quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Procura-se o mel e a abelha

Junior Milério do Blog Paladar do jornal O Estado de São Paulo 

A verdade é um ferrão: as abelhas estão ameaçadas. 
Um fenômeno ainda sem explicação está levando ao desaparecimento de colmeias inteiras. E junto com o mel, o sumiço das abelhas põe em risco não só os produtos diretos gerados por elas (geleia real, cera), mas lavouras e pomares que podem minguar na ausência das polinizadoras universais. O risco é geral, afeta diferentes países e independe da espécie de abelha. 

No Brasil, a ameaça é ainda mais preocupante, pois o ambiente é especialmente favorável à produção de méis. Há por aqui tanto os méis de Apis mellifera, aquela amarela e preta, com ferrão, trazida pelos jesuítas no final do século 19 para o Rio de Janeiro, como um patrimônio único e incalculável do ponto de vista gastronômico, de méis produzidos por centenas de espécies nativas, de nomes populares que vão de jataí a mamangava. Esses méis podem desaparecer antes mesmo de serem devidamente conhecidos. Antes de serem reconhecidos e liberados para a venda. 

Para entender a gravidade do caso, tome como exemplo a abelha canudo, típica da América tropical. Segundo o Slow Food Brasil, essa espécie é responsável pela polinização de 80% da flora na Amazônia. Manejadas por índios sateré-maués, as abelhas canudo produzem um “mel fluido, saboroso e aromático, com grande potencial gastronômico”, como explica o professor de história da gastronomia do Senac, Sandro Dias. Se elas sumirem, vão junto o mel, o saber fazer indígena e o guaraná amazônico, que é polinizado por elas. 

Os desdobramentos do eventual sumiço das abelhas são tema do documentário Mais que Mel, que estreia amanhã no Brasil. Dirigido pelo cineasta suíço Markus Imhoof, o documentário percorre o mundo em busca de colmeias para tentar explicar a situação das abelhas e sua importância na dieta humana. As viagens ao longo de cinco anos retratam um cenário preocupante e ainda sem solução. 

Ninguém sabe a causa exata do sumiço. Estresse, desmatamento, uma doença desconhecida, manejo apícola inadequado e uso de pesticidas são suspeitos… Mas certeza não há. 

O fenômeno corresponde a uma rápida perda da população de uma colmeia, que inexplicavelmente não volta à colônia. Na União Europeia, agrotóxicos associados ao sumiço desses insetos foram temporariamente banidos. No Brasil, algumas medidas preventivas estão em análise. Os técnicos do Ibama estão estudando a situação desde 2010 (já registraram dois casos) e alertam para o risco de que a síndrome afete colmeias por aqui. 

O custo da substituição das abelhas na função de polinizadoras seria inviável para a agricultura, não há dúvidas. A abelha tem a anatomia ideal para penetrar nas flores e carregar grande quantidade de pólen em uma única e longa viagem.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

E com vocês o aldrabão, o mendaz, o falacioso

Ao explicar que os brasileiros protestaram nas ruas porque a vida ficou boa demais, Lula criou a Teoria do Quanto Melhor, Pior  

Augusto Nunes (*) 

Com o patrocínio da Odebrecht, que celebrou nesta semana 25 anos de atividades em Portugal, Lula baixou por lá no duplo papel de camelô de empreiteira e doutor honoris causa. O primeiro personagem, sempre disfarçado de palestrante, limitou-se a reprisar na terça-feira o numerito apresentado desde 2011, quando deixou a Presidência. Sem jornalistas por perto, garante aos empresários na plateia que é um negócio e tanto contratar construtoras brasileiras para a execução de obras de grande porte. 

Quem seguir o conselho, exemplifica, poderá pagar em suaves prestações a dinheirama antecipada pelo BNDES em forma de financiamento com juros mais que camaradas. O doutor honoris causa está mais inventivo que o camelô, atestou na noite seguinte a performance de Lula no lançamento do livro A confiança no mundo – sobre a tortura e a democracia, do ex-primeiro-ministro José Sócrates. O prefácio é assinado por Luiz Inácio Lula da Silva. 

Até deixar a Presidência, em janeiro de 2011, Lula produziu dois bisonhos textos manuscritos ─ um bilhete cumprimentando um sobrinho pelo aniversário e meia dúzia de anotações rabiscadas num pedaço de papel durante uma reunião especialmente tediosa. Depois que virou colecionador de canudos honoríficos, faz de conta que é o autor de dois prefácios que Luiz Dulci escreve e ele assina. 

O primeiro ornamenta mais um encalhe do companheiro Aloizio Mercadante. O segundo foi encomendado por José Sócrates. Como nem sequer folheou o livro, e tampouco tentou decorar o prefácio que não escreveu, o feroz inimigo de vogais e consoantes resolveu discorrer sobre as manifestações de rua que agitaram o fim do primeiro semestre. 

“Muitos de vocês foram pegos de surpresa com os movimentos sociais que aconteceram no mês de junho no Brasil”, decolou o palanque ambulante. “O país estava em ascensão, conseguimos que 32 milhões de pessoas saíssem da pobreza, foram criados 20 milhões de postos de trabalho, o número de alunos nas universidades subiu de 3,4 milhões para 7 milhões”. 

Como entender a explosão de descontentamento se falta tão pouco para chegar-se à perfeição? Por isso mesmo, descobriu o orador. “Na medida em que o povo conseguiu estar na universidade, ter emprego, ter um automóvel, era natural que a população quisesse mais, que começasse a reivindicar melhorias na própria vida. Era normal que o povo começasse a discutir mais saúde, mais educação, mais mobilidade. E o povo foi para rua”. 

Ao ensinar que os brasileiros ficaram indignados porque a vida se tornou boa demais, Lula criou a Teoria do Quanto Melhor, Pior. Quer dizer: antes da invenção do Brasil Maravilha, ninguém se indignava porque gente que tem pouco nada pede. Os protestos só começaram com o fim dos problemas. Os ex-pobres que viraram ricos não aceitam menos que um vidaço de milionário. 

Se a teoria valesse para o resto do mundo, nações ultra desenvolvidas ─ a Noruega, a Dinamarca ou a Suíça, por exemplo ─ estariam esquartejadas por guerras civis, e os países africanos teriam a cara da Suécia. A sorte do planeta é que a tese exposta em Portugal não faz sentido em lugar nenhum, incluído o Brasil. É só conversa de 171. 

Enquanto chefiou a oposição, Lula fez o que pôde para infernizar a vida de todos os governos por achar que quanto pior, melhor. Pura maluquice. Agora que chefia a seita no poder, finge acreditar que quanto melhor, pior. Pura vigarice. 

(*) Jornalista é colunista da Revista VEJA

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ora, ora Felipão ... chama o Pato ...

Marin esperneia. Felipão, bufa. Parreira se conforma. Diego Costa escolheu disputar a Copa do Mundo pela Espanha. Cansou de esperar pelo Brasil. E não tem volta…

Cosme Rímoli (*)  

13 de julho de 2014. 
Fim de tarde no Rio de Janeiro. 
Os sinos das igrejas começam a dobrar. 
Marcam 18 horas. 

Maracanã lotado, final da Copa do Mundo. 
43 minutos do segundo tempo. 
A bola cai nos pés de Iniesta, ele dá um toque genial. 
A esfera passa entre Thiago Silva e David Luiz. 

Vai parar no pé direito do camisa 9 espanhol. 
Sem medo, ele dribla o apavorado Júlio César. 
E estufa as redes brasileiras. 
Espanha bicampeã do Mundo. 

Gol de um sergipano de Lagarto, Diego Costa. 
Este é o maior medo de José Maria Marin e Luiz Felipe Scolari. 
De Parreira, não. 
Ele entende e aceita a decisão de Diego Costa. 

A Federação Espanhola anuncia oficialmente que ele já fez sua escolha. 
Vai jogar a Copa do Mundo pela Fúria, o time de Vicente del Bosque. 
Já escreveu a carta obrigatória para a Fifa e para a CBF. 
Nela opta pela Espanha, já que tem dupla cidadania. 

Pede para não ser mais convocado pela Seleção Brasileira. 
Nem leva em consideração a convocação atual. 
Felipão o chamou para jogar os amistosos contra Honduras e Chile. 
Foi uma tentativa desesperada para tentar ter o jogador. 

Atacante que teve nas mãos mas não valorizou. 

"Vamos até as últimas instâncias pela inscrição do jogador. É claro que eu reconheço que a palavra final é do jogador. Me parece que já decidiu, mas não encerra o episódio. Dentro do que é permitido na legislação esportiva, dentro das regras, o Brasil vai lutar até o final. Para nós, não é capítulo encerrado." 

Estupidez

Renato Gomes Nery (*) 

O artigo publicado, na semana passada, a respeito dos trotes aplicados aos alunos da universidade tinha como objeto chamar a atenção para a insensatez daquela prática primitiva e grosseira de calouros se pintarem, se esfarraparem e saírem seminus pelas ruas pedindo dinheiro aos transeuntes e motoristas. Atrapalhando o trânsito e colocando em risco a própria vida. 

