A crise municipal é grave e precisa de ajuda
Edilberto Sena (*)
Se a situação da saúde do povo está crítica, mais crítica parece ser a saúde da administração pública. É o que transparece com o caso do hospital Municipal. Agora o MPE (Ministério Público Estadual) exige um Termo de Ajuste de Conduta, TAC com uma lista de médicos especialistas,enfermeiros e técnicos para atender o crescente volume de clientes que procuram o hospital.
Mas, causa maior preocupação da atual crise ali foi a negligência dos médios de plantão, que levou até a diretora à delegacia de polícia. A diretora do hospital deve ter sua responsabilidade, mas não deve ser a única. Médicos que ganham alto salário e não cumpriam horário de serviço, nem respeitavam a diretora do hospital. Se a diretora foi fraca de autoridade, os médicos contratados e bem remunerados foram negligentes, mas não foram atingidos pelo zelo policial do MPE.
Agora o foco da questão está um pouco desviado. O MPE exige uma equipe completa de especialistas ortopedistas, pediatras, cirurgiões, nefrologistas e outros istas da medicina. Aí, a administração municipal se apavora alegando falta de recurso e falta de médicos na cidade.Solução para isto há, desde que a prefeita tenha coragem de colocar o serviço público acima de coligações partidárias.
Para atender ao TAC da saúde exigido pelo MPE, duas pistas : uma, selecionar melhor entre os mais de 120 médicos que trabalham aqui na região que tenham competência, amor à causa que abraçaram de curar pessoas necessitadas, além de honestidade de cumprir o horário de trabalho sem pensar apenas em lucro desproporcional.
A outra pista de solução é a prefeita fechar algumas secretarias inúteis, cabides de emprego, consumindo dinheiro público que falta em outras áreas mais urgentes. Fechar a Secretaria dos portos, a do Desenvolvimento Econômico Social, a dos Direitos do Cidadão e a da Agricultura Familiar. Cada uma dessas tem um ou uma secretária recebendo 10 ou mais salários mínimos/mês e mais 6 ou 8 funcionários ganhando salário variado. Estas secretarias recentes não cumprem as funções para as quais deveriam existir, uma delas é repetição de outra. num desperdício atoa.
Com a extinção destas e outras secretarias cabides inócuas, a prefeitura terá uma economia de uns 100 mil reais mês, ou mais, para atender ao TAC exigido e melhorar bastante o serviço público da saúde.
Num município limitado como o de Santarém, um médico formado em universidade pública exigir um mil reais por um plantão de serviço é um escândalo mercenário. Terá a prefeita coragem de tomar esta patriótica decisão? Hoje ou amanhã se saberá? Do jeito em que está é que não pode continuar. É urgente a moralização do serviço público e não transferir para outros a responsabilidade que é própria.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural em Santarém (PA)
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