Opinião do Estadão
O Ministério do Esporte resolveu agir para acabar com a violência em estádios e arenas tendo em vista a Copa do Mundo de 2014: anunciou que pretende coordenar os órgãos ligados à segurança pública nos Estados para pôr em prática os dispositivos do Estatuto do Torcedor que ficam apenas no papel, mercê de uma corrente de negligência que paralisa a polícia, o Ministério Público (MP) e a Justiça. Isso tem deixado impunes delinquentes que se fantasiam com camisetas de "torcidas organizadas", barbarizam nas praças esportivas e não são compelidos, como a lei vigente prevê, a se apresentarem em delegacias de polícia nos dias da partida de seu time e até com sua prisão em flagrante.
A autoridade teve boas razões para se indignar. No domingo a Torcida Independente, do São Paulo Futebol Clube, enfrentou com óbvia violência os policiais que faziam a segurança do clássico contra o Corinthians, tentando ultrapassar a área desocupada que a separava dos torcedores rivais com o objetivo de provocá-los e agredi-los. A transmissão do jogo pela televisão permitiu que a cena fosse acompanhada ao vivo e os vândalos pudessem ser identificados com facilidade. Um desses, apesar de sangrar abundantemente, foi descontroladamente para cima dos policiais. Outra cena marcante foi a de um pai tentando proteger o filho das agressões dos membros da Independente e das bordoadas da Polícia Militar (PM).
Esta cena chocante praticamente repetiu outra, registrada em 25 de agosto no intervalo da partida pelo campeonato brasileiro entre Corinthians e Vasco na arena Mané Garrincha, em Brasília, onde serão disputados jogos pela Copa no ano que vem. Além da tentativa do pai de proteger o filho, outro fato relevante naquele jogo foi a presença entre os brigões de Leandro Silva de Oliveira, um dos corintianos da torcida organizada Gaviões da Fiel que ficaram cinco meses e meio presos em Oruro, na Bolívia, acusados de terem disparado um sinalizador que matou o adolescente boliviano Kevin Espada na torcida do San José, adversário dos corintianos na Libertadores da América. Solto por falta de provas em 2 de agosto, 23 dias depois ele se envolveu em nova confusão e, apesar de reincidente, não foi preso em Brasília.
Da mesma forma, ninguém foi preso depois dos dois incidentes de domingo em São Paulo. Nem no estádio nem na Marginal do Pinheiros à saída do jogo quando as torcidas rivais voltaram a se confrontar. Apenas um menor briguento foi apreendido e solto na manhã seguinte. Na mesma tarde, torcedores do Cruzeiro brigaram entre si no jogo contra o Atlético Mineiro na arena Independência, em Belo Horizonte. Ninguém, mais uma vez, foi responsabilizado, embora o Estatuto do Torcedor esteja vigente e tenha sido revisto em 2010. Para nada!
"O que está faltando é vontade de cumprir a lei. É uma vergonha que, na véspera da Copa do Mundo, tenhamos de ficar preocupados com estes vândalos", reclamou o diretor do Departamento de Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Antônio Nascimento. A começar por São Paulo, ele pretende visitar os Estados em que têm sido registrados episódios de violência para convencer a polícia a prender os delinquentes, o Ministério Público e os promotores a oferecerem denúncia contra eles e o Judiciário a aplicar a lei.
A tentativa do Ministério do Esporte de fomentar a discussão para pôr fim à impunidade em estádios e arenas parece acaciana. Mas é hora de dar um basta a esta situação em que a polícia não prende porque se recusa a "enxugar gelo", os promotores não denunciam por falta de provas e a Justiça não pune porque ninguém é processado.
O MP paulista pedirá a extinção da Independente e da Gaviões da Fiel. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva denunciará o São Paulo, o Cruzeiro e o Atlético por causa das ocorrências de domingo. E em boa hora se debaterá o projeto de cadastrar torcedores e implantar um sistema para impedir que banidos por violência entrem em estádios.
