quinta-feira, 26 de junho de 2014

Aprendi tudo errado !

Dr. Tercio Genzini (*) 

Aprendi tudo errado ! 

Há poucos minutos , entre uma consulta e outra , ouvi batedores da polícia militar fechando a Avenida 23 de Maio em São Paulo. Nada mais que 5 pistas fechadas e, como nunca vi antes, nem de madrugada, nos 15 anos que atendo neste consultório, a Avenida 23 de Maio, a mais movimentada de São Paulo estava vazia. 

Fiquei perplexo ,e o paciente seguinte que me perdoe, mas fiquei aguardando na janela, desconfiado e certo que teria uma decepção ..e tive !!! 

Não preciso descrever que o ônibus da seleção brasileira passou , com toda a pista livre pra eles , escoltado por mais de 10 batedores da PM além do helicóptero Águia . 

 Pois é , um ônibus com cerca de 30 milionários a bordo , quase todos morando no exterior , cuja função é jogar futebol , tratados como verdadeiros heróis , de uma forma completamente diferente que qualquer outra profissão possa almejar ! 

Nós médicos somos descartáveis ...tratados como qualquer um pelo nosso governo federal , substituídos por quem nem comprovação que é médico precisa ter !...enfermeiros , paramédicos , bombeiros , policiais e todos que dão a vida pra salvar outras , nem se fale ...são arrochados e massacrados trabalhando sem condições e ganhando uma miséria .... ....professores , ah , coitados dos professores , nem faço comentários a respeito pois precisaria de um lençol para conter as lágrimas .... ....cientistas , engenheiros e outros que fazem crescer nosso país e trazem tecnologias para melhorar nossas vidas , têm , como única esperança , serem contratados por uma multinacional e tratados como estrangeiros .... 

E lá vão eles , triunfantes ..quem ? 
Os jogadores de futebol !!!...
Ah sim , em todos os jornais , revistas , TVs , estarão estampados os heróis de nossa Nação !...

Mas o que eles fazem mesmo ? 

Salvam vidas ? Educam ? Trazem segurança ou saúde ? Criam Leis , lutam por melhores salários ou Desenvolvem tecnologias para melhorar a vida do povo ? 
Não , jogam bola !... 

E pra explicar pra uma criança que é mais importante estudar que jogar bola ?... Realmente, não sei mais ! 

Porque eu ... aprendi tudo errado ! 

(*) É Diretor do Grupo HEPATO - Cirurgia Hepatobiliopancreática e Transplantes de Órgãos na empresa Hospital das Clínicas de Rio Branco, Cirurgia Hepatobiliopancreática e Transplantes de Órgãos Abdominais na empresa Hospital Alemao Oswaldo Cruz e Diretor do Serviço de Hepatologia, Cirurgia Hepatobiliopancreática e Transplantes de Órgãos Abdominais no Hospital Bandeirante

sábado, 21 de junho de 2014

Esse eu ainda vi jogar

Morre Oberdan Cattani, o maior símbolo da Arrancada Heroica do Palmeiras 

ESPN 

Oberdan ao lado de Marcos
O maior símbolo da Arrancada Heroica se foi. Neste dia 20 de junho, Oberdan Cattani, um dos grandes goleiros da história do Palmeiras, morreu, apenas nove dias após completar 95 anos - justamente a data da vitória por 3 a 1 do Brasil sobre a Croácia, na abertura da Copa do Mundo. A família ainda não divulgou a causa da morte, confirmada às 23h15. 

No último mês de abril, Cattani foi internado no Hospital Bandeirantes em decorrência de uma grave lesão coronariana. Ele passou por um cateterismo e recebeu alta uma semana depois. 

A importância histórica de Oberdan seria simbolizada neste mês de junho, quando o Palmeiras inauguraria um busto em homenagem ao ex-goleiro na sede social do clube. Entretanto, pelos problemas de saúde enfrentados pelo lendário atleta nos últimos meses, a família pediu o adiamento do evento. 

O busto do ex-jogador será apenas o quarto no local: Junqueira, Waldemar Fiúme e Ademir da Guia possuem a honraria; o pentacampeão Marcos, também um dos grandes goleiros da história palestrina, será homenageado em novembro deste ano. 

Goleiro ágil e de ótima impulsão, ele era o único vivo a atuar pelo Palestra Itália e Palmeiras. Com ele, o time alviverde conquistou a Copa Rio de 1951, os Campeonatos Paulistas de 1942, 1944, 1947 e 1950 e o Torneio Rio-São Paulo de 1951. 

Cattani ficou notabilizado por agarrar a bola com uma mão e colocá-la de volta ao jogo em velocidade. Ele também atuou pela seleção paulista e brasileira, sendo um dos favoritos a ocupar a meta da equipe nacional na Copa do Mundo de 1950, justamente a primeira sediada no Brasil. 

