quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Governo quer conceder mais aeroportos à iniciativa privada

IstoÉ Independente 

O ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, anunciou hoje (30) que, em breve, será retomado o processo de concessão de aeroportos brasileiros à iniciativa privada. 
Ele informou que novas concessões só serão anunciadas com a conclusão de um estudo de reestruturação da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), prevista para a próxima semana. 

Após reunião no Rio de Janeiro, no entanto, o ministro disse que o governo planeja conceder aeroportos das regiões Sul, Norte e Nordeste. 

Até o momento, cinco aeroportos que eram administrados pela Infraero foram concedidos à iniciativa privada: 
Guarulhos (em São Paulo), 
Viracopos (na cidade paulista de Campinas), 
Juscelino Kubitschek (em Brasília), 
Galeão (no Rio de Janeiro) e 
Confins (em Belo Horizonte). 

A nossa guerra civil

Revista Exame 

São números que caberiam mais entre as estatísticas de uma guerra. 
O ano de 2012, o último com informações nacionais disponíveis, foi marcado pelo maior índice de homicídios já registrado na história do Brasil. 

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2013, que compila dados das secretarias estaduais da área, aponta que houve um total de 50 000 assassinatos, gerando uma taxa de quase 26 mortos por grupo de 100 000 habitantes, a 16ª mais alta do mundo. 

O Mapa da Violência, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais com dados do Sistema Único de Saúde, traça um cenário ainda mais aterrador: 56 000 mortes em 2012, uma incidência de 29 para cada 100 000 brasileiros. 
No início dos anos 90, a taxa beirava 20, e no começo da década de 80 era inferior a 12. 

Trata-se de um aumento de 150% em 30 anos. Os homicídios até chegaram a cair no início da década passada, mas voltaram a crescer após 2007. A escalada acontece justamente quando indicadores sociais e econômicos sugerem que deveria ter ocorrido o contrário. 
As desigualdades de renda foram reduzidas nos anos 2000, e 40 milhões de pessoas foram incorporadas à classe média. 

A população de 15 a 19 anos, faixa em que ocorre a maioria das mortes violentas, caiu nos anos 2000 pela primeira vez na história. O desemprego nas maiores metrópoles diminuiu de 12,4%, em 2003, para 5,4%, em 2013. Os estudiosos do tema estão coçando a cabeça e se perguntando: que diabo está causando a explosão da violência no Brasil? 

Para começar a entender o problema, é preciso olhar onde ele assume contornos mais dramáticos. Os estados do Norte e do Nordeste do Brasil são os que estão puxando a média nacional para cima. No Rio Grande do Norte, na Bahia e no Maranhão, a taxa de assassinatos cresceu acima de 200% de 2002 a 2012. Pará, Ceará e Amazonas tiveram altas de mais de 150%. 

Enquanto isso, a criminalidade em estados populosos como São Paulo e Rio de Janeiro caiu graças a políticas de segurança pública mais estruturadas. Nos últimos cinco anos, Pernambuco também entrou para esse time, se tornando o único estado nordestino em que a violência caiu. 

Uma hipótese para explicar a diferença na evolução da violência diz respeito à gestão. Essa teoria encontra guarida num relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de abril deste ano. O TCU enviou às secretarias de Segurança Pública de todos os estados perguntas sobre padrões de qualidade na gestão. 

Resposta: na média, as secretarias estão em estágio inicial na avaliação de resultados de suas políticas e desenvolvimento do capital humano. O TCU considera insuficiente a adoção de planos para guiar as ações desses órgãos. 

Metade dos estados afirma não fazer levantamento sobre a necessidade de capacitação dos quadros, quando é fundamental que funcionários se atualizem para manipular dados estatísticos e usar corretamente as tecnologias disponíveis. Agora, um novo relatório está sendo elaborado, em parceria com os Tribunais de Contas estaduais.

Ele envolverá visitas in loco para avaliar se as respostas correspondem à realidade.
A expectativa é que a conclusão seja ainda mais frustrante, visto que o TCU já identificou a tendência de os gestores exagerarem a seu favor ao responder aos questionários. 

Quem é responsável?

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Surpresas

Bellini Tavares de Lima Neto (*) 

Ao que todo indica, instalou-se a cizânia no Brasil. 
O país se dividiu entre norte-nordeste e sul-sudeste e têm surgido inúmeras manifestações sobre o assunto. Alguns são incisivos em suas teses de que realmente isto aqui deveria ser dividido ao meio. Outros se posicionam de forma contrária e tacham de puro preconceito essa grita do sul contra o nordeste e vice-versa. E todos parecem surpresos com isso. 

Pois eu estou realmente surpreso. Mas estou surpreso com a aparente surpresa que tem tomado conta das pessoas. Quem é que não conhece a história do rei que saiu do palácio sem roupa e ninguém se atreveu a reconhecer que ele estava nu, exceto um garotinho, ainda não contaminado pelo vírus da conveniência social, que soltou a frase destinada à consagração: “Mas o rei está nu!” Ora, esse tratamento hostil entre sul e nordeste é tão antigo quanto a própria sociedade brasileira. Da mesma forma que bancos e negros se tratam com hostilidade. E, mais recentemente, entraram na dança os adeptos de preferenciais sexuais pouco ortodoxas. Em quase todos os segmentos sociais deste país existe essa hostilidade. E, talvez até recentemente, um dos grandes pontos dessa efervescência tem sido o futebol. A intolerância é uma marca registrada do comportamento da população brasileira. O brasileiro é cordial até que algo não saia exatamente como deseja. A partir daí, adeus cordialidade. 
Entra em cena a hostilidade. Isso é alguma novidade? 

A disputa entre sul e nordeste existe há décadas, séculos talvez. 
É ainda mais forte que a desavença entre ricos e pobres. As classes pobres brasileiras desenvolveram um tipo bastante característico de raciocínio. Via de regra, elas não querem melhorar e sim, desejam que os ricos sejam punidos. E, de onde será que isso vem? A meu ver isso é o produto exclusivo da manipulação que, sobretudo a classe política, exerce desde sempre. Em toda campanha eleitoral as manifestações são sempre as mesmas. Pessoas que jamais entraram em um restaurante popular são flagradas comendo a “comida deles”. E “nós”, acostumados ao colonialismo cultural, à submissão e à subserviência em troca da sobrevivência, nos mostramos extremamente honrados e felizes. Mas, junto com a falsa proximidade, vem, invariavelmente, o discurso populista de que temos que combater a classe “deles”. Para que não me flagrem comendo caviar, como uma buchada de bode e digo o quanto “eles” são maus e precisam ser punidos. Funciona que é uma beleza. 

Essa forma de manipulação não é nova. Existe há décadas. 
O “Pai dos pobres” não é criação deste século. Vem da primeira metade do século passado. O que acontece é que, de um momento em diante, se tornou institucional. 
Vamos enfatizar essa dicotomia e tirar proveito dela. Vamos incitar com força a rivalidade entre “nós e eles”, mesmo que “nós”, a rigor, não façamos parte dessa categoria de “nós”. E mesmo que “eles” não sejam tão “eles” assim. O que vamos conseguir com isso? 
Os mesmos resultados de sempre, o afago artificial no ego combalido das classes desfavorecidas e sua gratidão subserviente. E assim vamos caminhando com nossos bastões e nossos bordões. 

Da mesma forma que os dirigentes de futebol se valem da rivalidade clubística que eles mesmos desenvolveram e tiram partido ela, a política tem adotado procedimento exatamente igual. Tem destilado o ódio entre as classes e enquanto as classes se digladiam, o grupo fechado se beneficia de tudo. 