Algumas pessoas se manifestaram indignadas com tal prática. E insistiram no sentido de que o trote fosse transformado em alguma(s) atividade(s) mais edificante. 

Quem pode fazer alguma coisa são as autoridades responsáveis pela condução das instituições de ensino superior que a tudo assiste sem tomar nenhuma providência – a espera que aconteça uma tragédia. Esta postura petista de aguardar um pretenso consenso para tomar atitudes, tem causado mais danos que soluções, pois os problemas não esperam. E se aguarda muito mais das autoridades do que a inércia. Acentue-se que se acontecer algum dano serão elas responsáveis civil e penalmente, pois os trotes são permitidos pelas faculdades, onde começam e desaguam nas ruas da cidade. 

Os jovens, por terem muita energia e pouca experiência, são propensos a desatinos. Mas é dever dos mais velhos orientá-los, ensinar-lhes os rudimentos da vida, como: o respeito, os bons costumes, a sensatez, a etiqueta, as regras, as leis, ter bom comportamento e etc. Das autoridades se aguardam atitudes para preservar tudo isto, principalmente quando se trata daquelas responsáveis pela educação da juventude que é o futuro do País. 

Não custaria muito a estas autoridades fazerem um programa civilizado de trote. Trotes edificantes e educativos, como, por exemplo, distribuir cestas básicas, doar sangue, prestar serviços comunitários, dar assistência às crianças, velhos e carentes. 

A fim de que não pairem dúvidas, já que saímos, nesta fase do artigo, da condição de cronista para a de crítico, vamos ser mais claros. É preciso ter atitudes. E estas é que faltam dos responsáveis para por fim nestes vexames que nada constroem. Pelo contrário, liquida a pouca dignidade que ainda resta da nossa juventude, ao se exporem ao ridículo nas ruas da cidade. 

Desculpe o mau jeito, mas um pouco de juízo e de responsabilidade não fariam mal àqueles que têm a missão de orientar, conduzir e educar a juventude. Que nada mais fazem do que formar os responsáveis pelo futuro do Estado e do País. E se espera muito destes moços e moças. 

(*) É advogado em Cuiabá. E-mail – rgnery@terra.com.br

Uma gritante realidade

Jovens brasileiros: jogando videogame e cabulando prova 

Marco Antonio Araújo (*) do Blog O provocador 

Em um país de analfabetos funcionais, nada mais esclarecedor do que o protagonismo do Brasil na criação e consumo de videogames. Os números são impressionantes para uma nação que precisa importar médicos e engenheiros: a sexta edição do Brasil Game Show, que se realiza em São Paulo, dobrou de tamanho em relação a 2012 e promete receber mais de 150 mil visitantes. Estudar que é bom ninguém quer, mas não falta gente desocupada para ficar horas diante uma telinha simulando matanças, partidas de futebol e todo tipo de sociopatia presente nos jogos de “ação e aventura”s. 

Enquanto o mundo enfrenta retração nesse mercado, já faturamos mais do que Reino Unido, Alemanha e Espanha, graças a consumidores ferozes e dispostos a, por exemplo, pagar R$ 4 mil por um PlayStation. Ano passado, o faturamento brasileiro no setor cresceu 127% — enquanto no restante do planeta houve recuo de 25%. Só a pequena França tem jovens zumbis mais viciados que os nossos. Detalhe: o preço médio de um videogame no Brasil é de 345 euros (R$ 1.048,50). Na França, o valor cai para 208 euros. É pra quem pode, não? 

O mais apavorante é saber o quanto os pais apoiam e financiam esse ócio extremamente lucrativo para essa indústria que já teve entre seus expoentes o filho do ex-presidente Lula (com sua famigerada Gamecorp, aquela que recebeu um aporte de R$ 5 milhões da antiga Telemar — numa negociação considerado legítima depois de investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, é bom frisar). Deve ser coincidência. 

Brasileiro adora um videogame, seja no computador, no console ou até na telinha do celular. Deve ser por isso que quase 30% dos inscritos no Enem nem se deram ao trabalho de comparecer ao local da prova. Devem ter ficado em casa jogando Fifa 13 e dando um prejuízo ao MEC de mais de R$ 100 milhões. Estudando é que não estavam. 

(*) Jornalista é professor da Fundação Cásper Líbero

Escola Paulista - Uma idéia brilhante que sempre se renova

A Escola Paulista (onde estudam Giovana e Yasmin) promove anualmente a publicação de um livro com os melhores textos entre os alunos da escola. 

 
Uma brilhante maneira de incentivá-los pela leitura e principalmente através da escrita fazendo com que cada um, na sua idade, ao seu modo, exponha da melhor forma seus pensamentos e suas ideias.

E de forma festiva , incentivada e muito concorrida, a edição de 2013 que é a 8ª , ocorreu ontem na livraria Saraiva no Shopping Center Norte a noite de autógrafos desses pequenos e pequenas escritoras do livro "Nós Semeamos" . 

Com satisfação e orgulho minhas duas princesas tiveram seus textos escolhidos e ontem participamos dessa festa. 

Parabéns à Escola pela excelente promoção e não poderia deixar de parabenizar minhas "escritoras" Giovana Rego Giovannini e Yasmin Rêgo de Oliveira . 

Valeu muito e esperamos que esse incentivo provoque uma continuidade seja na leitura, seja na escrita dos pensamentos seja em forma de versos, de textos, crônicas, enfim , todos serão sempre muito bem-vindos.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O dinheiro público e o abandono à base do esporte

José Cruz (*) 

O programa “Profissão Repórter” de sexta-feira ouviu atletas que estão iniciando no esporte, e suas dificuldades para evoluir. 

A reposta comum à primeira pergunta – “qual a principal dificuldade” – é a mesma de décadas: “falta de dinheiro”; “patrocínio”; “falta apoio”. 

Carlos Luciano, do vôlei de praia, criou um site para arrecadar colaborações de amigos, viajou de carona e se alimentou mal para participar de uma etapa do campeonato de vôlei de praia. Se Carlos conseguir evoluir nesse labirinto de dificuldades chegará ao pódio e, então, terá algum ganho. 

Mas quem perder agora fica pelo caminho, frustrado, como se não tivesse potencial algum. O Estado, apesar da estrutura institucional e financeira, não lhe oferece qualquer chance para se tornar um desportista de elite. A grana está concentrada na cúpula, no atleta pronto! Foram R$ 6 bilhões de verba federal só no último ciclo olímpico. Que tal? 

No mesmo “Profissão Repórter”, dirigido por Caco Barcelos, o brasiliense Marilson dos Santos, bicampeão da Maratona de Nova York e tri na Corrida de São Silvestre, também foi entrevistado. 

Agora consagrado, exibe patrocinadores de peso – Nike, BM&f, Caixa e Pão de Açúcar. Marilson começou aos 12 anos, como Carlos Luciano, sem apoio, correndo descalço nas ruas de Brasília. O “apoio” só apareceu quando ele mostrou potencial. 

A iniciação no Brasil não tem programa, plano, planejamento, projeto, política, nada que incentive o jovem atleta! É cada um por si, enquanto os competidores de alto rendimento esbanjam dinheiro. Dinheiro público que sai pelo ladrão, no bom sentido, claro. 

(*) Jornalista sediado em Brasília, e que cobre as áreas de política, economia e legislação do esporte

A classe média vai ao inferno (2)

Recebemos dois comentários à respeito da postagem "A classe média vai ao inferno " da jornalista e colunista da Revista Época Ruth de Aquino que repassamos abaixo . 

Agradecemos aos leitores Gentil Gimenez e Alexandre pela audiência e confirmando que os comentários foram repassados à colunista via e-mail. 

Cara Ruth: 
" Bastante providencial e real seu artigo sobre as megalópoles, com destaque para São Paulo, onde resido. Infelizmente, temos eleito administradores da pior qualidade para gerir nossas cidades, principalmente as grandes. Administradores incompetentes e muitas vezes com altos graus de corrupção. Administradores comprometidos com loteamentos de cargos para aliados políticos. Daí a incompetência na gestão de empresas públicas que deveriam planejar e cuidar de setores vitais das cidades, como transportes, por exemplo. Administradores demagógicos e imediatista, bastante letrados (e apenas letrados nisso) na arte do marketing político. Em São Paulo, por exemplo, a atual administração (do PT) pinta faixas nas ruas e nos corredores da cidade, criando corredores para ônibus. aumentam, e fazem uma propaganda enorme disso, a velocidade do ônibus de 20 para 30 km por hora. E fazem um outro escarcéu propagandístico com isso. O governo federal (também do PT) abre mão de quantias imensas de impostos (que poderiam ser aplicados para melhorar os transportes), para que o povo compre carro (em suaves 48/60 prestações). E aí o governo municipal restringe a circulação desses carros. E não melhora os sistema de transportes, arcaico e obsoleto. Pintar faixas nas ruas é fácil. Quero ver melhorarem o sistema de transportes. Idem com relação ao governo estadual (em SP, do PSDB), na mídia por superfaturar obras e vagões do metrô. Talvez, se um preço justo tivesse sido pago, poderíamos ter em São Paulo o dobro de linhas de metrô que temos. Essa é uma parte do triste retrato dos administradores que temos" .

