segunda-feira, 31 de março de 2014

Blog também é cultura

Causas do Golpe Militar de 1964 

Históriabrasileira.com 

As causas que favoreceram ao golpe militar ocorrido no Brasil no ano de 1964 são um somatório de diversos acontecimentos políticos e sociais ocorridos ao longo da história republicana brasileira. Ainda durante o período imperial, quando Dom Pedro II era quem governava o país, os militares demonstraram sua insatisfação com as condições vividas pelas Forças Armadas Brasileira. 

Com o fim da Guerra do Paraguai os militares se conscientizaram que na América Latina apenas o exército brasileiro permanecia sem prestígio na sociedade e na política. 
A pressão que os militares exerceram foi tão grande que integraram o grupo republicano responsável pela queda do regime monárquico no Brasil, sendo que os dois primeiros presidentes da república recém nascida foram militares. 

Ao longo da República Velha os militares só foram se revoltar novamente na década de 1920 quando organizaram um movimento de contestação política novamente, mas os responsáveis pelo movimento eram pertencentes de um escalão intermediário da hierarquia militar, por esse motivo o acontecimento ficou conhecido como Tenentismo. 

De toda forma, serviu para colocar novamente os militares na cena política nacional e seria um dos fatores republicanos que engrossaria mais tarde a capacidade política dos militares de promoverem um golpe. O governo de Juscelino Kubitschek seria atacado por tentativas de golpe em 1955, mas quem sofreria o impacto maior mesmo seria João Goulart em 1964. 

No final do segundo governo de Getúlio Vargas, que se encerrou por ocasião de seu suicídio em 1954, a situação política brasileira estava muito instável, a crise havia fragmentado os destinos da nação. Os militares formavam o grupo que defendia a entrada do capital estrangeiro no país, quando se deu o processo eleitoral para sucessão de Getúlio Vargas tentaram arquitetar um golpe, que não foi bem sucedido e Juscelino Kubitschek assumiu a presidência. Como seu governo foi bem aceito pela população, teve respaldo suficiente para superar os ataques políticos e chegar ao final do mandato. 

O sucessor de Juscelino Kubitschek é quem causaria problemas no destino político brasileiro. Jânio Quadros foi eleito com grande maioria dos votos, com tamanho apoio popular o então presidente acreditou que o povo estaria do seu lado de toda forma e elaborou um plano para que seus poderes aumentassem. 

O presidente Janio Quadros anunciou sua renúncia pelo rádio em 1961 esperando que a notícia causasse espanto no Congresso e na população, se corresse como o esperado Janio Quadros imaginava que seria procurado para voltar ao poder e não causar instabilidade política e então o ex-presidente aceitaria a proposta de retornar ao cargo somente se lhe fosse dado plenos poderes para governar. 
Entretanto, o plano de Janio Quadros passou longe do esperado, sua renúncia foi aceita e nada foi feito para que voltasse ao poder. 

 O vice de Janio Quadros era João Goulart, político que surgiu durante o segundo governo de Getúlio Vargas e que por isso tinha fortes identificações com o presidente suicida, causando desagrado nos políticos de direito. João Goulart já era encarado como um político de tendências de esquerda e para piorar quando recebeu a notícia da renúncia do presidente estava na China comunista. A direita política tentou de todas as formas fazer com que o vice não assumisse quando retornasse ao Brasil, mas Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, era o governador do Rio Grande do Sul e deu o sustento necessário para que o vice voltasse ao país e assumisse o cargo que agora lhe era de direito. 

Ao assumir a presidência, Jango, como era popularmente chamado, enfrentou sérias oposições. A política de Jango tinha claras influências de esquerda, pretendia fazer reformas de base e especialmente reforma agrária. A solução encontrada pelos opositores para impedir o governo de Jango foi instalar o parlamentarismo no Brasil, deste modo haveria presidente, mas as decisões seriam efetivamente tomadas pelo Primeiro Ministro. 

O parlamentarismo foi aplicado e as decisões do Estado ficaram por conta de três Primeiros Ministros: Tancredo Neves, Francisco de Paula Brochado da Rocha e Hermes Lima. Em 1962 os políticos contrários ao parlamentarismo conseguiram que fosse realizado um plebiscito no qual a população escolhesse entre o presidencialismo e o parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e Jango tentou finalmente governar conciliando suas reformas de base com os interesses conservadores.

Houve então um desarranjo na situação brasileira, a inflação cresceu aceleradamente, as medidas econômicas causaram insatisfação política e a situação só foi piorando.
Estudantes chegaram a organizar movimentos em defesa das ideologias de esquerda, o que só criaria motivos para a perseguição militar mais a frente. 

O presidente João Goulart e seus aliados criaram políticas que só causaram insatisfação nos conservadores de direita. Leonel Brizola criou o “grupo dos onze” para fiscalizar parlamentares e militares e pressionar o Congresso para aprovar as reformas de base. 
As contestações cresceram, a imprensa deu início a uma campanha contra o radicalismo ideológico de Jango, alertando para o caminho escolhido pelo presidente de levar o Brasil para um regime comunista. Estouraram várias revoltas e greves pelas ruas do país, levando Jango a pedir o Estado de Sítio, que foi revogado pelo Congresso. 

O grande estopim que colocaria os militares em cena e determinados a tomar o poder através de um golpe seria o discurso de João Goulart e Leonel Brizola feito no dia 13 de março de 1964 na Central do Brasil, Rio de Janeiro. Nesse, os dois anunciavam as reformas de base, reforma agrária, um novo plebiscito para aprovar uma nova constituição e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. 

Os militares sabiam que o povo apoiaria o projeto e então não perderam tempo, aliaram-se aos políticos da UDN e ao governo norte-americano para deflagrar o golpe. 
A igreja católica iniciou o apoio contra a ameaça da esquerda mobilizando o povo através da Marcha da família com Deus pela Liberdade contra o governo e para dar legitimidade ao golpe militar. 

A queda foi inevitável e os militares permaneceram com o poder no Brasil de 1964 até 1985. 

Fontes: 
http://www.culturabrasil.pro.br/antecedentes.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Causas_do_golpe_militar_de_1964_no_Brasil

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O Golpe Militar de 1964  

Históriabrasileira.com 

O golpe militar ocorrido em 1964 estabeleceu no Brasil uma ditadura militar que permaneceu até 1985. Ao longo dos anos o regime militar foi endurecendo o governo e tornando legalizadas práticas de censura e tortura, por exemplo. Os militares combateram sem piedade qualquer ameaça comunista ou manifestantes contra o governo, marcando a história do Brasil por um período negro de atos autoritários ao extremo. 

A decisão de se dar um golpe político por parte dos militares não foi algo repentino, aconteceu como consequência de uma série de fatos políticos acumulados no período republicano após Getúlio Vargas. Quando este presidente resolveu colocar um fim a sua própria vida a situação política nacional já estava abalada, a vacância do cargo máximo na política brasileira permitiu uma preocupante conjuntura de sucessão presidencial. 

Juscelino Kubitschek foi eleito em pleito eleitoral direto para o governo seguinte, o então presidente desenvolveu um governo que lhe foi possível conquistar o apoio popular, mas por vários momentos os militares esboçaram um golpe de Estado. O sucessor na presidência foi Jânio Quadros, o qual foi eleito com enorme apoio popular, conquistando uma aprovação nas urnas que até então não havia sido vista. 