Seria muito bom refletir sobre um dado: desde os mais remotos tempos as classes ditas dominantes exerceram um tipo de escravidão sobre imensa parcela da população e a manteve no “status” em que sempre esteve. Ninguém ignora isso. E esse comportamento nos trouxe ao patamar de subdesenvolvimento que atingimos hoje. 
Mas, inverter os lados e criar, agora, uma classe de explorados que vai dar o troco aos exploradores só vai nos manter no mesmo patamar. 
Ou, o que é pior, vai nos afundar ainda mais. 

É óbvio que o Nordeste é uma região mais subdesenvolvida do que o resto do país. 
E manter essa região nessa situação tem servido muito bem aos propósitos de um contingente de pessoas, seja na política, seja no segmento econômico-financeiro. 
O Nordeste não se desenvolve porque não há interesse nisso e nunca houve. 
As secas são tão antigas quanto o próprio país e jamais foram controladas porque nunca houve interesse nisso. Já houve até organismos estatais (SUDENE e SUDAM) com o propósito formal de desenvolver aquelas regiões e, no entanto, só se prestaram à exploração econômica em beneficio de alguns. 

Estimular o litígio entre as regiões só vai fazer com que a situação se prolongue eternamente, situação que interessa rigorosamente apenas e tão somente aos de sempre. Mas, demonstrar essa surpresa de vestais diante de algo que acontece há séculos me parece inteiramente fora de propósito. Esta terra só vai começar a se mover em alguma direção quanto deixarmos de lado esse falso pudor e começarmos a olhar para os nossos pés de pavão, nossas mazelas que são muitas, abandonarmos esse patriotismo hipócrita e de ocasião. A cizânia existe desde sempre e vai continuar existindo enquanto não nos conscientizarmos disso. 

O resto é continuar dando milho aos pombos e pérolas aos porcos. 

(*) Advogado, avô e morador em São Bernardo do Campo (SP)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

“Se Dilma continuar, o Brasil vai virar uma Argentina”

IstoÉ Dinheiro 

Lawrence Pih
Em 1989, o empresário Lawrence Pih, dono do maior moinho de trigo da América Latina, o Moinho Pacífico, surpreendeu seus pares ao declarar voto no então candidato Lula. 
Aos 72 anos, Pih diz que rompeu com o PT após a crise econômica, em 2008, por questões ideológicas. Em entrevista à DINHEIRO, na quarta-feira 1º, em seu escritório, em São Paulo, o empresário chinês se mostrou preocupado com o futuro do País e afirmou que votará na oposição nesta eleição. 

Qual deve ser a prioridade na economia brasileira? 
Tratar com mais cuidado das contas públicas. É preciso apoiar os três pilares da nossa economia, que são o superávit primário, a meritocracia e o câmbio flutuante. 

O sr. acha que, numa eventual reeleição de Dilma, não haveria comprometimento com esse tripé econômico? 
Não. Pelo histórico dos quatro anos, não há indícios de que esses pilares serão abraçados. Temos uma meta de superávit primário de 3,1%, mas, infelizmente, não vai chegar nem a 1%. É errado ter superávit primário deficitário, como vem ocorrendo nos últimos meses. As contas fiscais estão bastante frágeis. 

O sr. teme que o País possa perder o grau de investimento pelas agências de classificação de risco? 
Com certeza. Se continuar assim, perderemos o grau de investimento. Haverá um corte na nota nos próximos seis meses. E daí a coisa complica, porque muitos investidores serão obrigados a vender os títulos da dívida brasileira. 

A inflação está beirando o teto, o PIB cresce pouco e as contas públicas estão deficitárias. Haverá ajustes, independentemente de quem vencer, certo? 
O mercado vai impor os ajustes. E sabemos que, quando o mercado impõe, os custos são sempre maiores. Quando você diz que a inflação está beirando 6,5%, eu contesto isso. 
Eu acho que a inflação real está mais perto de 8% a 9%, pois há um monte de preços represados. Se não tivesse represamento de tarifas de energia, ônibus, combustível, estaria mais perto dos 8%. Não posso aceitar essa tese porque a inflação é artificial. 
Não é controle, é supressão. 

O sr. acha que estamos passando por um processo de “argentinização”? 
Se Dilma continuar, o Brasil vai virar uma Argentina, sem dúvida. E a minha grande preocupação é que, depois da Argentina, sejamos uma Venezuela. 

Uma eventual vitória da oposição, com Aécio ou Marina, seria uma maneira de reverter esse processo? 
Eu diria que, num primeiro momento, estancar. As correções que devem ser feitas são enormes.

Dá para resolver tudo em quatro anos? 
Não conserta tudo, mas dá para começar. É verdade que a crise mundial em 2008 não ajudou a economia, mas, de lá para cá, a intervenção do Estado tem criado uma situação cada vez mais difícil para nós. 

A intervenção estatal excessiva inibe o setor privado? 
Com certeza. Quando as regras não são claras, o governo é pouco previsível e há insegurança jurídica, o capital foge. A partir da segunda metade do mandato do Lula, senti nitidamente um viés ideológico. Por isso, rompi com ele. O Bolsa Família, por exemplo, é importante – e isso é inegável. Resgatou da miséria uma parte importante da população. 
A questão que nunca devemos esquecer é como financiar isso. E como criar portas de saída do programa. 

O papel do BNDES está correto? 
Usar o BNDES, assim como o Banco do Brasil e a Caixa, é um instrumento que o governo tinha para bancar os empréstimos. Entretanto, se for olhar com cuidado, os financiamentos se restringem aos mesmos players, com grande quantidade de recursos concentrados em mãos de poucas empresas. E como é um crédito subsidiado, todo mundo quer, mas nem todo mundo tem acesso. 

É justa a crítica de que o BNDES escolhe os campeões da economia? Primeiramente, como definir o campeão? O critério é técnico ou político? 
Pelo visto, tem um conteúdo político. Não digo em todos os financiamentos, mas em alguns. 

O sr. teme que, se reeleita, Dilma Rousseff não terá coragem para colocar a economia nos trilhos? 
Não é coragem. O problema da Dilma é a ideologia. Ela tem certeza de que o modelo chinês funciona no Brasil. E não funciona. Primeiro, porque o regime na China é autoritário. Não tem Congresso para negociar. Além disso, é uma sociedade cooperativista, não individualista. Aqui, no Brasil, há 3,5 milhões de ações trabalhistas por ano. Lá, na China, isso só é permitido quando o governo autoriza. 

Como estará a economia brasileira em 2018, em caso de reeleição de Dilma? 
Estaremos numa situação muito difícil. Não veremos as reformas de que precisamos, a começar pela reforma política, a tributária, trabalhista e a da previdência. 

Como estará o seu setor daqui a quatro anos? 
Depende do câmbio. As empresas mais cautelosas fazem o hedge, mas, com os juros primários altíssimos, o custo também é altíssimo. Porque o custo é volatilidade mais o custo do dinheiro. E os dois são altos. Quando o câmbio desanda, sou obrigado a repassar os custos quase de forma imediata. Mas, no fundo, o que o empresário quer é previsibilidade. Não importa se o câmbio é R$ 2 ou R$ 4. O que queremos é que ela seja mais previsível. Quando não há regras claras, fica difícil fazer qualquer previsão. 

