Institutos suíço e alemão mostram para o mundo. O quanto o Brasil ficou de joelhos para a Fifa, por causa da Copa mais cara da história. O legado? A conta de R$ 33 bilhões que ficou para os brasileiros pagarem…
Cosme Rímoli (*)
Foi necessária uma análise de fora.
Um estudo profundo divulgar ao mundo o que jornalistas brasileiros já haviam denunciado há muito tempo. O Brasil como país perdeu com a Copa do Mundo.
E a Fifa teve o maior lucro com uma competição da sua história.
O balanço foi feito pela instituição suíça Solidar em parceria com o alemão Institut Heinrich Boll.
Dilma Rousseff e Aécio Neves têm sua parcela de culpa.
Uma por seguir com planejamento absurdo.
O outro por se calar, não protestar, tentar tirar Minas Gerais desse cenário vexatório.
Pelo contrário, até brigou pela abertura da Copa em Belo Horizonte.
Não há anjo entre os presidenciáveis.
As conclusões deixam ufanistas iludidos com vergonha de se olharem no espelho.
Com o governo brasileiro bancando a maior parte dos gastos da competição.
E virando as costas a várias promessas de melhoria na infraestrutura das cidades que foram sedes dos jogos.
Sem o menor constrangimento, políticos oportunistas se aproveitaram da festa.
Dois bilhões de reais foram gastos só em uma operação inédita que colocou o Exército e as Forças Especiais nas ruas para ajudar as policias. E a prisão um mês antes do início do Mundial dos principais líderes dos protestos de 2013.
Só assim, os turistas tiveram direito ao paraíso artificial que virou o país.
"A Copa no Brasil não terá um centavo de dinheiro público. A iniciativa privada bancará o Mundial."
A promessa de Ricardo Teixeira virou piada.
A Folha de São Paulo divulgou um estudo destacando que os custos ao governo brasileiro ficaram em R$ 35 bilhões.
Das 12 arenas construídas só três foram particulares.
O Itaquerão, a do Internacional e a do Atlético Paranaense.
As demais foram bancadas pelo governos estaduais e municipais.
Mesmo nessas particulares, houve incentivo fiscal e condições de empréstimos financeiros especiais. Ou seja, o país perdendo mais dinheiro.
Foram R$ 8 bilhões de dinheiro público nos estádios.
Bem diferente da garantia de R$ 2,8 bilhões do Ministério do Esporte.
Os institutos alemão e suíço mostram que o custo do assento da Copa do Mundo brasileira também foi o mais caro de todos os tempo: R$ 15,4 mil cada.
Na Copa da África saiu por R$ 8,2 mil.
Na da Alemanha, R$ 8,9 mil. Ou seja, quase o dobro.
A explicação para o superfaturamento? Nenhuma.
As melhorias no país não saíram do campo das promessas.
A modernização dos aeroportos.
O trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro é hilário.
Ficaria pronto em 2012, de qualquer maneira.
Garantiram várias autoridades em 2007, quando o país assegurou a Copa.
Presidente, governador, prefeito, secretário de estado.
Resultado: nada foi feito para unir as cidades mais desenvolvidas do país.
A obra ficou para 2020...
Em Porto Alegre haveria uma linha especial de metrô que deixaria o torcedor na porta dos estádios do Inter e do Grêmio.
Pela rivalidade, o benefícios atingiria também o clube tricolor. Pura utopia.
A ação governamental foi vergonhosa.
Se todas as promessas fossem postas em prática, o custo da Copa chegaria a R$ 70 bilhões. O que seria caótico.
A decisão foi abandonar as obras de infraestrutura.
Realizar apenas o que a Fifa exigia. Mesmo assim conseguiu fazer o Mundial mais caro de todos os tempos.
Somando as da África, Coreia e Japão e Alemanha, o custo ficou abaixo do que foi gasto por aqui.
A Fifa tinha um contrato com direito a multa bilionária.
Caso o Brasil não colocasse em prática o que havia prometido.
Mesmo assim, o governo passou por muitos constrangimentos.
Principalmente nos prazos da entrega dos estádios.
Até hoje membros do COL agradecem aos céus por não ter chovido na abertura da Copa no Itaquerão.
A cobertura não foi colocada com a desculpa que os vidros ficariam verdes com os raios solares. Seria humilhante autoridades do mundo todo presas em suas cadeiras, tomando chuva. Fora todos os atrasos e acessos precários às novas arenas.
Os institutos Solidar e Heinrich Boll resumem o que são, na visão deles, as arenas de Cuiabá, Brasília, Natal e Manaus.
Os quatro elefantes brancos da Copa.
"Estádios super-dimensionados e praticamente inutilizados."
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, já se defendeu dessas obras em cidades onde o futebol local não comporta arenas tão caras.
"Nós queríamos oito arenas. O governo brasileiro pediu 12 para fazer uma realinhamento político."
Ou seja, foi o Brasil que pediu uma dúzia de estádios e seus quatro elefantes brancos de estimação.