A vitória imperativa fez com que Jânio Quadros acreditasse em um auto-golpe de Estado. Crendo que o povo o apoiaria sempre, arquitetou um plano de renúncia para voltar ao poder através de um pedido amplo de retorno que só aceitaria se lhe fosse dado poderes absolutos. O plano de renúncia de Jânio Quadros não funcionou e o cargo de presidente acabou ficando disponível para o seu vice, João Goulart. 

João Goulart era um jovem político que havia aparecido na cena política nacional como Ministro do Trabalho do segundo governo de Getúlio Vargas. Jango, como era chamado, tinha claras aproximações com ideologias e políticas de esquerda, o que o fazia ser considerado como uma ameaça. Para piorar, quando Jango recebeu a notícia da renúncia de Jânio Quadros estava em viagem política na China comunista. Os políticos de direita tentaram de várias formas impedir a posse do vice-presidente, mas Brizola, primo de Jango e governador do Rio Grande do Sul, sustentou o retorno e a posse legítima de João Goulart. 

O presidente empossado tentou aplicar uma política de esquerda, foi muito combatido pelos direitistas e criticado como uma ameaça comunista. O estopim necessário para explodir um golpe militar se deu quando Leonel Brizola e João Goulart fizeram um discurso na Central do Brasil, Rio de Janeiro, no dia 13 de março, declarando as reformas de base, lideradas pela reforma agrária. Nos dias seguintes os oposicionistas se organizaram e promoveram seis dias depois a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, o movimento de base religiosa tinha como objetivo envolver o povo no combate ao maléfico comunismo. Assim, a religião, o povo e o interesse norte-americano formavam a sustentação que permitiria o golpe militar.

O golpe começou a tomar forma prática quando no dia 28 de março de 1964 se reuniram em Juiz de Fora, Minas Gerais, os generais Olímpio Mourão Filho e Odílio Denys juntamente com o governador do estado, Magalhães Pinto. A reunião visava estabelecer uma data para início da mobilização militar para tomada do poder, a qual ficou decidida como 4 de abril de 1964. Mas Olímpio Mourão Filho não esperaria até abril para iniciar o golpe, ainda no dia 31 de março tomou uma atitude impulsiva partindo com suas tropas de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro por volta das três horas da manhã. O general Castello Branco ainda tentou segurar o levante ligando para Magalhães Pinto, segundo o militar o movimento ainda era prematuro, entretanto não dava mais para parar. 

Como legalista, ao lado de João Goulart, o general Armando de Moraes Âncora não estava satisfeito, mas quando recebeu a ordem do presidente para prender Castello Branco não a cumpriu. O general Âncora alegou que não queria iniciar uma guerra civil no país e então quando as tropas do governo se encontraram com as dos golpistas se uniram e continuaram a caminhada rumo ao Rio de Janeiro para efetivar o golpe que ocorreu no dia 31 de março de 1964 por volta das dezessete horas. João Goulart, ao se deparar com as tropas, também evitou uma guerra civil abandonando a presidência e se refugiando no Uruguai. 

O Congresso Brasileiro providenciou então as medidas que tornaria legalizado o golpe, o senador Auro Soares de Moura Andrade declarou o cargo de presidente vago alegando que o presidente havia abandonado o Brasil. As eleições presidenciais foram prometidas para 1965, porém não realizadas, os militares passaram a eleger os presidentes indiretamente durante a ditadura que se tornaria mais severa a cada ano. O povo se mostrou confuso com o que estava acontecendo, mas o aparente crescimento econômico fez com que a população se acomodasse. Mais a frente a censura fez com que se calasse. 

O golpe impediria tentativas de implantação de uma política comunista no Brasil, com os anos viriam os Atos Institucionais e o regime que tomara o poder através de um golpe se estabeleceria sobre bases legais, porém autoritárias.


sexta-feira, 28 de março de 2014

Exatamente por isso que futebol morreu para o blogueiro

Entrevista com Paulo André, um dos líderes do Bom Senso FC, e atualmente jogando na China, respondeu por escrito às perguntas do repórter Cosme Rimoli : 

Cosme Rímoli (*)

P- Você era o grande líder do Bom Senso no país. Quem melhor se expressava. Teve proposta para ir jogar na Itália, não foi. Depois acerta com a China, logo depois da invasão de vândalos no Corinthians. Tudo ficou solto e parecendo represália sua pela maneira com que o futebol é conduzido no seu ex-clube, no Brasil… 
R- Eu já havia recebido duas ofertas da Europa e estava pesando os prós e os contras desde dezembro. A paixão pelo Corinthians, a minha história no clube, a qualidade de vida que eu tinha em São Paulo e a luta pelo Bom Senso me faziam ter a certeza de que não seria 50 mil a mais ou 50 mil a menos que me fariam largar tudo e ir embora para outro país. No dia 10 de janeiro entrei na sala do Mano Menezes e expus com transparência o que estava acontecendo. Eu estava com 30 anos, havia tido lesões sérias ao longo da minha carreira e eu precisava de uma posição dele e do clube quanto a prorrogação do meu contrato. Deixei claro que eu não estava ali para pedir aumento. Eu queria estender o contrato para ter estabilidade já que os italianos me ofereciam dois anos e meio de contrato e no Corinthians eu tinha apenas mais onze meses. A renovação ou a saída representavam, provavelmente, meu “último bom contrato” e como eu havia terminado 2013 muito bem, era a hora de fazer isso. Edu Gaspar recebeu meu empresário e pediu uma semana para dar uma resposta. Por confiar demais, esperei até o dia 31 de janeiro, a janela de transferências para a Europa se fechou e consequentemente acabei perdendo o negócio. Então quando surgiu a proposta da China, estava muito claro para mim o que eu deveria fazer. Fui ao clube e pedi para ser liberado. O pior cego é aquele que não ver ver. Simples assim. 

P- Que sentimento domina a sua alma ao saber que só três pessoas foram detidas entre as quase 200 que invadiram o CT do Corinthians? E elas acabam de ser liberadas, com o juiz garantindo que elas só queriam mostrar seu amor ao clube? 
R- Sinceramente… É a porra do Brasil, como diria Renato Russo. A declaração do juiz foi desastrosa, ele não tem ideia do que passamos naquele fatídico dia. Ele está incentivando novas ações como essa. É uma vergonha. A impunidade é o grande mal do nosso país. Essa semana o presidente do Comercial de Ribeirão Preto deu entrevista dizendo que não pagaria seus atletas, seu segurança ameaçou os jogadores com uma arma e nada vai acontecer. Precisa de mais alguma confissão para o cara ser banido do futebol? E ainda veremos mais 3 ou 4 casos de ameaças e agressão a atletas de futebol no Brasil esse ano. Pode escrever. Até o dia em que alguém morrer. Daí aparece um promotor/justiceiro para cuidar do caso. O Brasil é o país do deixa para depois que a gente resolve. Lembre-se de uma coisa: todos os anos quatro times cairão, outros tantos irão jogar muito abaixo das expectativas e apenas um será campeão. Só não assino um papel em branco com essa informação porque quem organiza o campeonato é a CBF e nunca se sabe quantos clubes cairão de verdade. 

P- Por que os treinadores de grandes times e mesmo o Felipão não aderem ao calendário apresentado pelo Bom Senso? 
R- Os treinadores de grandes times aderiram ao Bom Senso. Inclusive participaram do vídeo que o movimento produziu no inicio do ano. Muricy Ramalho, Gilson Kleina, Oswaldo de Oliveira, Vagner Mancini, Renato Gaúcho, Tite e muitos outros apoiaram o movimento publicamente. E agora temos o apoio da Federação dos Treinadores e da Associação dos Executivos de futebol. Ou seja, não é possível que esse tripé que vivencia diariamente o futebol esteja falando besteira e apoiando o lado errado. Eles, historicamente, nunca entraram nesse tipo de discussão e sabemos que não entrariam se não tivessem certeza do que estão defendendo. Mas CBF e as Federações não dão a mínima para isso. 

