Real Madrid escolheu o vilão perfeito para o fracasso na Champions. Caríssimo, sul-americano e uma decepção em campo: Kaká. Quer vendê-lo e jogar parte da frustração debaixo do tapete…
Cosme Rímoli (*)
Levo para a vida toda uma lição do meu melhor editor: José Eduardo de Carvalho.
Heróis no futebol não existem.
A palavra é forte demais para quem estará amanhã crucificado.
É exatamente o caso de Kaká.
Ele virou o bode expiatório perfeito do Real Madrid.
Alguém precisava ser cobrado da maior frustração do ano.
O time perdeu uma oportunidade de ouro em todos os sentidos.
A Liga Espanhola está nas mãos.
Já começou o ano vencendo a Copa do Rei de 2011.
Depois da eliminação do arquirival na terça-feira diante do Chelsea, o clima era de empolgação.
Não era só a camisa do Bayer que o Real teria pela frente.
Mas a azul e grená do grande rival.
Seria sensacional chegar à final da Champions League.
A humilhação seria completa.
Mas veio o excepcional jogo.
Os alemães mostraram coragem, coração e um espetacular goleiro.
Neuer estava impressionante.
Assim como a rígida marcação montada por Jupp Heynckes.
Especialista em montar retrancas, quando necessário, José Mourinho sabia o antídoto. Jogadores com muitas movimentação.
Arranques, chutes, dribles, tabelas, infiltrações, troca de posição.
Mourinho foi o sucessor de Heynckes no Benfica.
E já havia perdido na Alemanha.
Sabia o que teria pela frente.
Foi tudo o que Kaká não fez.
Ele se tornou o alvo mais óbvio, fácil.
Entrou aos 30 minutos do segundo tempo no lugar de Di Maria.
Sua instrução foi básica, direta. "Seja Kaká", pediu Mourinho.
Mas não conseguiu.
Sem ritmo ou força física, se mostrou uma enorme decepção.
Errou passes fundamentais perto da área alemã.
Sem confiança ou vigor físico para dar suas tradicionais arrancadas.
Tudo ficou pior na hora da decisão por pênaltis.
Cristiano Ronaldo e Sérgio Ramos são adorados pelos torcedores.
E foram perdoados por desperdiçar suas cobranças.
O violento Ramos não perdeu tempo.
E usou o twitter para se desculpar pela bola que chutou pelo alto.
"Há momentos que doem muito como o de ontem. Mas há sentimentos muito maiores. Como o orgulho de deixar a alma em uma camisa."
Ele se referia à camisa do Real. Poeticamente conseguiu seu perdão.
Cristiano Ronaldo nem precisou.
Ele fez o que se esperava dele.
Mesmo muito marcado, jogou no seu limite.
Vibrou, tabelou, driblou, tentou.
Já Kaká...
Por ironia do destino, enquanto seu time era eliminado.
E ele era vaiado, xingado pelos torcedores...
Seu twitter comemorava a marca de dez milhões de seguidores.
Mas eles não o protegeram da dura realidade que vive.
A sua contratação não deu certo no Real.
Desde 2009 todos esperam pelo grande jogador do Milan.
E ele nunca apareceu.
Os absurdos R$ 173 milhões pagos por ele não se justificaram.
Ele pediu inúmeras vezes para não sair.
O Milan tentou recontratá-lo pagando menos da metade.
Os espanhóis não aceitaram.
Chelsea, Manchester City fizeram propostas de mais de R$ 100 milhões.
O Real não aceitou.
No início do ano, o Paris Saint Germain de Leonardo propôs perto disso.
A direção do Real estava pensando em ceder, quando Kaká disse que não queria sair.
Mas agora, a situação está terrível para ele.
Acabou de completar 30 anos.
Fora da Seleção Brasileira.
Não foi nem sombra do grande companheiro que todos sonhavam para Cristiano Ronaldo.
Brasileiro, sem identificação com a história do Real Madrid.
É visto agora como um estrangeiro caro que não está produzindo.
Acabou o carinho.
Há vários e vários caminhos para ele.
Mas todos fora do Real Madrid.
Basta terminar a temporada européia e sua vida deve mudar.
Jornalistas espanhóis garantem que acabou a paciência com ele.
E Mourinho quer utilizá-lo como moeda de troca.
O Milan e a Inter se mostram interessados.
Wagner Ribeiro não perdeu tempo e já propôs sua solução a Florentino Perez.
Usar o meia para reduzir drasticamente a pedida de R$ 120 milhões por Lucas do São Paulo.
Há grandes dificuldades.
Kaká não quer retornar ao Brasil agora.
E seu salário: cerca de R$ 2 milhões por mês.
O coração de Juvenal Juvêncio acelera em pensar em pagar tanto a um jogador.
Só se houvesse um plano de marketing.
Luís Fabiano é um dos melhores amigos do meia.
Se 'falam' por computador quase todos os dias.
Ele defende o retorno do jogador ao Morumbi.
Brigariam juntos por disputar a Copa do Mundo de 2014.
Kaká jurou que deseja encerrar a carreira no São Paulo.
Está mais do que milionário.
Esses são pontos importantes.
Tudo isso ainda é muito prematuro.
Mas o futuro do meia na Espanha parece mesmo terminado.
Kaká é o vilão perfeito para a eliminação do Real Madrid.
Se livrar do brasileiro seria jogar parte da culpa embaixo do tapete.
Justo ou não, o futebol é assim.
Sem heróis, mas com muitos vilões...