Ele também participou da vitória por 3 a 1 da equipe sobre o São Paulo, a primeira do time sob a alcunha atual de Palmeiras. A raiz italiana fez o Palestra Itália sofrer forte pressão para mudar o nome na época, em virtude da Segunda Guerra Mundial. 
No gol, Cattani foi fundamental para a estreia vitoriosa e a arrancada que terminou no título paulista de 1942.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

O Mundial de 2014 e a Casa da Mãe Joana

Gil Castello Branco (*) 

No século XIV, a rainha de Nápoles, Joana, após envolver-se em conspiração para a morte do marido, fugiu e foi morar em Avignon, na França. Lá, se instalou em um palácio e passou a mandar e desmandar na cidade, a ponto de regulamentar até os bordéis. A partir daí, cada prostíbulo passou a ser conhecido como “Paço da Mãe Joana”.
No Brasil, a expressão foi alterada para “Casa da Mãe Joana”, sinônimo de lugar ou situação em que predominam o vale-tudo, a balbúrdia e a desorganização. 

Associo a história à Copa. Desde 2007, quando o Brasil foi anunciado como país-sede, venderam-nos gato por lebre. À época, o então ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou: “Os estádios para a Copa serão construídos com dinheiro privado. Não haverá um centavo de dinheiro público.” Na mesma linha, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira disse: “Faço questão absoluta de garantir que será uma Copa em que o poder público nada gastará em atividades desportivas.” O ex-presidente Lula confirmou: “Tudo será bancado pela iniciativa privada.” 

Se fosse verdade, ninguém criticaria as arenas de Manaus, Natal, Cuiabá e Brasília — uma manada de elefantes brancos —, construídas pela iniciativa privada, por sua própria conta e risco. Curiosamente, porém, a maioria dos empresários não se interessou pelos estádios padrão Fifa. A fatura de R$ 8 bilhões, em sua quase totalidade, caiu mesmo no colo da viúva. 

Afirmar que a metade desse valor decorre de financiamentos que serão cobrados com rigor pelos bancos é, no mínimo, uma falácia. Em sete arenas, os próprios governos estaduais assumiram dívidas de R$ 2,3 bilhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Sendo empréstimos contraídos pelos estados, adivinhe, leitor, de onde sairá o dinheiro para quitá-los? 

Outro sofisma é a comparação entre o custo dos estádios em 12 cidades e os gastos integrais em Saúde e Educação, efetuados pela União, pelos estados e por todos os municípios brasileiros, de 2010 a 2013. Com a intenção de tornar irrelevantes os investimentos nas arenas, a presidente Dilma, às vésperas da Copa, apresentou soma de R$ 1,7 trilhão, segundo ela “investida” em Saúde e Educação, incluindo no montante, de forma inadequada, itens de custeio, como vigilância, limpeza, salários, luz e água, entre outros. Na realidade, o custo dos estádios equivale a dois anos de investimentos federais em Saúde ou à instalação de 2.263 escolas. 

Em contrapartida, boa parte das reformas dos aeroportos e do legado de mobilidade ainda está pelo caminho. Para atenuar o caos urbano chegaram a ser previstos R$ 12,4 bilhões. No entanto, cerca de R$ 4 bilhões simplesmente sumiram da Matriz de Responsabilidades, visto que as obras não ficariam prontas a tempo do Mundial. Das que restaram, apenas 43% foram concluídas, segundo o TCU. Dessa forma, chegamos ao Mundial com o ônus dos elefantes brancos e sem o bônus dos legados. 

Até agora, ninguém sabe o custo real da Copa. 
No Portal da Transparência constam R$ 25,6 bilhões, mas o valor — por sinal desatualizado — não inclui, por exemplo, as verbas de publicidade, as estruturas temporárias, os centros de treinamento e os subsídios à entidade presidida por Blatter, bem como às empresas por ela indicadas. Apesar de a Fifa ter obtido receitas de R$ 10 bilhões, o Congresso Nacional concedeu-lhe inédita isenção total de impostos, correspondente a R$ 1,1 bilhão. 
No pacote do perdão estão tributos federais como IRRF, IOF, contribuições sociais, PIS/Pasep, Importação, Cofins Importação, entre outros. 
Como a Fifa diz que não exigiu esse amplo favor, quem foi o mentor dessa caridade com o nosso chapéu? 

Enfim, a Copa 2014 será marcada por falta de planejamento, má gestão, obras inacabadas, excessivas cidades-sede, desperdícios evitados pelo TCU (R$ 700 milhões), denúncia de superfaturamento do “Mané Garrincha” (R$ 431 milhões), arenas entre as mais caras do mundo e repulsa à Fifa, entidade que merece um “chute no traseiro”. 

