sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

No conto das frutas

E ele prova, à sua maneira,que um ataque de besteira, faz de um doutor um otário 

Bellini Tavares de Lima Neto (*)

Em 1974 o compositor paraense Billy Blanco brindava São Paulo e a música popular brasileira com uma das mais extraordinárias e maravilhosas homenagens: “Sinfonia Paulistana”, uma série de canções que retrataram a cidade de São Paulo com uma fidelidade que nenhum paulista jamais conseguiu. 

Qual é o morador mais antigo de São Paulo que nunca acordou ao som de “Vam’bora, vam’borá, tá na hora, vam’bora, vam’bora”? Virou um marco da capital paulista, uma espécie de hino de todas as horas. 

Tudo o que Billy, magistral compositor, descreveu sobre São Paulo é absolutamente verdadeiro. Quem conhece a “Paulistana” pode comprovar e quem não conhece deveria conhecer. Não é conceitual e filosoficamente possível nascer ou viver em São Paulo sem se colocar ao som da “Paulistana” pelo menos uma vez na vida. A equação não fecha.

O verso acima é o retrato de um personagem que o tempo andou apagando do cenário, mas que, lá pelos idos dos anos 70 e antes, era figura obrigatória nas ruas da Paulicéia. 
É o camelô. 

O camelô é uma instituição humana que mereceria estudos antropológicos ou psicológicos de muita profundidade e respeito. Eram donos de uma palavra rápida e envolvente que acabava massificando a mente da vítima a ponto de ela comprar as tolices mais disparatadas. 
Certa vez eu comprei de um deles um objeto que prometia realizar toda a carga de sonhos eróticos de que os meus 15 anos eram capazes. Tratava-se de um objeto feito em papelão e nele havia um pequeno orifício. Olhando-se pelo orifício, oh deuses de todos os Olimpos! era possível ver as moças na rua sem roupa. Comprei meio ressabiado, imaginando o que os demais estariam pensando do molecote tarado, magro e cheio de espinhas na cara que, inquestionavelmente, permitia aos observadores imaginarem qual era sua ocupação principal. De posse da pequena maravilha, me escondi num canto de um prédio para testar a minha maravilhosa chave do prazer. E descobri, um tanto decepcionado e me sentindo o maior dos imbecis, que aquilo não era mais que dois pequenos pedaços de papelão colados um ao outro e, no tal orifício, uma pena de galinha que simplesmente fornecia uma visão falsa de contorno das pessoas. 

O tempo passou, o camelô se tornou mais raro, hoje as pessoas caem em contos diferentes, coisas da internet e outras mutretas cibernéticas. Mas, o ataque de besteira que faz de um doutor, um otário, esse é intrínseco ao ser humano provavelmente desde sua criação, seja pela teoria do evolucionismo, seja pelo da criação divina. 
Cada vez me convenço mais que, bastou o bicho homem aprender a se sustentar nas pernas traseiras para que logo aparecesse um camelô e um otário. 
O dia de todo mundo chega, é só uma questão de tempo. 

Entramos hoje, a parceira e eu, numa banca de frutas que existe aqui em Maresias. 
As frutas são de ótima qualidade e o vendedor é um talento da ação e da comunicação. Mal se entra na banca e lá vem ele, incisivo e convincente, oferecendo as melhores frutas que se pode provar. Laranjas especiais, mexericas colhidas nos jardins do Éden, uvas, mamões, peras cruzadas com alguma outra coisa, tudo ali tem um sabor misterioso, lembra esses filmes de ficção científica onde se criam animais e plantas inimagináveis no nosso limitado universo. 

Nós já havíamos comprado frutas do homem e, apesar do preço um pouco acima da média de mercado, a qualidade compensava qualquer excesso na composição econômica dos valores. Entramos, então, com o intuito de comprar uma coisinha ou outra e lá veio um batalhão de camelôs. Hoje havia o dono, seu sócio, os filhos, todos donos de uma extroversão no mínimo alarmante. Prova daqui, prova dali, já nos pusemos a pensar no filme da noite regado àquelas maravilhas da natureza horti-fruti-granjeira. 
A conversa prosseguiu e o volume da mercadoria também. 

Depois de um festival de degustação as caixas foram todas colocadas no porta-malas do automóvel. E então apareceu a conta. O valor era astronômico, inteiramente fora de qualquer padrão. E, nesse exato momento, a máxima legada por Billy Blanco se manifestou e um ataque de besteira fez de dois doutores, dois otários. Olhamos, um para o outro, um tanto impressionados com o valor, mas, simplesmente pagamos. 

Voltamos para casa em silêncio e só quando chegamos e começamos a descarregar tudo aquilo é que recobramos a fala. O preço era completamente fora de parâmetros. Guardamos tudo aquilo, frutas, sem dúvida, de primeira qualidade. Aí a parceira, subitamente tomada por uma crise de consciência, disse que queria voltar lá para tirar aqui a limpo. “Mas, nós fomos roubados”. E eu, socorrido pelo mestre paraense, me lembrei dos versos da canção do camelô. Não, não fomos roubados, ninguém nos obrigou a pagar aquela conta maluca. O rapazinho até se prontificou a mostrar os valores discriminados de tudo o que compramos e nenhum de nós dois, parceira e eu, em plena crise do ataque de besteira, nos dispusemos a conferir. 

O resto da noite ficou com aquele gostinho de corrimão de pensão de polaco e passamos a evitar nos olhar muito com receio de que a cara de otário de um remetesse à cara de otário do outro. Voltar lá, só se fosse para assinar o diploma de otário que os dois doutores tinham acabado de conquistar. Pois é, parceira, vamos ficar quietos, dar risada, comer as frutas todas e entrar no espírito da coisa, assumindo que não há quem nunca tenha, em algum momento da vida, interpretado o papel da figura descrita pelo saudoso Billy Blanco: “E ele prova, à sua maneira, que um ataque de besteira, faz de um doutor um otário”. 

(*) Advogado, avô, corintiano e morador em São Bernardo (SP) 

Cargill: negócios, expansão e muita discrição

Motta Araujo para o Blog de Luiz Nassif on line

Centenária firma de grãos com sede em Minneapolis nos EUA, nascida em 1865 no rescaldo da Guerra Civil. É uma firma de família, privada, não tem ações em bolsa, se fosse de capital aberto seria a 9ª empresa dos EUA, maior que a Ford Motor Co. 
Em 2012 faturou 140 bilhões de dólares, tem 1.000 fábricas e terminais em 66 países, controlada pelas familias Cargill e MacMillan que são interligadas. A família é discretíssima, poucas fotos existem, a fortuna familiar é estimada em 30 bilhões de dólares. 

Cargill fornece 22% da carne consumida nos EUA, sua grande fonte de abastecimento é a Argentina. 

A Cargill não é só uma trading de grãos, processa todos os tipos de produtos agrícolas, produz óleos vegetais, alimentos de muitos tipos, adubos (comprou a Provimi), é a exclusiva fornecedora de ovos para a McDonald tem portos, navios, barcaças, terminais, silos. 

Sua história é bem complicada com muitos inimigos, acusada de ser aproveitadora de guerra na Primeira Guerra Mundial quando abastecia as tropas inglesas cobrando caro. 

