ambas. Que pena, a cosmética foi feita, mas não adiantou muito. Filas aumentaram e atrasos também. Culparam os pobres, que começaram a viajar demais.

Minha animação levou um banho de água fria na entrevista que a senhora concedeu a Miriam Leitão no programa Espaço Aberto em 17 de fevereiro de 2011, três anos depois de ter assumido o cargo e já dele saindo.

Sua primeira afirmação, de que não há barreiras para a entrada de novas empresas aéreas no Brasil, me deixou pasmo. Por que será que só temos 7 ou 8 empresas aéreas? Faltam iniciativa e inventividade aos empreendedores brasileiros ou há alguma coisa oculta?

Segundo, a senhora disse que fechou os escritórios da Anac nos aeroportos porque tinham pouca utilidade. Eles eram ocupados por pessoas terceirizadas que pouco entendiam de aviação e a maioria das multas aplicadas às empresas acabava não se sustentando por falta de base legal. Ergo, eram inúteis.

O Brasil e a Líbia

Eliane Cantanhêde (*)

A prioridade brasileira, neste momento, é retirar os brasileiros das áreas de maior risco na Líbia. Sem conseguir permissão do ditador Muammar Gaddafi para que aviões sobrevoem e principalmente pousem no país, o jeito foi recorrer a uma saída por mar.

Um navio de bandeira grega deve chegar entre hoje e amanhã a Benghazi, que fica no Mar Mediterrâneo e é o epicentro da revolta popular, para retirar pelo menos os 123 funcionários da construtora Queiroz Galvão. Há a possibilidade de outros aderirem à fuga. Ao todo, há cerca de 600 brasileiros hoje na Líbia, 400 deles concentrados na capital, Trípoli.

A intenção é que o navio desembarque os brasileiros em Malta, ilha ao sul da Itália, onde a construtora já teria um avião fretado pronto para trazê-los de volta ao Brasil. Agora, é torcer os dedos para a operação dar certo e para que os demais também fiquem a salvo.

Uma segunda preocupação brasileira --e, de resto, de todo o mundo-- é com o preço do petróleo. O do tipo Brent, calculado em Londres, já passa dos US$ 100 o barril, o que se torna ainda mais assustador quando Gaddafi ameaça explodir poços no país e jogar a situação no puro caos.

Com a herança de descaso fiscal deixada por Lula, a necessidade de cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento, a inflação abusada e a tendência de juros altos, tudo o que não se quer é estouro no preço do petróleo e incertezas no cenário externo. Isso só pode ser bom para países exportadores, como a Venezuela de Hugo Chávez --aliás, amigão de Gaddafi.

A boa notícia é que o Brasil é produtor e autossuficiente. Por enquanto, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, dá uma versão tranquilizadora. Diz que a situação é "volátil" e não há razões estruturais para a alta do petróleo internamente.

Por último, o Brasil aderiu ostensivamente à pressão mundial, inclusive no Conselho de Segurança da ONU, para tentar evitar um massacre de grandes proporções na Líbia. Como lembrou o chanceler Antonio Patriota, há uma diferença fundamental entre a revolta no Egito e a de agora na Líbia: no primeiro, o Exército não investiu contra a população civil.

Ao se dizer "líder da Revolução", depois de 42 anos no poder, Gaddafi desafiou os líbios e o mundo ao ameaçar só sair "como mártir". Ninguém, porém, é mártir contra seu próprio povo.

Ele já perdeu apoio popular, cidades inteiras da fronteira com o Egito, qualquer boa vontade internacional. E vê escorrer pelas mãos a lealdade de seus diplomatas e de parte do Exército, cansados de um regime de um homem só.

Olhando de longe, o Brasil já tem uma certeza: é tudo uma questão de tempo. Cumpre-se, assim, a profecia: a revolta que começou na Tunísia, destronou Mubarak no Egito, está encerrando a era Gaddafi na Líbia e tem focos em outros países da região veio para valer. O mundo árabe já não é mais o mesmo.

(*) Jornalista e colunista da Folha, desde 1997