Eliane Cantanhêde (*)
Como era previsível, acaba o leilão do campo de Libra e começa automaticamente a guerra política de versões sobre as vantagens e desvantagens do resultado.
Para a oposição, o formato imposto pela presidente Dilma é demasiadamente intervencionista, dando de mão beijada a operação e o mínimo de 30% de participação à Petrobras, empresa que vem despencando em confiança e valor nos anos petistas. Esse formato afugentou, assim, as gigantes internacionais do setor. Tanto que um único consórcio se apresentou, e com a oferta mínima, sem ágio.
De quebra, os tucanos afiaram o bico para lembrar que o PT condenou as privatizações no governo FHC e agora vai pelo mesmo caminho, seguindo a obviedade de que, sem capitais privados e internacionais, nada feito. Segundo eles, os petistas no poder só mudaram o nome do regime para "partilha".
Ao largo da gritaria oposicionista, raros no Congresso, como o senador Roberto Requião (PMDB-PR), puseram-se radicalmente contra o leilão e a favor dos sindicalistas. Ali, os protestos tiveram pouca repercussão.
Do lado governista, o Planalto e o PT batem bumbo para um consórcio que, apesar de vencer sem concorrentes e sem ágio, tem 40% de participação da Petrobras, 40% das europeias Total e Shell e 20% das chinesas CNPC e CNOOC.
Para eles, repetindo o jargão dos leilões da era FHC, ontem foi "um dia histórico". O consórcio é gigante e o Brasil, segundo o senador Jorge Viana (PT-AC), vai explorar "esse bilhete premiado [o pré-sal] pondo à frente o interesse do cidadão, não apenas o do setor privado".
Na guerra política, ganha quem fala mais grosso e tem os canais à disposição para falar. A maioria da população não sabe do leilão, e a maior parte dos que sabem não toma partido ou, no mínimo, tem dúvidas. O que tende a prevalecer é o pronunciamento ufanista de Dilma. Ela ficou longe e a salvo no leilão, mas soube tirar votos do "dia histórico" pela TV.
(*) Jornalista, é colunista da Folha de São Paulo
Como era previsível, acaba o leilão do campo de Libra e começa automaticamente a guerra política de versões sobre as vantagens e desvantagens do resultado.
Para a oposição, o formato imposto pela presidente Dilma é demasiadamente intervencionista, dando de mão beijada a operação e o mínimo de 30% de participação à Petrobras, empresa que vem despencando em confiança e valor nos anos petistas. Esse formato afugentou, assim, as gigantes internacionais do setor. Tanto que um único consórcio se apresentou, e com a oferta mínima, sem ágio.
De quebra, os tucanos afiaram o bico para lembrar que o PT condenou as privatizações no governo FHC e agora vai pelo mesmo caminho, seguindo a obviedade de que, sem capitais privados e internacionais, nada feito. Segundo eles, os petistas no poder só mudaram o nome do regime para "partilha".
Ao largo da gritaria oposicionista, raros no Congresso, como o senador Roberto Requião (PMDB-PR), puseram-se radicalmente contra o leilão e a favor dos sindicalistas. Ali, os protestos tiveram pouca repercussão.
Do lado governista, o Planalto e o PT batem bumbo para um consórcio que, apesar de vencer sem concorrentes e sem ágio, tem 40% de participação da Petrobras, 40% das europeias Total e Shell e 20% das chinesas CNPC e CNOOC.
Para eles, repetindo o jargão dos leilões da era FHC, ontem foi "um dia histórico". O consórcio é gigante e o Brasil, segundo o senador Jorge Viana (PT-AC), vai explorar "esse bilhete premiado [o pré-sal] pondo à frente o interesse do cidadão, não apenas o do setor privado".
Na guerra política, ganha quem fala mais grosso e tem os canais à disposição para falar. A maioria da população não sabe do leilão, e a maior parte dos que sabem não toma partido ou, no mínimo, tem dúvidas. O que tende a prevalecer é o pronunciamento ufanista de Dilma. Ela ficou longe e a salvo no leilão, mas soube tirar votos do "dia histórico" pela TV.
(*) Jornalista, é colunista da Folha de São Paulo
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