Gentil Gimenez 

" O reflexo dessa escolha pelo automóvel são as 3 horas diárias que gasto para transitar entre as zonas leste a oeste de São Paulo, e as opções que tenho para não ir de carro são poucas e bem radicais. Não vejo como ficar melhor no contexto, a não ser empreendendo perto de casa, ou então me mudando para outra cidade. Mas ai tenho que considerar outras variáveis que não estão no meu controle e etc ".

Alexandre

E ainda tem gente que acredita ...

Para comprar MTV, Igreja Mundial pede para fiéis fingirem doença  

Notícias da TV/Daniel Castro 

Valdemiro Santiago
Em carta encontrada em uma sala do templo da Avenida João Dias, na zona sul de São Paulo, a Igreja Mundial do Poder de Deus pede a fiéis para se "passarem por enfermos curados, ex-drogados e aleijados" e assim "conseguir convencer mais pessoas a contribuírem financeiramente para a aquisição do canal 32". 

O canal 32 é uma concessão do Grupo Abril, usada até 30 de setembro para transmitir a programação da MTV Brasil em sinal aberto. Estaria à venda por R$ 500 milhões. 

A carta, reproduzida abaixo, chama a atenção pelo "pragmatismo". Os interessados não precisam comprovar que tiveram alguma doença. Necessitam apenas ter disponibilidade para viajar "para dar seu testemunho de consagração e vitória". Recompensa-se o esforço com "uma ajuda de custo". 

A carta tem um espaço em branco para o preenchimento do nome do bispo local, mas diz que se trata de um "pedido feito diretamente pelo apóstolo Valdemiro Santiago a todos os seus fiéis". Pede-se a destruição da carta após sua leitura. 

A carta obtida pelo Notícias da TV é uma impressão simples, embora colorida. Havia algumas dezenas delas na sala em que foram encontradas. 

A Igreja Mundial do Poder de Deus passa por grave crise financeira. Devendo entre R$ 13 milhões e R$ 21 milhões para o Grupo Bandeirantes, perdeu a locação de 23 horas diárias da Rede 21 e de três horas diárias nas madrugadas da Band. O espaço será ocupado justamente por sua principal rival, a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo. 

Ontem, em culto transmitido pela TV, o apóstolo Santiago praticamente se despediu da Rede 21 e convocou seus fiéis da Grande São Paulo a segui-lo pelo canal 25, de cobertura muito fraca. 

A igreja vem fazendo intensa campanha para viabilizar seu projeto de televisão. Pede "ofertas de R$ 100,00" durante a transmissão de cultos. 

O Notícias da TV tentou durante duas semanas uma entrevista com alguma autoridade da Igreja Mundial. Na semana passada, a igreja se limitou a informar que o bispo Jorge Pinheiro, segundo na hierarquia interna, declarou que "a informação não procede". 

A carta : 


Já que o governo não dá importância ....

Fundação de Bill Gates concede US$ 100 mil a três pesquisadores brasileiros 

Folha de São Paulo 


Um projeto para acelerar a produção de medicamentos para parasitoses ainda comuns no Brasil e na África e dois para facilitar o plantio com técnicas de baixo custo receberão financiamento da fundação do bilionário Bill Gates, da Microsoft. 
 
Cada um dos três pesquisadores brasileiros responsáveis pelos planos vai ganhar um patrocínio de US$ 100 mil (R$ 219 mil) que pode ser estendido a US$ 1 milhão (R$ 2,19 milhões) se a execução da ideia for bem-sucedida. 

A indicação deles será anunciada em uma conferência promovida pela Fundação Bill e Melinda Gates, que começa hoje no Rio. 

O encontro, realizado pela primeira vez no país, vai até quarta (30) e promete reunir mais de 600 pesquisadores já contemplados com o apoio financeiro dos programas batizados de Grand Challenges (grandes desafios), criados pela organização de Gates. 

De 2.700 inscritos, 80 foram selecionados, entre eles o farmacêutico carioca Floriano Paes Silva Júnior, o engenheiro agrônomo paulista Mateus Marrafon e o engenheiro mecânico mineiro Ricardo Capúcio de Resende. 

"O projeto vai ajudar na produção de medicamentos para doenças causadas por parasitas, como esquistossomose e filariose", disse Silva Júnior, 35, que trabalha na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio. 

O farmacêutico propôs o desenvolvimento de um software capaz de interpretar imagens de parasitas feitas com microscópio para avaliar quais medicamentos já existentes podem ser úteis para combatê-los. Essa análise automatizada da reação do parasita à substância poderia ajudar até a dizer qual será a dose ideal para matá-lo. 

Até agora, essa avaliação se dá por meio da observação e da interpretação, feitas por um pesquisador, das características do causador da doença, o que leva a conclusões nem sempre consistentes. "Hoje o método é manual e subjetivo", disse Silva Júnior. 

Mateus Marrafon, 29, pesquisador do Instituto Kairós, desenvolveu protótipos de uma fita biodegradável que envolve as sementes selecionadas para uma determinada plantação. Dentro da fita, que é enterrada no solo, as sementes são distribuídas de acordo com o espaçamento ideal para o crescimento.

"As máquinas agrícolas que distribuem sementes com o espaçamento adequado são caras. A fita é uma opção de baixo custo que vai ajudar o pequeno agricultor", disse Marrafon, que começou a pensar no projeto em 2006, quando estava na faculdade. 
"Tentei de todas as formas buscar parceiros para desenvolver meu projeto, mas não consegui. Foi preciso recorrer a uma instituição de fora do Brasil para levar minha ideia adiante."

Ricardo Resende, 47, da Universidade Federal de Viçosa, também pensou em uma ferramenta que ajudasse no plantio. Projetou uma máquina com duas rodas, capaz de criar buracos no solo e, simultaneamente, lançar sementes. Seria a opção artesanal às semeadoras automatizadas usadas em grandes propriedades. 

"É como um carrinho de mão que pode ser usado inclusive pelas mulheres, uma ferramenta ideal para a agricultura familiar." 

A Fundação Bill e Melinda Gates também firmou parceria com o governo brasileiro. 
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, deve ir hoje à abertura da conferência para formalizar um acordo entre a Fiocruz e a instituição americana para a produção de um vacina dupla viral contra sarampo e rubéola. 

Segundo a fundação, a vacina deverá ser exportada para países africanos.

domingo, 27 de outubro de 2013

Morre aos 71 anos Lou Reed, lendário músico do Velvet Underground

Revista Rolling Stone 

Morreu neste domingo, 27, aos 71 anos, o extremamente influente compositor e guitarrista Lou Reed, que ajudou a dar forma a quase 50 anos de rock. A causa da morte não foi oficialmente confirmada, mas ele havia passado por um transplante de fígado em maio. 

No fim da década de 60, com o Velvet Underground, Reed fundiu a urgência das ruas com elementos da música avant-garde da Europa, casando beleza e barulho, enquanto dava toda uma nova honestidade, em termos de letras, à poesia do rock. Como artista solo criativo, entre as décadas de 70 e 2010, ele estava sempre surpreendendo e desafiando os fãs com seu estilo camaleônico. Glam, punk e rock alternativo são todas coisas impensáveis sem ele. 

Lewis Allan "Lou" Reed nasceu no Brooklyn, em 1942. Fã de doo-wop e dos primórdios do rock (em uma cerimônia tocante, ele ajudou a introduzir Dion ao Hall da Fama do Rock, em 1989), Reed também devia parte de sua formação e inspiração ao período em que estudou na Universidade de Syracuse com o poeta Delmore Schwartz. Depois da faculdade, ele trabalhou como compositor para o selo Pickwick Records (com a qual conseguiu um pequeno hit em 1964 com a paródia dance "The Ostrich"). Em meados da década de 60, ele ficou amigo do músico John Cale, de formação clássica. Reed e Cale formaram uma banda chamada Primitives, depois mudaram o nome para The Warlocks. Depois de conhecer o guitarrista Sterling Morrison e a baterista Maureen Tucker, eles se tornaram o Velvet Underground. A banda chamou atenção de Andy Warhol. "Andy costumava exibir os filmes dele na gente", Reed contou certa vez. "Usávamos preto para que desse para ver o filme. Mas a gente só usava preto, de qualquer forma". 