O sr. já disse que votará na Marina no primeiro turno. E se o Aécio for para o segundo turno com a Dilma? 
Irei apoiá-lo. O Armínio Fraga, que o Aécio já designou como ministro da Fazenda, se eleito, é uma pessoa que tem um sólido conhecimento de economia e fará uma gestão muito boa. O pessoal do PSDB me impressiona muito bem. 

O sr. já esteve alguma vez com a presidenta Dilma Rousseff? 
Não, nunca estive interessado em conversar com ela. E nem o Lula me procurou para saber por que eu mudei de lado. Eles não se preocupam em saber por que deixei de apoiar o PT porque, no íntimo, sabem muito bem. 

Como está o humor dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil? 
Muito negativo. Um monte de colegas está a ponto de retirar o capital daqui. Tanto que o câmbio subiu para R$ 2,48. Daí haverá controle de capital. 

O sr. se considera pessimista com o Brasil? 
Não sou pessimista, sou realista. Se fosse pessimista, não seria empresário. Se fosse pessimista, seria funcionário público.

O que sabe Lula sobre o nazismo?

Blog do Fucs (*)  para revista Época 


É estarrecedor, para usar a palavra preferida pela presidente Dilma Roussef na campanha eleitoral, a comparação dos tucanos com os nazistas, feita ontem por Lula, durante um comício em Recife. No mesmo tom raivoso com que vem destilando suas críticas a Aécio, Lula afirmou, para surpresa e indignação não apenas de seus adversários, mas principalmente dos que viveram os horrores do regime de Hitler, nos anos 1930 e 1940: “De vez em quando, parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da 2ª Guerra Mundial”. 

Num sinal de que perdeu completamente a noção dos limites estabelecidos pelo jogo eleitoral, Lula ainda comparou os líderes do PSDB a Herodes e Dilma, a Jesus: 
“Outro dia eu dizia para eles: vocês são mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo quando ele nasceu, com medo de ele virar o homem que virou. E vocês querem acabar com o PT, com a nossa presidente, querem achincalhar ela, chamar ela de leviana”. 

É inacreditável que um ex-presidente chegue a esse nível de apelação para angariar votos para sua candidata numa eleição que deverá ser decidida voto a voto até o final da apuração. Com a história não se brinca, mesmo que se admita “fazer o diabo para vencer uma eleição”, como chegou a afirmar Dilma no início da campanha. 
Mesmo que se aceitasse que a palavra "leviana" fosse mesmo um xingamento, que até hoje não constava dos dicionários do gênero, e mesmo que Lula tivesse razão sobre a intensidade dos ataques desferidos pela oposição contra Dilma – o que, como se sabe, não é verdade -, isso não justificaria a comparação feita com um dos regimes mais sanguinários e autoritários de toda a história. Nada, absolutamente nada, nas atitudes de Aécio guarda a menor semelhança com a carnificina provocada pelos nazistas em todo o mundo, até porque ele apenas reagiu à tentativa de “desconstrução” de sua candidatura pelo PT – uma estratégia adotada com sucesso no primeiro turno contra a candidata do PSB, Marina Silva, e contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, em eleições passadas. Diante da afirmação estapafúrdia de Lula, talvez seja o caso de perguntar aqui: o que ele sabe sobre o nazismo? 

Exceto pelo estreito contato que mantém com a central de infâmia montada pelo PT contra seus adversários, comandada pelo marqueteiro João “Goebbels”Santana, como afirmou o cineasta Fernando Meirelles, numa referência a Joseph Goebbels, o temido ministro da propaganda nazista, Lula parece saber muito pouco sobre o regime de Hitler. Sua aproximação com o ex-presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fala por si mesma. Numa prova inequívoca de má fé e ignorância histórica, Ahmadinejad, um dos maiores inimigos de Israel, sequer reconhece a ocorrência do Holocausto, como é conhecido o extermínio de seis milhões de judeus por Hitler, na Segunda Guerra Mundial. 

Se Lula se preocupasse mais com as ações de seu próprio partido e de seus aliados, talvez pudesse aprender um pouco mais sobre o regime hitlerista. 
Em vez de acusar os tucanos de agir como nazistas, Lula deveria ter demonstrado um mínimo de indignação quando a blogueira cubana, Yoani Sánchez, foi impedida de dar uma palestra no Brasil pelas milícias fascistas de seus aliados. Mas, como ela critica a falta de liberdade na ilha de seu amigo Fidel Castro, ele preferiu fazer vistas grossas. 

(*) Jornalista desde 1983. Foi editor executivo da Exame, editor chefe da PEGN e repórter da Gazeta Mercantil, do Estadão e da Folha

Lentidão do Congresso Nacional poderá custar caro aos agricultores

Universo Agro 

Congresso Nacional ‘pisa na bola’ com produtores rurais ao deixar de votar medida importante para o setor. 

Ironia do destino ou não, no país com uma das mais elevadas cargas tributárias, os cofres públicos desta vez estão de olho nos principais instrumentos de trabalho dos produtores: os equipamentos agrícolas. E um claro indicativo, vem do Congresso Nacional, que, infelizmente, não votou em tempo hábil a Medida Provisória (MP) 646/2014, que dispõe sobre as normas para circulação de máquinas agrícolas em vias públicas. 

De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, Fetag, embora a MP não atendesse todos os pleitos do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, MSTTR, ela melhorava a situação, pois minimizava os impactos das resoluções do Conselho Nacional de Transito, Contran. 

“Compreendemos a dificuldade de votações no período eleitoral, mas vamos pagar pela ineficácia congressual”, observa Sérgio de Miranda, tesoureiro-geral da Fetag. 

Miranda explica que ainda não se sabe o que vai acontecer, pois havia uma resolução (nº 447, de 25 de julho de 2013) dizendo que o registro de equipamentos agrícolas seria obrigatório a partir de 01 de janeiro de 2015.

Desta forma, se o Congresso tivesse votado e aprovado a MP, os equipamentos fabricados até agosto de 2014 estariam isentos, sendo obrigatório apenas o registro de equipamentos novos, embora a Fetag julgue que estes também deveriam ser isentos. 
“Estamos negociando com Brasília para que este assunto seja incluído em alguma outra MP. Acreditamos que será possível, e vamos batalhar duro para isso”, destaca. 

Para o produtor rural, a não votação da MP é um sinal de descaso do Congresso para com os agricultores. “É muito lamentável”, ressalta Miranda. 

Por enquanto, a Fetag orienta os produtores para que não tomem medidas, apenas aguardem para ver se há possibilidade de reverter a situação. 
“A Contag e as Federações traçarão uma estratégia de atuação para solucionar o problema, pois volta a vigorar as normas do Código Brasileiro de Trânsito e as resoluções do Contran”, alerta o dirigente. 

Quanto ao valor do emplacamento, Miranda comenta que ainda não é possível estimar o valor que ficará, mas que o produtor poderá ter custos adicionais. 
“Além do valor do registro obrigatório, o agricultor poderá ter gastos adicionais com a instalação de itens de segurança nos equipamentos”, destaca.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Falta de Infraestrutura e Logística: inimigo número um do produtor rural

Vanderlei Silva Ataídes (*)  

A agricultura brasileira vem crescendo cada vez mais, e com isso sé tornando um setor de muita importância na economia do país. Mas existem fatores que acabam prejudicando esse crescimento direta e indiretamente, como a falta logística. 
Com esse avanço agrícola, vários estados que antes só tinham o comércio madeireiro e a pecuária como opção-econômica aderiram a essa nova alternativa. 
Um dos grandes exemplos disso é a cidade Paragominas no Sudeste do Pará, que aderiu fortemente a agricultura e vem se destacando como uma nova fronteira agrícola do Brasil. 

