Ademir da Guia está completando 70 anos.
Eu o vi jogar. Muitos e muitos jogos. E como jogava.
Um verdadeiro artífice da arte de jogar futebol.
Na sua época eram tantos craques na posição que ele era apenas mais um.
Mas, não importa . Seu futebol encantou.
Meu time o tem com o um dos maiores idolos com justa razão por todas as conquistas. Com seu eterno companheiro Dudu formou uma das melhores duplas de meio de campo do futebol brasileiro.
Meio de campo da Academia de 1963 de Valdir, Djalma Santos, Valdemar, Djalma Dias e Ferrari, Dudu e Ademir da Guia, Julinho, Servílio, Tupãzinho e Rinaldo.
Para depois, mais tarde, fazer parte de outro esquadrão Bi-Campeão Brasileiro 1972/1973 de Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu e Ademir da Guia, Edú, Leivinha, César e Ney. Timaços.
Obrigado Ademir da Guia.
E para comemorar repasso um texto de Thell de Castro " Divina Lembrança"
Divina Lembrança
Thell de Castro (*)
Fala mansa e uma timidez incomum. Esse senhor de 57 anos em nada lembra um ídolo do futebol e todas as suas excentricidades. Mas quem se importa? Tranquilo e discreto, Ademir da Guia deixou os campos no meio da década de 70 e virou lenda. Vestindo a camisa 10 alviverde por 16 anos, de 1961 a 1977, ele se tornou o principal craque da história do Palmeiras. Filho de Domingos da Guia, o maior zagueiro brasileiro de todos os tempos, Ademir herdou do pai o amor pelo futebol e, de sobra, o mesmo talento. Meia de técnica refinada, com ótima visão de jogo, além de uma frieza europeia nas decisões, ele recebeu da torcida o singelo apelido de Divino. “Era um time brilhante. Ficava fácil jogar no meio de tantos craques. Apenas cumpria meu papel”, revela, com a costumeira simplicidade.
Ademir nasceu no Rio de Janeiro e desembarcou no Palmeiras, no início dos anos 60, depois de uma passagem pelo Bangu. Com o manto Verde disputou 866 jogos e fazia a alegria dos colegas atacantes com passes açucarados que os deixavam na cara do gol. Mas o armador também sabia marcar. Foram 153 gols, o que lhe garante a quarta colocação entre os maiores artilheiros do clube. Títulos não faltaram, mesmo enfrentando adversários da estirpe de um Santos de Pelé ou um Botafogo de Garrincha. O Divino foi campeão paulista em 1963, 66, 72, 74 e 76; brasileiro em 72 e 73; do Roberto Gomes Pedrosa de 67 e 69; da Taça Brasil de 67; e do Rio-São Paulo de 65.
Titular indiscutível em seu clube, Ademir não deu a mesma sorte com a amarelinha. Apesar de se destacar no comando da Academia, não foi selecionado para as Copas de 66 e 70. Finalmente convocado para um Mundial, o da Alemanha, em 74, o craque participou de apenas 45 minutos do último jogo do Brasil, contra a Polônia. O motivo: excesso de humildade, diziam seus críticos. “Mesmo sem ter sido titular, considero a minha participação na Copa do Mundo um verdadeiro prêmio, que coroou toda a minha carreira”, afirma, sem mágoa.
Quando se aposentou, virou professor de futebol, ensinando a molecada em vários projetos de escolinhas. Chegou a treinar o Marília por quatro meses, em 1990. Há três anos, porém, se afastou do mundo da bola para assumir um cargo no Tribunal Regional do Trabalho, como juiz classista. “Adorei a experiência como treinador. Trabalhar com a garotada é sempre emocionante. Eu mandato está no fim e, no próximo ano, com certeza, volto para o futebol. Tá no sangue e a saudade bate forte”.
Tímido por natureza, não disfarça a alegria quando é reconhecido por um torcedor. “Fui comer numa pizzaria e havia apenas jovens no local. Com certeza, nenhum deles me viu jogar. Mesmo assim, quiseram tirar fotos, pediram autógrafos e ainda me aplaudiram na saída do restaurante. Não existe momento mais emocionante para um atleta. Mas tenho uma reclamação: aquele tempo passou rápido demais”.
(*) Jornalista e reside em Ribeirão Preto. Criou e edita o site Tele História
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