Com "produção" de Warhol, mas sem qualquer repercussão comercial, ao ser lançado no início de de 1967, o disco de estreia do VU, The Velvet Underground & Nico, é hoje um marco na história da música que pode ser comparado a Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, ou Blonde On Blonde, do Bob Dylan. As descrições de Reed a respeito da vida boêmia de Nova York, com alusões a drogas, e sadomasoquismo, eram invejáveis até aos momentos mais sombrios dos Rolling Stones, enquanto as doses generosas de distorção e barulho gratuitos revolucionavam a guitarra no rock. Os três discos seguintes da banda, White Light/White Heat (1968), The Velvet Underground (1969) e Loaded (1970), foram também ignorados. Mas seriam admirados por gerações futuras, fixando o status do Velvet Underground como uma das bandas mais influentes de todos os tempos, nos Estados Unidos. 

Depois de se separar dos Velvets em 1970, Reed foi para a Inglaterra e, seguindo sua tradição de ser paradoxal, gravou um disco solo com apoio dos integrantes da banda de rock progressivo Yes. Mas foi o disco seguinte dele, Transformer (1972), produzido pelo discípulo de Reed, David Bowie, que o elevou para além do status de cult, fazendo dele um genuíno astro do rock. Apesar da alusão a sexo oral, “Walk On the Wild Side”, uma evocação carinhosa, embora não fosse sentimental, à cena do estúdio de arte Factory, de Warhol, se tornou um hit nas rádios e “Satellite of Love” ganhou muitas covers, incluindo uma versão do U2. Reed passou a década de 70 desafiando expectativas quase como se isso fosse um esporte. Berlin (1973) era uma literariamente pomposo enquanto Sally Can’t Dance (1974) tinha sopros do soul e guitarras ousadas. Em 1975, ele lançou Metal Machine Music, um experimento barulhento que o selo RCA vendeu como música clássica avant-garde, enquanto em 1978 saiu o ao vivo Take No Prisoners que era quase como um álbum de comédia em que Reed destruía nominalmente críticos de rock (“Lou certamente é um adepto de descobrir novas maneiras de cagar nas pessoas”, disse um desses críticos, Robert Christgau, naquela época). Ao explicar a trajetória inusitada da carreira, Reed disse ao jornalista Lester Bangs: “As minhas merdas valem mais do que os diamantes das outras pessoas .” 

A personalidade sexualmente ambígua de Reed e o abuso de drogas ao longo dos anos 70 ajudaram a fazer dele um mito do rock. Mas na década seguinte, ele começou a ficar mais suave. Se casou com Sylvia Morales e mostrou um pouco da vida de recém-casado no excelente The Blue Mask (1982), o melhor trabalho dele desde Transformer. New Sensations (1984) tinha aspecto mais comercial e, em 1989, New York encerrou a década com uma coleção de músicas engraçadas e políticas que foram amplamente elogiadas. Em 1991, ele colaborou com Cale em Songs For Drella, um tributo a Warhol. Três anos mais tarde, o Velvet Underground se reuniu para uma série de shows bem-sucedidos na Europa. 

Reed e Morales se divorciaram no começo da década de 90. Poucos anos depois, Reed começou um relacionamento com a artista performática Laurie Anderson. Os dois se tornaram ícones inseparáveis de Nova York, colaborado e se apresentando juntos ao vivo enquanto também se envolviam em ativismo cívico e ambiental. Eles se casaram em 2008. 

Reed continuou a seguir os impulsos idiossincráticos como artista depois de 2000. Depois de passar por uma fazer de roqueiro decadente, se tornou um ávido estudante de T'ai Chi, chegando até a levar o instrutor para o palco durante shows, em 2003. Em 2005, lançou um disco duplo chamado The Raven, baseado no trabalho de Edgar Allen Poe. Em 2007, lançou um álbum de ambiente intitulado Hudson River Wind Meditations. Reed retornou ao rock mainstream em 2011 com Lulu, uma colaboração com o Metallica. 

“Ao longo de tudo isso, sempre achei que se você pensa em tudo isso como um livro, então você tem o Grande Romance Americano, sendo que cada disco é um capítulo”, ele disse à Rolling Stone EUA em 1987. “Estão em ordem cronológica. Se você empilhar tudo e ouvir em ordem, é o meu Grande Romance Americano." 

Relembrem de Lou Reed em Perfect Day 

http://www.youtube.com/watch?v=QYEC4TZsy-Y

sábado, 26 de outubro de 2013

A classe média vai ao inferno

Ruth de Aquino (*) 

Era uma vez o sonho de morar na grande cidade. O paraíso das oportunidades, do emprego bem remunerado, do hospital equipado e do acesso mais amplo aos serviços públicos. O centro do lazer cultural e do bem-estar. A promessa da mobilidade social e funcional. 

A metrópole virou megalópole e, hoje, São Paulo e Rio de Janeiro se tornaram ambientes hostis ao cidadão de qualquer classe social que precise se deslocar da casa para o trabalho. As “viagens” diárias dificultam conciliar família e profissão. Os serviços públicos são muito ruins. E o transporte coletivo – negligenciado por sucessivos governos como “coisa de pobre” – é indigno. 

Hoje, mais da metade da população (54%) tem algum carro. O Brasil privilegiou a indústria automobilística, facilitou a compra de veículos, e a classe média aumentou em tamanho e poder de consumo. Todos acreditaram que chegariam ao paraíso. Ficaram presos no congestionamento. 

Quem mais fica engarrafada nas ruas é a classe média, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A pesquisa, com base em dados de 2012, revela que os muito pobres e os muito ricos gastam menos tempo no deslocamento casa-trabalho do que a classe média. Os ricos, porque podem morar perto do trabalho – sem contar os milionários e os governadores, que andam de helicóptero. Os muito pobres, sem dinheiro para a passagem, tendem a se restringir a trabalhar bem perto de onde moram ou acordam às 4 horas da manhã para evitar congestionamento. Como não se investiu em trem e metrô – muito menos em sistemas inteligentes de transporte –, estouramos os limites da civilidade. E que se lixem os impactos ambientais, a poluição e a rinite. 

Nesse cenário, qualquer falha, incidente, obra, desastre ou atropelamento transforma o caos “normal” em catástrofe. Tombou a carreta? O ônibus atropelou o ciclista? O trem sofreu pane? O bueiro explodiu? O cano estourou? A linha de nosso reduzido metrô enguiçou? O asfalto cedeu? Os motoristas de ônibus pararam por melhores condições? Pronto, não se chega mais a lugar nenhum. Até os atalhos se tornam sucursais do inferno. 

No setor externo, um desastre made in Brazil

Rolf Kuntz (*) 

A presidente Dilma Rousseff deve terminar o ano com mais um troféu econômico, o pior resultado das contas externas em mais de uma década - exportações estagnadas, importações em alta e um enorme buraco na conta corrente do balanço de pagamentos. Nos 12 meses terminados em setembro o déficit na conta corrente chegou a US$ 80,51 bilhões, equivalentes a 3,6% do produto interno bruto (PIB), informou nesta sexta-feira o Banco Central (BC). No relatório recém-divulgado foram mantidas as projeções para 2013: saldo comercial de US$ 2 bilhões, déficit em conta corrente de US$ 75 bilhões (3,35% do PIB) e investimento estrangeiro direto de US$ 60 bilhões. Alguma melhora será necessária, portanto, para se chegar ao fim de dezembro com o cenário estimado pelo BC. Um quadro mais positivo, neste e no próximo ano, dependerá principalmente de uma recuperação da balança comercial e nesse quesito o País continua muito mal. 

A exportação rendeu neste ano US$ 192,59 bilhões até a terceira semana de outubro, 1,1% menos que no ano passado em igual período. A importação consumiu R$ 193,19 bilhões, 8,7% mais que um ano antes, segundo os dados oficiais. O saldo acumulado em quase dez meses, US$ 605 milhões, só foi possível graças ao resultado favorável obtido nas três primeiras semanas do mês, um superávit de US$ 1 bilhão. Mas esse resultado embute uma exportação meramente contábil de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,9 bilhão. Outras plataformas foram contabilizadas nos meses anteriores, mas foram sempre vendas fictícias, vinculadas à concessão de benefícios fiscais. 

Se esses números fossem eliminados, o quadro do comércio exterior brasileiro, já muito feio pelos números oficiais, seria bem menos favorável. Para acertar as contas seria também preciso, poderiam dizer os mais otimistas, eliminar as importações de combustíveis efetuadas em 2012 e registradas só neste ano graças a um arranjo especial da Petrobrás. É verdade, mas é indispensável lembrar uma diferença entre essas compras e as vendas de plataformas. Estas só ocorreram na contabilidade, mas as compras de combustíveis foram realizadas e seria necessário incluí-las nos cálculos em algum momento. Se tivessem entrado nas contas do ano passado, o superávit comercial teria ficado bem abaixo dos US$ 19,41 bilhões divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 

Se as projeções do BC estiverem corretas, o Brasil vai faturar neste ano US$ 241 bilhões com as vendas ao exterior. O gasto com produtos estrangeiros chegará a US$ 239 bilhões. O valor exportado será 0,6% menor que o do ano passado e 5,8% inferior ao de 2011. A importação terá custado cerca de 7% mais que em 2012 e 5,6% mais que dois anos antes. A deterioração é inegável e a causa mais importante é o enfraquecimento da indústria brasileira, por falta de investimentos, aumento de custos e dificuldade crescente para enfrentar uma disputa mais dura em mercados mais apertados. Isso vale para o mercado nacional. 

