terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O que é a Ingratidão?

Sarah Sheeva (*) 

Eu estava pensando sobre a ingratidão… 
Ser ingrato tem a ver com ser humanista, porque o humanista atribui suas vitórias a ele mesmo, e não a Deus. O ingrato não reconhece que, sem Deus, ele(ela) talvez não estivesse nem vivo. 

A ingratidão também tem a ver com idolatria. 
Geralmente as pessoas ingratas tem dois comportamentos extremos: “amam” a ponto de idolatrarem a pessoa “amada”, e quando descobrem os defeitos (naturais) da pessoa, passam a desprezar e se tornam totalmente ingratos. O ingrato esquece com muita facilidade… não as coisas ruins, mas esquece as coisas boas que fizeram por ele(ela). 
O ingrato vive no “seu mundo”, busca apenas os seus próprios interesses. 
É um tipo de pessoa que se torna cega (cego) para o amor (e doação) de quem está ao lado. 

Outra característica da personalidade do ingrato é a desobediência que leva a rebeldia… 
e a infidelidade. Como o ingrato acha que sabe das coisas, ele (ela) não ouve a mais ninguém, não aceita conselho de ninguém, não considera ninguém capaz de liderá-lo(a) ou de aconselha-lo(a), o ingrato finge aceitar, mas na verdade, ele(a) não aceita se submeter a autoridade, porque ele(a) realmente acredita que sabe o que é bom para si. 
A ingratidão também tem a ver com a “falta de educação”. 

Podemos ser “treinados” desde a infância a ter um comportamento grato, isso ocorre no processo de educação de uma criança. Quando ensinamos uma criança a dizer “obrigado” para as pessoas que lhe servem, ou lhe ajudam, estamos lhe ensinando a ser grata(o). Isso faz parte da educação. Mas não é apenas a educação, a “etiqueta”, o “protocolo”, o “ser formal”, que gera a gratidão. A gratidão tem que partir do nosso coração, e não apenas ser da boca para fora. 

Quem está ao lado (convive) com o ingrato(a) sempre sofre. 
O único que não sofreu quando conviveu com um ingrato foi Jesus. 
Judas é o perfeito estereótipo do “ingrato”, ele foi salvo por Jesus, amado, cuidado pelo Mestre (que mesmo sabendo que Judas era um ingrato, lavou seus pés)… mas (Judas) não reconheceu, ele foi ingrato, infiel e traidor. 

Mesmo assim, Jesus nunca o rejeitou… Jesus tinha uma (entre muitas) característica: 
Ele não se iludia em relação as pessoas… 
Ele não gerava expectativas. Ele não fantasiava ou idolatrava. Ele ama sem se iludir. 
É por isso que Jesus não sofreu quando Judas o traiu, porque ele já sabia quem era Judas, Ele já tinha visto a ingratidão no coração de Judas. 
Jesus sabia que não podia esperar nada dele, a não ser traição e ingratidão. 
Jesus não se decepcionou com Judas, pelo contrário, Ele se preparou para ser traído.
Ele já sabia com que tipo de pessoa estava lidando. É claro que Jesus se entristeceu com a decisão de Judas, pois Jesus o amava, mas Ele não se deixou iludir. 
Ele não gerou expectativas. 


A ilusão fere muito, isso acontece porque quando ela cai, tudo que foi fundado sobre ela, cai junto. Isso serve para todas as áreas das nossas vidas, mas principalmente para os relacionamentos. Muitos “Judas” vão aparecer nas nossas vidas… faz parte. 
Mas nós teremos que aprender a lidar com cada um “deles”, e não deixar que eles destruam a nossa capacidade de amar e de acreditar no amor verdadeiro (e na mudança das pessoas).

A verdadeira gratidão está ligada ao exercício de “se ver”. 
Ela “brota”daí. Observe, quando nos enxergamos, quando honestamente “nos vemos”, e, (sem medo da rejeição) percebemos quantas pessoas nos amam e não nos deixaram (mesmo sabendo de todos os nossos defeitos…) nasce em nosso coração uma profunda gratidão. 

Nós, seres humanos, somos assim: Quando percebemos as nossas limitações (quando nos enxergamos), temos medo que os outros também percebam (enxerguem) e nos rejeitem por causa delas. Por isso, tentamos esconder das pessoas os nossos defeitos a todo custo. Mas isso não adianta. Mais cedo ou mais tarde, as nossas limitações e defeitos (principalmente aqueles que tentamos a todo custo esconder das pessoas) vão aparecer. Isso vai acontecer sem querer, na hora da raiva, do nervosismo… sem querer acaba aparecendo pra todo mundo. 

Isso de certa forma é bom, porque é nessa hora que saberemos a verdade sobre as pessoas ao nosso redor, é nessa hora que conheceremos o caráter de cada um que nos cerca, porque, se ao ver os seus defeitos, uma pessoa te abandonar, ela(e) está mostrando que não te ama de verdade, ou que não está disposta a te amar e te aceitar como você é. 

Por isso, mesmo que tenhamos medo da rejeição, é melhor vencermos esse medo, e deixar que as pessoas nos conheçam de verdade. Assim diminuímos o risco de decepcionar e de sermos decepcionados. Realmente dói muito a rejeição, mas dói bem menos quando não criamos raízes, quando ainda estamos no começo de um relacionamento… por isso temos que ser “o mais transparente possível” com as pessoas, para não geramos expectativas falsas e infundadas (defraudações). 

Eu te garanto que a ingratidão dói muito mais que a rejeição (falo por experiência própria, pois já senti das duas), porque a ingratidão é a rejeição ”concentrada”, ou seja, podemos passar por uma rejeição, e não “rolar” ingratidão junto… mas sempre que rolar ingratidão, junto dela haverá rejeição. É sempre assim, porque o próprio ato de ser ingrato, é um ato de rejeitar. É por isso que dói tanto quando alguém a quem nos dedicamos, se torna ingrato(a), age com ingratidão conosco, porque nos sentimos profundamente rejeitados e “des-amados”. 

Para mim, é um desafio lidar com a ingratidão de um modo geral, mas principalmente com as pessoas ingratas, aquelas que tem essa “natureza”. Acho que isso acontece porque sou grata… Tenho gratidão em meu coração… e por isso, acabo por gerar uma expectativa nas pessoas ao meu redor… não é fácil. 

O que tenho aprendido com o Senhor todos os dias da minha vida é o seguinte: 
Faça para Ele. Faça para Jesus. Ele não tem um coração ingrato, sabe porquê? 
Porque Ele não te rejeita. 

(*) Cantora, compositora, arranjadora, escritora, palestrante e pastora

Nenhum comentário:

Postar um comentário