A manutenção de cada arena custa em média, R$ 700 mil por ano.
Mais gastos públicos.
A denúncia que governante nenhum gosta de ouvir.
Os institutos suíço e alemão mostra quem mais de 250 mil pessoas foram desalojadas por causa da Copa. E quem milhares até hoje não conseguiram encontrar lugar para morar.
Dos 350 mil vendedores ambulantes no país, só quatro mil tiveram acesso às arenas.
Cai por terra a análise difundida que a Fifa teria lucro de R$ 4 bilhões com o Mundial.
De acordo com os estudos, a entidade de Blatter ganhou entre R$ 10 e R$ 7,5 bilhões. Limpos, sem impostos.
Outra perda de dinheiro para o país.
O resumo do estudo.
As cidades que sediaram os jogos aumentaram sua dívida interna para bancar o evento.
Até em 51% do que gastariam no período de sete anos, tempo em que as obras da Copa foram construídas.
Cidades que não tiveram jogos também gastaram mais de 20% do seu orçamento.
Com atividades relacionadas à Copa.
Ou seja, o Brasil como estado perdeu muito mais do o vergonhoso time de Felipão.
A derrota por 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão não chega perto do prejuízo ao país.
O legado é mentiroso.
A paz que os turistas viveram não mais existe.
A violência voltou ao normal.
O índice de 58 mil mortos assassinados por ano não para de aumentar.
Os governos de Manaus, Brasília e Cuiabá precisam pagar para ter jogos importantes nas suas arenas.
Natal despreza setores do estádio e coloca à venda uma capacidade bem menor.
As autoridades sabem que não irá lotar.
Os gramados das novas arenas já se deterioram porque os responsáveis pelos estádios tentam economizar e não seguem o padrão de tratamento ensinado pela Fifa.
A conta fica com os cidadãos.
Até esta sexta-feira, 17 de outubro, os brasileiros já pagaram um trilhão, 296 bilhões e 285 milhões em impostos neste ano.
Dentro desse quadro, o que são R$ 35 bilhões?
Muita coisa.
Para um país pobre, recordista em desigualdade social.
Onde a maior cidade da América Latina vive o vexame de racionamento de água.
O estudo do Solidar e do Heinrich Boll chocam a Europa.
Mostram o quanto custou a festa de um mês de Copa para os brasileiros.
Mas aqui todos fingem não enxergar.
Que venham as Olimpíadas...
(*) Jornalista e comentarista esportivo . Atua na Record News .
Cosme Rímoli (*)
Foi necessária uma análise de fora.
Um estudo profundo divulgar ao mundo o que jornalistas brasileiros já haviam denunciado há muito tempo. O Brasil como país perdeu com a Copa do Mundo.
E a Fifa teve o maior lucro com uma competição da sua história.
O balanço foi feito pela instituição suíça Solidar em parceria com o alemão Institut Heinrich Boll.
Dilma Rousseff e Aécio Neves têm sua parcela de culpa.
Uma por seguir com planejamento absurdo.
O outro por se calar, não protestar, tentar tirar Minas Gerais desse cenário vexatório.
Pelo contrário, até brigou pela abertura da Copa em Belo Horizonte.
Não há anjo entre os presidenciáveis.
As conclusões deixam ufanistas iludidos com vergonha de se olharem no espelho.
Com o governo brasileiro bancando a maior parte dos gastos da competição.
E virando as costas a várias promessas de melhoria na infraestrutura das cidades que foram sedes dos jogos.
Sem o menor constrangimento, políticos oportunistas se aproveitaram da festa.
Dois bilhões de reais foram gastos só em uma operação inédita que colocou o Exército e as Forças Especiais nas ruas para ajudar as policias. E a prisão um mês antes do início do Mundial dos principais líderes dos protestos de 2013.
Só assim, os turistas tiveram direito ao paraíso artificial que virou o país.
"A Copa no Brasil não terá um centavo de dinheiro público. A iniciativa privada bancará o Mundial."
A promessa de Ricardo Teixeira virou piada.
A Folha de São Paulo divulgou um estudo destacando que os custos ao governo brasileiro ficaram em R$ 35 bilhões.
Das 12 arenas construídas só três foram particulares.
O Itaquerão, a do Internacional e a do Atlético Paranaense.
As demais foram bancadas pelo governos estaduais e municipais.
Mesmo nessas particulares, houve incentivo fiscal e condições de empréstimos financeiros especiais. Ou seja, o país perdendo mais dinheiro.
Foram R$ 8 bilhões de dinheiro público nos estádios.
Bem diferente da garantia de R$ 2,8 bilhões do Ministério do Esporte.
Os institutos alemão e suíço mostram que o custo do assento da Copa do Mundo brasileira também foi o mais caro de todos os tempo: R$ 15,4 mil cada.
Na Copa da África saiu por R$ 8,2 mil.
Na da Alemanha, R$ 8,9 mil. Ou seja, quase o dobro.
