terça-feira, 10 de novembro de 2009

Educação – O começo de tudo



Antenor Pereira Giovannini (*)

Não há o que contestar. Sem educação não somos nada, não realizamos nada, não chegamos a lugar algum. Podemos ter dinheiro, podemos ter tudo, mas sem educação não temos nada. É inegável que para uma sociedade crescer prosperar, se desenvolver a educação é um elemento crucial, essencial. Não se consegue evoluir sem educação. Os primeiros passos nos bancos escolares mostram as diretrizes de um caminho necessário a ser percorrido para alçar vôos pessoais, profissionais desencadeando na própria sociedade o sentimento de conquista, de crescimento, fazendo dela uma sociedade identificada com os preceitos básicos de civilidade e pujança. Apenas através da educação conquistam-se todos esses objetivos.

Os governos, independente da esfera ideológica a que pertencerem, têm obrigação constitucional de fornecer a todo cidadão o ciclo completo da educação, desde a pré infância até os cursos superiores, para que consiga atingir suas metas de aprendizado. As relações entre educação e mundo do trabalho são hoje bastante íntimas. É pelo trabalho que os seres humanos transformam a natureza em meios de vida. Mas não fazem isso apenas de forma repetitiva. Homens e mulheres acumulam conhecimentos que, progressivamente, mudam sua forma de produzir os recursos necessários à evolução e aprimoramento de sua própria vida, assim como sua relação com o mundo externo. . A educação, entendida como troca e diálogo entre e inter gerações, garante que homens e mulheres retransmitam esses conhecimentos uns aos outros. Com a constituição da escola, espaço destinado à transmissão de saberes, ficam estabelecidas possibilidades de vinculação entre a educação escolar e o mundo do trabalho.

Sou ainda de um tempo em que escola era um lugar sagrado. Professores eram respeitados e admirados por exercerem a nobre profissão de transmitir conhecimentos, iniciar os pequenos seres no caminho das letras, dos números e, principalmente, na arte do pensar. Sou do tempo em que escola pública era sinônimo de ensinamento em alto nível e para se conseguir vaga passava-se por uma espécie de vestibular, mesmo para as primeiras séries. Repetir por duas vezes era motivo para ser jubilado. Inglês, Francês, Latim, Artes, Literatura nas primeiras séries do antigo ginásio eram matérias corriqueiras e que não causavam nenhum espanto. O mundo avançou, a tecnologia se tornou de extrema importância e nossas escolas e suas estruturas ao invés de avançarem na mesma proporção, regrediram de uma maneira inconcebível, a ponto de hoje observarmos escolas públicas depredadas, saqueadas, ou então cercadas de grades assustadas com a onda de violência que lhes alcança e atinge de forma freqüente, sem contar os professores mal remunerados e de forma constante ameaçados por alunos (ou arremedos de alunos já que não é adequado chamá-los dessa forma), caso não recebam a nota almejada, ou seja, advertidos em sala de aula. Onde vamos parar?

Se no País a situação escolar é caótica, especificamente no Pará não há adjetivo para classificá-la. Dados recentes do Ministério da Educação mostram uma realidade assustadora a respeito das deficiências e fragilidade do ensino público no nosso Estado. Dados inseridos na proposta do Ensino Médio Inovador revelam, por exemplo, que o Pará está em penúltimo lugar na lista concernente à taxa de atendimento escolar de jovens entre 15 e 17 anos. Em nosso Estado apenas 71% dos jovens nessa faixa etária estão matriculados, percentual bem inferior a média nacional que é de 81%. Para piorar ainda mais e mostrar o descaso, o desinteresse de nossas autoridades, temos em nossa cidade de Santarém uma intimação judicial para que nada menos que seis escolas públicas estaduais que atendem mais de três mil alunos, removam a todos e iniciem de imediato obras evitando-se que tragédias possam ocorrer em razão do estado precário dos prédios.

Trata-se de um total desrespeito à Constituição Federal, uma vergonha em matéria de princípios e que traz a tona o quanto nossos governos são inconseqüentes, irresponsáveis, hipócritas em suas ações. Se nem o básico do básico para qualquer administração pública, que é o cuidar da educação como um todo, inclusive e principalmente dos prédios, esses governantes não realizam, imagine-se o resto. Não estamos mencionando uma escola pequena e de pouco movimento, embora também essa mereça atenção e cuidados. Estamos mencionando seis localizadas dentro do perímetro urbano e que atendem nada menos que três mil crianças. E depois de 15 dias, os professores que estavam em greve por não terem sido atendidas as reivindicações prometidas quando da greve no ano passado que durou meses, se vêem agora no sufoco de continuarem essa luta e, ainda pior, sem prédios em segurança. Ou seja, esperam uma tragédia para porem a mão na massa.

Esse é o quadro de uma educação pública em pleno ano 2009. Pobres crianças, pobres professores, pobre Estado, e, o que é pior, pobre País. Os anos dourados do estudo nesse País são apenas lembranças de um passado que lamentavelmente jamais retornará. Por outro lado, nós mesmo somos culpados. Quem colocou incompetentes nesses cargos eletivos públicos fomos nós. Não adianta chorar o leite derramado.

(*) Aposentado e morador em Santarém

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