As enchentes na Amazônia são normais, o diluvio tem outras causas
Edilberto Sena (*)
Mais um ano que comunidades ribeirinhas passam momentos de aflição por
causa dos, rios e lagos cheios e enchendo mais. Mas por que tanto
sofrimento hoje com um fenômeno comum nos rios da Amazônia? Enchentes
sempre houve na região, maior bacia hidrográfica do planeta. Ainda no
século passado, houve uma grande enchente que fez história, em 1963.
No entanto, neste início de século 21 se repetem as grandes enchentes
causando transtornos como não havia antes. Causas são várias, uma maior que
a outra. O aumento das populações ribeirinhas e preferias de cidades, falta
de urbanização de cidades à beira dos rios, são algumas causas. Mas não se
pode mais ignorar que a forma como estão desagregando o ecossistema da
Amazônia, é uma das principais causas de tantos desiquilíbrios na natureza.
Nos últimos 10 anos, foram 120.000 Km² de floresta derrubadas em Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Acre, Roraima e Amapá. São grandes fazendas de
soja, de gado de dendê e algodão; são dezenas de mineradores escavando as
terras, dragando rios; são 10 grandes hidroelétricas patrocinadas pelo
próprio governo. Com toda essa violência à natureza não se pode achar que
ela não reaja.
Se a enchente deste ano for maior do que a de 2009, o que é possível, já
que ainda se tem um mês e meio de chuvas gerais e torrenciais, não se pode
responsabilizar el niño, la niña, ou até mesmo Deus. A natureza não
provoca, ela reage ao que fazem com ela.
O mais grave desses crimes contra a natureza, é que os criminosos continuam
destruindo o equilíbrio do eco sistema. Aqui se faz aqui se paga e o
inferno é aqui mesmo; infelizmente os culpados estão nos palácios, longe
das enchentes da Amazônia.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)
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