De qualquer forma, quando 72% da população estão insatisfeitos (Pew Research Center), a Copa é apenas parte do contexto. As manifestações e as vaias são consequência da inflação, da estagnação da economia, da péssima qualidade dos serviços públicos e da corrupção deslavada. É bom lembrar que em 2010, na Copa da África do Sul, o ex-presidente Nelson Mandela foi ovacionado. 

Como o protesto mais eficiente não é nos estádios, mas nas urnas, o dever de casa para hoje será o Brasil vencer o México e avançar rumo à conquista da Copa — a Copa da Mãe Joana. 

(*) É economista e fundador da organização não-governamental Associação Contas Abertas

Desespero, ódio e baixaria

Opinião do Estadão 

No desespero diante da sólida evidência de que a incompetência de Dilma Rousseff está colocando seriamente em risco o projeto de poder do PT, Luiz Inácio Lula da Silva apela para seu recurso retórico predileto: fazer-se de vítima, acusar "eles" - seus adversários políticos - daquilo que o PT pratica, transformando-os em inimigos do povo e sobre eles jogando a responsabilidade por tudo de ruim e de errado que acontece no País. 
Lula decidiu de vez "partir para cima" e deixou claro que até outubro estará se atolando no ambiente em que se sente mais confortável: a baixaria. 

Uma das mais admiráveis figuras do século 20, Nelson Mandela, reconciliou a África do Sul - que saía do abominável regime do apartheid - consigo mesma promovendo pacificamente o entendimento entre a minoria branca opressora e a ampla maioria negra oprimida. 
Lula continua fazendo exatamente o contrário: dividiu os brasileiros entre "nós" e "eles", arrogando-se a tutela sobre os desvalidos, que tem procurado seduzir, transformando-os não em cidadãos, mas em consumidores. Um truque que, como se vê hoje nas ruas, está saindo pela culatra. 

Pois é exatamente o homem que subiu na vida com um punhal entre os dentes, disseminando a divisão em vez da consciência da cidadania como arma de luta contra as injustiças sociais, que agora, acuado pelo desmascaramento da enorme farsa que tem protagonizado, tem a desfaçatez de prognosticar que "a esperança vai vencer o ódio". 

Apesar de alegadamente motivada pela declaração de Aécio Neves, na convenção do PSDB que lançou oficialmente sua candidatura à Presidência da República, de que "um tsunami" vai varrer o PT do poder, foram dois os sinais de alerta que levaram Lula a abrir a caixa de ferramentas: nova queda de sua pupila Dilma nas pesquisas e as vaias e agressões verbais em coro de que ela foi vítima na quinta-feira durante o jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo. 

Quanto às pesquisas, não há muito mais a dizer do que aquilo que elas revelam: uma tendência constante de queda do prestígio e das intenções de voto na candidata do lulopetismo à reeleição. A debandada dos membros mais "pragmáticos" da "base aliada" reforça essa evidência. 

As vaias e xingamentos no Itaquerão, por sua vez, refletem o que têm afirmado, abertamente, muitos líderes oposicionistas e, intramuros, lideranças do próprio PT: 
Dilma e, mais do que ela, o lulopetismo estão colhendo o que semearam.

Nem por isso manifestações como aquelas podem ser endossadas. 
A grosseria não é coisa de gente civilizada.
Um chefe de Estado merece respeito, no mínimo, pelo que representa. 

Mas não há de ser quem sempre, deliberada e calculadamente, se esmerou em atacar e ofender adversários que agora vai assumir posição de superioridade moral para condenar quem manifesta, no calor da multidão, um sentimento espontaneamente compartilhado. 
E também não vale o argumento com que Lula procurou desqualificar os manifestantes do Itaquerão, a eles se referindo como "gente bonita", ou seja, a famigerada elite. 

Afinal, a Copa do Mundo no Brasil, essa vitrine que está expondo o País aos olhos do mundo com efeitos duvidosos, foi apresentada à Nação sete anos atrás como uma fantástica conquista pessoal de Lula, uma dádiva generosa ao povo brasileiro. 

Foi para a "gente bonita" que Lula trouxe esse espetáculo - do qual agora mantém a boa distância e não porque não possa pagar os caríssimos ingressos que, como ele sempre soube, são cobrados pela Fifa. 

A candidata Dilma, por sua vez, recolheu-se. Alegou uma gripe para não comparecer, ao lado do chefe, à convenção do PT que lançou, no domingo, a candidatura petista ao governo de São Paulo. Mas o recato acabou aí. 
Gravou um vídeo em que se refere indiretamente ao episódio do Itaquerão e dá uma magnífico exemplo do tom mistificador que passará a imprimir à campanha eleitoral: 

"(O Brasil) é um país em que mulheres, negros, jovens e crianças, a maioria mais pobre, passaram a ter direitos que sempre foram negados. É isso que vaiam e xingam. É isso que não suportam". 