(*) Jornalista e comentarista que atuou por 23 anos no Jornal da Tarde/SP
Cosme Rímoli (*)
Postura justa ou não é a adotada pela imprensa esportiva no mundo.
É a regra do jogo.
Da mesma maneira que jornalistas colocam nos ombros os 'heróis' do jogo. Levo para a vida toda uma lição do meu melhor editor: José Eduardo de Carvalho.
Heróis no futebol não existem.
A palavra é forte demais para quem estará amanhã crucificado.
É exatamente o caso de Kaká.
Ele virou o bode expiatório perfeito do Real Madrid.
Alguém precisava ser cobrado da maior frustração do ano.
O time perdeu uma oportunidade de ouro em todos os sentidos.
A Liga Espanhola está nas mãos.
Já começou o ano vencendo a Copa do Rei de 2011.
Depois da eliminação do arquirival na terça-feira diante do Chelsea, o clima era de empolgação.
Não era só a camisa do Bayer que o Real teria pela frente.
Mas a azul e grená do grande rival.
Seria sensacional chegar à final da Champions League.
A humilhação seria completa.
Mas veio o excepcional jogo.
Os alemães mostraram coragem, coração e um espetacular goleiro.
Neuer estava impressionante.
Assim como a rígida marcação montada por Jupp Heynckes.
Especialista em montar retrancas, quando necessário, José Mourinho sabia o antídoto. Jogadores com muitas movimentação.
Arranques, chutes, dribles, tabelas, infiltrações, troca de posição.
Mourinho foi o sucessor de Heynckes no Benfica.
E já havia perdido na Alemanha.
Sabia o que teria pela frente.
Foi tudo o que Kaká não fez.
Ele se tornou o alvo mais óbvio, fácil.
Entrou aos 30 minutos do segundo tempo no lugar de Di Maria.
Sua instrução foi básica, direta. "Seja Kaká", pediu Mourinho.
Mas não conseguiu.
Sem ritmo ou força física, se mostrou uma enorme decepção.
Errou passes fundamentais perto da área alemã.
Sem confiança ou vigor físico para dar suas tradicionais arrancadas.
Tudo ficou pior na hora da decisão por pênaltis.
Cristiano Ronaldo e Sérgio Ramos são adorados pelos torcedores.
E foram perdoados por desperdiçar suas cobranças.
O violento Ramos não perdeu tempo.
E usou o twitter para se desculpar pela bola que chutou pelo alto.
"Há momentos que doem muito como o de ontem. Mas há sentimentos muito maiores. Como o orgulho de deixar a alma em uma camisa."
Ele se referia à camisa do Real. Poeticamente conseguiu seu perdão.
Cristiano Ronaldo nem precisou.
Ele fez o que se esperava dele.
Mesmo muito marcado, jogou no seu limite.
Vibrou, tabelou, driblou, tentou.
Já Kaká...
Por ironia do destino, enquanto seu time era eliminado.
E ele era vaiado, xingado pelos torcedores...
Seu twitter comemorava a marca de dez milhões de seguidores.
Mas eles não o protegeram da dura realidade que vive.
A sua contratação não deu certo no Real.
Desde 2009 todos esperam pelo grande jogador do Milan.
E ele nunca apareceu.
Os absurdos R$ 173 milhões pagos por ele não se justificaram.
Ele pediu inúmeras vezes para não sair.
O Milan tentou recontratá-lo pagando menos da metade.
Os espanhóis não aceitaram.
Chelsea, Manchester City fizeram propostas de mais de R$ 100 milhões.
O Real não aceitou.
No início do ano, o Paris Saint Germain de Leonardo propôs perto disso.
A direção do Real estava pensando em ceder, quando Kaká disse que não queria sair.
Mas agora, a situação está terrível para ele.
Acabou de completar 30 anos.
Fora da Seleção Brasileira.
Não foi nem sombra do grande companheiro que todos sonhavam para Cristiano Ronaldo.
Brasileiro, sem identificação com a história do Real Madrid.
É visto agora como um estrangeiro caro que não está produzindo.
Acabou o carinho.
Há vários e vários caminhos para ele.
Mas todos fora do Real Madrid.
Basta terminar a temporada européia e sua vida deve mudar.
Jornalistas espanhóis garantem que acabou a paciência com ele.
E Mourinho quer utilizá-lo como moeda de troca.
O Milan e a Inter se mostram interessados.
Wagner Ribeiro não perdeu tempo e já propôs sua solução a Florentino Perez.
Usar o meia para reduzir drasticamente a pedida de R$ 120 milhões por Lucas do São Paulo.
Há grandes dificuldades.
Kaká não quer retornar ao Brasil agora.
E seu salário: cerca de R$ 2 milhões por mês.
O coração de Juvenal Juvêncio acelera em pensar em pagar tanto a um jogador.
Só se houvesse um plano de marketing.
Luís Fabiano é um dos melhores amigos do meia.
Se 'falam' por computador quase todos os dias.
Ele defende o retorno do jogador ao Morumbi.
Brigariam juntos por disputar a Copa do Mundo de 2014.
Kaká jurou que deseja encerrar a carreira no São Paulo.
Está mais do que milionário.
Esses são pontos importantes.
Tudo isso ainda é muito prematuro.
Mas o futuro do meia na Espanha parece mesmo terminado.
Kaká é o vilão perfeito para a eliminação do Real Madrid.
Se livrar do brasileiro seria jogar parte da culpa embaixo do tapete.
Justo ou não, o futebol é assim.
Sem heróis, mas com muitos vilões...
(*) Jornalista e comentarista que atuou por 23 anos no Jornal da Tarde/SP
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