A Bolsa de Chicago recusou sua filiação em 1934, por forte resistência de outros traders, com forte apoio do governo a Bolsa foi obrigada a aceitá-la como trader, continuando a Cargill a ter como inimigos os outros membros. 

Suspensa da Bolsa em 1938 sob acusação de manipulação de preços, cinco anos depois avisaram que aceitariam sua volta, mas a Cargill, orgulhosa e arrogante, se recusou. 
Só voltou à Bolsa em 1962. 

A Cargill é reconhecida pelo seu excepcional serviço particular de inteligência para acompanhar as safras de produtos agrícolas em todo o mundo, considerado melhor que do próprio Departamento de Agricultura dos EUA. É essa massa de informações que permite à Cargill se antecipar às flutuações e fazer seu jogo de preços. 

Como toda grande firma passou por muitas crises, a maior foi a quebra da Russia em 1998, sua grande cliente de grãos, que começou a comprar em 1976 em quantidades cada vez maiores, a Cargill vendia à prazo. 

A Russia deu calote por dois anos causando grande impacto às finanças da Cargill, que já tinha sofrido antes com a crise de grandes países da Ásia, seus compradores fortes, como Indonésia, Coréia do Sul e Tailândia. 

Brasil e Índia são dois grandes mercados em expansão, no Brasil a Cargill tem até banco próprio para gerir seu caixa, responde por boa parte da exportação da safra de soja, é a maior do Quinteto dos Grãos mas aparece menos que as outras quatro, é política da firma ser o menos visível possível por boas razões. 

No seu século e meio de vida teve muitos inimigos e agora é alvo preferencial de ongs tipo Greenpeace que a acusam de todo tipo de crime ambiental com ou sem razão. 

Uma grande empresa audaciosa, misteriosa, ambiciosa ao extremo, responde por boa parte da alimentação do planeta, é uma das maiores empresas do Brasil e muita gente nunca ouviu falar dela.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Brasil não pode ser cúmplice da violência

Editorial de O Globo 

Desde a ascensão do coronel Hugo Chávez pelo voto, em 1999, na Venezuela — depois do golpe frustrado de 92 —, o país do “socialismo do século XXI” passou a ser laboratório para uma maquiavélica experiência autoritária: o manejo de instrumentos formalmente democráticos, como plebiscitos, para sufocar a democracia representativa. 

A manobra funcionou, foi exportada para outros países da região, como Bolívia e Equador, mas, morto Chávez, e no governo do discípulo Nicolás Maduro, aconteceu o previsto: anos a fio de políticas populistas, o avanço do estado na produção e toda sorte de desmandos gerenciais impulsionaram a inflação para romper a barreira dos 50%, acabaram por destroçar a PDVSA, que repousa sobre uma das cinco reservas mundiais de petróleo sem poder explorá-la com eficiência, e empurraram o país para grave crise econômica, social e, por decorrência, política. 

Maduro é presidente eleito pelo povo, e seu mandato precisa ser respeitado. 
Mas a comunidade internacional não pode voltar as costas para abusos que forças regulares e milícias armadas do chavismo, os “coletivos”, têm cometido contra a população. 

Até ontem pela manhã, contabilizavam-se 15 mortos. Que fosse apenas um, chavista ou oposicionista. Além disso, há a prisão de um líder de oposição, Leopoldo López, questionável do ponto de vista legal, e detenção de estudantes, com denúncia de torturas. 

Até agora, também como esperado, a ação do Mercosul é pífia, como a nota liberada pelo grupo, escrita em estilo chavista. Na Europa, segunda-feira, a presidente Dilma declarou que Venezuela não é Ucrânia. 

De fato, mas, em certa medida, chega a ser pior, pois, em Kiev, o Parlamento demonstrou independência, afastou o presidente e prepara novas eleições. 

Foi, pelo menos por enquanto, barrado o terrorismo de Estado, algo que pode crescer na Venezuela. A presidente brasileira expõe, ainda, uma miopia clássica da esquerda, ao tentar justificar o autoritarismo em nome de avanços sociais. A História contabiliza barbaridades genocidas cometidas no século XX, sob esta justificativa, na China, na extinta União Soviética, em Cuba, na Coreia do Norte e no Camboja dos “campos da morte”. 

Houve mesmo avanços sociais na Venezuela, mas que são corroídos por uma inflação que se aproxima dos 60%, pelo desabastecimento galopante, todos os sintomas de uma grave implosão do sistema econômico. O país derrete. 

O número de mortes e vítimas em geral deve aumentar, e a simpatia ideológica não pode tornar o Brasil cúmplice de crimes contra direitos humanos. Não é esta a tradição do melhor da diplomacia do país. Não se apoia qualquer golpe na Venezuela, mas que Maduro deixe de radicalizar o regime, rota perigosa para si próprio. 
Para isso, é necessária pressão internacional, Brasil à frente.

Para o PT, trabalho é questão de polícia

Roberto Freire (*) 

A incompetência dos sucessivos governos do PT na área da saúde, um dos principais alvos dos protestos que levaram milhões de brasileiros às ruas em junho de 2013, não tem limites. Como se não bastasse sua absoluta incapacidade para gerir o programa Mais Médicos, anunciado com alarde pela máquina de propaganda como a solução mágica que resolveria todos os problemas, os arautos do lulopetismo ultrapassaram todos os limites do bom senso. No último dia 13 de fevereiro, o Departamento de Planejamento e Regulação da Provisão de Profissionais da Saúde publicou no Diário Oficial da União uma resolução que determina a imediata comunicação à polícia e aos órgãos de segurança sempre que um médico se ausentar do programa por mais de 48 horas. 

De tão absurda, a medida adotada pelo governo de Dilma Rousseff soa inverossímil, inacreditável. Mas é exatamente disso que se trata: ao melhor estilo “capitão do mato”, o PT resolveu transformar as relações de trabalho dos médicos, inclusive ou principalmente dos estrangeiros, em caso de polícia. Ao invés de tentarem compreender quais os motivos que levam o profissional a ter faltado ao trabalho, as comissões responsáveis pelo programa devem simplesmente se transformar em delatoras de médicos, como se estes fossem criminosos. 

A decisão do governo petista é apenas mais uma tentativa desastrada de esconder o fracasso de um programa cujo objetivo é inegavelmente meritório – levar médicos às regiões periféricas e carentes do país –, mas que esbarra na total falta de planejamento, organização e estrutura. Idealizado como trunfo para a campanha do ex-ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo nas próximas eleições, o Mais Médicos vem amargando o abandono em massa dos participantes: até aqui, 89 deles já deixaram o programa, dos quais 80 brasileiros. Ainda há um contingente de 22 cubanos desistentes, entre eles a médica Ramona Rodríguez, que se abrigou no gabinete da liderança do DEM na Câmara dos Deputados para que não fosse mandada de volta a Cuba e já solicitou refúgio ao Brasil. 

Além das autoridades policiais, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), com a qual o governo petista fez um nebuloso acordo de cooperação internacional para o recrutamento de profissionais de outros países, também deverá ser informada sobre a possível ausência de qualquer médico estrangeiro que participe do programa. O delírio autoritário do PT, que se diz tão preocupado com os pobres e oprimidos, nos remete a um período da história brasileira em que um presidente da República, na década de 1930, chegou ao despautério de afirmar que a questão social era assunto de polícia, e não de governo. 