P- Na proposta apresentada pelo Bom Senso, com até Série E, haverá milhares de jogos entre equipes muito pequenas. Mas que não despertam o menor interesse. Com estádios vazios, como os clubes pagarão esses 12 mil jogadores? 
R- Cosme, o Bom Senso está preparando essa resposta para dar de forma oficial. Então não vou adiantar nada aqui, tudo bem? No começo muita gente considerava o BS um movimento elitista. Mas os clubes grandes não são os grandes massacrados no calendário brasileiro nas últimas décadas? Todos os clubes tem sido massacrados. Uns porque jogam demais e outros porque jogam de menos. Só algumas poucas pessoas continuam ganhando com esse caos ao longo de todo esse tempo. O que não entendo é porque os clubes tem tanto medo de retaliação. Parece que estão se posicionando contra a máfia nos seus tempos áureos. Quando os clubes entenderem que vendem o mesmo produto e que são aliados fora de campo, veremos uma luz no fim do túnel. Não há Grêmio sem Inter ou Inter sem Grêmio. Não há Atlético sem Coritiba ou Coritiba sem Atlético. E assim por diante… 

A Amazônia como esperança e solução

Washington Novaes (*) 

As maiores inundações das últimas décadas em Rondônia, principalmente em Porto Velho, por causa do Rio Madeira e das hidrelétricas nele construídas, segundo muitos especialistas; as enchentes no Acre e o bloqueio de rodovias abertas há décadas; a polêmica sobre deficiências no estudo de impacto ambiental no Rio Madeira - tudo isso trouxe a Amazônia de volta ao centro de discussões, em que se envolveu até a presidente da República. 

Na questão do Rio Madeira, segundo técnicos, o problema da contribuição das hidrelétricas para as enchentes calamitosas se deve a que seu estudo de impacto ambiental (EIA) não levou em consideração os aumentos dos fluxos de água vertida pelos reservatórios, vindos para o Brasil em decorrência do derretimento de gelos nos Andes - fenômeno observado há décadas pelos cientistas da área do clima. Mas a presidente da República criticou a visão dos técnicos.

O debate logo se ampliou para toda a questão de hidrelétricas na Amazônia, já que estão planejadas também usinas para a bacia do Tapajós e para a área do Rio Teles Pires (igualmente criticadas por técnicos e ambientalistas). Em meio a tudo, voltou à cena parecer do Ibama, de 2007, que sugerira se dobrasse a área alagável prevista nos projetos do Madeira e sugerira um EIA-Rima mais abrangente, incluindo a Bolívia. 
Também na Amazônia, a Justiça de Rondônia mandou agora rever os estudos do EIA-Rima de outra usina, Belo Monte. A Fundação Nacional do Índio lembrou (Estado, 19/3) que, das 31 condicionantes estabelecidas para essa usina, 22 estão atrasadas ou não saíram do papel - principalmente as que são de responsabilidade do próprio governo. 

Polêmicas sobre hidrelétricas na Amazônia são antigas. Basta lembrar a que cercou a construção da Usina de Tucuruí, principalmente para fornecer energia mais barata que a do mercado a empresas fabricantes de alumínio, que vieram até de outros países. 
Ou a própria polêmica sobre a Usina de Belo Monte, em que a construtora se recusa agora a assinar termos de compromisso para garantir a execução dos projetos de mitigação de impactos para grupos indígenas. 

Outra discussão é a dos impactos decorrentes dos fluxos de migrantes gerados por projetos como esses - e outros. Agora mesmo, em Porto Velho, um dos problemas está exatamente na ausência de infraestruturas para receber esses fluxos, centenas de milhares de pessoas (que já se fixaram em Porto Velho). Em Tucuruí também foi assim, como já está sendo em Altamira, por causa de Belo Monte. E já ocorrera em projetos de outras áreas, como o Jari. Ao todo, há 366 projetos hidrelétricos em oito países amazônicos, já planejados (soldepandobolivia, 19/3), em implantação ou em operação. 

Usinas não são a única questão na Amazônia. 
Quem se preocupa em quantificar os efeitos das migrações de centenas de milhares de pessoas para áreas beneficiadas por projetos de incentivos fiscais (isenção de impostos) para indústrias? Que ocorreu em Manaus, por exemplo, onde, por causa da poluição, grande parte da população que migrou tem de consumir apenas água subterrânea, embora a cidade seja cercada por rios do porte do Solimões e do Negro. 
E em Belém, onde apenas 8% da população dispõe de coleta de esgotos e estes são despejados nos rios. 

Mas nada demove os planejadores oficiais. 
Não anunciou a própria presidente o lançamento de edital para a implantação da Hidrovia Tocantins-Araguaia, que começará pelo derrocamento (remoção de pedras submersas) do Pedral do Lourenço, com a construção de um canal de calado mínimo de 3 metros e largura de 145 a 160 metros no Tocantins (Agência Brasil, 21/3)? 

Projeto semelhante tem sido defendido para um canal no Rio Araguaia, mais extenso que o Canal do Panamá, para assegurar um leito navegável, já que o rio recebe resíduos de erosões que mudam o leito navegável de lugar de ano para ano (milhões de metros cúbicos anuais, já medidos por hidrólogos da Universidade Federal de Goiás). 

Nas duas obras, quem pagará? Que fará para remover os resíduos conduzidos pelo rio e os o que forem retirados na implantação? E não é para finalidades como as da hidrovia que se está acabando de implantar a Ferrovia Norte-Sul? 

O Brasil precisa de uma estratégia para a Amazônia, que deixe de considerar a floresta ou os povos que a habitam como "obstáculos" ao progresso. 
A floresta é um dos habitats da biodiversidade brasileira (pelo menos 15% da planetária), fonte de novos medicamentos, novos alimentos, novos materiais que substituirão os que se esgotarem. E vários estudos mostram que áreas indígenas são o melhor caminho para a conservação dessa biodiversidade, mais eficiente até que parques e áreas de proteção legalizados. 

A Floresta Amazônica é também essencial para a parte brasileira (12%) da água superficial no planeta - alto privilégio. E para o clima. O mundo continua a perder áreas florestais -15,5 milhões de hectares por ano, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, em 21/3). Mesmo aqui, embora tenha diminuído bastante o desmatamento, há lugares (Mato Grosso, principalmente) e períodos em que ele recrudesce. 

Também não se pode postergar mais a preparação de projetos competentes para a área do clima. O Ministério do Meio Ambiente tem dito que não consegue aplicar R$ 90 milhões com essa destinação, que poderiam ir para convênios com Estados e municípios, que não os fazem. Os graves problemas do clima que estamos enfrentando podem repetir-se. 

Não podemos fazer da Amazônia um problema - ela deve ser uma solução. 
Nem podemos perder a esperança. Há uns 20 anos o autor destas linhas perguntou a uma jovem nordestina, que carregava um recém-nascido no colo e migrara para a última fronteira da penetração em Rondônia, se ela e o marido tinham esperança de enriquecer ali. E ela, serena, respondeu: "Nós já semo rico de esperança". 

(*) É jornalista. E-mail: wlrnovaes@uol.com.br.

"Escola de qualidade para todos acabará com necessidade de cotas" diz senador

Agência Senado 

Cotas raciais para ingresso na universidade e em concurso público, apesar de importantes para inclusão dos negros, privilegiam aqueles que já concluíram o ensino médio e representam “um jeitinho” para escurecer a cor da elite brasileira, na opinião do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). 