Não por acaso, os dados históricos da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) mostram que é a região agregada do MAPITO, da Bahia e do Pará (PAMAPITOBA) onde as culturas agrícolas, em particular a soja, mais cresceram nos últimos dez anos. 
Em conjunto, a soja nesta área de fronteira cresceu 189% entre 2004 e 2014. 
Dentre os estados, o Pará se destaca como o segundo estado de maior crescimento da área agrícola, 260%, sendo superado apenas pelo Piauí que cresceu 320%. 

Ainda assim, toda a área de soja no Pará representa pouco mais de 0,1% da área do estado, demonstrando não ser um fator de pressão de desmatamento no Bioma Amazônia. Conclusão semelhante chegaram os responsáveis pelos levantamentos da chamada Moratória da Soja, encabeçada pela Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove) e Associação Nacional de Exportadores de Cereais (ANEC), ação apoiada por diversas ONGs ambientalistas e clientes europeus. Tudo isso mostra que a agricultura cresce em bases sustentáveis no estado do Pará. 

A Amazônia NÃO fica no Brasil? É isso mesmo, Dilma? I

Instituto Eco Amazônia 

No debate ocorrido na TV Record, Dilma Rousseff (PT) disse que entre as obras de integração do seu governo está a “linha de transmissão que liga a AMAZÔNIA AO BRASIL”. 

É claro que não passa de um ato falho da presidente, mas é um ótimo ponto de partida para algumas reflexões. A verdade é que para muitos brasileiros a Amazônia ainda é algo totalmente exótico: Amazônia lá e nós aqui. Esquecemos que dependemos dos serviços ecossistêmicos da maior floresta tropical do mundo, como a regulação do clima. 

Mas, o consumo final da maior parte dos produtos que geram desmatamento estão nas grandes cidades, como a carne de boi. O consumo consciente desses produtos, como questionar a origem, é uma ótima forma de combatermos o desmatamento. 
Para cuidar, é preciso conhecer: é essa a nossa missão aqui no Instituto Eco Amazônia. 

Também preocupa a possibilidade de, ao invés de deslize, a afirmação da presidente ser um reflexo do que ela realmente pensa. Afinal, este é o governo que defende a construção de centenas de hidroelétricas na Amazônia. 

Será que ao confundir que a Amazônia não é no Brasil, ela deixou escapar que pensa que a Amazônia não "É" o Brasil? 
Ou seja, um pensamento parecido com o "nacional-desenvolvimentismo" da ditadura milhar, que considerava a floresta uma ameaça à integridade nacional? 

Desmatamento aumenta: 
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) da ONG Imazon, detectou que em setembro deste ano houve um aumento do desmatamento de 290% em relação a setembro de 2013. 

Já a degradação florestal, quando não há o desmatamento total, aumentou 3.797%. 
Enquanto isso, o governo adiou mais uma vez a divulgação dos dados oficiais para depois do segundo turno. Por que será?

Lixo, um inimigo invisível

Paulo Terron 

Cada vez mais presente em nossas vidas e, ainda assim, muitas vezes invisível, o lixo é um dos maiores inimigos do mundo contemporâneo. É possível acabar com ele? 

O ritual de colocar o lixo para fora de casa traz uma sensação irreal; a de que a nossa relação com aqueles resíduos termina ali, distante da intimidade dos nossos lares. 
Uma pesquisa do Ibope, há dois anos, apontava o tratamento e acúmulo de lixo como a quarta preocupação do brasileiro sobre o meio ambiente, atrás de desmatamento, poluição da água e aquecimento global. 
"Como na maior parte do Brasil existe coleta de lixo, ele parece ser objeto de um passe de mágica; você o coloca para fora de casa e alguém o leva", explica Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. "O problema vem de um impacto que não é perceptível", completa. 

Para Mattar, a falta de conhecimento sobre os impactos do lixo no meio ambiente ajuda nessa passividade. "Para as pessoas, uma vez que o lixo sai dos domicílios, alguém está cuidando dele. O suposto é que o problema está sendo resolvido. 
Mas o impacto da decomposição nos lixões, que gera enormes quantidades de chorume que entram pela terra e poluem lençóis freáticos, é algo que não é visto. 
É completamente invisível, opaco." 

Em 2013, cada habitante do Brasil produziu em média pouco mais de 1 quilo de lixo ao dia. Esse número - que não considera, por exemplo, dejetos industriais - é parecido com a média de outros países, como Suécia e Estados Unidos. A diferença, entretanto, está no destino desse lixo. 

Resolver a questão pode não ser simples, mas há alguns caminhos para isso. Afinal, a maior parte dos resíduos pode ser reaproveitada, especialmente na compostagem (para orgânicos), reciclagem e até na polêmica queima para geração de energia. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei aprovada em 2010 depois de mais de duas décadas de debate e impasse, é um marco nesse sentido. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O legado da Copa das Copas !!! Parabéns Brasil

Institutos suíço e alemão mostram para o mundo. O quanto o Brasil ficou de joelhos para a Fifa, por causa da Copa mais cara da história. O legado? A conta de R$ 33 bilhões que ficou para os brasileiros pagarem…

Cosme Rímoli (*) 

Foi necessária uma análise de fora. 
Um estudo profundo divulgar ao mundo o que jornalistas brasileiros já haviam denunciado há muito tempo. O Brasil como país perdeu com a Copa do Mundo. 
E a Fifa teve o maior lucro com uma competição da sua história. 
O balanço foi feito pela instituição suíça Solidar em parceria com o alemão Institut Heinrich Boll. 

Dilma Rousseff e Aécio Neves têm sua parcela de culpa. 
Uma por seguir com planejamento absurdo. 
O outro por se calar, não protestar, tentar tirar Minas Gerais desse cenário vexatório.
 Pelo contrário, até brigou pela abertura da Copa em Belo Horizonte. 
Não há anjo entre os presidenciáveis. 

As conclusões deixam ufanistas iludidos com vergonha de se olharem no espelho. 
Com o governo brasileiro bancando a maior parte dos gastos da competição. 
E virando as costas a várias promessas de melhoria na infraestrutura das cidades que foram sedes dos jogos. 
Sem o menor constrangimento, políticos oportunistas se aproveitaram da festa. 
Dois bilhões de reais foram gastos só em uma operação inédita que colocou o Exército e as Forças Especiais nas ruas para ajudar as policias. E a prisão um mês antes do início do Mundial dos principais líderes dos protestos de 2013. 
Só assim, os turistas tiveram direito ao paraíso artificial que virou o país.

"A Copa no Brasil não terá um centavo de dinheiro público. A iniciativa privada bancará o Mundial." 
A promessa de Ricardo Teixeira virou piada. 
A Folha de São Paulo divulgou um estudo destacando que os custos ao governo brasileiro ficaram em R$ 35 bilhões. 
Das 12 arenas construídas só três foram particulares. 
O Itaquerão, a do Internacional e a do Atlético Paranaense. 
As demais foram bancadas pelo governos estaduais e municipais. 
Mesmo nessas particulares, houve incentivo fiscal e condições de empréstimos financeiros especiais. Ou seja, o país perdendo mais dinheiro.