Os líderes do lulopetismo só estarão a salvo de vaias e constrangimentos se escolherem as multidões que estão sob seu próprio controle.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Não foi só a 'elite branca' que vaiou Dilma, diz Gilberto Carvalho

R7 

Principal interlocutor do Palácio do Planalto com movimentos sociais, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou, nesta quarta-feira (18), que as vaias à presidente Dilma Rousseff no Itaquerão, durante a abertura da Copa do Mundo, não vieram apenas "da elite branca". 

Segundo o ministro, o governo federal vem sendo submetido a uma "pancadaria diária" que resultou na vaia à presidente. 

— Essa pancadaria diária é o que resulta no palavrão para Dilma no Itaquerão. No Itaquerão não tinha só elite branca, não. Fui (ao estádio) e voltei de metrô. Não tinha só elite, não, tinha muito moleque gritando palavrão no metrô — afirmou Carvalho, que participou de uma mesa de debate com blogueiros e ativistas no Palácio do Planalto para discutir o polêmico decreto de participação popular. 

Dentro do Palácio do Planalto, as vaias à presidente no estádio já eram consideradas certas, mas a agressividade verbal de parte da torcida surpreendeu auxiliares diretos da presidente. 

— Essa coisa desceu, (essa coisa) de que nós somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou, na classe média, na elite, e vai descendo, porque não conseguimos fazer contraponto. Esta eleição agora vai ser a mais difícil de todas, porque enfrenta o resultado desse longo processo — disse Carvalho, que defendeu a realização de reuniões mais regulares com movimentos sociais. 

Vergonha 
O presidente licenciado da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah, fez nesta quarta um desagravo à presidente Dilma Rousseff e se disse "envergonhado" pelas ofensas contra ela que vieram das arquibancadas do estádio Itaquerão, durante o jogo de abertura da Copa do Mundo. 

— Me senti muito envergonhado, diminuído, quando em duas oportunidades as pessoas usaram palavras de baixo calão — disse o dirigente sindical — Primeiro é a nossa presidente da República; segundo é a presidente que tem um carinho e amor pelo povo brasileiro. 

Pelo episódio da última semana - quando torcedores que assistiam à vitória do Brasil sobre Croácia por 3 a 1 xingaram a presidente -, Patah ofereceu "o carinho da UGT". 

— Quem é que pensou nos motoboys ? Dilma Rousseff. Quem é que pensou nos comerciários ? Dilma Rousseff. Quem pensa no povo do Brasil? Dilma Rousseff. 

Jogos do Brasil têm 43% de TVs desligadas em SP

Blog Outro Canal de Keila Jimenez 

Os canais pagos e abertos não se cansam de comemorar a audiência em alta na Copa. 
Mas o fato é que há menos televisores ligados em São Paulo durante os jogos da seleção. 

A média de televisores ligados nos dois primeiros jogos do Brasil na Copa da Alemanha, em 2006, foi de 71%. Durante as duas primeiras partidas da seleção no Mundial no Brasil, havia 57% de televisores ligados em São Paulo. O que significa que 43% dos aparelhos de TV na região estavam desligados na hora do jogo. 

Em 2010, na competição na África, os dois primeiros jogos tiveram 60% de aparelhos ligados. E a faixa horária das partidas nas três Copa é quase a mesma.

Onde, então, as pessoas estão vendo os jogos? Em bares, nos celulares, nos tablets? 
Nem o Ibope nem os canais sabem ao certo. 
O fato é que a torcida na poltrona de casa está menor. 

Em oito anos, a Globo perdeu 43% de sua audiência no jogo de estreia da seleção na Copa. Brasil x Croácia, em 2006, marcou 65,7 pontos. Brasil x Croácia, no último dia 12, alcançou 37,5 pontos. 
Cada ponto equivale a 65 mil domicílios na Grande SP. 
Na África, em 2010, o primeiro jogo da seleção registrou 45,2 pontos. 

70 anos de Chico Buarque

Chico Buarque chega aos 70 anos homenageado com shows, livros e filmes 

R7 Entretenimento 

Os 70 anos de vida e os 50 anos de carreira do cantor Chico Buarque serão comemorados com shows e o lançamento de filmes e livros, mas terá no aniversariante a grande ausência, já que ele passará seu aniversário em Paris, onde decidiu se refugiar para terminar de escrever seu próximo romance. 

O músico, conhecido por sua introversão, preferiu fugir da agitação do Brasil durante a Copa do Mundo e ficar dois meses na capital francesa para terminar seu quinto livro. 

Chico quer entregar os originais à editora em setembro para que possa ser lançado ainda este ano como parte das comemorações pelos 70 anos do músico, que tem composições antológicas em parceria com Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Edu Lobo e Caetano Veloso. 

Para que essa ausência não seja tão sentida, vários músicos programaram nesta semana shows que revisitam a obra de Chico Buarque, que incluem suas canções mais intimistas, os sambas e as letras de protesto que compôs durante a ditadura militar. 