A determinação de Dilma e do PT é um recado inaceitável dado pelo governo federal aos médicos cubanos, e não apenas a eles: todos devem comparecer ao trabalho ou serão procurados pelas forças de segurança. Não há meio termo. Não há diálogo possível. 
Não há justificativas que possam ser apresentadas. 
Trata-se, na verdade, de um escândalo inominável que conta com o carimbo petista. 

Faltam vergonha e compostura a um governo que teria a obrigação de tratar os profissionais da saúde, sejam eles estrangeiros ou brasileiros, com dignidade e respeito, jamais se valendo do terrorismo oficial, da ameaça, das pressões e da covardia. Façanha maior de um ex-ministro já promovido a novo “poste” que Lula e Dilma tentarão fincar em São Paulo nas eleições deste ano, como já fizeram com o prefeito Fernando Haddad, o Mais Médicos é um misto de fracasso gerencial com escândalo humanitário. 

(*)  Advogado é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

BBB14 é o mais apelativo e moralista da história

Marco Antonio Araújo (*) 

Realities shows, em larga medida, substituem as novelas (ou, mais provável, as complementam). Não é mais o caso de gostar, assistir, detestar ou não. Tornaram-se um fenômeno de massa, com tudo que isso representa: interferem no imaginário popular, lançam tendências e propagam valores. Aí a conversa muda de figura e passa a ser relevante debater as causas e consequências que sustentam esse amplo nicho da indústria do entretenimento. 

Sem muito sociologismo, no entanto, é possível afirmar que o BBB14 é o programa mais apelativo e desesperado da história da TV Globo. A audiência em baixa corrobora a tese e não me deixa mentir. Se for sinal de esgotamento, ótimo para todos. Tudo que é bom, um dia acaba. Coisa ruim, então, merece um empurrãozinho. Lá vai. 

O apelo sexual dos realities sempre foi algo (para os padrões brasileiros) mascarado, sugerido ou exposto com parcimônia. Pois mandaram às favas qualquer pudor. O cafofo, o edredom, os banhos acanhados, as relações apenas afetivas, isso tudo foi simplesmente eliminado num paredão secreto. Agora, é botar pra quebrar. Sim, porque nada que se passa no programa acontece sem que ordens expressas partam de Boninho & Cia. É assim que funciona: nada de improviso, naturalidade ou “vou ser eu mesmo”. Cada um sabe muito bem qual é o seu papel. 

Como os diálogos nunca foram o ponto forte da atração, sussurro e gemidos de corpos nus se tocando é o que de melhor você vai ouvir. Sem nenhuma sutileza, é uma profusão de strip-teases, mergulhos exibicionistas em piscinas, um desfilar de genitálias expostas por figuras que vão do ejaculador precoce Diego às atrevidas meninas que se pegam até em ménage à trois. 

Casal de lésbicas se tornou a moda verão da Globo: tanto na novela das nove quando no BBB, vemos espécimes caricaturais se pegando. Antes que o movimento gay estoure rojões por essa suposta aceitação, eu, aqui com meus botões héteros, desconfio que o efeito seja danoso para a categoria. Da forma como está sendo patrocinado, esse tiro vai sair pela culatra: o público vai associar homossexualidade com gente promíscua. Batata. 

Moralista não é perceber essas manifestações como nocivas à saúde mental da população. Moralista é quem, deliberadamente, associa sexo à disputa por prêmios, dinheiro, exposição fugaz, grosserias, futilidade, machismo, perversão e plataforma para os quinze segundos de fama. Bem, garanto, não faz. O estrago já está feito. E não há controle remoto capaz de mudar esse caminho. Já era. 

(*) Jornalista desde 1987. Foi diretor de redação do jornal Gazeta Esportiva. Foi professor e coordenador de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero

Morre Paco de Lucía, símbolo da renovação e difusão do flamenco

Terra 

Paco de Lucía, violonista de flamenco, Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes e símbolo, junto com Camarón de la Isla, da renovação e difusão mundial do flamenco, morreu nesta quarta-feira (26) em Cancún, no México, aos 66 anos de idade. 

Francisco Sánchez Gómez, de nome artístico Paco de Lucía, introduziu ao flamenco, ao longo de sua carreira, ritmos como o jazz, a bossa nova e, inclusive, a música clássica. 

Discípulo de Niño Ricardo e de Sabicas, e respeitado por músicos de jazz, rock e blues por seu estilo próprio, alcançou, entre outros muitos reconhecimentos, um Grammy para o melhor álbum de flamenco em 2004; o Prêmio Nacional de Guitarra de Arte Flamenco; a Medalha de Ouro ao Mérito das Belas Artes em 1992; o Prêmio Pastora Pavón La Niña de los Peines de 2002; e o Prêmio Honorário da Música de 2002. 

Nascido em 21 de dezembro de 1947 na cidade de Algeciras com o nome de Francisco Sánchez Gómez, aos sete anos pegou pela primeira vez um violão pelas mãos de seu pai e, depois, de seu irmão mais velho. 

Por sua mãe portuguesa ficou conhecido como "Paco, o de Lucía", ao identificar, assim como na Andaluzia, o filho com o nome da mãe, Lucía Gomes. 

Com 12 anos formou o dueto Los Chiquitos de Algeciras com seu irmão Pepe nos vocais. 
O grupo fez sucesso em 1961 em um concurso de Jerez e com o qual gravou seu primeiro disco. 
Contratado pelo bailarino José Greco em 1960 como terceiro violonista da Companhia do Balé Clássico Espanhol, fez sua primeira turnê pelos Estados Unidos, e depois foi o segundo violonista e viajou por meio mundo. Foi aí que conheceu os músicos Sabicas e Mario Escudero, que o incentivaram a compor suas próprias músicas. 

Aos 17 anos entrou para um grupo financiado pelos representantes alemães Horst Lippmann e Fritz Rau para seu espetáculo Festival Flamenco Gitano, com o qual percorreu a Europa e no qual figuravam Camarón, El Lebrijano, El Farruco e Juan Moya. 

Acompanhado com frequência por seus irmãos Ramón de Algeciras e Pepe de Lucía, gravou seus primeiros discos solo em meados dos anos 1960: La Fabulosa Guitarra de Paco de Lucía (1967) e Fantasía Flamenca (1969). 

Sua consagração chegou nos anos 1970, com memoráveis atuações no Palau de Barcelona, no Teatro Real e no Teatro Monumental de Madri, e sua primeira gravação ao vivo Paco en vivo desde el Teatro Real, lhe rendeu seu primeiro disco de Ouro. 

Foi em Madri que surgiu a mítica dupla El Camarón-De Lucía, tão virtuosa e purista como renovadora do flamenco e que se traduziu em mais de dez discos de estúdio, como El Duende Flamenco (1972) e Fuente y Caudal (1973). 

Ganhou o Prêmio Castillete de Oro del Festival de Las Minas em 1975; single de ouro em 1976 por sua magnífica rumba Entre dos Águas e disco de ouro em 1976 por Fuente y Caudal. 

No final dos anos 1970, ganhou muita popularidade fora da Espanha por seus trabalhos com os guitarristas John McLaughlin, Al Di Meola e Larry Coryell. 