Os 10 maiores lucros e prejuízos do agronegócio em 2013

Revista Exame 


Os maiores lucros : 

1- Souza Cruz - Fumo - Inglesa - Lucro Líquido : USD 700 milhões 
2- BRF - Atacado e comércio exterior - Brasileira - Lucro Líquido: USD 458 milhões 
3- JBS - Carne bovina - Brasileira - Lucro Líquido: USD 363 milhões 
4- Bayer - Adubos e defensivos - Alemã - Lucro Líquido : USD 289 milhões 
5- M. Dias Branco - Óleos e farinhas - Brasileira - Lucro Líquido: USD 213 milhões 
6- Duratex - Madeira e celulose - Brasileira - Lucro Líquido: USD 210 milhões 
7- COAMO - Atacado e comércio exterior - Brasileira - Lucro Líquido : USD 200 milhões 
8- Du Pont - Sementes - Americana - Lucro Líquido: USD 199 milhões 
9- Klabin - Madeira e celulose - Brasileira - Lucro Líquido: 170 milhões 
10- Cargill - Óleos, farinha e conservas - Americana - Lucro Líquido: USD 167 milhões 

Os piores prejuízos: 

1- Marfrig - Carnes bovina - Brasileira - Lucro Líquido: -USD 384 milhões 
2- Fibria - Madeira e celulose - Brasileira - Lucro Líquido: -USD 350 milhões 
3- Biosev - Açúcar e álcool - Francesa - Lucro Líquido: -USD 277 milhões 
4- Agroindústria Santa Joana - Açúcar e álcool - Brasilandesa - Lucro Líquido: -USD 259 milhões 
5- Petrobras Biocombustível - Açúcar e álcool - Estatal - Lucro Líquido: -USD 172 milhões

6- Brenco - Açúcar e álcool - Brasileira - Lucro Líquido - -USD 151 milhões 
7- Eldorado Brasil - Madeira e celulose - Brasileira - Lucro Líquido: -USD 140 milhões
8 - Pedro Afonso Açúcar e Bioenergia - Brasileira - Lucro Líquido: -USD 136 milhões 
9- CODEVASF - Diversos - Estatal - Lucro Líquido : -USD 135 milhões  
10- Frigorifico Minerva - Carne bovina - Brasileira - Lucro Líquido: -USD 131 milhões

Como funciona a “lavagem” de madeira ilegal na Amazônia

Revista Exame 

O governo adiou a divulgação dos novos números do desmatamento na Amazônia para depois das eleições, alimentando suspeitas de que os resultados não são bons. 
Em 2013, segundo os últimos dados, a derrubada de florestas voltou a crescer após uma década em queda. Uma nova denúncia, feita pelo grupo ambientalista Greenpeace, reforça essa ideia. 

Com ajuda de tecnologia de rastreamento por satélite, a ONG revelou um esquema de “lavagem” de madeira ilegal que destrói silenciosamente a floresta no Pará, estado que mais produz e exporta madeira da Amazônia. 

Entre agosto e setembro de 2014, ativistas da organização ambiental viveram perto de Santarém, centro da indústria madeireira da região, e colocaram rastreadores GPS nos caminhões dos madeireiros para monitorar suas atividades. 
O local escolhido é atravessado por rotas de caminhões madeireiros que fazem o trajeto entre as áreas públicas de florestas no oeste do Estado e as serrarias da região. 

Segundo a investigação, durante o dia, os caminhões vazios avançam floresta adentro e, uma vez carregados, viajam durante a noite, quando a fiscalização era menor. 
O trajeto era o mesmo: eles saíam das áreas de extração ilegal até as madeireiras em Santarém e arredores. 

Na investigação, os ativistas identificaram três serrarias que recebem as cargas ilegais. Essas mesmas empresas, de acordo documentos oficiais, recebem madeira de áreas de planos de manejo florestais autorizados. 
O manejo florestal sustentável é a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. 

Porém, análise de imagens de satélite feita pelo Greenpeace mostra que não houve nenhuma atividade madeireira na maioria dessas áreas de manejo autorizado no período, "o que indica que esses planos estão servindo para fornecer créditos e documentação oficial para 'lavar' a madeira ilegal". 

Conforme a denúncia, abastecidas com madeira ilegal, estas serrarias exportam regularmente para a Europa, China, Japão e Estados Unidos – a despeito das leis que proíbem a comercialização de madeira ilegal em alguns desses mercados. 
Enquanto isso, segundo ao ONG, as terras públicas de onde a madeira está sendo roubada apresentam sinais claros de exploração, com madeira estocada em grandes clareiras abertas na mata e diversas estradas ligando esses caminhos. 

De acordo com a coordenadora do Greenpeace Marina Lacorte, a facilidade de “fabricação” de “créditos” de madeira sem lastro permite que toda a exploração ilegal encontre documentação oficial, “pois os sistemas que deveriam impedir a madeira ilegal servem,na maioria das vezes, para lavá-la, dando a aparência de legalidade à uma madeira que pode ter sido extraída de áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação". 

Procurada por EXAME.com, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará (SEMA) informou em nota que a investigação da ONG “mostra que é necessário aperfeiçoar os mecanismos de controle e monitoramento para impedir a extração ilegal de florestas no Pará”. 

Uma das principais medidas para coibir a exploração ilegal de madeira, segundo a Secretaria, é implementar sistemas e mecanismos que permitam rastrear as toras de madeira obtidas a partir da árvores autorizadas pelo órgão ambiental, impedindo que árvores não autorizadas sejam exploradas e comercializadas ilegalmente. 

Na mesma nota, a SEMA diz que um novo sistema de licenciamento e monitoramento de Planos de Manejo Florestais denominado Sisflora II será implantado até o segundo semestre de 2015. Neste novo sistema, o controle das toras de madeiras será feita a partir de “chips”, permitindo rastrear e confirmar a origem da madeira, de forma a coibir que sejam adquiridas pelas empresas do setor florestal madeiras vindas de áreas exploradas ilegalmente.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

País tem só 12% de suas rodovias pavimentadas, diz CNT

IstoÉ Independente 

Embora apenas 12% das rodovias brasileiras sejam pavimentadas, de acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 62,1% dos trechos pesquisados ainda apresentam algum tipo de problema.
Além disso, os pontos críticos na malha rodoviária aumentaram 32% nos últimos quatro anos. 

Os resultados divulgados nesta quinta-feira, 16, mostram que 44,7% da malha pavimentada pesquisada apresentam desgastes e 19,1% têm trincas e remendos. 
Em outros 3,3% existem afundamentos, ondulações e buracos, enquanto em 0,5% a pista está simplesmente destruída. Dos 98.475 quilômetros percorridos pela CNT, somente 32,4% estavam em condições perfeitas de rodagem.

O levantamento abordou quase a metade dos 203.599 quilômetros de rodovias pavimentadas do País. Os trechos asfaltados, porém, representam apenas 12% do mais de 1,691 milhão de quilômetros de estradas brasileiras. 
"É muito pouco para um País que quer crescer. A nossa densidade é muito menor do que a de países como a Argentina e o México. O Brasil precisa melhorar a extensão e a qualidade da sua malha rodoviária", afirmou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista. 

Pontos críticos 
Entre os pontos críticos encontrados estão 28 quedas de barreira, 13 pontes caídas, 100 erosões na pista e 148 buracos grandes. O total de 289 ocorrências críticas em 2014 supera os 250 pontos identificados em 2013 e é 32% superior aos 219 problemas registrados em 2011. "Isso é bastante preocupante porque é um reflexo imediato sobre a segurança das pistas, com relação direta sobre o número de acidentes", completou Batista. 

