terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Santa Maria

Renato Gomes Nery (*) 

Santa Maria-RS é a Cidade símbolo de uma dolorosa tragédia nacional. Infortúnio do descaso, do descuido e da insensatez que ceifou a vida de mais de duas centenas de pessoas asfixiadas em sua maioria por uma fumaça tóxica provocada por um material inflamável dentro de uma boate superlotada e despreparada para situações de emergência. 

Desconheço a história da cidade de Santa Maria, mas as razões para ter o nome que tem devem ser nobres. E como é simpático este nome. Ela deve ser habitada por gente honrada, simples e hospitaleira. 

Por que aconteceu esta tragédia em Santa Maria, já que o descuido e a insensatez são monopólios nacionais? As informações provaram que existem, no Brasil, centenas e mais centenas de boates que funcionam em condições iguais e até piores que a boate palco do desastre em Santa Maria. 

Situações como esta me remetem a repensar verdades tidas como definitivas, como a de que toda pessoa tem data marcada para morrer. Ninguém foge deste cruel fatalismo. Será? 

Se a boate em questão fosse construída e funcionasse regularmente com observância de todas as normas legais, com equipamento adequados e não estivesse superlotada, esta tragédia teria acontecido? Creio que não. Ela teria sido evitada e tanta gente, principalmente jovens, não teriam morrido irresponsalvemente. Se o fatalismo é uma crença, o descuido e a insensatez são originários de fatos concretos e palpáveis e racionalmente evitáveis. 

O Criador não vem buscar ninguém antes do tempo, mas as tragédias arrebatam e abreviam impunemente as vidas plenas e jovens como os freqüentadores da tal boate. 

Espero que a razão, o bom senso e a responsabilidade pela vida mudem esse Brasil de coniventes e aproveitadores. E que o Criador não precise vir buscar ninguém antes da hora. E o fatalismo seja um traço cultural e religioso a ser superado. 

Por fim, que os mártires de Santa Maria continuem assombrando a consciência dos justos que omitiram e dos injustos – homicidas culposos e dolosos desta tragédia nacional. 

(*) É advogado em Cuiabá. E-mail – rgnery@terra.com.br

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