O grupo MPB-4 e as cantoras Roberta Sá e Marina de La Riva, por exemplo, farão um show no sábado em homenagem ao cantor no Teatro Castro Alves, em Salvador. 

Também no sábado o cantor Carlos Navas apresentará no Memorial da América Latina de São Paulo o espetáculo Todo Sentimento, que inclui as canções mais emblemáticas do compositor, e a banda Seu Chico, famosa pelas versões dançantes dos clássicos de Chico Buarque, fará show também em São Paulo. 

A Rádio Nacional transmitirá na quinta-feira para todo o país três programas especiais, um pela manhã, dedicado aos sambas do cantor, um à tarde focado em seu papel como ativista político e um noturno sobre as músicas que dedicou às mulheres. 
Entre as músicas que certamente não faltarão nas comemorações estão A Rita, Cotidiano, Samba do Grande Amor, Anos Dourados, João e Maria e Roda Viva, que, segundo um relatório divulgado esta semana pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais (Ecad), são suas composições mais interpretadas entre as 502 registradas no órgão. 

Sua obra também será comemorada este ano com o lançamento do documentário "Chico: Artista e Tempo", em que o diretor Miguel Faria Jr. resume a vida do compositor a partir de várias entrevistas e das imagens dos bastidores da turnê de seu último disco, de 2011. 

Este ano ainda começará a ser filmado pelo diretor Lula Buarque de Hollanda, primo do compositor, o filme Leite Derramado, baseado no último livro lançado por Chico. 
O diretor Cacá Diegues também começará a filmar este ano O Grande Circo Místico, baseado no espetáculo escrito em 1982 (e lançado no ano seguinte) por Chico Buarque e Edu Lobo. 

Já Ruy Guerra pretende fazer uma nova montagem do espetáculo Calabar, o Elogio da Traição, que teve o roteiro escrito a quatro mãos pelo diretor e o artista. Este ano também será levada ao teatro a peça "Apesar de você", escrita por Gustavo Passo inspirado na música de uma das canções mais clássicas de Chico Buarque, uma crítica implícita e impecável à ditadura. Igualmente será encenado este ano o musical, Os Saltimbancos, uma das obras infantis do escritor e compositor. 

Já a gravadora Universal homenageará seu contratado com o relançamento da coleção 
De Todas as Maneiras, que reúne os primeiros 22 discos de Chico Buarque, entre 1966 e 1986. A Universal também colocou esta semana no iTunes todo o catálogo que possui do compositor.

Singela homenagem : Chico e MPB 4 quando tudo começou .... Roda Viva no festival da Record em 1967 ..
https://www.youtube.com/watch?v=3ALZNNUQdYM

O que a ganância política faz

Sede da Copa, Cuiabá tem time ameaçado de extinção e futebol local em crise 

UOL 

A Copa do Mundo é um episódio novo para Cuiabá. Estádio cheio, jogos vistos pelo mundo todo e seleções milionárias em campo, a capital mato-grossense conheceu neste mês o primeiro mundo da bola. E com isso, deixou ainda mais claro o contraste com a realidade local. São apenas três times profissionais na capital mato-grossense, mas o presidente de um está preso e outro corre risco de extinção. 

Quem está preso é Éder Moraes, presidente do Mixto. 
O mandatário da equipe circulou por cargos estratégicos do governo do Mato Grosso durante os últimos 13 anos, mas foi pego em operação da Polícia Federal e responde por quatro crimes, em esquema que desviou pelo menos R$ 500 milhões de cofres públicos. Está no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. 

O pior é que o caso de Éder Moraes respingou no Mixto. 
Grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal flagraram o mandatário negociando cheques de R$ 100 mil com agiotas. Segundo ele, o dinheiro era necessário para bancar salários dos atletas. 

O Mixto, contudo, não é o único clube de Cuiabá que vive fase conturbada. 
O Mato Grosso, fundado em 1948 por uma colônia de torcedores do Palmeiras, foi rebaixado neste ano à segunda divisão do Estadual e não tem certeza sobre a sequência das atividades. 

"Agora, só vamos jogar na segunda divisão do ano que vem. Nem sei o que fazer. Às vezes tentamos ir atrás de patrocinadores, mas eles preferem investir em times de mais nome. Não temos nada a oferecer. Não sei se o Mato Grosso vai continuar", admitiu Ezequiel Rosa Gomes, vice-presidente do clube. 

No início, o Mato Grosso era chamado Palmeiras. O time teve outros períodos de inatividade – o último, mais longo, entre 1998 e 2007 – e já havia sido rebaixado para a segunda divisão estadual em 2010. "Contratamos jogadores que conhecemos e pagamos um salário mínimo. Às vezes, exageramos e pagamos dois salários", contou o dirigente. 

O choque entre a Copa e a realidade do futebol local é grande. O Estadual de 2014 foi patrocinado pela montadora Chevrolet, que deu R$ 15 mil a cada clube (em cinco parcelas de R$ 3 mil). O contrato, que está no último ano de vigência, rendeu mais cinco aportes mensais de R$ 4 mil. 

"Eu tenho R$ 35 mil para fazer um campeonato inteiro aqui. Tive jogo no [estádio] Dutrinha [Eurico Gaspar Dutra] com 60 pessoas e 30 policiais. Só de segurança, ambulância e coisas assim, tinha de pagar R$ 6 mil ou R$ 7 mil para jogar", relatou o vice-presidente do Mato Grosso. 

O time de Rosa Gomes gastou um total de R$ 90 mil para disputar o Campeonato Mato-Grossense de 2014. Sem patrocinadores e com média de 141 pagantes, as receitas da equipe foram limitadas aos R$ 35 mil citados pelo dirigente. Isso mostra o déficit representado pelos torneios locais. 

O Campeonato Mato-Grossense de 2014 teve média de 791 torcedores por jogo, com 456 pagantes por partida. O time que levou mais gente ao estádio foi o Luverdense, que está na segunda divisão do Brasileiro, mas é de Lucas do Rio Verde. Foram 1.501 ingressos vendidos por apresentação da equipe. 

"Nosso futebol não sabe, mas está falido", disparou Rosa Gomes. "A Copa do Mundo, infelizmente, não fez nada para o futebol local. No frigir dos ovos, o que o futebol daqui ganhou? Nada! Absolutamente nada", completou. 

Em 2014, Sorriso e Vila Aurora desistiram de disputar o Campeonato Mato-Grossense por falta de dinheiro. As decisões foram comunicadas em mensagens enviadas à FMFT (Federação Mato-Grossense de Futebol), que suspendeu os dois clubes por dois anos. 

Em Cuiabá, a exceção recente é o Cuiabá Esporte Clube. 
Fundado em 2001 pelo ex-jogador gaúcho, o time foi comprado em 2009 pela Drebor, empresa que trabalha com material para reforma de pneus. A família que detém a companhia comprou uma sede para a equipe e iniciou neste ano uma reforma no espaço, que está sendo preparado para virar também um centro de treinamentos. 
O investimento não é divulgado. 

"Em 2009, quando Cuiabá foi confirmada como sede da Copa, o clube estava paralisado, não tinha patrimônio e tinha algumas dívidas. Ia acabar. Nós vimos essa oportunidade e resolvemos pegar a administração", contou Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá. Atual bicampeã estadual, a equipe disputa neste ano a Série C do Campeonato Brasileiro. 

O que faz do Cuiabá um exemplo diferente no futebol local é a presença de uma empresa que banca as contas. "O clube é deficitário em 95%. Você não tem fontes de receita. Venda de jogador a gente não tem. Bilheteria, por exemplo, a gente só espera que melhore agora, com a Arena [Pantanal]. A gente saiu de uma bicicleta estragada para um BMW e espera que isso melhore muito para todos", afirmou Dresch. 

O Cuiabá já realizou um jogo na Arena Pantanal, contra o Internacional, em duelo válido pela Copa do Brasil. A partida teve 16.363 pagantes, com renda bruta de R$ 900 mil. 
O time do Mato Grosso ficou com a receita líquida, que ficou na casa de R$ 350 mil. 

"Nosso primeiro objetivo é subir para a Série B [do Campeonato Brasileiro]. Essa é a primeira coisa. Enquanto não subirmos, o time vai ser deficitário", admitiu Dresch. 

terça-feira, 17 de junho de 2014

Copa 2014: Lula quer saber sobre corrupção. TCU diz que chance é real

José Cruz (*) 

O ex-presidente Lula da Silva sugeriu que os deputados federais peçam ao TCU (Tribunal de Contas da União) uma investigação para apurar se houve corrupção nas obras para a Copa do Mundo. 
A proposta foi feita ontem, em São Paulo, durante convenção do PT 

Realidade 
O TCU faz o acompanhamento sugerido desde que o Brasil foi escolhido sede da Copa.
E, em vários relatórios, o órgão de fiscalização alertou que há, sim, reais riscos de corrupção.
Em setembro de 2012, o então ministro relator, Valmir Campelo, escreveu o seguinte:

“A julgar pela experiência dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, existe o risco de que a despesa total (nos gastos com a Copa)venha a ser muito superior à inicialmente prevista, principalmente em função de deficiências no planejamento e do consequente atraso na execução das obras, o que pode gerar correria e descontrole nas etapas finais de preparação da Copa.” 

Alerta 
Observem que é o próprio TCU fazendo o alerta para os riscos de corrupção “por falta de planejamento”! 

Portanto, o governo pode se orgulhar: a “Copa das Copas'' deve ser, também, a primeira sem planejamento. O que, convenhamos, não está fazendo qualquer falta, a julgar pelo “sucesso'' que está sendo o bilionário evento. 