Com relação à sinalização das pistas, em 39,9% dos trechos rodoviários pesquisados, a pintura das faixas laterais estava desgastada e em 15,9% era simplesmente inexistente. 
No caso da faixa central, havia desgaste em 40,8% da extensão analisada e em 6,8% não havia sequer sinalização. "Na chuva, por exemplo, esse desgaste aumenta muito a insegurança", explicou o diretor da CNT. 

A confederação também identificou falhas graves na ausência de dispositivos de proteção contínua - as chamadas muretas ou guardrails - em 45,9% dos trechos, todos eles com necessidade da estrutura. Em 11,8%, os dispositivos existiam de maneira adequada; em 17,7% estavam presentes apenas e parte do percurso; e nos 24,6% não havia a necessidade da estrutura. Como ponto positivo, as placas de sinalização vertical tiveram bom resultado, estando visíveis - sem obstáculos, como mato - em 82,3% dos trechos avaliados, e legíveis em 88% da extensão pesquisada. 

Quanto à geometria das vias, porém, 49,7% da extensão percorrida pela CNT contam com curvas perigosas sem placas e sem muretas de defesa completas. Apenas 11,5% dos trechos contam com os dois instrumentos de segurança e sinalização. 
Além disso, em 60,1% delas não havia acostamento e 66,9% das pontes e viadutos não contavam com as estruturas de segurança ideais.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aproveitamento da casca do coco

Beneficiamento da casca de coco verde para a produção de fibra e pó 

Embrapa 

Para diminuir o impacto ambiental negativo do caminho do consumo da água-de-coco, a Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu o processo de beneficiamento da casca do coco verde, obtendo-se pó e fibra. 
O pó pode ser usado como ingrediente para a formulação de substratos agrícolas e composto orgânico. 

A fibra pode ser usada como matéria-prima para o artesanato, para a confecção de vasos e placas para o plantio, em substituição ao xaxim, para estofamento de veículos e para fabricação de biomantas, que podem ser usadas na contenção de encostas ou de áreas degradadas e em decoração de interiores. 

O processo de obtenção do pó e da fibra é feito mecanicamente, com a utilização de um conjunto de equipamentos desenvolvidos em parceria com a metalúrgica FORTALMAG. 

A produção de pó e fibra da casca de coco verde é constituída basicamente de três etapas: 
Trituração - a casca é cortada e triturada; 
Prensagem - via compressão mecânica, para extração da umidade e do excesso de sais; Seleção - realizada por uma máquina, para a separação das fibras do pó. 

Processo: Processo agroindustrial 
Ano de Lançamento: 2004 
Onde Encontrar:
Embrapa Agroindústria Tropical Rua Dra. Sara Mesquita, 2270 – Bairro Pici CEP 60511-110 Telefone: (85) 3391-7100 Fax: (85) 3391-7109

Gratinado de salmão

Receita extraída do site receitas.eduguedes.com.br 

Ingredientes: 

Recheio: 
3 colheres (sopa) de azeite de oliva 
1 dente de alho picado 
1 xícara (chá) de alho poró picado 
200 g de salmão defumado em fatias 
1 tomate sem pele e sem sementes picado 
Sal a gosto 
Pimenta-do-reino a gosto 

Creme: 
1 colher (sopa) de manteiga
½ cebola ralada 
2 colheres (sopa) de amido de milho 
1 xícara (chá) de leite 
1 xícara (chá) de creme de leite 
1 xícara (chá) de requeijão 
Sal a gosto 

Demais ingredientes: ½ xícara (chá) de queijo tipo parmesão ralado grosso

Modo de Fazer: 

Recheio:
Em uma panela, aqueça o azeite e refogue o alho e o alho poró. 
Acrescente o salmão, o tomate, refogue e tempere com o sal e a pimenta-do-reino. Reserve. 

Creme: 
Aqueça a manteiga em outra panela e doure a cebola. 
Junte o amido de milho dissolvido no leite, o creme de leite o requeijão, o sal e, mexendo sempre, deixe apurar até que engrosse. 

Montagem:
Em um refratário, coloque uma camada de creme e uma do recheio. 
Repita a seqüência até terminar os ingredientes, finalizando com o creme. 
Salpique o queijo tipo parmesão e leve ao forno médio (180 ºC) pré-aquecido por 10 minutos ou até que fique gratinado.

Um texto antigo, mas sempre atual

15 de Outubro - Dia do Professor

Antenor Pereira Giovannini (*) 

Herói, abnegado, persistente, teimoso, um batalhador, um sonhador ... Enfim são muitos os adjetivos que podemos dar a esse que sem dúvida possui a principal profissão e a mais importante entre todas no mundo: ser professor. 

Ensinar ao próximo para que cada um possa sair em busca do seu caminho, seja ele qual for. 

Professor. Essa classe abandonada em todos os sentidos. 

Salários que obrigam a jornadas em vários lugares, sem tempo de se preparar para suas aulas, sem tempo para se alimentar melhor, sem tempo para viver. 

As escolas, principalmente públicas, a mercê de vândalos e bandidos de todas as espécies. Brigas, ameaças, tráfico de drogas, enfim uma série de delitos que faz com que essa profissão seja vista como profissão-perigo. 

Alguns dias atrás um garoto de 10 anos, por brincadeira ou não, pegou o revólver do pai e atirou nas costas da professora em plena aula. Apavorado pelas conseqüências se matou e a professora, certamente com traumas para o resto da vida, sobreviveu. Uma entre tantas e tantas histórias envolvendo professores e alunos. Outra época. Outra geração. 

Na minha já distante geração, estudar em colégio particular era sinal de mau aluno. 
O bom aluno ia para escola pública. As melhores escolas e os melhores professores se concentravam nas escolas públicas. Muitas perto de casa eram obrigadas a fazer "vestibulinho" para que permitisse acesso a matricula. Havia um grande respeito entre Diretor- professores-aluno e pais de alunos. 

O tempo passou e quando se imaginava que as coisas na área educacional melhorassem, muito ao contrário, pioraram a níveis inimagináveis e que certamente nunca mais conseguirá voltar a ser o que era. Perdeu o respeito, perdeu a identidade. Grande parte por culpa dos políticos que fizeram da Educação um grande pinico, não concedendo as verbas necessárias, não acompanhando a evolução do ensino, obrigando as escolas aprovar alunos semi-analfabetos em troca de votos, e principalmente não concedendo um salário digno para que os professores possa executar sua missão da melhor forma possível. 

Missão. Uma missão que quem tem filho pequeno em período de alfabetização pode avaliar a enorme importância desse personagem. Ao ver a minha pequena Giovana começando a ler seus livros de história, escrevendo todas as palavras sente-se orgulho, porém não há como não reconhecer a importância das professoras que desde o jardim concederam a ela esse caminho de conquistas. 

Senhores Professores de todos os ensinos, de todas as escolas, meus respeitos e apenas posso ficar em pé e aplaudi-los entusiasticamente por tudo que vocês representam na vida de cada cidadão, pobre ou rico, da raça que for, com o objetivo de que cada um possa almejar e alcançar seus objetivos, não há como não reconhecer que através de todos vocês, professores, podemos nos sentir gente, gente de verdade. 

(*) Aposentado e morador em São Paulo (SP) 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O chilique chantagista do PT

Alex Antunes (*) 

O psiquismo petista, nos últimos dias, entrou em um estado de alucinação coletiva. 
É difícil entender, de um ponto de vista de esquerda, que tipo de “estratégia” poderia levar a escolhas políticas e de comunicação tão erradas, numa véspera de eleição tão delicada. 