Fundou em 1981 seu "Sexteto", com Ramón de Algeciras (segundo violão), Pepe de Lucía (vocais e palmas), Jorge Pardo (saxofone e flauta), Rubén Dantas (percussão) e Carles Benavent (baixo), o que lhe permitiu criar o conceito atual de grupo de flamenco. 

Colaborou no disco Potro de Rabia y Miel de seu grande amigo Camarón, e a morte deste, em 1992, o fez cancelar suas apresentações por todo o mundo durante quase um ano. Inclusive pensou em se aposentar, retornando um ano depois aos palcos com uma nova turnê europeia, na qual fez 40 apresentações nos EUA e gravou Live in America. 

Entre seus discos estão Fantasía Flamenca, Recital de Guitarra, El Duende Flamenco de Paco de Lucía, Almoraima, Solo Quiero Caminar, Paco de Lucía en Moscú, Zyryab, Siroco e Lucía (1998). 

Após um hiato de cinco anos, em 2004 gravou Cositas Buenas, considerado pela crítica uma "obra prima", com oito temas inéditos, acompanhado pelo violão de Tomatito e a voz recuperada de Camarón, e que lhe rendeu o Grammy Latino de melhor álbum de flamenco. 

Um ano antes, lançou sua primeira coletânea, Paco de Lucía Por Descubrir, com seus trabalhos de 1964 a 1998. 

No dia 29 de junho de 2010 ofereceu um magnífico concerto para 2,5 mil espectadores que se reuniram na Puerta del Ángel de Madri. 

Em 2011, participou em um disco de flamenco tradicional do músico Miguel Poveda. 

Tornou-se Doutor Honoris Causa pela Universidade de Cádiz e pelo Berklee College of Music de Boston (EUA, 2010). 

O músico estava estabelecido em Toledo e passava temporadas em Cancún, onde praticava pesca submarina. Teve três filhos, frutos de seu primeiro casamento em 1977 com Casilda Varela em Amsterdã: Casilda, Lucía e Francisco.

Para recordar um pouco de Paco de Lucía 

http://www.youtube.com/watch?v=PpxpiyRGQEY

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Segundo ato contra a Copa em SP tem 120 detidos

Estadão

No primeiro protesto em São Paulo depois da morte do cinegrafista Santiago Andrade, cerca de 120 manifestantes foram detidos no segundo protesto contra a Copa do Mundo deste ano em São Paulo. A Polícia Militar cercou a praça da República antes do protesto com um grande efetivo. No caminho para a estação Anhangabaú, a PM reprimiu quem protestava com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. 
Os manifestantes foram levados a diferentes distritos policiais. Os policiais usavam cassetetes, escudos e bombas de efeito moral, enquanto os manifestantes utilizaram cones e pedaços de pau. Segundo o portal UOL, vidraças dos prédios da região foram quebrados. Ao menos cinco jornalistas foram presos enquanto cobriam a manifestação. 

Aproximadamente mil pessoas, de acordo com a PM, se reuniram na Praça da República neste sábado 22, para o protesto, que começou por volta das 18h. Na página do evento no Facebook, “Segundo ato contra a Copa”, 13 mil pessoas haviam confirmado presença. Estava marcado para hoje a estreia da “Tropa do Braço”, constituída de policiais que utilizariam táticas de jiu-jitsu para conter os manifestantes. O primeiro ato contra a Copa foi realizado 25 de janeiro e teve 128 detidos em São Paulo. 

No início, os manifestantes eram, principalmente, de coletivos, movimentos sociais e diretórios acadêmicos de universidades públicas, além da juventude do PSOL e do PSTU. Os cartazes traziam dizeres como “Sem direitos, sem copa” e “Não vai ter copa”, em português e inglês, além de demandas como mais verba para saúde e educação e estatização das universidades privadas e do transporte. Apesar da pluralidade das pautas nesse protesto, não havia o perfil “indignado” ou mesmo o grito “sem partido”, comum nos últimos protestos de junho de 2013. 

Segundo a estudante Fernanda Silva, 24 anos, do diretório acadêmico de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, os protestos contrários à Copa são uma continuação do que aconteceu em junho de 2013.
“A indignação é com o mau gasto da verba pública.” diz. Rosemeire da Silva, 42 anos, do Fórum Popular da Saúde do Estado de São Paulo, também apontou como principal reivindicação o desvio de prioridade do governo federal. 
“Nós não somos contra a Copa. O que a gente quer é chamar atenção para a falta de saúde, educação e moradia. Não é contra a Copa, é contra a Fifa e o dinheiro que está sendo mau empregado.” 

Repressão. 
O que mais chama atenção de Luiz Belizer, 72 anos, também do Fórum Popular da Saúde, é que a ação da polícia pouco mudou desde os tempos do regime militar. Preso político em 1969, Belizer diz reconhecer na PM as ações da polícia da ditadura. 
“A demanda aqui é, também, pela democratização da polícia”, afirma. 

Na sexta-feira 21, manifestantes presos no protesto de 25 de janeiro foram intimados a comparecer para prestar depoimento neste sábado, às 16 horas. Alguns viram na intimação uma manobra para tentar retirar e inibir manifestantes do protesto deste sábado.

Uma irresponsabilidade sem tamanho em Santarém

Antenor Pereira Giovannini (*) 

A foto nos apresenta a imagem da mais insensata irresponsabilidade dos responsáveis pela construção de casas dentro do Programa do Governo Federal "Minha Casa, Minha Vida" em Santarém (PA). 

 São cerca de 3 mil casas construídas simplesmente dentro de uma grande vala. 
Bastou uma chuva mais forte para isolar completamente todas elas na certeza de terem sido construídas dentro de um buraco. 

Uma obra que é de conhecimento demorou muito para sair do papel e se tornar realidade. Foram anos de mesma conversinha de sempre. 

E quando tudo parece encaminhado e as casas se transformam em realidade, uma outra realidade mais cruel se apresenta ou seja foram construídas em lugar inadequado. 

A pergunta é natural:
- Ninguém viu isso? Nenhum engenheiro, nenhum responsável pelo projeto não analisou o básico do básico? 
Parece que não, tanto é que a foto mostra tudo. 


Sabe-se lá que nome é possível conceder a tamanho descaso com o dinheiro público. 
E agora? 
Quem paga a conta? 
Quem será responsabilizado por tudo isso? 
Alguém será preso por tamanha paranoia? 
E as 3 mil famílias que seriam beneficiadas com essas casas? 

Tudo isso fica até agora sem resposta. 
A vida segue. 
As famílias continuam sem casas, os responsáveis construindo novas casas, e tudo parece apenas um caso, um simples caso. 

É o Brasil de hoje . 
O retrato fiel de como as coisas são tratadas. 
Sem seriedade, sem responsabilidade, sem punição, sem constrangimento de que o dinheiro público é para ser gasto sem controle.

(*) Aposentado morador em São Paulo

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Nada como a grana para se mudar de hábito

Roberto Carlos, ex-vegetariano, é estrela de comercial de frigorífico 

Globo Rural 

Voltar a consumir carne está fazendo bem para o bolso de Roberto Carlos. 
O cantor foi anunciado nesta sexta-feira (21/2) como nova estrela dos comerciais do frigorífico Friboi, do grupo JBS. 
O lançamento foi em um hotel de luxo na Zona Sul de São Paulo. 

O Rei vai estrelar comerciais e divulgar a marca em shows no Brasil e no exterior. 
Ele se junta a um time que tem Tony Ramos e Fátima Bernardes, que associará sua imagem à marca Seara, também da JBS. O cachê e o valor do investimento na campanha com Roberto não foram revelados. “É segredo”, disse o cantor. 

A empresa confirmou que o convite a Roberto foi feito depois dele admitir que retomou o hábito de comer carne, o que não fazia há quase 30 anos. 
“Parei de comer por influência de uns amigos vegetarianos, mas depois de certa época, senti vontade de comer de novo. Na verdade, desde que parei”, disse o Rei, bem humorado, ao lado de Tony Ramos e Wesley Batista, presidente da empresa. 

Depois de entrar no palco ao som de “Esse cara sou eu”, um de seus mais recentes hits, Roberto contou que retomou o consumo de carne por orientação do seu médico. 
“Achei que realmente devia e influenciado pelo meu médico, ele falou que poderia voltar a comer carne.” 

Autor de um sucesso em que elogia as mulheres mais gordinhas (“quem foi que disse que tem que ser magra para ser formosa?” pergunta a letra da canção), Roberto foi questionado sobre como pretende convencer as gordinhas de que comer carne faz bem. “Eu acho que carne não engorda. As gordinhas podem comer tranquilamente, desde que seja de qualidade.” 

O cantor disse também que não tem preocupação com os possíveis “memes” que sua participação nos comerciais pode gerar na internet, assim como ocorreu com Tony Ramos. “A gente está sempre preparado para as coisas que acontecem na internet”, disse ele, que confundiu “meme” com “e-mail” e ouviu uma “aula” de Ramos sobre o assunto. 

Contou ainda que vai passar o carnaval nos Estados Unidos, cumprindo compromissos relacionados à gravação de um álbum em espanhol. 
“Gostaria de estar aqui, mas compromisso é compromisso.” 
E não escapou de perguntas sobre sua vida amorosa. “Namoraaando, não”, disse, desconversando. 

“Roberto carrega na sua história a transparência, a verdade. Tem uma carreira pautada por coisas verdadeiras. Temos um imenso orgulho de nos associarmos a ele”, disse Wesley Batista, presidente da JBS. Os novos comerciais estreiam neste fim de semana. 

Tony Ramos, apresentado como “embaixador da marca”, disse que costuma cozinhar em casa e que gosta de carne. 
“Cada corte tem sua hora, o filé mignon, o músculo.”
E brincou com Roberto Carlos, que disse não saber cozinhar e fazer apenas sanduíches. 
“A gente ainda vai ter muitas parcerias para falar sobre comida.”

Governo podre

Mantega não descarta aumento de impostos para cumprir meta fiscal 

Estadão 

Para evitar uma frustração da meta fiscal, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, acenou nesta sexta-feira com um aumento de impostos este ano. Segundo ele, essa é uma espécie de reserva que o governo tem para ser usada, se for necessário, para melhorar a arrecadação. 

Em teleconferência para analistas estrangeiros, o ministro disse, contudo, que a projeção feita para o aumento de receitas é realista. Segundo ele, a projeção de alta da arrecadação administrada, que vem da cobrança de impostos, é de aproximadamente 8%. Já a previsão de aumento das receitas totais, que incluem arrecadação com royalties de petróleo e concessões, é de 10%. 

O ministro lembrou que essa previsão de alta é nominal e, com a inflação, a estimativa não é tão alta. "Se compararmos com a trajetória de arrecadação, está em linha com o crescimento", afirmou. Ele destacou que a concessão da banda larga de 4G trará receitas extraordinárias este ano, mas não fez previsões de valores. 

Energia
Os gastos adicionais com energia foram apontados pelos economistas como uma das fragilidades da meta fiscal anunciada na quinta-feira. O ministro nega que o tema seja motivo de preocupação e diz que o governo está preparado para cobrir eventuais despesas adicionais com o setor elétrico em 2014. Esses gastos extras devem-se ao acionamento das caras termelétricas que foram usadas para garantir o abastecimento do País. 

"Podemos fazer sacrifício suplementar e contar com outras receitas que não foram previstas no Orçamento de 2014", disse Mantega. 

Mantega reafirmou que é preciso esperar até abril para que sejam feitos cálculos sobre as necessidades de possíveis aportes adicionais à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com base no nível dos reservatórios das hidrelétricas no fim do período úmido.
Ele assegurou, contudo, que a meta de superávit primário de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) será atingida mesmo se forem feitos aportes na CDE. 

"Por enquanto ainda não está claro se vai haver aumento de despesas de energia em 2014 e como vamos distribuí-las entre o setor público e as tarifas de energia", disse. 

O eventual aumento dos gastos deverá exigir um aporte na CDE. 
A conta é um fundo setorial responsável pelo pagamento de programas sociais do governo na área de energia, como o Luz para Todos. Também é usado para pagar o combustível utilizado pelas usinas termoelétricas e as indenizações às empresas que aceitaram renovar antecipadamente suas concessões - movimento que fez parte do plano para reduzir as contas de energia. 

Ao contrário do ano passado, o governo já incluiu na Lei Orçamentária uma reserva R$ 9 bilhões para honrar essas despesas. Com essa reserva, a área econômica ganha tempo até decidir se vai repassar ou não parte desse custo para a tarifa.

O terror antiterrorista

Cristovam Buarque (*) 

Em 1964, para “defender as liberdades”, os comandantes militares, aliados a parlamentares, destituíram o presidente eleito. Cinquenta anos depois, um governo eleito, aliado a parlamentares, propõe regras para inibir manifestações de rua sob o argumento de “defender o direito de manifestação”. 

Para isso, propõe via Projeto de Lei nº 499 regras que criminalizarão atos cometidos nas manifestações. O senador Pedro Taques apresentou emendas, mas dificilmente mudará o espírito da proposta. 

Uma violência durante manifestação poderá ter penalidade maior do que o mesmo crime cometido fora de manifestação. Um assassino frio que mata uma das 50 mil vítimas por ano nas esquinas de nossas cidades será julgado como assassino, mas se a morte decorrer de ações de tumulto durante uma manifestação o autor poderá ser julgado como terrorista. 

Um jovem que mobiliza seus amigos para um “rolezinho” poderá ser considerado terrorista se, durante a manifestação, ocorrer provocação que termine em balbúrdia com depredação de patrimônio. 
Se der um grito e liberar a raiva da multidão, um passageiro irritado com o péssimo serviço de um ônibus pode ser considerado terrorista, caso ocorra a queima de ônibus em consequência desse grito. Tudo vai depender da interpretação do sistema policial e judiciário. 

Os defensores destas propostas dizem que já esperaram demais por uma lei antiterrorista, mas não explicam porque fazê-la neste momento, nem porque de maneira tão ambígua. Tudo indica que a pressa decorre do clima de mobilização social que o país atravessa. 

Ao invés de entenderem o motivo da insatisfação popular, preferem inibir as manifestações com ameaças de severas penas contra terroristas. 
Encontraram uma maneira moderna de proibir, de inibir as manifestações. 

A proposta é reafirmada graças à hipótese de que o vandalismo teria sido financiado, esquecendo que, no descontentamento atual, não é necessário pagar para que a população deprede ônibus que não lhes atendem.
Nas paradas de ônibus, bastam uns gritos para deslanchar movimentos que quase espontaneamente se fazem violentos e poderão condenar pessoas por terrorismo. 

A sociedade brasileira atravessa uma grave tensão que não é Pré-Copa ou Pré-Eleição, é Pós-Esgotamento de um modelo social e econômico que ficou velho após 20 anos, com democracia, necessária, mas imperfeita; com o eficiente, mas insuficiente Plano Real; com a generosa, mas não emancipadora Bolsa Família. 

O necessário rigor contra o vandalismo exige a aplicação das leis vigentes. 
A incompetência para impedir os crimes de vândalos não deve ser camuflada, assustando os manifestantes pacíficos. 
Com exceção dos homens-bomba, os terroristas não vão para as ruas em manifestações, agem à surdina, cometem seus atos clandestinamente. 

Parece que a intenção dessas propostas não é controlar o terrorismo é, por um lado, esconder a incompetência para impedir e punir os vândalos e, por outro, aterrorizar os que têm a intenção de ir às manifestações, uma espécie de terror antiterrorista. 

(*) Engenheiro mecânico, economista, educador, professor universitário e senador da república pelo PDT. 

Cargill inaugura primeira biorrefinaria em Castro

Monitor Digital 

A Cargill anuncia a inauguração da nova fábrica de processamento de milho para a produção de amidos e adoçantes, em Castro, a 200 km de Curitiba, no Paraná. Esta é a primeira unidade da companhia no País que atuará com o conceito inovador de biorrefinaria, planta que integra instalações, equipamentos e processos de conversão de biomassa, na produção de derivados refinados, com empresas instaladas ao seu redor. Ao todo, foram investidos mais de R$ 500 milhões no projeto. 

A nova unidade vai representar um aumento de 30% na capacidade de moagem de milho da empresa na América do Sul. O complexo está entre os maiores investimentos da Cargill no mundo, o que sinaliza o potencial dos mercados emergentes, incluindo o Brasil e os demais países da América Latina. 

- Os investimentos feitos nesta nova planta em Castro possibilitarão à Cargill atender as necessidades do mercado brasileiro e também de países da America Latina - afirmou o diretor da unidade de negócios de Amidos e Adoçantes da Cargill, Laerte Moraes. 

Com 200 funcionários diretos e instalada numa área de 352 hectares, a fábrica vai atender o mercado nacional com soluções em amidos e adoçantes para uso em produtos lácteos, balas, confeitos, bebidas, pães e na indústria de papel e papelão, além de nutrição animal. Do total, 2,5 hectares serão ocupados pela fábrica da Cargill; já o restante da área vai ser utilizado por empresas clientes no conceito da biorrefinaria. 

As empresas receberão os ingredientes produzidos pela planta da Cargill diretamente, por meio de tubulações para a sua produção. Além desta conexão, facilidades da planta, como a estação de tratamento de efluentes da unidade, água e luz poderão ser compartilhadas por algumas das empresas instaladas no espaço. A Evonik é o primeiro cliente parceiro no complexo e, inclusive, já iniciou a construção de sua unidade. A expectativa é que, até 2020, quatro empresas parceiras estejam instaladas no local. 

A nova unidade, em operação parcial desde novembro de 2013, leva à Castro a possibilidade de geração de cerca de 800 empregos indiretos e o aumento das oportunidades de negócios na região. 

- Escolhemos a cidade de Castro pela disponibilidade de matéria-prima, a proximidade com clientes e pelas condições logísticas e de infra-estrutura - ressaltou Laerte Moraes. 
A unidade está localizada na área industrial de Castro, com boa malha rodoviária e próxima ao Porto de Paranaguá. 

A nova planta será inaugurada pelo CEO da empresa, David MacLennan, e pelo presidente da Cargill no Brasil, Luiz Pretti. No ano fiscal 2012/2013, a Cargill registrou faturamento global de US$ 136,7 bilhões.

Soja transgênica apresenta maior teor de cobre e ferro

Agrolink 

A soja transgênica apresenta índices mais elevados de cobre e ferro, segundo pesquisa do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 
Os pesquisadores observaram que as sementes geneticamente modificadas apresentam teores mais elevados e mais biodisponíveis dos micronutrientes cobre e ferro. 

As análises também indicaram diferença na concentração de proteínas e nos níveis de outras enzimas. Os resultados foram apresentados durante o Workshop on Interdisciplinary Plant Science, realizado em dezembro de 2013. 

O professor do Instituto de Química da Unicamp e coordenador da pesquisa Marco Aurélio Zezzi Arruda, ressalta que os impactos dessas alterações para o ambiente e para a saúde de quem se alimenta da soja transgênica não foram objeto da pesquisa e ainda precisam ser mais bem estudados. 

No entanto, no que se refere ao desenvolvimento da planta, o estresse oxidativo e a cascata de efeitos bioquímicos que ele desencadeia se mostraram benéficos. 

“A soja transgênica tem uma taxa de sucesso mais alta na germinação, desenvolve maior teor de matéria orgânica e cresce mais rapidamente. A planta responde de forma mais exacerbada a qualquer estímulo externo que é dado, como elevação na temperatura ou na quantidade de água. Se há alguma resposta negativa também aumentada, ainda não sabemos”, afirmou Zezzi. 

Os pesquisadores compararam sementes do cultivar natural MSOY 7501 com a variedade geneticamente modificada MSOY 7575 RR, conhecida como Roundup Ready (RR) e desenvolvida pela Monsanto em meados dos anos 1980. A tecnologia, liberada em 2003, no Brasil, corresponde por mais de 90% dos grãos produzidos no país. 

A modificação genética envolvida no presente estudo teve o objetivo de tornar a planta resistente a herbicidas à base de glifosato. Na soja natural, o produto bloqueia a produção de aminoácidos aromáticos essenciais à sobrevivência da planta. Por meio da transgenia, a soja passa a produzir uma enzima ligeiramente modificada sobre a qual o glifosato não tem efeito. 

O metabolismo acelerado também faz com que a planta capte maior quantidade de nutrientes do solo. As análises nutricionais indicaram que as sementes transgênicas tinham 39% mais cobalto, 40% mais cobre e 20% mais ferro do que as sementes naturais. 
A variedade natural ganhou apenas no nível de estrôncio, 34% maior que o da transgênica.

O compromisso do Exército

Pedro Luis de Araújo Braga (*) 

Completa no próximo mês o seu Jubileu de Ouro o Monumento Cívico-Militar ou a Revolução Democrática Brasileira, na realidade uma contra-revolução que salvou o País do caos para o qual estava sendo conduzido e que postergou, por vários anos, o êxito de nova tentativa de tomada do poder por uma minoria comunista, então encastelada nos sindicatos e outras instituições, bem como em diversas esferas do Governo.