Mais: 
No relatório do TCU de setembro de 2012 há um parágrafo que demonstram a fragilidade da preparação do país à Copa da Fifa e, por isso, aberto à corrupção, combatida por Lula da Silva. 

"Além da falta de planejamento, “o agente financiador – BNDES – não dispunha de pessoal qualificado para análise técnica de engenharia dos projetos, o que pode ensejar o risco de aprovação da operação de crédito com base em documentos que não representam de fato o Projeto Executivo da obra.” 

Entenderam? 

Os projetos de financiamentos para os estádios (R$ 400 milhões para cada um) foram aprovados sem parecer de especialistas na área de engenharia. 

Assim como no Pan, de R$ 4 bilhões de gastos aos cofres públicos, de que adiantam, efetivamente, os alertas do TCU? Portanto, a sugestão de Lula da Silva é bobagem. 
Até porque, deputado se envolvendo com fiscalização de verba pública, como ele sugere? 

Bah!

(*) Jornalista cobre, em Brasília, as áreas de política, economia e legislação do esporte. Participou da cobertura de eventos esportivos internacionais nos últimos 20 anos.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O problemão que Lula criou para Dilma

Juca Kfouri (*) 

Ao trazer a Copa do Mundo para o Brasil em 2007, num momento em que o país bombava e tudo dava certo, o ex-presidente Lula não calculou que sete anos depois as coisas poderiam estar diferentes. 

Mais: não se ligou que Copas do Mundo não são para o povão, mas apenas para quem pode pagar caro por um ingresso nos novos estádios erguidos a peso de ouro para recebê-las. 

Eis que a bomba explodiu no colo de sua sucessora, pouco familiarizada com a mal vista cartolagem do futebol. 

Se Dilma Rousseff soube guardar profilática distância de Ricardo Teixeira e, agora, de José Maria Marin (ninguém o viu perto dela ontem) , nem por isso ela evitou a hostilidade da torcida endinheirada que esteve na Arena Corinthians. 

Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático. 

Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo. 

Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro. 

A elite branca tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa. 

Que os próximos governantes aprendam a lição.

(*) é formado em Ciências Sociais pela USP. Desde 2005, é colunista da Folha de S.Paulo e do UOL.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Cargill investe mais US$ 500 milhões no Brasil

Clip News 

 Luiz Pretti
 Depois de investir US$ 1,2 bilhão no Brasil nos últimos cinco anos, US$ 320 milhões dos quais em 2013, a americana Cargill, maior empresa de Agronegócios do mundo, acaba de aprovar um pacote que prevê aportes de mais US$ 500 milhões no país nos próximos dois anos. Os recursos serão destinados sobretudo a projetos na área de logística e para ampliar a Produção de ingredientes de alto valor agregado, mas o segmento sucroalcooleiro também será contemplado. 

"Temos uma agenda bastante positiva no Brasil. O país é um dos cinco maiores investimentos da companhia no mundo", afirmou ao Valor o presidente da subsidiária brasileira do grupo, Luiz Pretti. O grupo, que em 2015 vai comemorar 150 anos, mantém operações diretas no Brasil há 49 anos. "Estamos entregando à matriz tudo o que prometemos". 

Como a empresa já havia sinalizado, a maior parte dos investimentos previstos para entre junho de 2014 e maio de 2016 será em portos. Estão programados cerca de US$ 200 milhões, concentrados na ampliação da capacidade do porto da multinacional em Santarém, no Pará - de 2 milhões para 5 milhões de toneladas por ano, basicamente de Soja -, e na instalação de uma estação de transbordo fluvial em Miritituba, também no Estado, projeto que ainda aguarda a licença ambiental necessária. Paralelamente, há interesse em contar com um terminal no porto de Vila do Conde, próximo a Belém. 

A preocupação dos grandes grupos do Agronegócio que atuam no Brasil com a logística e os grandes investimentos que têm sido realizados para incrementar o escoamento das exportações pela região Norte se justificam. No ano passado, por exemplo, o grande volume de exportações de Soja e milho atravancou os portos do Centro-Sul, gerou filas de caminhões em rodovias e de navios na costa, provocou problemas de Armazenagem no Centro-Oeste e elevou os custos das empresas nas operações de trading. 


No caso da Cargill, o incremento dos custos logísticos foi de 31% em 2013, com reflexos diretos sobre os resultados da subsidiária brasileira. Em balanço publicado em abril, a Cargill Agrícola informou que seu lucro líquido (atribuível aos acionistas controladores) foi de R$ 380,1 milhões, 6,1% menos que em 2012. 
"Mesmo assim, e diante dos problemas logísticos que enfrentamos, foi um resultado robusto", afirmou Pretti. 