O Ministério do Esporte resolveu agir para acabar com a violência em estádios e arenas tendo em vista a Copa do Mundo de 2014: anunciou que pretende coordenar os órgãos ligados à segurança pública nos Estados para pôr em prática os dispositivos do Estatuto do Torcedor que ficam apenas no papel, mercê de uma corrente de negligência que paralisa a polícia, o Ministério Público (MP) e a Justiça. Isso tem deixado impunes delinquentes que se fantasiam com camisetas de "torcidas organizadas", barbarizam nas praças esportivas e não são compelidos, como a lei vigente prevê, a se apresentarem em delegacias de polícia nos dias da partida de seu time e até com sua prisão em flagrante.
A autoridade teve boas razões para se indignar. No domingo a Torcida Independente, do São Paulo Futebol Clube, enfrentou com óbvia violência os policiais que faziam a segurança do clássico contra o Corinthians, tentando ultrapassar a área desocupada que a separava dos torcedores rivais com o objetivo de provocá-los e agredi-los. A transmissão do jogo pela televisão permitiu que a cena fosse acompanhada ao vivo e os vândalos pudessem ser identificados com facilidade. Um desses, apesar de sangrar abundantemente, foi descontroladamente para cima dos policiais. Outra cena marcante foi a de um pai tentando proteger o filho das agressões dos membros da Independente e das bordoadas da Polícia Militar (PM).
Esta cena chocante praticamente repetiu outra, registrada em 25 de agosto no intervalo da partida pelo campeonato brasileiro entre Corinthians e Vasco na arena Mané Garrincha, em Brasília, onde serão disputados jogos pela Copa no ano que vem. Além da tentativa do pai de proteger o filho, outro fato relevante naquele jogo foi a presença entre os brigões de Leandro Silva de Oliveira, um dos corintianos da torcida organizada Gaviões da Fiel que ficaram cinco meses e meio presos em Oruro, na Bolívia, acusados de terem disparado um sinalizador que matou o adolescente boliviano Kevin Espada na torcida do San José, adversário dos corintianos na Libertadores da América. Solto por falta de provas em 2 de agosto, 23 dias depois ele se envolveu em nova confusão e, apesar de reincidente, não foi preso em Brasília.
Da mesma forma, ninguém foi preso depois dos dois incidentes de domingo em São Paulo. Nem no estádio nem na Marginal do Pinheiros à saída do jogo quando as torcidas rivais voltaram a se confrontar. Apenas um menor briguento foi apreendido e solto na manhã seguinte. Na mesma tarde, torcedores do Cruzeiro brigaram entre si no jogo contra o Atlético Mineiro na arena Independência, em Belo Horizonte. Ninguém, mais uma vez, foi responsabilizado, embora o Estatuto do Torcedor esteja vigente e tenha sido revisto em 2010. Para nada!
"O que está faltando é vontade de cumprir a lei. É uma vergonha que, na véspera da Copa do Mundo, tenhamos de ficar preocupados com estes vândalos", reclamou o diretor do Departamento de Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Antônio Nascimento. A começar por São Paulo, ele pretende visitar os Estados em que têm sido registrados episódios de violência para convencer a polícia a prender os delinquentes, o Ministério Público e os promotores a oferecerem denúncia contra eles e o Judiciário a aplicar a lei.
A tentativa do Ministério do Esporte de fomentar a discussão para pôr fim à impunidade em estádios e arenas parece acaciana. Mas é hora de dar um basta a esta situação em que a polícia não prende porque se recusa a "enxugar gelo", os promotores não denunciam por falta de provas e a Justiça não pune porque ninguém é processado.
O MP paulista pedirá a extinção da Independente e da Gaviões da Fiel. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva denunciará o São Paulo, o Cruzeiro e o Atlético por causa das ocorrências de domingo. E em boa hora se debaterá o projeto de cadastrar torcedores e implantar um sistema para impedir que banidos por violência entrem em estádios.
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