sábado, 9 de fevereiro de 2013

Agronegócio brasileiro e PIB de primeiro mundo – tudo a ver!


Paulo Francisco de Siqueira Costa (*) 

Já virou rotina: além de segurar os números da balança comercial em território positivo, trimestre após trimestre, ano após ano, o agronegócio também sobressai nos dados do PIB. Os números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) mostram que o setor da economia que mais cresceu no segundo trimestre foi o agropecuário, com expansão de 4,9% em relação ao primeiro trimestre deste ano. Sobre o mesmo período do ano passado, a alta acumulada do setor é de 1,7%, conforme anunciou Exame.com. 

Se considerarmos que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano, acumulando alta de 0,6% no primeiro semestre, e de 1,2% em 12 meses, não é preciso ser brilhante matemático para aplaudir a importância do setor na economia do país. Fosse o Brasil apenas agro, nossos números estariam entre as economias com maior crescimento! Isto tudo conseguido mesmo enfrentando as dificuldades de nossa precária infraestrutura e o famoso custo Brasil. Além do mais, o desfalque da receita de alguns produtos importantes para o setor, como o açúcar, com a safra bastante atrasada por conta de fatores climáticos. 

O Ministro Mantega, com seu insuperável otimismo, acredita que os números da economia vão melhorar consideravelmente no segundo semestre. Conta novamente com a preciosa ajuda do agro. Diz ele que “a agricultura seguirá crescendo no terceiro trimestre por causa da safra boa no Brasil e da queda da safra nos Estados Unidos”. 

Não é bem assim, caro Ministro: o carro chefe do setor, a soja, já teve a maior parte de sua safra comercializada, tanto no mercado interno como na exportação. Os efeitos da queda de safra nos Estados Unidos far-se-ão sentir particularmente no início de 2013, quando nossa nova safra estiver sendo colhida. Resta esperar que as exportações de milho e o avanço considerável na moagem da cana e consequente recuperação das exportações de açúcar, venham a compensar a diminuição da receita da soja. 

Mas como “cautela e caldo de galinha não fazem mal para ninguém” é bom ficar atento a números insuficientes para recuperar a fraqueza do PIB deste primeiro semestre, mesmo que empurrado por continuidade de benefícios fiscais e outras medidas, que afetaram apenas setores selecionados de nossa economia! Para o agronegócio não teve nada disto, mas sim uma sucessão de greves que certamente vão prejudicar, ao menos os números deste trimestre corrente. 

(*) É especialista em agronegócios e bionergia, consultor senior de AgropCom. Possui mais de 37 anos de experiência nos setores agro, energia e logística, tendo ocupado cargos de direção em grandes empresas. 
E-Mail: pfscosta@pfscosta.adv.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário