Carlos Tautz (*)
O cadáver do cinegrafista Santiago foi a peça de propaganda que as piores forças políticas cariocas usaram para antecipar a campanha a governador e presidente (de outubro) e, principalmente, de prefeito do Rio em 2016. Aliadas a uma imprensa comprometida com tenebrosas transações com dinheiro público, aproveitaram do assassinato para criar um clima de terror e tentar inviabilizar de candidaturas ligadas a setores populares - elas não admitem risco às relações privilegiadas que mantêm com o poder público.
Assim, como se fosse jornalismo, ilações viraram manchetes nas primeiras páginas dos últimos 15 dias, para desde agora queimar potenciais candidatos nas próximas eleições.
De fato, outubro e 2016 já chegaram.
O objetivo é manter a blindagem que esta imprensa garante ao sempre sorridente prefeito do Rio, Eduardo Paes, que em troca mantém enorme fluxo de recursos públicos em direção a esses conglomerados de comunicação. Mesmo que seja necessário subtrair de áreas prioritárias (só da Saúde, segundo O Dia, foram R$ 456 milhões entre 2013 e 14).
Ocorre que, devido à sucessão de atos inábeis de Paes, como o aumento nas passagens dos ônibus, a blindagem teve de ser suspensa. Também não se conseguiu esconder os abusos do orçamento em favor de empreiteiras e outros conglomerados econômicos, exemplificados nas megaintervenções no Porto, na Barra e nos questionáveis BRTs. Porém, logo o cordão sanitário-midiático teve de ser refeito, para tirar o foco do prefeito.
Sem provas, acusaram o deputado estadual Marcelo Freixo de ligação com os assassinos de Santiago, já prevendo que o parlamentar será o principal adversário que o grupo do prefeito enfrentará nas urnas em dois anos. Nessa estratégia, tão preocupados com pequenas doações à ceia de moradores de rua no Natal passado, os meios de comunicação deram ares de verdade aos boatos do advogado Jonas Thadeu, que diz defender voluntariamente os assassinos de Santiago, mas que tem histórico de serviços à milícia.
Freixo saiu das eleições de 2012 com 28% dos votos válidos (914 mil sufrágios) e uma extensa pauta para criticar Paes, seus financiadores e seu candidato à sucessão. Nos próximos anos, terá a oportunidade de desfazer a imagem de impoluto que a máquina da comunicação construiu para o prefeito. E ainda há pela frente a Copa e as Olimpíadas, ambas superfaturadas, momentos em que o que se fez com o orçamento municipal poderá vir à tona e embaralhar as eleições.
Por fim, uma lembrança necessária. Nos anos 1960, setores do movimento popular também optaram pela violência para resistir a um Estado que lhes massacrava. Hoje, entretanto, quem sobreviveu àquela viagem acredita que ela não passou de enorme erro.
(*) Jornalista é coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.
O cadáver do cinegrafista Santiago foi a peça de propaganda que as piores forças políticas cariocas usaram para antecipar a campanha a governador e presidente (de outubro) e, principalmente, de prefeito do Rio em 2016. Aliadas a uma imprensa comprometida com tenebrosas transações com dinheiro público, aproveitaram do assassinato para criar um clima de terror e tentar inviabilizar de candidaturas ligadas a setores populares - elas não admitem risco às relações privilegiadas que mantêm com o poder público.
Assim, como se fosse jornalismo, ilações viraram manchetes nas primeiras páginas dos últimos 15 dias, para desde agora queimar potenciais candidatos nas próximas eleições.
De fato, outubro e 2016 já chegaram.
O objetivo é manter a blindagem que esta imprensa garante ao sempre sorridente prefeito do Rio, Eduardo Paes, que em troca mantém enorme fluxo de recursos públicos em direção a esses conglomerados de comunicação. Mesmo que seja necessário subtrair de áreas prioritárias (só da Saúde, segundo O Dia, foram R$ 456 milhões entre 2013 e 14).
Ocorre que, devido à sucessão de atos inábeis de Paes, como o aumento nas passagens dos ônibus, a blindagem teve de ser suspensa. Também não se conseguiu esconder os abusos do orçamento em favor de empreiteiras e outros conglomerados econômicos, exemplificados nas megaintervenções no Porto, na Barra e nos questionáveis BRTs. Porém, logo o cordão sanitário-midiático teve de ser refeito, para tirar o foco do prefeito.
Sem provas, acusaram o deputado estadual Marcelo Freixo de ligação com os assassinos de Santiago, já prevendo que o parlamentar será o principal adversário que o grupo do prefeito enfrentará nas urnas em dois anos. Nessa estratégia, tão preocupados com pequenas doações à ceia de moradores de rua no Natal passado, os meios de comunicação deram ares de verdade aos boatos do advogado Jonas Thadeu, que diz defender voluntariamente os assassinos de Santiago, mas que tem histórico de serviços à milícia.
Freixo saiu das eleições de 2012 com 28% dos votos válidos (914 mil sufrágios) e uma extensa pauta para criticar Paes, seus financiadores e seu candidato à sucessão. Nos próximos anos, terá a oportunidade de desfazer a imagem de impoluto que a máquina da comunicação construiu para o prefeito. E ainda há pela frente a Copa e as Olimpíadas, ambas superfaturadas, momentos em que o que se fez com o orçamento municipal poderá vir à tona e embaralhar as eleições.
Por fim, uma lembrança necessária. Nos anos 1960, setores do movimento popular também optaram pela violência para resistir a um Estado que lhes massacrava. Hoje, entretanto, quem sobreviveu àquela viagem acredita que ela não passou de enorme erro.
(*) Jornalista é coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.
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