Para o parlamentar, o desafio do Brasil é fazer com que todos os jovens concluam o ensino médio com qualidade.

– Gostaria de ver todos que lutam por cotas para negros no serviço público e nas universidades lutando por uma cota de 100% de jovens concluindo o ensino médio com qualidade – disse, ao comentar aprovação, pela Câmara dos Deputados, de projeto que reserva para negros 20% de vagas em concursos públicos. 

Conforme Cristovam, o Brasil enfrenta o constrangimento de ser um país de muitas raças e ter uma elite branca.

– Esse embranquecimento da elite de um povo que não é branco é uma vergonha nacional. Não termos um embaixador negro é uma vergonha! Não temos juízes negros e médicos negros na quantidade que deveríamos ter – frisou. 

Cristovam disse que as cotas nas universidades e no serviço público ajudam o país a ter mais negros como juízes, procuradores, médicos e outras profissões que exigem ensino superior. No entanto, reafirmou que o desafio é zerar o analfabetismo entre o povo negro e oferecer escola igual para todos os brasileiros, desde a primeira série do ensino fundamental. 

Ainda em seu pronunciamento nesta sexta-feira (28), Cristovam defendeu a instalação da CPI da Petrobras. Na avaliação do senador, a CPI não será contra a estatal, mas em sua defesa, para alertar os governantes sobre erros que devem ser corrigidos. 

Mas será que isso será algum "pobrema" amanhã?

Alunos não sabem nem o básico em Português

Estadão 

Quase quatro em cada dez alunos chegaram ao fim do ensino médio na rede estadual de São Paulo sabendo menos do que o básico em Português. No 9.º ano, essa proporção é de três em cada dez. Como o Estado revelou nesta quinta-feira, 27, a qualidade da educação caiu no ensino médio e ficou estagnada no fim do fundamental, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). 

Os níveis de proficiência são organizados a partir da pontuação dos alunos nas provas de Português e Matemática no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). São quatro níveis: abaixo do básico, básico, adequado e avançado. 
A Secretaria de Estado da Educação considera como suficiente o desempenho dos alunos que fiquem entre os níveis básico e avançado. A pasta não informou, no entanto, as médias alcançadas pela rede nas duas provas - não é possível saber se houve piora nas duas avaliações. 

A proporção de alunos que ficaram no pior nível de proficiência (abaixo do básico) aumentou tanto no ciclo 2 do fundamental (6.º ao 9.º ano) quanto no médio entre 2013 e 2012. No fundamental, 30% ficaram no patamar, ante 28,5% no ano anterior. São alunos incapazes, por exemplo, de organizar, em sequência, os episódios principais do enredo, em conto e fábula. 

Já no ensino médio, 39,6% estão nesse nível mais baixo, ante 34,4% em 2012. 
Com esse desempenho, um aluno do 3.º ano não consegue, por exemplo, distinguir um fato da opinião sobre esse mesmo fato em um artigo opinativo. 

Em Matemática, a proporção de alunos no nível mais baixo caiu nos anos finais do fundamental (de 36,6%, em 2012, para 36,5% em 2013) e no médio (de 55,8% para 55%). Isso significa que esses alunos não conseguem identificar o raio de uma circunferência, por exemplo. 

O Idesp é calculado a partir dos resultados do Saresp e do fluxo (reprovação e abandono). Cada escola tem seu próprio índice, a partir do qual é mensurada a taxa da rede. 
Como o Estado revelou ontem, o ensino médio caiu de 1,91 para 1,83 e o ciclo final do fundamental ficou estagnado em 2,50 entre 2012 e 2013. As metas para 2030 são de 5 e 6, respectivamente. 

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentou ontem o Idesp da rede. "O ensino médio é uma dificuldade no mundo todo", afirmou ele. 

Comemoração. 
Alckmin comemorou o desempenho da rede nos anos iniciais (1.ª a 5.ª série).
"É o melhor índice de toda a série histórica", disse. A etapa vem em ritmo de melhora e cresceu de 4,28 para 4,42 - a meta é de 7, também até 2030. 

Segundo dados da Secretaria, 16,1% dos alunos do 5.º ano estão nos níveis abaixo do básico em Português (esse porcentual era de 18,1% em 2012). 
Em Matemática, o índice é de 26,1% no nível mais baixo (em 2012 era de 27,9%).
A partir deste ano, a pasta divulgou dados de avaliação no 2º ano, em que 94,6% dos alunos estão entre os níveis básico e avançado em Português - o que representa, segundo o governo, que sabem ler e escrever.

A única coisa com que o cone se preocupa

São Paulo terá 40% mais radares para fiscalização a partir de abril 

Folha de São Paulo 

Após recorde no número de multas de trânsito, São Paulo terá um aumento de 40% na quantidade de radares espalhados pela cidade a partir de abril. 
O número de equipamentos vai passar de 601 para 843. A instalação dos novos aparelhos começa no mês que vem e pode levar até um ano, mas a intenção da gestão Fernando Haddad (PT) é concluir o trabalho antes. 

Aparelhos antigos serão aposentados e no lugar deles serão instalados radares mais modernos, capazes de ler placas e fiscalizar diversos tipos de infração de uma vez, como excesso de velocidade, circulação em dia de rodízio e invasão à faixa de ônibus. 

Quatro consórcios venceram licitação para manter os equipamentos por cinco anos, ao custo de R$ 529,7 milhões –em média, cada um custará R$ 10,5 mil por mês. 

No ano passado a arrecadação da prefeitura com multas de trânsito atingiu R$ 850,5 milhões. A estimativa é que neste ano o valor suba para R$ 1,2 bilhão. 

Os endereços onde ficarão os novos radares não foram divulgados, mas a prioridade será de vias com faixas exclusivas de ônibus e avenidas da periferia que hoje não têm fiscalização eletrônica. 
Os novos aparelhos também devem ser usados na fiscalização dos 371 km de vias incluídas na ampliação do rodízio. Ontem, o secretário Jilmar Tatto (PT) informou que não há data para o início da restrição. A previsão inicial era para abril. 

MODELOS DE RADAR QUE SERÃO INSTALADOS 

Grupo A: 
404 equipamentos vão fiscalizar infrações como excesso de velocidade, desrespeito ao rodízio, invasão à faixa/corredor de ônibus e situação irregular (suspeita de furto/roubo, falta de licenciamento ou inspeção) 

Grupo B: 
168 equipamentos - instalados em cruzamentos com semáforo, vão fiscalizar as infrações do grupo A (menos as faixas exclusivas) e mais avanço de sinal vermelho, desrespeito à faixa de pedestres e conversão proibida 

Grupo C: 
80 equipamentos - instalados em viadutos, pontes ou pórticos, com tecnologia que dispensa sensores no asfalto, para fiscalizar as mesmas infrações do grupo A 

Barreira eletrônica: 
171 equipamentos - vão fiscalizar as mesmas infrações do grupo A (menos as faixas exclusivas) 

Todos esses equipamentos terão leitura automática de placas e vão fornecer dados de tráfego para a CET Radar estático: 20 equipamentos móveis, montados nas laterais das pistas, para fiscalizar excesso de velocidade, rodízio e invasão à faixa/corredor de ônibus 

quinta-feira, 27 de março de 2014

O fim da ilusão de uma eleição fácil

João Bosco Rabello (*) 

A crise da Petrobrás, já com CPI encaminhada, e a queda significativa de 43% para 36% na aprovação de governo, confirmam a avaliação, mais de uma vez feita neste espaço, de que a reeleição não será uma cruzada fácil para a presidente Dilma Rousseff. 