As medidas protecionistas impostas pelo governo foram insuficientes para barrar o ingresso de produtos estrangeiros. Além do mais, nenhuma barreira tornaria os produtores brasileiros mais capazes de competir fora das fronteiras, mesmo em áreas antes consideradas campos de caça tranquilos, como o Mercosul e a maior parte da vizinhança. Também na região outros produtores têm conseguido ocupar espaços crescentes sem muita oposição brasileira. 

Quando se aponta a piora do balanço de pagamentos - especialmente da balança comercial -, ministros costumam citar a acumulação de reservas para mostrar a segurança do setor externo. Mesmo com intervenções no mercado cambial, como reação às turbulências do meio do ano, o BC conseguiu, graças a uma estratégia bem desenhada, evitar a perda de moeda estrangeira e preservar mais de US$ 370 bilhões. Esse é, sem dúvida, um importante fator de segurança, mas de nenhum modo pode substituir a eficiência produtiva e os acordos internacionais favoráveis à expansão do comércio. 

A política brasileira tem falhado nas duas frentes. A deficiência de investimentos, o desperdício de recursos, o erro na escolha de prioridades (na política educacional, por exemplo) têm dificultado ganhos gerais de produtividade. Se as concessões derem certo, a taxa de investimentos chegará a 22,5% do produto interno bruto até 2018, segundo estimativa do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Muitos países latino-americanos já estão acima desse padrão, enquanto a taxa brasileira continua oscilando entre 18% e 19%. 

Como as condições de produção foram geralmente negligenciadas nos últimos dez anos, a começar pela infraestrutura, o potencial de crescimento diminuiu, como seria previsível. Hoje esse problema é assunto da pauta internacional, pouco importando os desmentidos e esperneios do governo brasileiro. 

Na outra frente, a escolha das parcerias prioritárias, também se acumularam erros desastrosos. A diplomacia comercial pôs no alto da agenda a aproximação com mercados pouco importantes, com exceção do chinês. Mas o comércio com a China virou uma relação semi colonial, com o Brasil praticamente limitado a vender commodities, em geral de pouca ou nenhuma elaboração, e a importar manufaturados. 

Os imperialistas, desprezados pela diplomacia de passeata dos governos petistas, continuam como compradores relevantes de manufaturados - e poderiam comprar muito mais se tivessem sido assinados acordos de livre-comércio. Mas nem todos criticam a estratégia comercial brasileira e o desprezo petista aos grandes mercados. No caso dos chineses e outros exportadores realistas e dinâmicos, a fantasia terceiro-mundista vivida em Brasília nos últimos dez anos elimina um possível competidor de peso. 

(*) Jornalista

'E deixe os Portugais morrerem...'

Pasquale Cipro Neto (*)

Estava na capa da Folha do último dia 15: "Dilma manda rivais estudarem; Marina vê retrocesso no país". Alguns leitores reclamaram do emprego da forma "estudarem", ou seja, reclamaram do emprego da forma flexionada do infinitivo. Para esses leitores, a forma correta seria "Dilma manda rivais estudar". 

Ai, ai, ai... Como diz uma querida senhora (que não está longe dos 80), "pode até pensar, mas não pode dizer". Tradução: é melhor eu não dizer o que penso da arbitrariedade dessas "autoridades linguísticas". 

Quem já teve dois segundos de interesse pelos fatos da língua sabe muito bem que o emprego do infinitivo é verdadeira cilada. Vale a pena ver o que diz sobre o tema a sempre importante "Nova Gramática do Português Contemporâneo", dos queridos e saudosos Celso Cunha (brasileiro) e Lindley Cintra (português): 

"O emprego das formas flexionada e não flexionada do infinitivo é uma das questões mais controvertidas da sintaxe portuguesa. (...) Em verdade, os escritores das diversas fases da língua portuguesa nunca se pautaram, no caso, por exclusivas razões de lógica gramatical, mas se viram sempre, no ato da escolha, influenciados por ponderáveis motivos de ordem estilística, tais como o ritmo da frase, a ênfase do enunciado, a clareza da expressão. Por tudo isso, parece-nos mais acertado falar não de regras, mas de tendências que se observam no emprego de uma e de outra forma do infinitivo". 

Em seguida, os autores dão uma relação de algumas das tendências observadas, o que também se vê em outras boas gramáticas, que, como a de Cunha e Cintra, também se baseiam na observação das tendências. 

Uma dessas tendências se refere ao caso em tela (o da manchete da Folha), em que há um verbo auxiliar chamado causativo ("mandar") + infinitivo ("estudar"). Dizem as boas gramáticas que, nesses casos, quando o sujeito do infinitivo é expresso por um pronome oblíquo, o infinitivo costuma ocorrer em sua forma não flexionada: "Eu as deixei entrar"; "Ele os mandou sair"; "Não nos deixeis cair..."; "Mande-os ler"; "Faça-os ficar"; "Deixai-as vir a mim". 

Quando o sujeito do infinitivo é um substantivo, posto entre o verbo auxiliar e o infinitivo, qual é a tendência? Ocorrem as duas formas do infinitivo: "Deixai as criancinhas vir (ou virem') a mim"; "Quero (...) ver as águas dos rios correr" (como escreveu Candeia em "Preciso me Encontrar") ou "Quero ver as águas correrem". 

No título desta coluna, há um trecho da antológica canção "Língua", de Caetano Veloso. Diz a letra: "E deixe os Portugais morrerem à míngua". Caetano optou por "morrerem", forma que enfatiza o sujeito do infinitivo ("Portugais"); poderia ter optado por "morrer", forma que enfatizaria o processo expresso pelo verbo, e não o seu agente. 

Como se vê, o título da Folha ("Dilma manda rivais estudarem...") se apoia numa das tendências verificadas no uso do infinitivo. A outra tendência é a opção pela forma não flexionada ("estudar"), igualmente abonada nos registros cultos da língua. 

Moral da história: é perfeitamente possível substituir a forma escolhida pelo jornal ("estudarem") pela não flexionada ("estudar"), mas é bom lembrar que "perfeitamente possível" não equivale a "obrigatório". 

A esta altura, algum defensor do reducionismo geral talvez já esteja dizendo que bastaria dizer que tanto faz. Não "tanto faz", caro leitor. O que se diz, nesse caso (e em tantos outros), é "depende". E depende de quê? Repito um trecho do que dizem Cunha e Cintra: "...influenciados por ponderáveis motivos de ordem estilística, tais como o ritmo da frase, a ênfase do enunciado, a clareza da expressão". É isso. 

(*) Professor de português desde 1975. Colaborador da Folha de São Paulo desde 1989 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Óleo de palma e derivados, no Pará, geram inclusão social

Agrolink 

Na década de 1970, a palma, cultura perene de regiões tropicais, que possui uma alta produtividade de óleo por área (cinco toneladas por hectare), começou a ser plantada em maior escala no estado do Pará. 

Desde então, destaca-se como uma atividade econômica que tem contribuído para a geração de empregos e por ampliar a inclusão social. 

Por ser perene, com um ciclo produtivo de 25 a 30 anos, e por demandar plantio e colheita manuais, a cultura da palma ajuda a criar e manter empregos nas áreas rurais. 
O setor gera em torno de 20 mil empregos diretos na produção de óleo de palma e derivados, no Pará. 

De acordo com informações da Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), criada em setembro de 2012, a produção brasileira vem crescendo de forma sustentável. 
Em 2012, a produção no Brasil foi de 260 mil t. 
Em 2013, estima-se uma produção de 350 mil t de palma e de 35 mil t de óleo de palmiste, das quais 90% no Pará, principal produtor, e o restante, na Bahia. 

As empresas que atuam no estado do Pará são Agropalma, ADM, Biopalma/Vale, Denpasa, Dendê do Tauá, Marborges, Mejer, Palmasa, e Petrobras/Galp Energia (Belém Bioenergia Brasil). 

A palma é a única oleaginosa da qual se extraem dois tipos de óleos com características e usos diferentes - o óleo de palma e o óleo de palmiste. 
Ambos são usados, principalmente, nas indústrias de alimentos (chocolate, biscoitos, margarinas, gorduras especiais, etc), na indústria química (cosméticos, produtos de ‘personal’ e ‘home care’), e na produção de combustíveis renováveis (biodiesel). 

Levantamentos do Zoneamento Agroecológico (ZAE) mostram que existe no Brasil uma área de mais de 28,9 milhões de hectares propícios para o plantio de palma, dos quais 12,3 milhões de hectares no Pará, em condições regulares e preferenciais. 

Portanto, há um potencial enorme de desenvolvimento dessa oleaginosa. 
Os produtores garantem a sua renda futura com a venda dos cachos da palma às empresas, por meio de contratos de longo prazo, a preços de mercado. 

As empresas, por sua vez, se comprometem a fornecer a assistência técnica necessária, de forma gratuita, em todas as etapas do cultivo, do plantio à colheita. 
Também são oferecidos insumos necessários para implantar e manter os cultivos. 

Hoje, no Pará, existem mais de 1.500 famílias de pequenos agricultores participando do Programa de Palma com Agricultura Familiar.
Estima-se que serão mais de 3.000 famílias nos próximos anos. 

Produção de biodiesel - 
A produção de biodiesel a partir do óleo de palma, no Brasil, é inexistente. 

Isso mudará a partir de 2016, com a entrada em operação da unidade de biodiesel da Biopalma/Vale, a qual terá uma usina com capacidade de produção de mais de 200 mil t de biodiesel/ano, que atenderá as operações da empresa em suas locomotivas. 

Outro empreendimento que está focando a sua produção de palma em projetos de biodiesel é a Petrobras/Galp.

Palácio e os ‘movimentos sociais’

Demétrio Magnoli (*) 

“É um absurdo vender isso. A sociedade não participou do debate sobre o tema. Nossa tentativa é sensibilizar o governo para negociar e discutir”. 

As sentenças, de Francisco José de Oliveira, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), referiam-se ao leilão de Libra, na faixa do pré-sal. Mas a lógica subjacente a elas, expressa na segunda frase, nada tem de singular. 

Nas duas últimas décadas, os “movimentos sociais” repetem aborrecidamente a ladainha sobre “a sociedade” excluída do “debate”, enquanto invadem órgãos públicos em nome da “participação”. Vivemos nos tempos do super corporativismo, um ácido corrosivo derramado sobre o material de nossa democracia. 

O Brasil moderno nasceu, pelo fórceps de Getúlio Vargas, sob o signo do corporativismo. A “democracia social” do Estado Novo cerceava os direitos do indivíduos, subordinando-os a direitos coletivos. 

Na definição do historiador Francisco Martinho, “o cidadão nesse novo modelo de organização do Estado era identificado através de seu trabalho e da posse de direitos sociais e não mais por sua condição de indivíduo e posse de direitos civis ou políticos” (“O corporativismo em português”, Civilização Brasileira, 2007, p. 56).

Inspirado no salazarismo português e no fascismo italiano, o corporativismo varguista organizou a sociedade como uma família tripartida: governo, sindicatos patronais e sindicatos de trabalhadores. O super corporativismo, uma obra do lulopetismo, infla o balão do corporativismo original até limites extremos. 

As trilhas do cartel

Editorial da Folha de São Paulo  

Vêm da Suíça, e não pela primeira vez, documentos capazes de acentuar as suspeitas que recaem sobre sucessivas administrações do PSDB em São Paulo. O Estado, governado pelos tucanos desde 1995, teria hospedado um esquema milionário para burlar licitações de metrô e trens da CPTM. 

O escândalo foi reavivado pela empresa alemã Siemens, uma das partícipes da fraude. Conforme esta Folha noticiou em 14 de julho, a companhia, em troca de imunidade, delatou às autoridades brasileiras a existência do cartel --criado, como sempre, para eliminar a concorrência e, assim, aumentar os preços cobrados pelos serviços. 

Entre as multinacionais envolvidas estaria a francesa Alstom, ela própria alvo de investigações pelo alegado pagamento de propinas em diversos países. 

Até aqui sem provas do envolvimento de políticos no caso paulista, as apurações avançam em torno de personagens que, obscuras para o grande público, têm sua importância cada vez mais reconhecida pelos investigadores. 

Uma das peças centrais parece ser o lobista Arthur Teixeira. Em agosto, soube-se que seu nome aparecia em documentos da Siemens como participante das negociações de contratos de manutenção de trens.

Na semana passada, Teixeira voltou ao noticiário. Dessa vez, implicado no pagamento de US$ 836 mil (cerca de R$ 1,8 milhão) que, segundo o Ministério Público, foi feito pela Alstom ao ex-diretor da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) João Roberto Zaniboni. Tal afirmação baseou-se em documentos enviados ao Brasil por autoridades suíças. 

Há mais na papelada helvética. Como informou o jornal "O Estado de S. Paulo", entre os documentos está um e-mail, de 18 de novembro de 2004, no qual o então presidente da Alstom no Brasil, José Luiz Alquéres, recomendou "enfaticamente" a diretores da empresa que buscassem Teixeira para desenvolver negócios em São Paulo.

Alquéres também teria afirmado que tinha "longo histórico de cooperação com as autoridades do Estado" e que apoiou pessoalmente "amigos políticos no governo". À época, Geraldo Alckmin era o governador, e José Serra acabara de eleger-se prefeito da capital. 

Ao ser questionado, Alckmin afirmou ontem que a corregedoria e a controladoria do Estado têm a recomendação de investigar o caso, "doa a quem doer". 

É o mínimo que se espera, dado o tamanho do prejuízo que a corrupção pode ter causado aos cofres públicos. Mas não deixa de ser curioso que, por enquanto, o maior empenho venha de um país que pouco tem a ver com a história.

Enem 2013

Com recorde de inscritos, Enem terá 'operação de guerra' amanhã  

Folha de São Paulo 


O MEC está preparando uma "operação de guerra" com Exército e Polícia Militar para aplicar a maior prova do Enem neste final de semana. 

Ao todo, 7,8 milhões de alunos devem fazer a avaliação amanhã e no domingo --são 2 milhões de candidatos a mais do que em 2012. 

De acordo com informações divulgadas pelo Inep (Instituto Nacional de Educação e Pesquisa), do MEC, o exame vai envolver 648 mil pessoas, dentre coordenadores estaduais, municipais e de locais de aplicação, chefes de sala, fiscais e apoio. 
É o maior número de pessoal de apoio já registrado. 

Esses profissionais vão cuidar de 15,7 milhões de provas que foram embaladas em malotes com lacres eletrônicos. Isso permite que a abertura dos pacotes fique registrada. 

O MEC está com cuidado redobrado após alguns episódios de vazamento do exame. O mais sério foi em 2009, quando algumas provas foram levadas por funcionários de uma gráfica de São Paulo, que tentaram vendê-la. 

Outra preocupação é a correção da redação. No ano passado, um texto com boa nota trazia uma receita de miojo. 
Neste ano, a pasta quase dobrou o número de corretores de redação: serão 9,5 mil. 

"O Enem é uma das maiores provas de avaliação de educação do mundo", explica Fernando Abrucio, professor e especialista em políticas públicas da FGV. 
"É uma logística enorme aplicar uma prova dessa dimensão simultaneamente em todo o país --ainda mais em um país tão diverso", diz. 

De acordo com David de Lima Simões, coordenador geral de concepção e de análise pedagógica do Enem, a tendência é que o número de participantes do exame cresça a cada ano, conforme a prova vai ganhando importância no cenário educacional brasileiro. 

Hoje, o Enem é usado na seleção de universidades e de programas federais como o ProUni (que dá bolsas em universidades particulares) e o Ciência Sem Fronteiras (que dá bolsas no exterior). 

FIQUE ATENTO 
Amanhã, os candidatos fazem, no total, 90 questões das áreas ciências humanas e ciências da natureza. 

Os organizadores recomendam que os estudantes cheguem ao local de prova até as 12h (horário de Brasília).

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Vereadores de SP: apenas vaquinhas de presépio

Câmara de São Paulo aprova aumento do IPTU em 1ª votação  

Estadão 

Após negociar com líderes de partidos aliados na Câmara Municipal de São Paulo, a gestão Fernando Haddad (PT) conseguiu aprovar nesta quinta-feira, 24, por 30 votos a favor e 18 contra, o reajuste do IPTU para 2014 com teto de 20% para imóveis residenciais e 35% para os comerciais e industriais. O projeto agora precisa passar por uma segunda votação no Legislativo para entrar em vigor a partir de 1º de janeiro do ano que vem. Não houve nenhum protesto contra o reajuste nas galerias da Casa. 

Para conseguir a aprovação apertada, o mínimo era de 28 votos, a gestão Haddad cedeu ainda mais e reduziu o limite do aumento residual do IPTU a partir de 2015. Agora, o imóvel que teve supervalorização na revisão da Planta Genérica de Valores (PGV) feita pela Prefeitura não pagará mais do que 10% de reajuste por ano no caso dos residenciais e 15% no caso dos comerciais até 2017, quando um novo cálculo da planta será feito. 

O secretário de Relações Governamentais, João Antonio, foi até a Câmara nesta quinta-feira à tarde para negociar com os parlamentares do PSD, PMDB, PRB e PROS, partidos da base aliada de Haddad, mas que esboçavam resistência ao reajuste. "A nossa correção é justa para um mercado que se valorizou bastante. Não se trata de aumento, mas de correção da Planta Genérica de Valores (PGV)", disse João Antonio. 

