Edilberto Sena (*)
Desta vez a presidente da República brasileira resolveu fazer teatro do rebolado. Ela que nunca demonstrou compromisso com os Trabalhadores Sem Terra, foi lá a um acampamento deles e em inflado discurso disse coisas para ingênuosacreditarem. Falou que vai promover a reforma agrária, acredite quem quizer. Falou também outra coisa que dá pra rir e pra chorar... de raiva.
Disse que até o próximo mês de março vai zerar o número de miseráveis no Brasil. Mesmo reconhecendo que os dados oficiais garantem que ainda há 600 mil famílias vivendo com menos de 2 reais/mês por pessoa. Como pode a presidente da República dizer em público que vai acabar com a extrema miséria do país em um mês?
Basta analisar as contas oficiais. O ex presidente Lula entregou o cargo com 13 milhões de famílias cadastradas no Programa Bolsa Família. Isto dá uma população de 48 milhões de miseráveis. A nova presidenta mandou fazer uma seleção e seus técnicos identificaram 16 milhões de pessoas vivendo em extrema miséria, com menos de 70 reais/mês. Surgiu com isso a classe F da extrema miséria.
A presidenta criou o chamado Brasil Carinhoso para essa nova classe, ou sub classe, com mais uns acréscimos de assistência ao Bolsa família. Como é que ela temaudácia de dizer publicamente, que em dois anos ela zera a fila de miseráveis? De novo Pilatos sai do Credo e entra no Palácio do Planalto em Brasília e pergunta- O que é a verdade?
A presidenta tenta iludir a plateia, dizendo coisas que não conferem com a verdade.Será que família de 5 pessoas que tem renda de 700 reais/mês saiu da miséria?Ou que uma família de 6 pessoas que tem renda de 1.500 reais/mês já é classe média? Não é possível que ela creia nessa matemática sócio - econômica. É forçar demais o significado da palavra, e das palavras., classe média baixa, clase pobre, classe miserável e por fim, classe extremamente miserável.
Extrema miséria promovida à miséria e esta, promovida à classe média, 16 milhões de brasileiros deixaram de ser extremamente miseráveis em dois anos, por que o governo aumentou a renda deles para 400 reais/mês com o programa Brasil Carinhoso. Só mesmo quem vive no bem bom pode acreditar nesta afirmação presidencial. Será que ela acreditamesmo no que disse ao MST nesses dias?
"Ainda ontem em Santarém, o mendigo estendia a mão lá na rua, pedindo esmola e outra pessoa do interior pedia ajuda para comprar um almoço as 16 horas, que estava sem dinheiro e com fome. Esta tinha vindo à cidade lá do interior em busca de uma ficha para consulta no SUS, mas não tinha conseguido. Não tinha dinheiro para comprar um almoço. Estes dois casos, será que sairão da extrema miséria até o próximo mês?"
(*) Sacerdote e diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)
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