Mais que difícil, é empreitada de risco que o governo negligenciou ao interpretar a aparente indiferença do eleitor com a sucessão de notícias negativas, como um sinal irreversível de vitória antecipada. A ponto de começar a acreditar que poderia mesmo vencer no primeiro turno. 

A atitude de vencedor faz parte da alegoria eleitoral, mas apenas isso.
Levá-la a sério a ponto de descuidar do exercício político e da gestão, como ficou patente na condução do movimento rebelde de sua base e no intervencionismo explícito no setor elétrico, podem ter condenado o governo a uma eleição das mais duras. 

A falta de empolgação do eleitor, que parecia alheio às críticas e denúncias – algumas gravíssimas – da oposição, produziu um efeito hipnótico no governo que passou a se sentir blindado, à prova de bala, com a presidente dando as cartas, indiferente a tudo e a todos, numa gestão personalista, como se ainda estivesse no topo das pesquisas. 

Foi uma ilusão causada pelo debate eleitoral antecipado, como arrisca o cientista político Leonardo Barreto, colaborador do Broadcast Político. 
O debate começou mais cedo, de maneira informal, e parecia não sensibilizar a população, que não pôs a eleição ainda na pauta. 

Mas as narrativas dos candidatos, centradas na desconstrução da imagem de gestora da presidente Dilma Rousseff, parecem começar a fazer efeito, embaladas pela sucessão de fatos negativos – dos apagões negados como crise, à corrupção na Petrobrás, símbolo nacional e um dos carros-chefes da campanha petista. 

A mesma Petrobrás, decisiva nas vitórias eleitorais do PT nos últimos 10 anos, em que o partido acusava seu principal adversário, o PSDB, de querer entregar ao estrangeiro, ao traduzir privatização como um processo banal de venda de patrimônio público. 

A CPI da Petrobrás parece irreversível, ou pelo menos o governo parece não ter mais esperanças de inviabilizá-la. 
Não há dúvida de que instalada produzirá um grande estrago eleitoral, por mais que se diga o contrário para atenuar seus efeitos. 

Tanto assim que o governo se empenhou em evitá-la, passando a tratar a antes indigesta investigação formal do caso Pasadena, como um bálsamo.
Da resistência às convocações de ministros, passou a estimulá-las para dar uma aparente eficiência à investigação, o que tornaria dispensável a CPI – ou a identificaria tão somente como uma jogada eleitoral da oposição. 

A rigor, todo movimento no tabuleiro do xadrez político visa a um efeito eleitoral, em qualquer tempo. Em ano de eleição, de forma mais clara.
Não se trata, portanto, de nenhuma ilegitimidade a instalação de uma CPI, sobretudo quando se aplica ao caso – a apuração de corrupção grave no âmbito da mais importante empresa nacional, com foco em operação conhecida dentro e fora do país – e reconhecida também internacionalmente como uma maracutaia bilionária. 

O caso é outro: o governo deu causa à oposição, ao produzir uma denúncia contra uma diretoria da Petrobrás, materializada por ninguém menos que a presidente da República, a principal interessada na reeleição, que se declarou enganada por funcionários da empresa, o que configura fraude. 

O resto é consequência, inclusive a CPI. 

(*) Jornalista e repórter político desde 1977, escreve hoje uma coluna em O Estado de São Paulo e comenta sobre política e políticos na rádio Estadão e no site Estadão.com.br

Cargill e Copersucar fecham acordo para joint venture de açúcar

Monitor Digital 

A Cargill e a Copersucar anunciaram hoje um acordo para unir suas atividades globais de comercialização de açúcar em uma nova joint venture, que originará, comercializará e atuará no trading de açúcar bruto e branco. A joint venture, na qual a Cargill e a Copersucar terão uma participação igual de 50%, terá presença global. 

A joint venture consolidará a capacidade de ambas as empresas, visando aumentar a eficiência, a qualidade e os serviços na cadeia produtiva de açúcar, além de alavancar um profundo conhecimento do mercado mundial para beneficiar nossos clientes. 

Os clientes se beneficiarão da forte complementaridade da Copersucar e da Cargill. 
A infra-estrutura global combinada às cadeias de suprimentos de ambas as companhias permitirá que a joint venture leve uma ampla gama de variedades de açúcar, de diferentes origens, diretamente do porto ao seu destino, de forma ágil e eficiente, atendendo as exigências específicas de clientes ao redor do mundo. 

A nova joint venture se beneficiará da presença global e pela oferta em larga escala das usinas sócias da Copersucar no Brasil e complementada pela originação em países e regiões como Tailândia, Índia, América Central e Austrália. Adicionalmente, a joint venture se beneficiará com a reconhecida competência das duas empresas na gestão logística e no acesso à elevação em terminais portuários no Brasil. 

Para Luis Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, “com a nova empresa, a Copersucar reforça sua estratégia de consolidar sua presença global no mercado de açúcar. A Copersucar também reforça seu modelo de negócios diferenciado, baseado na oferta em larga escala, capacidade logística e integração de todos os elos da cadeia, dos produtores aos clientes”. 

Já segundo Olivier Kerr, vice-presidente corporativo da Cargill, “acreditamos que a sólida capacidade analítica de nossas equipes de trading e comercialização combinada com a presença global dessa nova joint venture oferecerá aos nossos clientes um entendimento único do mercado global". 

A Copersucar e a Cargill também compartilham os mesmo valores empresarias. 
São comprometidas com os mais elevados padrões éticos, além do seu compromisso em ser um parceiro responsável nas comunidades onde atuam. 

A nova empresa será uma joint venture independente de suas duas controladoras com um novo nome, a ser anunciado quando a transação for concluída. 
As atividades de trading serão sediadas em Genebra, na Suíça. 
A joint venture terá escritórios em Hong Kong, São Paulo, Miami, Delhi, Moscou, Jacarta, Xangai, Bangkok e Dubai. Além disso, a joint venture terá uma efetiva presença global, com mais escritórios de representação ao redor do mundo. 

Ivo Sarjanovic, que atualmente lidera o negócio global de açúcar da Cargill, será indicado como Chief Executive Officer (CEO), assim que a nova empresa for constituída. 
Soren Hoed Jensen, atual diretor executivo comercial da Copersucar, será o Chief Operating Officer (COO) da nova joint venture. Já Stefano Tonti, atual controller global dos negócios de trading e açúcar da Cargill, será o Chief Financial Officer (CFO) da nova joint venture. Luis Roberto Pogetti, Presidente do Conselho de Administração da Copersucar, será o primeiro Presidente rotativo do Conselho de Administração da nova sociedade. 

Não fazem parte dessa transação os negócios de etanol e os ativos fixos das duas empresas, como terminais e usinas. Essas atividades continuarão sendo negócios separados, individualmente controlados pela Cargill e Copersucar. 

A formação dessa nova joint venture depende de aprovação das autoridades regulatórias, esperada para o segundo semestre de 2014.

A caixa-preta da Petrobrás

Opinião do Estadão 

A Petrobrás, outrora tida como um modelo de administração e eficiência, tornou-se a casa da mãe joana. O caso da Refinaria de Pasadena, no Texas, revela a cada dia que a direção da estatal não exerceu o devido comando sobre executivos que atuaram em um negócio tão temerário, de bilhões de dólares. Tal situação apenas reforça a certeza de que a administração da Petrobrás, sob o governo petista, é uma imensa caixa-preta, cujos segredos não só os acionistas são os últimos a saber. 

