Revista Exame
São números que caberiam mais entre as estatísticas de uma guerra.
O ano de 2012, o último com informações nacionais disponíveis, foi marcado pelo maior índice de homicídios já registrado na história do Brasil.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2013, que compila dados das secretarias estaduais da área, aponta que houve um total de 50 000 assassinatos, gerando uma taxa de quase 26 mortos por grupo de 100 000 habitantes, a 16ª mais alta do mundo.
O Mapa da Violência, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais com dados do Sistema Único de Saúde, traça um cenário ainda mais aterrador: 56 000 mortes em 2012, uma incidência de 29 para cada 100 000 brasileiros.
No início dos anos 90, a taxa beirava 20, e no começo da década de 80 era inferior a 12.
Trata-se de um aumento de 150% em 30 anos. Os homicídios até chegaram a cair no início da década passada, mas voltaram a crescer após 2007. A escalada acontece justamente quando indicadores sociais e econômicos sugerem que deveria ter ocorrido o contrário.
As desigualdades de renda foram reduzidas nos anos 2000, e 40 milhões de pessoas foram incorporadas à classe média.
A população de 15 a 19 anos, faixa em que ocorre a maioria das mortes violentas, caiu nos anos 2000 pela primeira vez na história. O desemprego nas maiores metrópoles diminuiu de 12,4%, em 2003, para 5,4%, em 2013. Os estudiosos do tema estão coçando a cabeça e se perguntando: que diabo está causando a explosão da violência no Brasil?
Para começar a entender o problema, é preciso olhar onde ele assume contornos mais dramáticos. Os estados do Norte e do Nordeste do Brasil são os que estão puxando a média nacional para cima. No Rio Grande do Norte, na Bahia e no Maranhão, a taxa de assassinatos cresceu acima de 200% de 2002 a 2012. Pará, Ceará e Amazonas tiveram altas de mais de 150%.
Enquanto isso, a criminalidade em estados populosos como São Paulo e Rio de Janeiro caiu graças a políticas de segurança pública mais estruturadas. Nos últimos cinco anos, Pernambuco também entrou para esse time, se tornando o único estado nordestino em que a violência caiu.
Uma hipótese para explicar a diferença na evolução da violência diz respeito à gestão. Essa teoria encontra guarida num relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de abril deste ano. O TCU enviou às secretarias de Segurança Pública de todos os estados perguntas sobre padrões de qualidade na gestão.
Resposta: na média, as secretarias estão em estágio inicial na avaliação de resultados de suas políticas e desenvolvimento do capital humano. O TCU considera insuficiente a adoção de planos para guiar as ações desses órgãos.
Metade dos estados afirma não fazer levantamento sobre a necessidade de capacitação dos quadros, quando é fundamental que funcionários se atualizem para manipular dados estatísticos e usar corretamente as tecnologias disponíveis. Agora, um novo relatório está sendo elaborado, em parceria com os Tribunais de Contas estaduais.
Ele envolverá visitas in loco para avaliar se as respostas correspondem à realidade.
A expectativa é que a conclusão seja ainda mais frustrante, visto que o TCU já identificou a tendência de os gestores exagerarem a seu favor ao responder aos questionários.
Quem é responsável?
São números que caberiam mais entre as estatísticas de uma guerra.
O ano de 2012, o último com informações nacionais disponíveis, foi marcado pelo maior índice de homicídios já registrado na história do Brasil.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2013, que compila dados das secretarias estaduais da área, aponta que houve um total de 50 000 assassinatos, gerando uma taxa de quase 26 mortos por grupo de 100 000 habitantes, a 16ª mais alta do mundo.
O Mapa da Violência, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais com dados do Sistema Único de Saúde, traça um cenário ainda mais aterrador: 56 000 mortes em 2012, uma incidência de 29 para cada 100 000 brasileiros.
No início dos anos 90, a taxa beirava 20, e no começo da década de 80 era inferior a 12.
Trata-se de um aumento de 150% em 30 anos. Os homicídios até chegaram a cair no início da década passada, mas voltaram a crescer após 2007. A escalada acontece justamente quando indicadores sociais e econômicos sugerem que deveria ter ocorrido o contrário.
As desigualdades de renda foram reduzidas nos anos 2000, e 40 milhões de pessoas foram incorporadas à classe média.
A população de 15 a 19 anos, faixa em que ocorre a maioria das mortes violentas, caiu nos anos 2000 pela primeira vez na história. O desemprego nas maiores metrópoles diminuiu de 12,4%, em 2003, para 5,4%, em 2013. Os estudiosos do tema estão coçando a cabeça e se perguntando: que diabo está causando a explosão da violência no Brasil?
Para começar a entender o problema, é preciso olhar onde ele assume contornos mais dramáticos. Os estados do Norte e do Nordeste do Brasil são os que estão puxando a média nacional para cima. No Rio Grande do Norte, na Bahia e no Maranhão, a taxa de assassinatos cresceu acima de 200% de 2002 a 2012. Pará, Ceará e Amazonas tiveram altas de mais de 150%.
Enquanto isso, a criminalidade em estados populosos como São Paulo e Rio de Janeiro caiu graças a políticas de segurança pública mais estruturadas. Nos últimos cinco anos, Pernambuco também entrou para esse time, se tornando o único estado nordestino em que a violência caiu.
Uma hipótese para explicar a diferença na evolução da violência diz respeito à gestão. Essa teoria encontra guarida num relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de abril deste ano. O TCU enviou às secretarias de Segurança Pública de todos os estados perguntas sobre padrões de qualidade na gestão.
Resposta: na média, as secretarias estão em estágio inicial na avaliação de resultados de suas políticas e desenvolvimento do capital humano. O TCU considera insuficiente a adoção de planos para guiar as ações desses órgãos.
Metade dos estados afirma não fazer levantamento sobre a necessidade de capacitação dos quadros, quando é fundamental que funcionários se atualizem para manipular dados estatísticos e usar corretamente as tecnologias disponíveis. Agora, um novo relatório está sendo elaborado, em parceria com os Tribunais de Contas estaduais.
Ele envolverá visitas in loco para avaliar se as respostas correspondem à realidade.
A expectativa é que a conclusão seja ainda mais frustrante, visto que o TCU já identificou a tendência de os gestores exagerarem a seu favor ao responder aos questionários.
Quem é responsável?
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