Segundo o secretário, Haddad chegou ao limite da concessão e tentará aprovar o projeto em segunda discussão sem nenhuma modificação. Em 2009, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) aprovou em primeira o reajuste de 40% e 60% respectivamente e depois cedeu para 30% e 45% na segunda votação da Câmara. 

Com a redução da trava de 30% para 20% no caso dos imóveis residenciais e de 45% para 35% no caso dos comerciais e industriais, a Prefeitura estima arrecadar R$ 150 milhões a menos com IPTU do que o previsto para 2014, que seria cerca de R$ 6,8 bilhões. Em nota, a Secretaria de Finanças disse que ainda não conseguia calcular quantos contribuintes terão de pagar o aumento residual após 2014. 

O vereador oposicionista Gilberto Natalini (PV) acusou os petistas de só conseguirem o apoio necessário para aprovar o aumento fazendo ameaças. "O PT jogou pesado para convencer vereadores a mudar sua opinião e votar a favor desse projeto de IPTU extorsivo. Ameaçou vereadores evangélicos com perseguição a suas respectivas igrejas, ameaçou vereadores suplentes de trazerem gente de volta para o vereador perder o mandato", disse. 

O petista Paulo Fiorilo negou as acusações. "Não houve isso. Se tem algum problema, não é dessa ordem", disse. 

Impactos. 
O presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), Cláudio Bernardes, afirma que as travas criadas pelo governo só adiam aumentos que podem ultrapassar 100% em três anos. Um reajuste classificado como inviável por ele. "O IPTU é calculado com base no valor venal, historicamente defasado. Quando você aproxima demais do valor de mercado, tem de baixar a alíquota, estabelecida para um valor venal baixo", disse Bernardes. 

De acordo com ele, o aumento pega em cheio o mercado imobiliário e pode até afetar o novo Plano Diretor. Isso porque as outorgas onerosas - valor pago para se construir acima do padrão estabelecido para cada área - são calculadas com base no valor venal. 

"E esses custos não terão trava", afirma. De acordo com o raciocínio de Bernardes, se as outorgas forem muito caras, o mercado pode não se interessar por elas, afetando o plano da Prefeitura de adensar mais determinadas regiões da cidade. 

Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Rogério Amato, o aumento do IPTU ocorre em péssima hora para o comércio e será inevitavelmente repassado aos consumidores. 

"Não existe a possibilidade disso (aumento do IPTU ) não ser repassado para os preços ao consumidor. É mais um aumento da carga tributária numa hora ruim, em que o comércio está desanimado, crescendo pouco", afirmou Amato.

A derrama do IPTU

Vinicius Mota (*) 

Aos poucos a opinião pública paulistana se dá conta da derrama embutida na proposta do prefeito Fernando Haddad (PT) para aumentar o IPTU. Se for aprovada como está prevista no Plano Plurianual da prefeitura, ela redundará numa explosão da receita obtida com o imposto nos próximos anos. 

Em apenas três anos de gestão, o que falta para completar seu mandato, Haddad terá elevado a arrecadação do IPTU estrondosos 56%. Levando em conta uma estimativa de inflação alta nesse período, de 6% ao ano, a prefeitura ainda assim terá embolsado 37% em termos reais. Tudo sacado do bolso do conjunto dos contribuintes, que terá de evitar outras despesas ou endividar-se mais para pagar suas contas e tocar sua vida. 


O aumento previsto para quatro anos é de 73%, ou 46% acima da inflação. É justo? Não parece. 

Houve tremenda valorização dos imóveis de 2009 para cá, argumenta a prefeitura. Parte dessa valorização tem de ser revertida para os cofres municipais. 

Frágil argumentação. Imóveis valorizam-se e desvalorizam-se independentemente do que ocorre com o salário dos trabalhadores e o faturamento das empresas. Se obtive lucro ao vender minha casa e me beneficiei da valorização imobiliária, uma parte desse ganho é tributada pela Receita Federal, no Imposto de Renda. Outra vai para o município, via ITBI, o imposto que incide sobre o valor da venda dos imóveis. 

Já o IPTU é um falso imposto sobre imóveis. Ele incide de fato sobre a renda das pessoas. Sobre o conjunto dos salários dos cidadãos, grosso modo. Não se vende a casa para pagar o IPTU. Em vez disso, racionaliza-se o orçamento mensal para que a parcela da mordida caiba nas contas domésticas. 

Então, para julgar a razoabilidade da proposta de Haddad, é preciso especular se a renda dos trabalhadores vai subir proporcionalmente ao aumento que a prefeitura propõe para o IPTU. Também é preciso saber quanto os salários subiram de 2009 para cá, data do último reajuste do tributo, a fim de avaliar o tamanho da defasagem na arrecadação. 

Nenhuma das duas operações justifica a garfada proposta pela gestão petista. 

De 2009 até 2012, o salário na região metropolitana de São Paulo aumentou 16% acima da inflação, informa o IBGE. Pelas condições apertadas da economia, esse ganho dificilmente se repetirá nos próximos anos. É provável que seja substancialmente menor. 

Ou seja, a prefeitura está propondo que o paulistano destine parte crescente do seu trabalho para arcar com os custos de políticas públicas municipais, como o subsídio galopante do transporte público. Este é o cerne da proposta de Fernando Haddad. 

O transporte público, entretanto, poderia ficar mais eficiente e mais barato se o prefeito optasse por outras medidas que não o aumento de tributos, essa "pièce de résistance" da esquerda universal. Que tal, por exemplo, acabar com os cobradores nos ônibus municipais? Nenhuma capital civilizada do mundo os ostenta mais. 

Parece, contudo, mais fácil sacar do contribuinte, que mal pode se defender. Não é, sr. prefeito? 

(*) É Secretário de Redação da Folha de São Paulo 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Câncer de próstata

Vacina brasileira surge como promissor tratamento contra câncer de próstata  

UOL 

Uma vacina desenvolvida no Brasil e que obteve resultados bem-sucedidos em testes com humanos promete ser um tratamento mais eficaz e barato que o lançado nos Estados Unidos em 2010 e até agora considerado referência para tratar o câncer de próstata. 

"Obtivemos taxas espetaculares de redução da doença e de diminuição da mortalidade por câncer de próstata", disse à Agência Efe o pesquisador Fernando Kreutz, responsável pela inovação e proprietário do FK Biotec, o laboratório com sede em Porto Alegre que patenteou a vacina. 

O produto estimula o sistema imunológico a identificar e destruir as células cancerígenas e a previsão do laboratório é lançar a vacina em, no máximo, três anos. 

Apesar dos testes clínicos demonstrarem a eficácia da vacina no tratamento do câncer de próstata, os responsáveis da inovação consideram que também poderá ter resultados bem-sucedidos com outros tipos da doença. 

"Já fizemos pequenos estudos com a vacina para tratar câncer de mama, de pâncreas, de intestino e melanoma. O pequeno número de pacientes ainda não nos permite ter conclusões clínicas, mas nos impressionou uma resposta clínica parcial em um paciente com câncer de pâncreas, que é um dos mais agressivos e mortais, com um índice de sobrevivência de apenas três meses", explicou Kreutz. 

O fármaco é desenvolvido a partir das células tumorais do próprio paciente e tem o objetivo de tratar pessoas que já foram diagnosticadas com câncer para evitar a reaparição da doença ou sua morte. 

"Trata-se de uma tecnologia que prevê o tratamento particular, já que cada vacina é elaborada a partir de células do paciente. Trata-se, além disso, de uma vacina terapêutica e não preventiva. Seu objetivo é tratar as pessoas com o tumor e não prevenir o surgimento da doença", acrescentou o pesquisador. 

Os primeiros testes foram realizados em 107 pacientes com câncer de próstata em estado avançado, ou seja, já submetidos à cirurgia ou que já tinham retirado a próstata, que passaram por revisões periódicas durante cinco anos depois da vacinação. 

Enquanto em 85% dos pacientes vacinados foi impossível detectar o PSA cinco anos depois, essa porcentagem foi de apenas 48% entre os pacientes não vacinados. O PSA é a proteína utilizada como marcador nos exames para diagnosticar câncer de próstata. 

Entre os pacientes vacinados a taxa de mortalidade se reduziu a 9%, muito abaixo dos 19% registrados entre os não vacinados. 

"Neste tipo de câncer a taxa de mortalidade média é de um em cada cinco pacientes, mas com a vacina conseguimos reduzir as possibilidades de morte para um em cada 11 pacientes", comemorou o proprietário do KF Biotec, que é vinculada a programa da Finep (empresa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação). 
Os testes clínicos, que agora entrarão em sua terceira fase com outros 416 pacientes, também demonstraram que o produto é seguro. 

De acordo com Kreutz, a vacina brasileira poderá ser uma alternativa a uma mais cara e menos eficaz lançada há três anos pelo laboratório americano Dendreon, cujo valor de mercado chegou a US$ 6 bilhões graças à inovação. 