A ideia de que vivemos num país cindido de cima a baixo (ou, mais exatamente, na linha de fronteira entre o Espírito Santo e a Bahia) sempre foi alimentada pela direita alarmista. É a direita que gosta de teses bisonhas como a da preparação de um “golpe comunista” (exatamente por um governo refém do crescimento do consumo, como o de Dilma?). 

A eleição de Lula, e sua melhor fase no governo, baseou-se exatamente no sentimento contrário. Foi o cacife popular (e populista) de Lula que permitiu estabilizar a economia com ferramentas da ortodoxia de mercado, e iniciar uma distribuição de renda.
Lula sim é que executou uma frase famosa dita pelo então ministro Delfim Netto durante a ditadura, “é preciso que o bolo cresça para depois dividi-lo”. 

Confrontada com a “ameaça” das eleições, Dilma perdeu completamente a mão. 
Eu sei que as principais decisões de campanha são tomadas pelo marqueteiro João Santana (foto), mas todo publicitário sabe que o marketing tem que manter alguma relação com o “produto” (a candidata, o partido) para não soar completamente falso. 

Depois de todas as suposições otimisticamente erradas que fez antes da campanha, Santana sabia que enfrentar Aécio num segundo turno seria uma arapuca. 
Mas não soube como dosar os ataques a Marina Silva para evitar o reempoderamento de Aécio Neves. Aécio que num determinado ponto da campanha do primeiro turno estava totalmente batido, como bem nos lembramos (afinal faz apenas seis semanas). 

sábado, 11 de outubro de 2014

Quem está mais de saco cheio ?

Com a costumeira elegância, Lula diz que está “de saco cheio”. Perguntar não ofende: E NÓS? Diante de um ex-presidento indignado não com o escândalo colossal da Petrobras, que irrigava os cofres de seu partido, mas com a DIVULGAÇÃO da bandalheira? 

Ricardo Setti (*) 

O ex-presidento que um dia, do alto de seu impressionante ego, anunciou que ao deixar o poder iria “ensinar” a FHC como um ex deveria se comportar conseguiu, ao longo dos quase quatro anos em que está fora do Palácio do Planalto, bater todos os recordes de falta de compostura já exibidos por qualquer antecessor. 

Mentiras, ofensas e palavrões tornaram-se, nas falas de Lula, o pão de cada dia.
Nada surpreendente por parte de quem, como presidente da República, não continha o vocabulário de botequim sequer no no gabinete presidencial do Planalto, constrangendo visitantes, de quem contava piadas grosseiras a ministros de Estado, de quem “brincava” com assessores diante de diplomatas e oficiais-generais, com expressões impublicáveis (não deixem de ler o esplêndido livro Viagens com o Presidente, dos jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa, um documento para a história — inclusive da história da baixaria). 

Desta vez, Lula se declara “de saco cheio” sobre o caso Petrobras. 

VEJAM BEM: ele não está cheio ao constatar o tamanho do escândalo, uma roubalheira de muitos milhões de reais que irrigou os cofres eleitorais de partidos da base parlamentar aliada à presidente Dilma Rousseff e a ele próprio. 

Ele não está cheio diante de fatos — que vêm se comprovando — sobre a presença de uma quadrilha dentro da Petrobras formada para cobrar polpudas propinas de empreiteiras que quisessem obtivessem contratos, e em seguida dividir o dinheiro entre pelo menos três partidos que ajudaram a eleger a ele próprio e a Dilma, a começar do partido que fundou, o PT, mas também o PMDB e o PP. 

Ele não está cheio ao constatar a ladroagem, a safadeza, a falta de vergonha na cara, a desfaçatez, a extensão da corrupção enraizada na maior empresa do país. 

Vejam do que ele está cheio: 
“Todo o ano é a mesma coisa. É sempre o mesmo cenário: eles começam a levantar as denúncias, que não precisam ser provadas. É só insinuar que a imprensa já dá destaque. Eu quero dizer para vocês que eu já estou de saco cheio”, disse o “Deus” de Marta Suplicy em discurso em São Paulo. 

CALMA LÁ!!! “Eles”, quem, cara-pálida? 

“Eles começam a levantar denúncias”??? 

Quem está “levantando denúncias” não são “eles” — são dois dos implicados até o pescoço na roubalheira, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. 

Estão assim procedendo mediante acordo de réus colaboradores, previsto em lei — que a imprensa resolveu chamar de “delação premiada” –, para poderem obter redução de penas que podem chegar a 25 anos de cadeia. 

E, ao contrário do que MENTE sem hesitação o ex-presidento, elas precisam, sim, ser provadas. 

ATENÇÃO: não se trata de conversa fiada de dois implicados! NÃO! Costa e Youssef só obterão redução de penas se fornecerem provas do que afirmam. Está em jogo o resto da VIDA de ambos. 

Não são, portanto, “eles” — os adversários políticos do lulopetismo — que estão “levantando” nada. 

São DEPOIMENTOS À POLÍCIA E AO MINISTÉRIO PÚBLICO — com um acordo de colaboração referendado pela JUSTIÇA!!! 
É ISSO que a imprensa está publicando — até veículos que, dissimulada ou claramente, apoiam o PT. 

Lula, com mais essa declaração demagógica e irresponsável, com mais essa investida contra a imprensa, mostra seu cada vez menor apreço à verdade — e deixa claro seu desespero diante do desempenho de sua afilhada no segundo turno da eleição presidencial.

(*) Jornalista é colunista da revista Veja 

A casa caiu

Percival Puggina (*) 

Sabe aqueles vídeos anunciados como contendo "cenas muitos fortes", tipo "tire as crianças de perto"? É com iguais cautelas que se deveriam abrir as matérias referentes às revelações feitas pelos dois mais famosos depoentes das últimas semanas, o doleiro Alberto Youssef e o engenheiro Paulo Roberto Costa. 

Quem se tenha dado ao trabalho de escutar o teor dos depoimentos deste último, disponível no YouTube, ouvirá dele que em três partidos políticos com sólida presença no Governo Federal e no Congresso Nacional se estruturaram organizações criminosas. 
Não que ele assim as qualifique. Não, em seu relato, Paulo Roberto Costa, o "Paulinho" de Lula, simplesmente entrega o serviço, contando, em tom monocórdio, como eram feitos os acertos e a repartição do botim das comissões entre o PT, o PMDB e o PP. 
Não preciso dizer qual dos três ficava com a parte do leão. 

Este escândalo, tudo indica, transforma Marcos Valério em mero pivete e o Mensalão em coisa de amadores. No entorno da Petrobras circula tanto dinheiro quanto petróleo. 
E foi muito fácil aos profissionais da corrupção abastecer desses tanques contas bancárias que saíam - lavadas, passadas e empacotadas - da lavanderia de Youssef. 

Vários anos decorrerão entre os achados de agora e o trânsito em julgado de quaisquer sentenças condenatórias. Isso significa que, muito embora os crimes em questão tenham sido praticados num ambiente político, seus efeitos eleitorais serão jogados para bem depois do pleito que agora se desenrola. Nós, cidadãos, devemos lamentar que seja assim. 

No entanto, se não temos como saber mais sobre os fatos e seus atores, podemos e devemos levar em conta a dança das cadeiras nos tribunais superiores em geral e no Supremo Tribunal Federal em particular. Será certamente ali, outra vez, que serão tomadas as decisões mais relevantes sobre estes casos. 

