Com a costumeira elegância, Lula diz que está “de saco cheio”. Perguntar não ofende: E NÓS? Diante de um ex-presidento indignado não com o escândalo colossal da Petrobras, que irrigava os cofres de seu partido, mas com a DIVULGAÇÃO da bandalheira?
Ricardo Setti (*)
O ex-presidento que um dia, do alto de seu impressionante ego, anunciou que ao deixar o poder iria “ensinar” a FHC como um ex deveria se comportar conseguiu, ao longo dos quase quatro anos em que está fora do Palácio do Planalto, bater todos os recordes de falta de compostura já exibidos por qualquer antecessor.
Mentiras, ofensas e palavrões tornaram-se, nas falas de Lula, o pão de cada dia.
Nada surpreendente por parte de quem, como presidente da República, não continha o vocabulário de botequim sequer no no gabinete presidencial do Planalto, constrangendo visitantes, de quem contava piadas grosseiras a ministros de Estado, de quem “brincava” com assessores diante de diplomatas e oficiais-generais, com expressões impublicáveis (não deixem de ler o esplêndido livro Viagens com o Presidente, dos jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa, um documento para a história — inclusive da história da baixaria).
Desta vez, Lula se declara “de saco cheio” sobre o caso Petrobras.
VEJAM BEM: ele não está cheio ao constatar o tamanho do escândalo, uma roubalheira de muitos milhões de reais que irrigou os cofres eleitorais de partidos da base parlamentar aliada à presidente Dilma Rousseff e a ele próprio.
Ele não está cheio diante de fatos — que vêm se comprovando — sobre a presença de uma quadrilha dentro da Petrobras formada para cobrar polpudas propinas de empreiteiras que quisessem obtivessem contratos, e em seguida dividir o dinheiro entre pelo menos três partidos que ajudaram a eleger a ele próprio e a Dilma, a começar do partido que fundou, o PT, mas também o PMDB e o PP.
Ele não está cheio ao constatar a ladroagem, a safadeza, a falta de vergonha na cara, a desfaçatez, a extensão da corrupção enraizada na maior empresa do país.
Vejam do que ele está cheio:
“Todo o ano é a mesma coisa. É sempre o mesmo cenário: eles começam a levantar as denúncias, que não precisam ser provadas. É só insinuar que a imprensa já dá destaque. Eu quero dizer para vocês que eu já estou de saco cheio”, disse o “Deus” de Marta Suplicy em discurso em São Paulo.
CALMA LÁ!!! “Eles”, quem, cara-pálida?
“Eles começam a levantar denúncias”???
Quem está “levantando denúncias” não são “eles” — são dois dos implicados até o pescoço na roubalheira, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
Estão assim procedendo mediante acordo de réus colaboradores, previsto em lei — que a imprensa resolveu chamar de “delação premiada” –, para poderem obter redução de penas que podem chegar a 25 anos de cadeia.
E, ao contrário do que MENTE sem hesitação o ex-presidento, elas precisam, sim, ser provadas.
ATENÇÃO: não se trata de conversa fiada de dois implicados! NÃO! Costa e Youssef só obterão redução de penas se fornecerem provas do que afirmam. Está em jogo o resto da VIDA de ambos.
Não são, portanto, “eles” — os adversários políticos do lulopetismo — que estão “levantando” nada.
São DEPOIMENTOS À POLÍCIA E AO MINISTÉRIO PÚBLICO — com um acordo de colaboração referendado pela JUSTIÇA!!!
É ISSO que a imprensa está publicando — até veículos que, dissimulada ou claramente, apoiam o PT.
Lula, com mais essa declaração demagógica e irresponsável, com mais essa investida contra a imprensa, mostra seu cada vez menor apreço à verdade — e deixa claro seu desespero diante do desempenho de sua afilhada no segundo turno da eleição presidencial.
(*) Jornalista é colunista da revista Veja
Ricardo Setti (*)
O ex-presidento que um dia, do alto de seu impressionante ego, anunciou que ao deixar o poder iria “ensinar” a FHC como um ex deveria se comportar conseguiu, ao longo dos quase quatro anos em que está fora do Palácio do Planalto, bater todos os recordes de falta de compostura já exibidos por qualquer antecessor.
Mentiras, ofensas e palavrões tornaram-se, nas falas de Lula, o pão de cada dia.
Nada surpreendente por parte de quem, como presidente da República, não continha o vocabulário de botequim sequer no no gabinete presidencial do Planalto, constrangendo visitantes, de quem contava piadas grosseiras a ministros de Estado, de quem “brincava” com assessores diante de diplomatas e oficiais-generais, com expressões impublicáveis (não deixem de ler o esplêndido livro Viagens com o Presidente, dos jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa, um documento para a história — inclusive da história da baixaria).
Desta vez, Lula se declara “de saco cheio” sobre o caso Petrobras.
VEJAM BEM: ele não está cheio ao constatar o tamanho do escândalo, uma roubalheira de muitos milhões de reais que irrigou os cofres eleitorais de partidos da base parlamentar aliada à presidente Dilma Rousseff e a ele próprio.
Ele não está cheio diante de fatos — que vêm se comprovando — sobre a presença de uma quadrilha dentro da Petrobras formada para cobrar polpudas propinas de empreiteiras que quisessem obtivessem contratos, e em seguida dividir o dinheiro entre pelo menos três partidos que ajudaram a eleger a ele próprio e a Dilma, a começar do partido que fundou, o PT, mas também o PMDB e o PP.
Ele não está cheio ao constatar a ladroagem, a safadeza, a falta de vergonha na cara, a desfaçatez, a extensão da corrupção enraizada na maior empresa do país.
Vejam do que ele está cheio:
“Todo o ano é a mesma coisa. É sempre o mesmo cenário: eles começam a levantar as denúncias, que não precisam ser provadas. É só insinuar que a imprensa já dá destaque. Eu quero dizer para vocês que eu já estou de saco cheio”, disse o “Deus” de Marta Suplicy em discurso em São Paulo.
CALMA LÁ!!! “Eles”, quem, cara-pálida?
“Eles começam a levantar denúncias”???
Quem está “levantando denúncias” não são “eles” — são dois dos implicados até o pescoço na roubalheira, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
Estão assim procedendo mediante acordo de réus colaboradores, previsto em lei — que a imprensa resolveu chamar de “delação premiada” –, para poderem obter redução de penas que podem chegar a 25 anos de cadeia.
E, ao contrário do que MENTE sem hesitação o ex-presidento, elas precisam, sim, ser provadas.
ATENÇÃO: não se trata de conversa fiada de dois implicados! NÃO! Costa e Youssef só obterão redução de penas se fornecerem provas do que afirmam. Está em jogo o resto da VIDA de ambos.
Não são, portanto, “eles” — os adversários políticos do lulopetismo — que estão “levantando” nada.
São DEPOIMENTOS À POLÍCIA E AO MINISTÉRIO PÚBLICO — com um acordo de colaboração referendado pela JUSTIÇA!!!
É ISSO que a imprensa está publicando — até veículos que, dissimulada ou claramente, apoiam o PT.
Lula, com mais essa declaração demagógica e irresponsável, com mais essa investida contra a imprensa, mostra seu cada vez menor apreço à verdade — e deixa claro seu desespero diante do desempenho de sua afilhada no segundo turno da eleição presidencial.
(*) Jornalista é colunista da revista Veja
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