Nossos detratores, os vencidos de então, que anistiamos na esperança de paz e de concórdia nacionais, incansáveis, obliterados e empedernidos que são, e outros que não viveram aqueles tempos sombrios mas que procedem como "o papagaio de casa de tolerância do interior", rotulam-no de "Golpe Militar" que implantou a "ditadura" no Brasil. Este meio século, para eles, significa "anos de chumbo", ou "anos de escuridão". 

A técnica da propaganda aconselha que os slogans, os chavões, as idéias-força, as palavras-chave, devem ser repetidas à larga, até tomarem foros de realidade. E não faltam "marqueteiros" milionários, vendedores de ilusão, para ajudar nesse mister, que conta com a ampla difusão de certa mídia, comprada ou comprometida ideologicamente, e que não respeita ética e nem tem compromisso com a verdade. 

Se perguntarmos a um desses que engrossam tal corrente, até bacharéis, se sabem o que caracteriza uma ditadura e quais são os parâmetros de uma democracia, terão dificuldade em responder. Ignoram que todos os Presidentes Militares foram eleitos pelo Congresso e que a maioria dos países democráticos utiliza uma forma indireta de escolha de seus mandatários. 

Nunca se deram conta – ou esqueceram-se, ou jamais lhes disseram – por exemplo, que José Maria Alckmin, ex- Ministro da Fazenda de JK, foi o Vice-Presidente de Castelo Branco, e que Aureliano Chaves, ex-Governador de Minas Gerais, o foi de João Figueiredo. Não lhes interessa lembrar que o MDB era o partido de oposição e que, por duas vezes, chegou a lançar candidato à Presidência da República, derrotado no voto.
E que havia, circulando, jornais contra o governo, como, no Rio de Janeiro, o Correio da Manhã....

Ditadura? Mas, por quê ocorreu, há meio século, o movimento de que estamos falando? 
A situação nacional deteriora-se a tal ponto que se temia um iminente golpe comunista, tal como o tentado em Novembro de 1935, para a tomada do Poder. Eram greves em atividades essenciais, desabastecimento, inflação galopante, comícios ameaçadores, serviços públicos em crise, as intimidações da CGT. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O efeito vaquinha

Nelson Motta (*) 

Ao arrecadar em um mês mais de R$ 2 milhões para pagar as multas de Genoíno, João Paulo, Delúbio e Zé Dirceu no mensalão, o PT está provando na prática a viabilidade de uma reforma eleitoral em que as campanhas sejam financiadas apenas com doações de pessoas físicas, com recibos e limites. 

Os partidos já têm o horário eleitoral e as verbas gordas dos fundos partidários, e empresas não votam nem deveriam participar de eleições. 

Mas, na reforma eleitoral em discussão no Congresso, o PT exige o “financiamento público” das campanhas. Quer mais dinheiro nosso para ser distribuído entre eles, proporcionalmente às bancadas que estão no poder, para que nele se perpetuem. 
Ninguém engole essa. 

Mas todos os partidos dizem que é inviável fazer uma campanha baseada em doações individuais: o brasileiro não tem o hábito nem acredita nos políticos. A vitoriosa vaquinha dos mensaleiros está provando o contrário. 

Se essa massa de dinheiro foi arrecadada em campanhas discretas pela internet, visando só aos amigos e simpatizantes, para uma causa no mínimo duvidosa (dar dinheiro ao rico consultor Zé Dirceu?), imaginem a dinheirama que poderia ser gerada por uma campanha nacional de massa para causas maiores e decisivas, como uma eleição à Presidência da República? 

O mesmo vale para os outros grandes partidos. Os nanicos que se contentem com a boca livre de rádio e TV e o jabá dos fundos partidários. Afinal foi assim que Marina Silva fez 20 milhões de votos em 2010. O contribuinte já dá dinheiro demais para assegurar um mínimo de viabilidade às campanhas eleitorais. 

Se quiserem mais dinheiro, que passem a sacolinha, que façam churrascos, bingos e pagodes. Com nota fiscal. Numa democracia, as campanhas devem ser bancadas pelos cidadãos que acreditam nos seus partidos e nos candidatos que os representam, ao Estado cabe regular, equalizar e controlar o poder econômico. 

Doar pela internet é tão fácil como votar no “Big Brother”, difícil é os candidatos convencerem os eleitores a doar, mas isso é problema deles. O nosso é contribuir para os que achamos os melhores. Ou menos ruins. 

(*) É jornalista, compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista

Aos 81 anos, morre Mário Travaglini, comandante da Democracia Corintiana

UOL Esportes 

Morreu às 21h30 desta quinta-feira o ex-treinador Mário Travaglini, que realizou trabalhos de sucesso em Palmeiras, Corinthians, Vasco e Fluminense. Aos 81 anos, ele estava internado no hospital São Camilo, no bairro da Pompéia, em São Paulo, desde o dia 6 de janeiro.

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital. 
Segundo boletim médico, Travaglini morreu devido a complicações respiratórias provenientes de um câncer. 

Em seu currículo como treinador, Travaglini chegou a ser campeão brasileiro pelo Palmeiras, em 1967, e Vasco, em 1974. Ele ainda levantou taças estaduais por Fluminense e Corinthians. 

No Campeonato Paulista conquistado em 1982, o ex-técnico comandou o time que ficou conhecido como Democracia Corintiana. 

Travaglini teve uma Copa do Mundo em seu currículo, mas não como treinador. Ele foi supervisor técnico de Cláudio Coutinho no Mundial de 1978. 

Além de todas as suas conquistas, ele ficou conhecido como um "revolucionário" no futebol, considerado um dos responsáveis por introduzir o conceito de futebol moderno. 

Em seu perfil no Twitter, o Corinthians lamentou a morte de seu ex-técnico.
"Técnico da Democracia Corinthiana, Mário Travaglini estará eternamente dentro de nossos corações. Obrigado por tudo! Descanse em paz! #Luto", escreveu.

Ser seu amigo

Vinícius de Moraes (*) 

"Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. 
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. 
Se não quiser chorar, não chore. 
Se não conseguir chorar, não se preocupe. 
Se tiver vontade de rir, ria. 
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. 
Se me elogiarem demais, corrija o exagero. 
Se me criticarem demais, defenda-me. 
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.
Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. 
Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. 
Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. 
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : 
' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' 
Aí, então derrame uma lágrima. 
Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. 
Outros amigos farão isso no meu lugar. 
E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. 
Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. 
Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. 
E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. 
Você acredita nessas coisas ? Sim??? 
Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . 
Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele!" 

(*) Diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro 

 E para se emocionar veja esse poema narrado por Rolando Boldrin    


http://www.youtube.com/watch?v=bUtujngEudI

Entra ano e sai ano o cenário não muda

Tráfego pesado provoca atoleiros na Transamazônica e BR-163 

VIONORTE 

O intenso tráfego de carretas bi trens com cargas de mais de 60 toneladas está causando estragos nas rodovias federais BR-230 (Transamazônica) e BR-163 (Santarém-Cuiabá), no trecho paraense destas estradas. Atoleiros quilométricos estão surgindo em diversos trechos sem pavimentação, causando transtornos para a população das cidades na margem das rodovias. Há risco de desabastecimento em algumas localidades. 

Na Transamazônica, o tráfego intenso de bitrens que transportam produtos para a hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, está deixando a estrada intrafegável. 
É que os trechos sem asfalto não suportam o tráfego tão pesado neste período de chuvas. O resultado é a formação de longos atoleiros. 