O STF continuará se renovando e promovendo alterações na composição de seu quorum por aposentadoria dos atuais ministros. E aí se impõe a reflexão que quero trazer ao leitor destas linhas. As últimas indicações do governo petista para o STF têm deixado a desejar. Portanto, ainda que o julgamento definitivo vá ocorrer lá adiante, a continuidade da atual administração federal não atende aos anseios nacionais por justiça e combate à corrupção. É o que a história recente parece deixar bem claro. 

(*) É arquiteto, empresário e escritor . É membro da Academia Rio-Grandense de Letras e titular do site www.puggina.org . Tem uma coluna no jornal Zero Hora 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Que tal dar uma trégua à cretinice?

Bellini Tavares de Lima Neto (*) 

Eu desisti de acompanhar futebol e torcer por qualquer time. Confesso que me dei por vencido. A violência, a truculência, a desonestidade, tudo isso me levou a tirar completamente o futebol da minha vida e dos meus interesses pessoais. 
E sobrevivi muito bem. Até melhor.

Uma das coisas que sempre me indignou nessa atividade foi o papel dos dirigentes dos clubes e de uma parte dos cronistas esportivos. Essa gente, dando uma demonstração inequívoca de irresponsabilidade, nunca hesitou em se valer dos meios de comunicação para incitar a violência entre os torcedores. Inúmeras vezes vi e ouvi comentários desairosos de um dirigente a respeito de outro clube, assim como brincadeiras ofensivas destiladas por jornalistas esportivos. Tudo isso deu uma sensível e significativa contribuição para acirrar os ânimos entre os torcedores e criar um clima de violência verbal e física entre eles. O resultado está por aí, claro, altissonante. 
Vez por outra, se mostra através de mortes. 

Exatamente essa irresponsabilidade, tenho observado há um bom tempo por parte desse partido dito dos trabalhadores e que tem se esmerado em tentar dividir a sociedade entre “nós” e “eles”. E agora, mais recentemente, numa tática de aparente desespero, tem apelado sistematicamente para incentivar uma rivalidade estúpida entre norte e sul do país. 

Sempre existiu uma rivalidade entre paulistas e cariocas, muitas vezes ditada pelo sempre inconveniente futebol. Mas, a rigor, nunca passou disso. No entanto, o partido dito dos trabalhadores tem insistido nessa tecla imbecil e extremamente perigosa de procurar exaltar espécie de luta de classes. Além, é claro, de iludir uma considerável camada da população com vistas à manutenção do poder, o que mais pretendem esses incitadores? Provocar uma secessão no Brasil? 
Será que tem em vista dividir o país em dois, criar dois países distintos? 
Se for isso, que tenham pelo menos a decência que se viu no Reino Unido e proponham um plebiscito. Mas, usar desse artifício para se assegurar uma vitória eleitoral é, no mínimo, indecoroso. E, mais do que isso, é extremamente perigoso. 
O que pretende essa gente? Criar uma guerra civil? 

Ora, senhores, talvez seja pedir demais, mas tentem se lembrar dos mais primários sentidos de decência e abandonem essa tática nazista. 
No Estado de São Paulo há um imenso contingente de nordestinos que nunca foram alvo de violência por parte dos nativos. Isso acontece em toda parte. 

Por favor, discutam suas propostas, se é que as tem, apresentem seus projetos, mostrem o que de fato fizeram até agora, mas não se espelhem no lamentável exemplo dos dirigentes de futebol, pois a briga que daí pode advir corre o risco de ir muito além dos estádios. 
Se nos estádios, o espetáculo já é deprimente, será que ninguém consegue imaginar o que seria no âmbito de todo um país? 

Não há sulistas, nortistas, nordestinos, há brasileiros. 
Da mesma forma que, quem sabe um dia, deixará de haver brancos, negros, mulatos, amarelos, pardos e nos sentiremos satisfeitos em sermos identificados como seres humanos. Isso já pode ser muito. 

(*) Advogado aposentado é morador em São Bernardo do Campo (SP)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Isaac Newton e a economia brasileira

Ricardo Amorim (*) 

Dia 5 de julho de 1687, Isaac Newton publica sua obra prima, Princípios Matemáticos da Filosofia Natural. Descreve as três leis do movimento e redefine a ciência, em especial a Física. O notável é que as três Leis de Newton ajudam a compreender também a economia. 

Primeira Lei do Movimento: um objeto continua em repouso, ou continua a se mover a uma velocidade constante, a menos que seja levado a mudar de estado por alguma força externa. Resumindo, objetos em movimento tendem a continuar em movimento e objetos parados tendem a continuar parados. 

Idem para a economia. Em países que crescem de forma sustentada e ritmo acelerado, a confiança dos empresários e consumidores no futuro é grande, o que os leva a investir e consumir muito, fazendo com que estes países continuem crescendo rapidamente. 
Já em países que, como o Brasil de hoje, crescem pouco ou nada, empresários e consumidores perdem a confiança e pisam no freio. Dilma tem razão quando diz que o pessimismo atrapalha o crescimento, mas esquece de dizer que o pessimismo foi inicialmente causado pelo crescimento pífio anterior. 

Para a economia brasileira voltar a crescer velozmente e sustentar sua expansão, a desconfiança tem de passar. Para que a confiança dos empresários volte, é necessário estimular a produção e não apenas o consumo, como tem acontecido aqui há mais de 10 anos. Como? Reduzindo impostos, burocracia e intervencionismo estatal e aumentando investimentos em infraestrutura, educação e treinamento. Se o próximo governo fizer isso, os investimentos crescerão e, com eles a geração de empregos, a confiança dos consumidores e as compras. 

Segunda Lei de Newton: a mudança de movimento é proporcional à força externa. 
A economia funciona da mesma forma. O desempenho da economia brasileira será diretamente proporcional à força que a impulsionar. Quanto mais significativas as mudanças de política econômica, maior pode ser a recuperação. 

Porém, segundo Newton, força é um vetor que corresponde à massa multiplicada pela aceleração. Em vetores há dois componentes: um de magnitude, outro de direção. 
Com a economia não é diferente. Não importa apenas se as mudanças são significativas, mas se levam à direção certa. Mudanças incoerentes, na melhor das hipóteses, anulam-se e a economia do país não sai do lugar. Na pior, fazem a economia encolher, como aconteceu no Brasil no primeiro semestre. 

Terceira Lei de Newton: para toda ação, há sempre uma reação igual e contrária. Trazendo para nossa realidade, mudanças que são boas para todo o país não são necessariamente boas para todos no país. Os prejudicados farão o que puderem para evitá-las. Corruptos não querem que sequem suas fontes, burocratas não querem leis mais simples, beneficiários de programas de governo, sejam do Bolsa-Família, de quotas educacionais ou de financiamentos subsidiados do BNDES querem sempre mais recursos. 

Desmontar nosso Estado paternalista e ineficiente é um desafio hercúleo. 
Os benefícios de cada mudança são difusos, divididos por todos os brasileiros; as perdas, são concentradas nos atuais beneficiários. Para cada mudança individual, todos ganhariam um pouco, mas poucos perderiam muito. Por isso, quem tem a perder opõe-se com toda força às mudanças. Grandes mudanças, e particularmente as que precisam de aprovação no Congresso, só são possíveis quando um presidente recém eleito toma posse, chancelado pelo apoio de dezenas de milhões de brasileiros. 

Voltar a crescer bem é totalmente possível, mas se o próximo governo não tomar as medidas necessárias já em seus primeiros meses de mandato, teremos de esperar mais quatro anos por outra chance. 

(*) É economista, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews e presidente da Ricam Consultoria. É colunista da Revista IstoÉ