Pois o último a indignar-se com esse estado de coisas não foi um daqueles a quem a companheirada governista costuma chamar de "neoliberais" que, ao criticarem a gestão desastrosa da Petrobrás, estariam interessados apenas em privatizá-la. 
Foi a própria presidente da Petrobrás, Graça Foster, que veio a público manifestar seu espanto diante da descoberta, na última segunda-feira, de que havia uma instância executiva dentro da empresa, cuja existência ela desconhecia, que estava acima do próprio Conselho de Administração - a máxima autoridade na gestão da empresa - e que encaminhou a compra da refinaria americana em 2006. 

Segundo disse Graça a O Globo, trata-se de um certo "comitê de proprietários de Pasadena", no qual o representante da Petrobrás era o então diretor de Refino e Abastecimento, Paulo Roberto Costa. Como se sabe, Costa está preso sob acusação de lavagem de dinheiro, numa operação da Polícia Federal que, até aqui, nada tem formalmente a ver com o caso da refinaria. Graça mandou abrir sindicância. 

As evidências de malfeitos são muitas. Costa ajudou a redigir o contrato que lesou a Petrobrás na aquisição de Pasadena, obrigando-a a desembolsar US$ 1,2 bilhão para adquirir uma refinaria de valor oito vezes inferior e que se provou uma sucata.
É dele também a coautoria do resumo executivo no qual a presidente Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, disse ter se baseado para avalizar o negócio. Passados oito anos, Dilma diz que foi induzida a erro porque o tal resumo era "técnica e juridicamente falho". 

No meio do caminho, em março de 2008, na mesma reunião em que tomou conhecimento das cláusulas lesivas à Petrobrás, o Conselho, ainda presidido por Dilma, ressaltou em ata os "relevantes serviços prestados" e a "competência técnica" de Nestor Cerveró, diretor internacional da estatal, o principal autor do parecer técnico agora criticado pela presidente. 

São essas contradições que evidenciam a urgência da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, além da continuidade célere das investigações da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público sobre as suspeitas de evasão de divisas e de superfaturamento, para aclarar aquilo que as autoridades parecem querer esconder. 

Na trajetória da Petrobrás sob a direção de apadrinhados governistas e do PT, não se trata de uma situação incomum. Por imposição ideológica, a estatal tem tomado decisões obscuras - em relação a investimentos, preços e outros fatores estratégicos - sem levar em conta os interesses dos acionistas nem muito menos as boas práticas de administração, tendo em vista somente o uso da estatal como instrumento de política econômica e partidária. 

Isso explica não apenas o caso de Pasadena, mas os próprios resultados da Petrobrás.
Em seu balanço de 2013, a estatal apresentou lucro de R$ 23,5 bilhões, fruto não de seu desempenho como petroleira, mas principalmente da venda de ativos e de manobras contábeis. Não fossem os truques, a sangria ficaria evidente - a empresa, que há cinco anos era a 12.ª maior do mundo em valor de mercado, hoje é apenas a 120.ª. 

O controle estatal sobre a Petrobrás é absoluto. 
No entanto, a julgar pelos esgares de estupefação de Graça Foster e pela ira de Dilma, ambas dizendo-se surpreendidas por informações que desconheciam, apesar dos amplos poderes de que dispõem, parece haver uma administração paralela na Petrobrás, que não presta contas senão a seus padrinhos.

Carta resposta do padre Zézinho a um evangélico mal informado

"Maria não pode nada. 
Menos ainda as imagens dela que vocês adoram. 
Sua Igreja continua idólatra. 
Já fui católico e hoje sou feliz porque só creio em Jesus. 
Você, com suas canções é o maior propagador da idolatria Mariana. 
Converta-se enquanto é tempo, senão você vai para o inferno com suas canções idólatras...

" Paulo Souza, São Paulo - SP. 

RESPOSTA ENVIADA PELO PADRE ZEZINHO (*) 

Paulo. 
Paz no Cristo que você acha que achou! 
Sua carta chega a ser cruel. 
Em quatro páginas você consegue mostrar o que um verdadeiro evangélico não deve ser. 

Seus irmãos mais instruídos na fé sentiriam vergonha de ler o que você disse em sua carta contra nós católicos e contra Maria. 
O irônico de tudo isso é que enquanto você vai para lá agredindo a Mãe de Jesus e diminuindo o papel dela no cristianismo, um número enorme de evangélicos fala dela, hoje, com o maior carinho e começa a compreender a devoção dos católicos por ela. 

Você pegou o bonde atrasado e na hora errada e deve ter ouvido pastores errados, porque, entre os evangélicos, tanto como entre nós católicos, Maria é vista como a primeira cristã e a figura mais expressiva da evangelização depois de Jesus. 
Eles sabem da presença firme e fiel de Maria ao lado do Filho Divino. 

Evangélico hoje, meu caro, é alguém que pautou sua vida pelos evangelhos e por isso respeita os outros e não nega Maria. 
Pode haver diferenças, mas para ser um bom evangélico não é preciso agredir nem os católicos nem a Mãe de Jesus. 
Você é muito mais antimariano do que cristão ou evangélico. 
Seu negócio é agredir Maria e os católicos. 

Nem os bons evangélicos querem gente como você no meio deles. 
Quanto ao que você afirma, que nós adoramos Maria, sinto pena de você.
Enquanto católico, segundo você mesmo afirma, já não sabia quase nada de Bíblia por culpa da nossa Igreja, agora que virou evangélico parece que sabe menos ainda de Bíblia, de Jesus, de Deus e do Reino dos Céus. 

Está confundindo culto de veneração com culto de adoração, está caluniando quem tem imagens de Maria em casa ao acusá-los de idólatras. 
Ora, Paulo, há milhões de católicos que usam das imagens e sinais do catolicismo de maneira serena e inteligente. 
Se você usava errado teria que aprender. 

Ao invés disso foi para outra Igreja aprender a decidir quem vai para o céu e quem vai para o inferno. 
Tornou-se juiz da fé dos outros. 
Deu um salto gigantesco em seis meses, de católico tornou-se evangélico, pregador de sua Igreja e já se coloca como a quarta pessoa da Santíssima Trindade, porque está decidindo quem vai para o céu e quem vai para o inferno. 

Mais uns dois anos e talvez, de lá do alto de sua sabedoria eterna, talvez dê um golpe de Estado no céu e se torne a primeira pessoa. 
Então talvez, mande Deus vir avisar quem você vai pôr no céu ou no inferno. 
Sua carta é pretensiosa. 

Sugiro que estude mais evangelismo e, em poucos anos, estará escrevendo cartas bem mais fraternas e bem mais serenas do que esta. 
Desejo de todo coração que você encontre bons pastores evangélicos.
Há muitíssimos homens de Deus nas Igrejas evangélicas que ensinarão a você como ser um bom cristão e como respeitar a religião dos outros. Isso você parece que perdeu quando deixou de ser católico.

Era um direito que você tinha: procurar sua paz. 
Mas parece que não a encontrou ainda, a julgar pela agressividade de suas palavras. 
Quanto a Maria, nenhum problema: é excelente caminho para Jesus. 
Até porque, quem está perto de Maria, nunca está longe de Jesus. 
Ela nunca se afastou. 
Tire isso por você mesmo. 

Se você se deu ao trabalho de me escrever uma carta para me levar a Jesus, e se acha capaz disso, imagine então o poder da Mãe de Deus! 
De Jesus ela entende mais do que você. 
Ou, inebriado com a nova fé, você se acha mais capaz do que ela? 
Se você pode sair por aí escrevendo cartas para aproximar as pessoas de Jesus, Maria pode milhões de vezes mais com sua prece de mãe. 