A receita líquida cresceu 4,4%, para R$ 24,8 bilhões. Nos nove primeiros meses de seu atual exercício global, encerrados em fevereiro, as vendas da Cargill alcançaram US$ 98,7 bilhões e seu lucro líquido foi de US$ 319 milhões - 21% menor que no mesmo período do ano fiscal anterior, em parte por conta de problemas logísticos enfrentados também nos EUA, por causa de chuvas e nevascas. Nos últimos cinco anos, os investimentos globais da multinacional somaram US$ 15 bilhões. 

Apesar dos gargalos que tumultuaram e encareceram o escoamento - e em 2014 a cheia do rio Madeira, em Rondônia, e a seca da hidrovia Tietê-Paraná, em São Paulo, também atrapalham bastante as operações - a Cargill originou, processou e comercializou 21 milhões de toneladas de produtos no Brasil em 2013, mesmo patamar do ano anterior. 
A empresa é uma das maiores exportadoras de grãos do país. No primeiro quadrimestre de 2014, seus embarques totais, impulsionados por mais uma safra recorde, somaram US$ 1,7 bilhão, 2,2% mais que em igual intervalo do ano passado. 

"Mas, no ano passado, as vendas no mercado doméstico, puxadas por produtos de maior valor agregado, já representaram 25% do nosso faturamento bruto, que alcançou R$ 26 bilhões", realçou Pretti. Daí porque, do pacote de investimentos aprovado para os próximos dois ano, há programados US$ 140 milhões para a ampliação das linhas de ingredientes das fábricas da empresa em Uberlândia (MG) e Castro (PR). A fábrica de processamento de milho de Castro, que começou a operar em novembro depois de aportes da ordem de R$ 500 milhões, foi um dos destaques entre as realizações da empresa em 2013. 

Do montante previsto até maio de 2016 nessa frente, cerca de US$ 40 milhões serão destinados à expansão de 40% na capacidade de Produção de maltodextrina da unidade de Uberlândia. Derivado do milho, o ingrediente é usado em alimentos infantis e isotônicos, entre outros produtos. A fábrica mineira também receberá outros US$ 75 milhões para a ampliação da oferta de ácido cítrico, amidos modificados e ração animal. Castro receberá US$ 25 milhões para a instalação de uma nova linha de amido modificado industrial, voltado à indústria de papel. 

No segmento de açúcar e etanol, cujas lideranças pressionam o governo federal por medida de estímulo ao biocombustível, a Cargill pretende continuar a investir nas joint ventures Cevasa e SJC Bioenergia. Conforme Pretti, serão cerca de US$ 50 milhões nas três usinas envolvidas, que deverão moer 9,5 milhões de toneladas de cana no ano fiscal 2014/15. No ano passado, foi inaugurada a Usina Rio Dourado, a segunda da SJC, parceria com o grupo USJ. 

"Temos uma expectativa grande nesse segmento", disse Pretti ao Valor. Na área de açúcar, a Cargill ainda espera a aprovação das autoridades regulatórias para dar início efetivo às operações da trading que criou em parceria com a Copersucar. Será a maior do mundo no segmento. 

Do ponto de vista estratégico, esse deverá ser o caminho da Cargill no Brasil nas próximas décadas, como foi nos últimos anos: tornar a logística cada vez mais eficiente para garantir um escoamento rentável de produtos agrícolas ao exterior e acompanhar o aumento da demanda por produtos de valor agregado mais elevado, em linha com o crescimento de renda da população. "Até 2050, teremos 9,6 bilhões de pessoas no mundo, 70% em áreas urbanas - comendo melhor e de forma segura e sustentável. Brasil, Argentina e Estados Unidos são fundamentais para garantir essa oferta de alimentos". 

Ao mesmo tempo, a evolução do consumo no Brasil, que tem exigido a ampliação da oferta de ingredientes especiais voltados aos setores de alimentos e bebidas, também tem gerado investimentos em cacau - capacidade da unidade da empresa em Ilhéus (BA) nessa frente foi ampliada em 2013 -, em óleos especiais e gorduras, e em molhos. 
O Brasil é o único dos 67 países nos quais a múlti está presente diretamente onde há negócios com molho de tomate, por exemplo - e, se surgir, uma nova oportunidade de diversificação como essa será aproveitada e poderá elevar o montante de investimentos previsto, conforme Pretti. 

Segundo ele, esses investimentos no Brasil fazem dos últimos - e dos próximos - anos o melhor período da companhia no país, que ganha cada vez mais importância nos negócios globais. Foi inaugurado aqui, há dois anos e meio, o centro de inovação do grupo para a América Latina, que custou US$ 2,5 milhões, e Pretti é o único executivo de um país emergente a participar de um dos dois principais comitês globais da Cargill, o de riscos financeiros - o outro é o de riscos de commodities. 
É do Brasil, ainda, que a Cargill administra a parte financeira de todas as operações na América Latina.