O trecho mais comprometido é próximo à cidade de Pacajá, sentido Altamira, onde nesta semana mais de 800 caminhões estavam enfileirados no atoleiro. 
A maioria deles seguia para Belo Monte. 

Na BR-163, entre Itaituba e Santarém, o maior problema são as carretas que transportam 60 toneladas de soja. A estrada, mesmo após uma manutenção, não suportam o peso e os atoleiros se formam. O pior trecho está próximo a Rurópolis, sentido Itaituba. 

Manutenção e obras 
As obras que estão sendo realizadas nas rodovias também causam transtornos. 
Na Transamazônica, próximo à cidade de Placas, uma empresa contratada pelo Dnit resolveu fazer as obras de instalação de bueiros no inverno. 
O resultado foi a formação de atoleiros nestes locais. A manutenção das estradas deixa a desejar. As empresas contratadas recebem as verbas e fazem obras muito mal executadas.

Um descaramento atrás do outro

Com direito a camarão gigante, governos gastam R$ 47 mi nos eventos pré-Copa 

MSN Esportes 


De entrada, salada com polvo e mariscos. De prato principal, filé mignon e camarão, dos grandes, flambado. 
 Este foi o cardápio do banquete que a Fifa ofereceu aos participantes do Congresso dos técnicos que realiza em Florianópolis, o quarto evento pré-Copa do Mundo que tem parte, graúda, da conta paga com dinheiro público. 

Juntando os sorteios das eliminatórias, do grupo da Copa das Confederações, das chaves do próprio Mundial e o evento catarinense, governos estaduais e municipais gastaram, sem contar a atualização monetária, R$ 46,7 milhões. 

A conta mais pesado ficou com o sorteio das eliminatórias, em que governo e prefeitura do Rio dividiram os custos de R$ 30 milhões da organização da festa, depois que não apareceram interessados privados em patrociná-la. 

Depois, a prefeitura de São Paulo gastou R$ 6,4 milhões no sorteio da Copa das Confederações, em evento que ficou célebre pela trapalhada do chef Alex Atala. 

Na definição das chaves do Mundial, no final do ano passado, foi a vez do governo da Bahia entrar com R$ 6,4 milhões. Nesse caso, a Fifa gastou bem mais: R$ 20 milhões. 

Agora, em Florianópolis, o governo de Santa Catarina pagou R$ 3,9 milhões da conta do Congresso dos técnicos. Assim com no caso dos outros eventos, as autoridades catarinenses justificam o gasto público como forma de promover o turismo.

"O fato de Santa Catarina sediar um evento como esse, que reúne todas as seleções e suas equipes técnicas, gera uma grande repercussão e fortalece vetores importantes, como o turismo", afirmou o governador do Estado,

Maduro e os fascistas

Sandro Vaia (*) 

Maduro diz que “encarcerará um a um todos os fascistas”. 

Quem são os fascistas? Os que Maduro determinar que são.

No meio da avalanche de lixo multiplicado pelas redes sociais, existem cenas estarrecedoras dos distúrbios da Venezuela, mas imagens verdadeiras vem misturadas com outras cuja confiabilidade é zero. A TV venezuelana está numa espécie de auto-censura,o que não contribui em nada para esclarecer os fatos. 

Servem apenas como lenha na fogueira para alimentar discussões sem nexo, e ataques de ódio alimentados pela cegueira e pelo fanatismo ideológico que se retroalimenta à esquerda e à direita. Em vez de luz, essas discussões produzem mais escuridão. 

A chance de um debate objetivo sobre os acontecimentos na Venezuela é tão ampla quanto pode ser um “diálogo” entre torcedores do Atlético Paranaense e do Botafogo ocorrido meses atrás num estádio catarinense,cujas edificantes cenas pudemos ver ao vivo pela TV. 

Cada um vai para a arquibancada com seu porrete forrado de pregos na ponta e disposto a aplicar ao adversário a sua versão da “verdade”. 

Há uma crise de representatividade e legitimidade na Venezuela desde que Maduro foi eleito por uma estreitíssima margem de 1,59% e a oposição pediu recontagem de votos, não foi atendida e se negou a reconhecer a vitória do sucessor de Chavez. 

O clima piorou com o agravamento da crise econômica, o desabastecimento, a inflação em alta, a criminalidade em alta,e as medidas populistas anunciadas pelo governo, como a lei que fixa o limite de lucro máximo que os negócios privados podem produzir.
Uma sandice parecida com o congelamento do preços durante o Plano Cruzado, no qual galopou ex-governador paulista Orestes Quércia,com sua cruzada de caça ao boi gordo no pasto. 

Os venezuelanos foram às ruas divididos em prós e contras e as manifestações fizeram emergir a figura do ex-prefeito de Chacao, Leopoldo López, como um líder de oposição mais incisivo e menos conciliador do que Henrique Capriles, que foi o candidato da oposição unida nas eleições de 2013. 

López é um líder controvertido,já foi acusado de desunir a oposição, e para Maduro, como todo opositor,é um “fascista”. E como tal foi preso.
A ONG Human Rights Watch,conhecida mundialmente,disse que “a única causa provável para a detenção é o fato de ele ser um dirigente de oposição, que convocou manifestações contra o governo, o que não é causa suficiente numa democracia para privar alguém de sua liberdade”.

A morte de seis manifestantes atingidos por tiros na cabeça, é atribuída por alguns à ação de milícias criadas durante o governo Chavez,como força auxiliar das forças de segurança. 

O Fla-Flu das redes sociais mais confunde do que esclarece e o jornalismo profissional pouco se empenha em reportar o real clima e as reais causas da crise venezuelana e a verdadeira dimensão da atuação das milícias chavistas. 

A imagem da jovem miss Génesis Carmona,de 22 anos, carregada ferida nos braços de um manifestante, antes de morrer, tornou-se um emblema do conflito e a prisão de López remete, inevitavelmente, ao histórico filme “Il Delitto Matteoti”, dirigido por Florestano Vancini em 1973, que faz refletir sobre formas de fascismo, milícias e até onde pode levar a irracionalidade da violência política. 

(*) É jornalista.

A que ponto chegamos ...

Mais de 1.100 detentos desapareceram de presídios no Ceará, diz relatório do CNJ 

Portal R7 

Um relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aponta que mais de 1.100 detentos do sistema carcerário do Ceará desapareceram dos presídios. 
Os dados foram colhidos durante um mutirão carcerário realizado no Estado entre agosto e setembro em 2013. 

Segundo o CNJ, a Justiça e o sistema penal não souberam informar o paradeiro desses presos. A corregedora Luciana Teixeira informou que a situação é grave e que faltam mais de 2.000 agentes penitenciários. 
Ela afirmou que as varas criminais não têm o controle dos presos e não é oferecido nenhum tipo de programa de ressocialização. 

A Secretaria de Justiça rebateu o relatório do CNJ e informou que uma central de apoio à área criminal foi criada recentemente e que todos os presos estão sendo cadastrado, o que tornou o Estado uma referência. 

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Ceará, Valdemiro Barbosa, confirmou o déficit de agentes e disse que há um agente para cada 200 presos, quando a recomendação do CNJ é de um para cada cinco presos.