terça-feira, 3 de abril de 2012

Mogno africano - Como plantar

Urano de Carvalho (*) Consultor para Globo Rural 

Com madeira de qualidade e boa demanda internacional, a árvore é alternativa interessante para silvicultores e para quem quer ocupar espaço ocioso na propriedade 
É do continente africano, que vem uma madeira de qualidade superior e com boa cotação no mercado internacional. 

Costa do Marfim, Angola, Nigéria, República dos Camarões, Gabão e Congo são os principais países onde ocorre em estado espontâneo o mogno-africano, ótima alternativa de plantio para silvicultores nacionais. 

Mas quem conta com espaço ocioso em um sítio, chácara ou fazenda também pode adequar o cultivo da árvore, cuja madeira é parecida com a do mogno-brasileiro (Swietenia macrophylla), que tem derrubada proibida por lei federal. 

Entre as quatro espécies conhecidas pela denominação genérica de mogno-africano, a Khaya ivorensis é a que tem apresentado melhor desenvolvimento, seguida da Khaya antoteca e pela K. grandiflora. Apesar de contar com bom crescimento, a Khaya senegalensis esgalha bastante e não conta com fuste (tronco) reto, aspectos que interferem no uso da madeira. 
Em 1976, cinco exemplares da Khaia ivorensis cultivadas na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA, chamaram a atenção pelo crescimento, altura e diâmetro atingidos. Mas as primeiras sementes do mogno-africano só foram produzidas no país em 1989, permitindo que agricultores locais iniciassem a difusão do plantio da espécie. 

Com desenvolvimento mais vigoroso e abundante, a Khaya ivorensis tomou, em alguns casos, áreas onde já havia sido plantado mogno-brasileiro no Pará. Atualmente, estima-se em torno de um milhão de árvores somente na Amazônia, a maioria em território paraense. Parte desse volume é usada em sistemas agroflorestais, ao lado de cacaueiros e cupuaçuzeiros. 

Das terras do Pará, a plantação se espalhou também para o centro-sul do país, chegando a Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Em solo mineiro, onde o cultivo da espécie começou há cerca de seis anos, avançou sobre terrenos anteriormente ocupados por parreirais. 

De fuste retilíneo – característica importante para uma espécie madeireira –, o mogno-africano ainda leva vantagem sobre seus pares que pertencem à mesma família Meliaceae, como o próprio mogno- -brasileiro, o cedro (Cedrella odorata) e a andiroba (Carapa guianensis). Também fornecedoras de madeira de qualidade, essas espécies são, no entanto, mais vulneráveis ao ataque da broca-das-ponteiras (Hypsipylla grandella), favorecendo a emissão de ramos laterais e tornando o tronco curto, o que faz com que os exemplares percam valor como produto madeireiro. 

RAIO X 
SOLO: de terra firme 
CLIMA: tropical úmido e subtropical 
ÁREA MÍNIMA: pode ser plantado em sítios, chácaras ou fazendas 
CORTE: 15 a 20 anos após o plantio 
 CUSTO: o quilo das sementes varia de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil 

MÃOS À OBRA 
INÍCIO 
É possível plantar mogno-africano em sítios, chácaras ou fazendas. Porém, por se tratar de árvore de grande porte, não é recomendado o plantio próximo a casas, galpões e redes elétricas e de telefone. Devido à pequena produção nacional, o quilo das sementes custa de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil. Se for necessário, podem ser armazenadas por mais de um ano, mas precisam estar secas e envasadas em embalagens à prova de vapor d’água, além de mantidas em câmaras frias ou geladeira, sob temperatura entre 5º e 8 ºC.

PROPAGAÇÃO 
Ocorre por sementes. As mudas são formadas em sacos plásticos, com tamanho mínimo de 15 centímetros de largura e 25 centímetros de altura. Eles devem conter substrato feito a partir da mistura de solo com esterco, na proporção volumétrica de 4 para 1 – ou 80% de solo e 20% de esterco. Como alternativa, as mudas também podem ser produzidas em tubetes, com capacidade para 260 centímetros cúbicos. Para esse tipo de recipiente, são indicados substratos comerciais enriquecidos com adubo químico. Quando plantadas em campos, as mudas acomodadas em tubetes têm crescimento inicial mais lento, mas logo se recuperam e, ao fim de um ano, alcançam altura semelhante às das mudas que utilizaram sacos plásticos. Em ambos os casos, as mudas estão prontas para o plantio quatro meses após a germinação ou cinco meses depois da semeadura. 

PLANTIO 
O mogno-africano tem bom desenvolvimento em solos de terra firme, preferencialmente em locais com clima tropical úmido, mas também se adapta bem a regiões de clima subtropical. As adubações devem ser feitas com base na análise de solo. A espécie responde muito bem à adubação orgânica. Por isso, se houver disponibilidade de esterco ou composto orgânico, aplique 20 litros na cova de plantio. É importante que o esterco esteja bem curtido, caso contrário, ele poderá ser prejudicial. Uma planta adubada com esterco tem crescimento 50% superior no primeiro ano. 

ESPAÇAMENTO 
Não existe definição baseada em dados de pesquisa sobre o espaçamento ideal para o mogno-africano. Na prática, alguns agricultores têm adotado medidas que variam de 4 x 4 metros a 5 x 5 metros. O desbaste deve ser efetuado quando as copas se encontram, de tal forma que o espaçamento final seja de 8 x 8 metros ou 10 x 10 metros. Em sistemas agroflorestais, quando envolve o cupuaçuzeiro, por exemplo, o espaçamento deve ser de 15 metros entre as linhas e de 10 metros dentro delas. 

 PRODUÇÃO 
Entre 15 e 20 anos, o mogno-africano atinge a idade de corte. Com os cuidados necessários, como controle de mato, adubação e verificação de doenças, o fuste deverá estar com 12 a 15 metros de comprimento e diâmetro entre 60 e 80 centímetros. 

(*) Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Travessa Enéas Pinheiro, s/no , Belém, PA, CEP 66095-100, tel. (91) 3204-1000, 

Um comentário:

  1. Fiz uma plantação de mogno Africano ivorensis da EMBRAPA em 99, depois de 3,5 anos um verdadeiro festival de pragas, muita propaganda enganosa . Minha sorte que em 2000 plantei o Africano Senegalensis , Veja minha plantação e compare ivorensis x senegalensis ,www.mognoonline.com.br ,MATRIZES com Fuste Reto, Fuste Grosso ,Sem Galhos ,isto que é ótima genética para plantar. Estão pegando brotos do tronco do ivorensis e enraizando de fazendo mudas dizendo que é mudas clonadas. Clone tem que ser por Micropropagação, CUIDADO !!!!Precisa Mostrar a MATRIZ que esta sendo clonada. Se não tiver chame o FISCAL FEDERAL !

    ResponderExcluir