A explicação para o superfaturamento? Nenhuma.
As melhorias no país não saíram do campo das promessas.
A modernização dos aeroportos.
O trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro é hilário.
Ficaria pronto em 2012, de qualquer maneira.
Garantiram várias autoridades em 2007, quando o país assegurou a Copa.
Presidente, governador, prefeito, secretário de estado.
Resultado: nada foi feito para unir as cidades mais desenvolvidas do país.
A obra ficou para 2020...
Em Porto Alegre haveria uma linha especial de metrô que deixaria o torcedor na porta dos estádios do Inter e do Grêmio.
Pela rivalidade, o benefícios atingiria também o clube tricolor. Pura utopia.
A ação governamental foi vergonhosa.
Se todas as promessas fossem postas em prática, o custo da Copa chegaria a R$ 70 bilhões. O que seria caótico.
A decisão foi abandonar as obras de infraestrutura.
Realizar apenas o que a Fifa exigia. Mesmo assim conseguiu fazer o Mundial mais caro de todos os tempos.
Somando as da África, Coreia e Japão e Alemanha, o custo ficou abaixo do que foi gasto por aqui.
A Fifa tinha um contrato com direito a multa bilionária.
Caso o Brasil não colocasse em prática o que havia prometido.
Mesmo assim, o governo passou por muitos constrangimentos.
Principalmente nos prazos da entrega dos estádios.
Até hoje membros do COL agradecem aos céus por não ter chovido na abertura da Copa no Itaquerão.
A cobertura não foi colocada com a desculpa que os vidros ficariam verdes com os raios solares. Seria humilhante autoridades do mundo todo presas em suas cadeiras, tomando chuva. Fora todos os atrasos e acessos precários às novas arenas.
Os institutos Solidar e Heinrich Boll resumem o que são, na visão deles, as arenas de Cuiabá, Brasília, Natal e Manaus.
Os quatro elefantes brancos da Copa.
"Estádios super-dimensionados e praticamente inutilizados."
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, já se defendeu dessas obras em cidades onde o futebol local não comporta arenas tão caras.
"Nós queríamos oito arenas. O governo brasileiro pediu 12 para fazer uma realinhamento político."
Ou seja, foi o Brasil que pediu uma dúzia de estádios e seus quatro elefantes brancos de estimação.
A manutenção de cada arena custa em média, R$ 700 mil por ano.
Mais gastos públicos.
A denúncia que governante nenhum gosta de ouvir.
Os institutos suíço e alemão mostra quem mais de 250 mil pessoas foram desalojadas por causa da Copa. E quem milhares até hoje não conseguiram encontrar lugar para morar.
Dos 350 mil vendedores ambulantes no país, só quatro mil tiveram acesso às arenas.
Cai por terra a análise difundida que a Fifa teria lucro de R$ 4 bilhões com o Mundial.
De acordo com os estudos, a entidade de Blatter ganhou entre R$ 10 e R$ 7,5 bilhões. Limpos, sem impostos.
Outra perda de dinheiro para o país.
O resumo do estudo.
As cidades que sediaram os jogos aumentaram sua dívida interna para bancar o evento.
Até em 51% do que gastariam no período de sete anos, tempo em que as obras da Copa foram construídas.
Cidades que não tiveram jogos também gastaram mais de 20% do seu orçamento.
Com atividades relacionadas à Copa.
Ou seja, o Brasil como estado perdeu muito mais do o vergonhoso time de Felipão.
A derrota por 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão não chega perto do prejuízo ao país.
O legado é mentiroso.
A paz que os turistas viveram não mais existe.
A violência voltou ao normal.
O índice de 58 mil mortos assassinados por ano não para de aumentar.
Os governos de Manaus, Brasília e Cuiabá precisam pagar para ter jogos importantes nas suas arenas.
Natal despreza setores do estádio e coloca à venda uma capacidade bem menor.
As autoridades sabem que não irá lotar.
Os gramados das novas arenas já se deterioram porque os responsáveis pelos estádios tentam economizar e não seguem o padrão de tratamento ensinado pela Fifa.
A conta fica com os cidadãos.
Até esta sexta-feira, 17 de outubro, os brasileiros já pagaram um trilhão, 296 bilhões e 285 milhões em impostos neste ano.
Dentro desse quadro, o que são R$ 35 bilhões?
Muita coisa.
Para um país pobre, recordista em desigualdade social.
Onde a maior cidade da América Latina vive o vexame de racionamento de água.
O estudo do Solidar e do Heinrich Boll chocam a Europa.
Mostram o quanto custou a festa de um mês de Copa para os brasileiros.
Mas aqui todos fingem não enxergar.
Que venham as Olimpíadas...
(*) Jornalista e comentarista esportivo . Atua na Record News .
O pior que nada disso é divulgado a exaustão para que as pessoas acordem e vejam o que estão fazendo com o dinheiro público ... triste .,. ótimo e esclarecedor texto
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