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Qual a primeira coisa que você pensa quando ouve a palavra “soja”?
Grandes lavouras, economia brasileira e leite de soja são as respostas mais ouvidas de quem não tem contato com sua cadeia produtiva.
Há quem se aventure mais e diga China ou estiagem.
Mesmo assim, os pensamentos giram em torno de agricultura e alimento. Muito além do molho shoyo, o grão dourado é usado em diversos segmentos distintos. Segmentos esses que muitas pessoas têm contato e nem imaginam.
Alimentação humana, nutrição animal, biodiesel e cosméticos são alguns dos papéis mais comuns deste pequeno ator.
Na alimentação humana, seu uso mais conhecido, a soja é de grande importância. Segundo a nutricionista da Emater/RS-Ascar, Leila Guizzoni, este alimento é fonte de proteínas, ferro, vitamina B, fibras e isoflavona, composto orgânico semelhante ao hormônio estrogênico.
Entre seus benefícios estão a diminuição do colesterol ruim, prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose e arteriosclerose, diminuição do risco de câncer, ajuda no funcionamento intestinal e ainda age contra os sintomas da menopausa nas mulheres.
Com seus 40% de proteínas, 20% de lipídios, 5% de minerais e 34% de carboidrato, os alimentos a base de soja substituem refeições de pessoas com restrições alimentares, como alergia a laticínios, ou opcionais, como vegetarianismo.
Em forma de leite, sucos, carnes ou mesmo bolos, o resultado é nutritivo e saboroso. “Este é o alimento com maior teor de proteína entre os vegetais. Por isso, a soja é sim um ótimo substituto da carne, por exemplo”, explica José Marcos Gontijo Mandarino, pesquisador da Embrapa Soja.
Entretanto, Leila lembra que somente a soja não compõe um alimento completo. “Uma alimentação saudável deve ser equilibrada e diversificada. O ideal é buscar mais de uma fonte nutritiva”, comenta.
Não apenas para o homem, a soja também faz parte da alimentação de animais. Usado como complemento nutricional principalmente de bovinos, suínos e aves, ele pode ser encontrado na forma de grão in natura, na composição de rações industriais ou em farelo. Para o engenheiro agrônomo e assistente técnico regional de bovinos de leite da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, Flávio Fagonde, o recomendado aos criadores é usar o grão in natura mergulhado durante algumas horas em água. “Isso faz com que o grão inchado fique mais assimilado ao rumem dos animais e, assim, é digerido completamente”, explica.
Como nada é de graça, ao passo que se acrescenta soja na receita alimentar, também aumenta a despesa financeira.
Com os preços altos conseqüentes da estiagem na América do Sul, o produtor fica atento na hora de comprar. Mas Fagonde tranqüiliza, diz que quando o produtor armazena a própria soja, ele sabe a quantidade que precisa guardar, e por isso ela sai muito barata na alimentação dos animais. “Já quando o produtor vende a soja e compra farelo, ele está na verdade encarecendo o processo de produção”, esclarece.
Do meio alimentar ao meio energético, a soja segue com seu papel principal em mais um palco: o de biocombustíveis. Segundo Cesar de Castro, pesquisador da Embrapa Soja, cerca de 85% das 2,5 toneladas do biodiesel produzido no Brasil é à base de soja.
“Ela é a principal matéria-prima. É a única planta no Brasil que consegue sustentar a produção nacional de biodiesel”, comenta.
O passo a passo do processo é breve: após o esmagamento e extração do óleo, ele é misturado com um catalisador (no caso, é usado um álcool) e, após um processo químico, é adquirido glicerina e biodiesel.
O primeiro, vai para fabricação de sabonetes e outros sabões, enquanto o segundo é usado na mistura com o diesel. Castro ressalta que, assim como hoje, por muito tempo a soja será o principal ingrediente deste tipo de combustível.
Alimento e saúde para o homem, nutrição para o animal, biodiesel para os motores. Esses três usos são os mais conhecidos, mesmo que nem sempre lembrados. Há quem pense que a soja só sirva para eles.
Mas ela vai muito além.
Tintas gráficas, revestimentos, plásticos, lubrificantes e, veja só, cosméticos. Itens que fazem parte do dia a dia e não são lembrados, ou mesmo conhecidos, como produtos derivados da soja.
Entre os cosméticos, novamente a ação das isoflavonas.
Presente em hidratantes, protetores solares e anti-rugas de diversas marcas pelo mundo, elas estão diariamente em contato direto com a pele de muitas mulheres. “As isoflavonas possuem propriedades capazes de diminuir o efeito que as alterações biológicas da mulher provocam na pele, atuando diretamente nas estruturas da derme, e proporcionando reequilíbrio e restauração à pele”, explica o gerente de fórmula, rosto e fotoproteção da Natura, Andre Arruda Costa.
A empresa começou a usar proteína de soja em produtos de maquiagem, como a Base Firmadora. Hoje, ela faz parte da fórmula dos produtos da linha Chronos, anti-sinais destinado a mulheres de todas idades. “Lançado em 2008, o Politensor de Soja sempre foi um sucesso para a marca. É uma linha com forte aceitação no mercado”, completa Costa.
Com uma produção de aproximadamente 263,7 milhões de toneladas na última safra mundial, o pequeno dourado passa por diversos processos desde seu plantio até o produto final. Pesquisas ainda são desenvolvidas para descobrir novos usos e aprimorar os que já são conhecidos. Um grão pequeno, mas que une e move a vida das pessoas.
E agora, qual a primeira coisa que você pensa quando ouve a palavra “soja”?
Nota do Blog: Por esses lados é sacrilégio, pecado mortal, coisa do diabo, câncer, e outros adjetivos ... Racionalidade se pede em qualquer atividade humana. Tudo que é irracional, feito sem sentido tem que ser combatido. Porém, ser combatido de forma gratuita tendo um sem números de leis que protegem o meio ambiente e o desmatamento é ilógico. É irracional. Basta controlar e punir severamente quem extrapola. E teriamos um sem número de oportunidades de desenvolvimento, gerando renda e empregos. Não temos nem uma e nem outra e continuamos vivendo literalmente de pinico na mão.
Inquestionável a importância da soja em vários aspectos porém necessário impor mais regras e principalmente mais punições severas para aqueles que desmatam de forma inconsequente com objetivo de plantar soja ou praticar agricultura mecanizada. Nosso estado é um triste exemplo. Cresceu, mas as custas de muito desmate inconsequente.
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