Enquanto o tratamento americano é oferecido por US$ 91 mil por paciente, o brasileiro pode ser colocado no mercado por US$ 35 mil dólares no exterior e US$ 15 mil no Brasil, segundo seu criador. 

A outra vantagem é que enquanto o tratamento americano tem como alvo um único antígeno, o brasileiro foi desenvolvido para trabalhar com múltiplos antígenos, o que aumenta sua eficácia para destruir elementos estranhos e reduz as possibilidades de resistência. 

"A importância deste projeto é que, além de oferecer um novo tratamento oncológico no mundo com base na imunoterapia, estamos introduzindo uma tecnologia inédita no Brasil", concluiu Kreutz.

Estão de brincadeira .. já?

Maracanã tem parte do gramado replantado cinco meses após reinauguração  

UOL 

Menos de cinco meses após o fim da reforma para a Copa das Confederações, o Maracanã teve parte de seu gramado replantado. A grama que fica nas duas grandes áreas do campo foi renovada nesta semana já visando ao clássico entre Flamengo e Botafogo desta quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Brasil. 

O replantio foi anunciado pela concessionária Maracanã S/A, que administra o estádio desde julho. A empresa já realizou 33 partidas na arena. Na média, o estádio recebe um jogo a cada três dias sob gestão privada. 

Em comunicado enviado pela Maracanã S/A, o vice-presidente de Operações, Sinval Andrade, disse que o replantio já era esperado. "Não foi uma decisão em cima da hora", afirmou. "Em três meses, fizemos o equivalente a uma temporada europeia inteira [no estádio]." 

Quem fez o replantio foi a empresa Greenleaf, parceira da Maracanã S/A. De acordo com o engenheiro agrônomo da companhia, Paulo Azeredo, a grama usada é a mesma da Copa das Confederações. 

Segundo Azeredo, apesar de críticas de jogadores, a grama do Maracanã tem "resistindo bem" ao jogos. "A grande área sempre sofre muito, mas já tínhamos planejado a troca, preparando a grama na fazenda e a deixado na mesma altura e cor", disse ele, no mesmo comunicado. "O gramado vai estar pronto para a partida de quarta-feira." 

Neste mês, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, já havia alertado os administradores do estádios da Copa a respeito da qualidade do gramado. Apesar de não ter criticado nominalmente as arenas, Valcke disse que a qualidade da grama precisaria melhorar para a Copa do Mundo de 2014.

Carrefour é condenado em R$ 20 mi por dano moral coletivo

UOL  

A Justiça do Trabalho do Rio Grande do Norte condenou a rede de supermercados Carrefour ao pagamento de multa no valor de R$ 20 milhões por dano moral coletivo por não disponibilizar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). 
 
Também foi constatado pela Covisa (Vigilância Sanitária de Natal) que trabalhadores eram expostos a baixas temperaturas nas câmaras frigoríficas e ausência de exame médico nos ex-empregados que haviam sido desligados por justa causa. 

A condenação, proferida pela juíza 1ª Vara do Trabalho de Natal, Jólia Lucena de Melo Rocha, é resultado de uma ação civil pública movida pelo MPT-RN (Ministério Público do Trabalho). 

Além da multa, a rede também deverá atender a uma série de exigências para reelaborar o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e a AET (Análise Ergonômica do Trabalho) para que sejam cumpridas as normas de saúde e segurança do trabalho. 

Caso a determinação judicial não seja cumprida em 30 dias, a rede pagará multa diária de R$ 15 milhões e os estabelecimentos poderão ser interditados. 

Contatado pelo UOL, o Carrefour não quis comentar sobre o caso. 

Para procuradora regional do Trabalho do Rio Grande do Norte, Ileana Neiva, os programas de saúde e segurança do trabalho da rede têm graves falhas na elaboração. 

"É absurda regra de que os trabalhadores despedidos por justa causa não deveriam ser submetidos a exame médico demissional, além da possibilidade de trabalhadores de diversos setores da empresa, inclusive promotores de vendas, ingressarem nas câmaras frigoríficas." 

Uma ação recheada de cinismo , hipocrisia e demagogia

Antenor Pereira Giovannini (*) 

Novamente a mídia , principalmente a de São Paulo, expõe fotos do senhor prefeito da cidade de São Paulo, andando outra vez de ônibus, e com detalhe quase vazio, o que aliás não se sabe como ele consegue esse milagre, numa demonstração mais do que hipócrita para querer a todo custo mostrar que em razão de suas ações pichando faixas de ônibus por toda cidade, conseguiu como num passe de mágica, fazer com que andar de ônibus na cidade se tornou a 8ª maravilha do mundo, tanto que ele anda e quer que seus secretários façam o mesmo. 

Isso caro prefeito, chama-se cinismo com alto índice de hipocrisia .

Certamente se alguém impedir a passagem de outro tipo de veículo numa determinada faixa de rolamento de trânsito e permitir apenas que um determinado veiculo transite, fazendo com que as demais faixas (quando existem mais que duas porque muitas são em ruas de apenas duas faixas) causem um caótico trânsito e com essa faixa livre, a lógica determina que quem andar por ela terá um ganho em relação aos demais. 

Porém, sua sabedoria não conseguiu enxergar que tais corredores são de 50, 100 e até 200 metros no máximo e ao término delas os ônibus irão se juntar ao mesmo trânsito que vem sendo arrastado até o próximo trecho de faixas, onde novamente o ônibus irá andar um pouco mais rápido. Em cada final de faixa em horários de picos principalmente, o que se vê é essa enorme disputa por espaço. E seus agentes apenas olhando e enchendo o bloco de multas, esquecendo-se que nos meio dessas faixas existem comércios, garagens de prédios, ruas transversais etc que obrigam os motoristas a transita-las sobre elas e a multa é inevitável. 

Certamente isso tenha dado um pouco de fôlego em termos de tempo de viagem desse maltratado usuário, porém daí a querer levantar a bandeira que andar de ônibus em São Paulo se tornou uma maravilha a ponto de merecer propaganda televisiva dando conta das vantagens em relação aos demais meios de transporte torna-se o cúmulo do cinismo. 

Os ônibus são os mesmos, os itinerários os mesmos, as dificuldades são as mesmas, andar nos períodos críticos de manhã e a tarde tem os mesmos problemas então aonde houve a tão sonhada melhora a ponto de alguém que tenha carro o deixe na garagem e parta para ir para o seu dia a dia de ônibus? Tivemos a entrada de mais linhas ou de mais veículos ou ainda ônibus com tarifas especiais com mais conforto, ar condicionado etc para usufruir desse fôlego no tempo de viagem ? Foi concedida mais opções para que realmente o costumaz usuário de carro se transfira para o ônibus ou apenas a sua propaganda em andar horários não de picos e em ônibus semi-vazios ?

Certamente o senhor nunca precisou e nunca andou de ônibus nos períodos críticos tanto de manhã, como a noite. Se andou, se esqueceu como é isso.
Nunca andou num ônibus apertado que nem sardinha sofrendo todo tipo de empurrão, pisão, e se fosse mulher sofrendo assédios de todos tipos . 

Andar de ônibus vazio é muito fácil, em horário fora do pique mais fácil ainda. 
Ande nesses horários de rush. Mas, pegue alguma linha do tipo Itaquera até o Parque Dom Pedro por volta das 07,10 da manhã, ou do largo do Japonês até alguma estação do Metrô, num percurso menor talvez, isso por volta das 07,30 da manhã, ou ainda melhor, depois de um dia inteiro de trabalho/estudo faça o sentido inverso por volta das 18,00 horas e depois faça propaganda e mostre toda sua alegria. 

Convido o distinto cidadão a colocar sua família, sua esposa, sua filha, andando num desses coletivos nesses horários e me diga como ela se sentirá sendo bolinada, apertada, e sofrendo piadinhas como é costume ( os relatos caso queira saber se sucedem com altíssima frequência, o que aliás não é privilégio dos ônibus e isso ocorre nos trens da CPTM ou nos trens do Metrô nos horários de pico ). 

Pelo que sei o seu trabalho é esse. Não há nenhuma novidade. 
O senhor foi eleito para melhorar a cidade. Não precisa de propaganda. A melhor propaganda é o trabalho e o usuário satisfeito.

Tente melhorar, faça suas faixas, continue exatamente desse jeito, prepotente e autoritário, prejudique milhares de comerciantes que estão perdendo freguesia devido as faixas e a consequente proibição de estacionamento, faça centenas de comerciantes começarem a fechar as portas e colocar um monte de funcionários no olhos da rua em época de final de ano, continue fazendo isso no intuito de tentar melhorar, porém não faça disso uma hipocrisia nojenta, cínica e demagógica para angariar simpatias por um governo que até agora o senhor que prometeu tanto, muito pouco ou quase nada fez. 

(*) Aposentado e morador em São Paulo e que nesses últimos tempos foi obrigado a usar ônibus e mesmo assim em horários fora do pique.