Ela já está no céu e você ainda está por aqui apontando o dedo contra os outros e decidindo quem vai ou quem não vai para lá.

Grato por sua carta. 
Mostrou-me porque devo lutar pela compreensão entre as Igrejas. 
É por causa de gente como você. 

(Pe. Zezinho, scj)

(*) José Fernandes de Oliveira, conhecido como Padre Zezinho é um padre católico Brasileiro da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus. Padre Zezinho é conhecido por suas habilidades como escritor e músico.

Uma (ir) responsável pela empresa que nunca sabe de nada

Petrobras sabia de comitê que Graça Foster diz desconhecer 

Folha de São Paulo 

A Petrobras conhece há mais de sete anos o misterioso comitê interno da refinaria de Pasadena cuja existência a presidente da estatal, Graça Foster, afirmou ignorar até o início desta semana. 

Conhecido como comitê de proprietários, ele pode ser facilmente encontrado logo no início do acordo de acionistas assinado em 2006 pela estatal brasileira e pela belga Astra, sua sócia na refinaria. 

Em entrevista ao jornal "O Globo" ontem, Graça disse que não sabia da existência do comitê e não conhecia suas atribuições e seu poder, nem que o representante da estatal era Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que foi preso pela Polícia Federal na semana passada. 

O comitê de proprietários e suas funções são descritos em detalhes no artigo 3º do acordo de acionistas, datado de 1º de setembro de 2006. 
A Petrobras e a Astra foram sócias na refinaria de Pasadena entre 2006 e 2008, cada uma com participação de 50%. Mais tarde, a estatal brasileira foi forçada por contrato a comprar a parte dos belgas, numa operação que elevou para US$ 1,18 bilhão o custo da aquisição da refinaria. 

O negócio voltou à tona há uma semana, quando a presidente Dilma Rousseff, que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando a transação foi aprovada, afirmou que autorizou a operação sem ter sido informada sobre as cláusulas contratuais que mais tarde prejudicaram a Petrobras. 

O acordo de acionistas, obtido pela Folha em uma corte da justiça do Texas, onde fica a refinaria, prevê a existência "de um comitê de proprietários composto por uma pessoa apontada pela Petrobras America [subsidiária da estatal nos Estados Unidos] e uma pessoa apontada pela Astra", que devem ser os presidentes das empresas ou alguém indicado por eles ou por um superior hierárquico. 

"Não ocupei a posição e tampouco participei da designação do representante neste comitê", disse o então presidente da Petrobras America, Renato Bertani. 
Segundo ele, a avaliação do projeto foi centralizada pela área internacional da companhia. 
O ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli não quis comentar o assunto. 
O então diretor da área internacional, Nestor Cerveró, foi transferido para um cargo na BR Distribuidora em 2008 e demitido na sexta-feira passada. 

Advogados especializados em grandes negócios disseram à Folha que o comitê de proprietários é uma instância comum em empresas com vários sócios, principalmente naquelas em que as participações são iguais, como era o caso da refinaria de Pasadena. 

Graça Foster anunciou a criação de uma comissão de sindicância interna para investigar a aquisição da refinaria e o funcionamento do comitê de proprietários, que está descrito em detalhes no acordo de acionistas de 2006. 

Conforme o documento, as decisões estratégicas na refinara eram tomadas por maioria no conselho de diretores, formado por três executivos de cada lado. Se não houvesse acordo sobre algum assunto, a questão deveria ser remetida ao comitê, que tinha que decidir por unanimidade. 
Se o impasse persistisse, a Petrobras poderia decidir sozinha. 
Em contrapartida, a Astra tinha o direito de exigir que a estatal brasileira comprasse a sua participação. 

Esse é um dos pontos que levantam dúvidas sobre a operação. 
As duas sócias da refinaria divergiram desde o início sobre diversos assuntos, do rumo da operação até os investimentos necessários. 

Após quatro anos de disputa na Justiça, a estatal foi obrigada a pagar US$ 466 milhões por metade da refinaria. Honorários de advogados e outras despesas fizeram o custo total chegar a US$ 1,18 bilhão. 

Em nota, a Petrobras disse que a comissão de sindicância terá 45 dias para apurar o negócio, mas não respondeu às perguntas da Folha sobre o desconhecimento do acordo de acionistas pela presidente da estatal.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Frigorífico JBS recebeu do governo mais de R$ 8 bilhões de reais

Alexandre Zorzetti – Portal I9 

O frigorífico JBS Friboi, se tornou a maior multinacional brasileira, no setor alimentício, graças à ajuda volumosa desempenhada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDS). 

O proprietário desse ‘império dos alimentos’, José Batista Júnior, é possuidor de inúmeras empresas que adquiriu nos últimos anos, durante o governo petista. 
Swift, Friboi, Maturatta, Cabana Las Lilas, Pilgrim’s, Gold Kist Farms, fazem parte desse conglomerado. 

José Batista Júnior, deve parte da fortuna aos financiamentos concedidos pelo BNDES, algo em torno dos R$ 8 bilhões de reais. O empresário possui pendengas judiciais com o Ministério Público por conta de fraudes tributárias, no entanto consegue financiamentos bilionários sem burocracia alguma. 

Segundo apuração do jornal Folha de São Paulo, a JBS doou mais de R$ 18 milhões para campanhas eleitorais, petistas na maioria. O frigorífico deve ao Fisco mais de R$ 60 milhões. Apenas no estado de Goiás o conglomerado é acusado pelo MP por fraudes tributárias em mais de de R$ 10 milhões de reais. O BNDS é detentor de 25% do capital da empresa, com os R$ 8 bilhões financiados. 

Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, assumiu a presidência do conselho de administração da J&F, holding de empresas que controla o frigorífico JBS. 
Quando José Batista Júnior, decidiu ano passado ser pré-candidato ao governo do estado de Goiás, Meireles ficou como responsável pela empresa, enquanto Batista buscava fortalecer o nome para as disputas eleitorais de 2014, nas terras do Planalto Central do Brasil. 

Muitos levantam a questão se o filho do ex-presidente Lula, o Lulinha, seria um dos proprietários da JBS, com Meireles, e José Batista Júnior como os testas-de-ferro. 

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), investigou prática de cartel no setor, com a denúncia feita pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). 

Durante a gravação de conversas realizadas pela Justiça,, o irmão de Batista Junior, Joesley Mendonça Batista, afirmou que existia um ‘contrato de gaveta”’com o BNDES, quando o grupo assumiu uma dívida de R$ 11,2 milhões do grupo concorrente, Araputanga. O BNDS negou o ‘contrato de gaveta’, porém reconheceu ‘erros’ na operação e segundo a empresa Araputanga, favoreceu financeiramente a Friboi.

Câmara aprova Marco Civil da Internet

Folha de São Paulo 

Depois de dois anos e sete meses de embates, negociações e intensos lobbys, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (25) o texto principal do Marco Civil da Internet. O texto agora segue para aprovação do Senado. 

A proposta é uma espécie de Constituição, estabelecendo princípios, garantias, direitos e deveres na rede. 
Ao longo do dia, o governo e os líderes partidários intensificaram os debates e o projeto acabou sendo aprovado sem grandes embates no Plenário. A votação foi simbólica, o que significa que os votos dos deputados não são contabilizados. O PPS foi o único partido a orientar seus congressistas contra o texto durante a votação. 

Todas as sugestões de mudanças foram retiradas pelos deputados. 

