quinta-feira, 2 de outubro de 2014

E tem gente que odeia agronegócio

Agronegócio gera 50% do PIB de Mato Grosso 

Folha de São Paulo 

O cenário agropecuário começa a mudar e os bons momentos dos últimos anos não deverão se repetir nas próximas safras. O efeito da esperada queda de preços afetará não só produtores, mas se expandirá também para outros setores, inclusive para as finanças dos governos. 

É o que mostram dados inéditos do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) em levantamento do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio de Mato Grosso. 
O PIB do agronegócio do Estado representa 50,5% do PIB total do Estado, segundo Otávio Celidonio, superintendente do Imea. Uma desaceleração no setor vai afetar indústrias de insumos, agroindústrias e setores de distribuição e de serviços. 

Celidonio destaca que do lado do governo também há preocupação, uma vez que a participação dos impostos do agronegócio é de 54%, ante o total de Mato Grosso. 
O Imea apurou que o PIB do agronegócio está próximo de R$ 21 bilhões, ante R$ 41,6 bilhões do PIB total do Estado. Mato Grosso é um dos que têm as maiores participações do PIB agropecuário em relação ao total no país. A média do Brasil é de 23%, apontam dados de 2013 do Cepea. 

O Imea analisou também os efeitos da queda de preços dos produtos agropecuários em relação ao valor de produção de Mato Grosso. 
Celidonio diz que o VBP (Valor Bruto da Produção) de 2015 deverá recuar para R$ 39,2 bilhões, 10% menos do que o estimado para este ano. 

A tendência do setor não é uniforme. 
A soja, por exemplo, terá uma produção 5% maior no próximo ano, mas, devido à redução dos preços em 17%, terá um VBP de R$ 18,9 bilhões em 2015, 13% menor do que o deste ano. 

Já o boi terá uma redução de 6% no VBP. Essa queda ocorre devido ao recuo de 8% na produção, mas os preços deverão subir 2%. Diante desses números, o valor de produção do setor de bois recuará para R$ 8 bilhões em 2015. 

Celidonio diz que o produtor deverá ser muito cuidadoso a partir de agora com custos e investimentos. "A crise está começando e deve perdurar por umas duas safras." 
A safra de 2014/15 ainda não vai trazer grandes transtornos para o produtor, mas a de 2015/16 poderá mostrar uma situação bem pior, acrescenta ele. 

Carnes 
Como os números provisórios já indicavam desde o início de setembro, as exportações de carne bovina "in natura" recuaram no mês passado, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). 

Quanto saiu 
Os frigoríficos brasileiros colocaram 90 mil toneladas de carne bovina no mercado externo, 21% menos do que em agosto. As receitas, ao somarem US$ 441 milhões, tiveram recuo de 21% no mês. 

Ritmo forte 
Já as vendas de frango somaram 331 mil toneladas no mês passado, 5% mais do que as de agosto e 14% superiores às de setembro de 2013. As receitas, ao atingirem US$ 634 milhões em setembro, subiram 4% e 19%, respectivamente. 

Suínos 
As exportações de carne suína "in natura" ficaram praticamente estáveis, ao somarem 36 mil toneladas. As receitas, no entanto, atingiram US$ 143 milhões em setembro, 21% mais do que em 2013. O preço médio da arroba teve evolução de 40% em 12 meses.

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