O Marco Civil da Internet se tornou polêmico porque eram contrários os interesses do Planalto, das empresas de telecomunicações, sites de internet, Polícia Federal e Ministério Público, além das entidades de defesa do consumidor. 

Com tantas frentes envolvidas e longe de um consenso, a matéria chegou bloquear por cinco meses a votação de outras propostas na Câmara dos Deputados. 
Nas últimas semanas, o governo cedeu em pontos prioritários e negociou cargos, liberação de recursos para obras apadrinhadas por congressistas no orçamento numa tentativa de esvaziar a rebelião de aliados na Câmara e avançar com a discussão da matéria, considerada vital para reforçar o discurso de Dilma Rousseff contra a espionagem. 

Em abril, o Brasil sediará conferência internacional sobre governança na internet, e o governo quer apresentar a nova lei durante o evento. 

Falta de acesso a contraceptivo é violência contra mulher, diz médico

Folha de São Paulo 

Ao falar da "via-crúcis do paciente", no Fórum a Saúde do Brasil, realizado pela Folha em São Paulo, o médico Drauzio Varella afirmou que a maior violência que o Estado promove contra as mulheres pobres é o difícil acesso aos métodos contraceptivos. 


Varella lembrou que o Brasil deve rever as suas taxas de natalidade e que o índice (de 1,74 filho por mulher, segundo o IBGE) não revela a realidade do país. 
Ele, que viaja muito pelo Brasil, diz que sempre prefere ir às periferias para conhecer as situações reais. 

"Todas têm casas de alvenaria, que não têm homem em casa e a mulher, que muitas vezes foi deixada pelo marido, cuida de um montão de crianças", afirmou. 

O resultado, segundo ele, é que essas crianças acabam sobrecarregando os serviços sociais, como o serviço de saúde, as escolas, entre outros serviços. 

"Eu, na minha idade, não acredito que se consiga um serviço decente com um sistema desse jeito", provocou o médico. Para ele, o Brasil vive um sistema "bola de neve" de problemas. 

Varella afirmou que o sistema de saúde suplementar no Brasil está fadado a quebrar e que o lucro das operadoras de planos gira em torno de 2% a 3%. Para chegar a uma solução, ele propõe discutir com os médicos que atendem planos de saúde os custos dos procedimentos e, assim, encontrar uma forma de diminuí-los. 

O médico criticou a chamada "judicialização" do atendimento –em que o cliente precisa recorrer à Justiça para ter direito a determinado procedimento.

Todos esses problemas, segundo ele, colocam o sistema de saúde em risco.
"Imagina se todas essas pessoas [cerca de 50 milhões de pessoas] que são atendidas planos de saúde fossem jogadas no SUS?", questionou.

terça-feira, 25 de março de 2014

BR 163, Exército, corrupção e incompetência

Exército vira sinônimo de corrupção e incompetência por causa de obras na BR-163 

Paulo Leandro Leal (*) 

Foi-se o tempo que o Exército era sinônimo de competência, retidão e ética em nossa região. A disciplina rígida dos quartéis parecia ser uma arma contra males tão comuns na administração pública. Graças a um esforço contínuo e continuado do Batalhão de Engenharia e Construção de Santarém (8º BEC) e, mais recentemente do 9º BEC de Cuiabá, o Exército se tornou sinônimo de incompetência e, o que é pior, corrupção. 

O 8º BEC é o responsável pela manutenção e construção de um trecho de 217 quilômetros da Rodovia BR-163, entre as cidades de Santarém e Rurópolis. E parece fazer um esforço absurdo para nunca concluir a pavimentação. A manutenção da estrada é precária. 
O senso comum que prevalece na região é que um mar da lama e corrupção encobre o trabalho do 8º BEC, causando prejuízos incalculáveis à sociedade regional. 

O ritmo das obras tocadas pelo 8º BEC é risível. Se colocassem os bichos preguiça da Amazônia para tocar as obras, talvez já teríamos a mesma concluída. 
Antigamente, se pensava que o BEC era lento, mas ao menos as obras eram de qualidade. Isso não procede mais. A qualidade da pavimentação entregue pelo Exército é péssima. Em muitos trechos, o asfalto entregue em menos de dois anos já está completamente esburacado, ou mesmo destruído. 

A pergunta que não cala: Para onde foram os recursos liberados pelo governo? 

A participação do 8º BEC neste trecho da rodovia é uma verdadeira caixa preta. 
Milhões e milhões de reais em recursos públicos já foram liberados, mas o que se vê são obras de má qualidade e lentas. Outro problema grave: os aterros feitos pelo Exército, em sua maioria, estão cedendo, provocando deformações na estrada e causando até mesmo acidentes. Não se sabe se os engenheiros do BEC fugiram da escola, ou se trata mesmo de desvio de recursos e uso de material de má qualidade. 

Enquanto isso, entre o quilômetro 30 e a cidade de Itaituba, o 9º BEC também dá demonstrações claras de absoluta incompetência. Um aterro feito chegando a Miritituba cedeu há quase dois anos, pois foi feito fora das especificações. 
Um enorme buraco surgiu no meio da pista. 
O BEC fez porcamente um desvio, que oferece risco a todos que trafegam por ali. 
Várias pessoas morreram em acidentes e, mais recentemente, diversas carretas transportando soja tombaram. O local é mal sinalizado. 
Enquanto isso, em Mirirituba, milhões em equipamentos do 9º BEC apodrecem sob o Sol e a chuva, sem qualquer medida para evitar isso. 

Apesar das demonstrações claras de incapacidade técnica, financeira e administrativa de estar à frente destas obras, ninguém faz nada. Ninguém se atreve a investigar o uso dos recursos pelo Exército. O Ministério Público Federal, que tem poder para investigar, nunca fez nada. Os políticos da região não se mexem. Enquanto isso, o Exército continua à frente das obras, sem dar qualquer satisfação à sociedade. E o povo que mora nas margens desta rodovia sofre, calado. 

Até quando? 

(*) Jornalista e agora também empresário

Petrobrás cai de 12ª para 120ª em ranking de maiores empresas

Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado 

A página do jornal Financial Times na internet publicou reportagem na manhã desta sexta-feira, 21, sobre a perda de valor de mercado das empresas de países emergentes. 
O texto destaca o tombo da Petrobrás. Segundo a publicação, o valor de mercado da estatal brasileira despencou e a empresa que já foi a 12ª maior do planeta há cinco anos caiu para o 120º lugar atualmente. 0

"Uma das maiores quedas foi da Petrobrás, a empresa petrolífera estatal brasileira. 
Cinco anos atrás, era a 12ª maior empresa do mundo pelo valor de mercado. 
Um ano atrás, era a 48ª e hoje é a 120ª maior, com um valor de mercado de US$ 76,6 bilhões", diz o texto. O levantamento feito pelo jornal diz que entre as 100 maiores empresas do mundo há apenas 11 emergentes e nenhuma é brasileira. 

"Hoje, não há nenhuma empresa emergente no Top 10 (de valor de mercado do mundo) e apenas a Petrochina permanece no Top 20", diz a reportagem. 
A estatal chinesa do petróleo é a 16ª maior companhia com valor de mercado do mundo. Entre as demais emergentes, praticamente todas são da China: 
ICBC (22º), China Mobile (31º); China Construtivo Bank (36º); Tencent (43º); Agricultural Bank of China (51º); Bank of China (62º); China Petroleum (80º) e Sabic (87º). 

Além da Petrobrás que deixou de figurar entre as 100 maiores, o banco Itaú Unibanco, a colombiana Ecopetrol e a mexicana América Móvil também caíram e não estão mais entre os 100 primeiros do ranking citado pelo FT.