sexta-feira, 2 de março de 2012

Criatório de vespas

Empresa de Piracicaba que cria vespas está entre as mais inovadoras do mundo

UOL 

Criar vespas em larga escala. Esse é o negócio da Bug Agentes Biológicos, a brasileira melhor colocada no ranking das 50 empresas mais inovadoras do mundo, segundo listagem anual da revista norte-americana "Fast Company". O empreendimento sediado em uma estrada em Piracicaba, a 160 km de São Paulo, ficou com o 33º lugar na relação, ao lado das famosas empresas sediadas no Vale do Silício, como Apple, IBM e Facebook. E está à frente de gigantes como Petrobras, Embraer e Grupo EBX, do empresário Eike Batista.

A Boo-Box, que atua no mercado de publicidade online e foi criada por um empresário aos 20 anos, é a segunda brasileira com maior destaque em inovação.

Os insetos criados pela Bug têm a função de substituir o agrotóxico no combate de pragas destruidoras de lavouras. O chamado controle biológico é uma técnica que já existia em pequena escala há décadas. O trabalho da Bug foi aprimorar essa tecnologia para que pudesse ser aplicada em grandes plantações.

As vespas microscópicas do gênero Trichogramma são o carro-chefe da empresa. Elas são criadas na empresa e enviadas dentro de cápsulas de papelão às plantações, onde devem chegar em menos de 7 dias. No campo, elas se desenvolvem e impedem o crescimento das larvas nocivas à agricultura.

“A empresa leva os inimigos naturais de volta à plantação para reestabelecer o equilíbrio”, diz Heraldo Negri, diretor de produção. O maior uso da vespa ocorre em plantações de cana-de-açúcar, mas ela pode impedir o crescimento de pragas de 28 culturas diferentes.

Ao contrário do agrotóxico convencional, a vespa não deixa a praga mais resistente e só requer uma aplicação por safra. Outra diferença é que ela impede o desenvolvimento da praga ainda no ovo, zerando os danos à plantação.

A solução ainda é oferecida a um valor significativamente mais baixo em relação ao controle químico. Segundo a Bug, a técnica reduz de 30% a 40% o gasto original em agrotóxicos. Hoje, a empresa estima produzir cerca de 300 milhões de vespas por dia.

Empresa foi criada na universidade
Em comum com o Google e o Facebook, além de ser companheira de ranking, a Bug tem o fato de ter nascido dentro da universidade. Dos quatro sócios da empresa, três estudaram e um trabalhou no campus da USP (Universidade de São Paulo) de Piracicaba.

Diogo Carvalho, sócio-fundador da empresa e diretor comercial, começou a estudar o controle biológico de pragas ainda na graduação. Depois, fez mestrado na área e conseguiu o dinheiro para montar sua empresa com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Ele captou R$ 75 mil reais com a fundação, que até hoje já cedeu R$ 1,2 milhão à Bug.

Os produtos de sucesso da Bug foram criados a partir das pesquisas de pequena escala em laboratórios na universidade. “A gente tirou uma tecnologia que existia dentro da universidade, que já era de multiplicação da vespa, e transformou isso num produto comercial. Essa é a nossa grande inovação”, diz Carvalho.

A Bug mantém a ligação com a universidade desde a sua criação, em 2002. A empresa também mantém contato com redes de pesquisa na França e em outros países da América Latina. Além disso, 12 dos cerca de 70 funcionários da empresa se dedicam à pesquisa.

Hoje o setor de pesquisa e desenvolvimento da empresa tem dois focos. Um é a melhoria constante nos produtos já desenvolvidos. O outro é a tentativa de transformar experimentos de combate a pragas já feitos em laboratório em produtos de larga escala comercialmente viáveis.

Previsão é aumentar faturamento em 10 vezes
A Bug tem previsão de aumentar seu faturamento em 10 vezes nos próximos 5 anos. Ela busca ampliar o mercado para inseticidas biológicos no Brasil e estima que o setor possa abocanhar uma fatia de 10% do setor de agrotóxicos, que atualmente movimenta R$ 8 bilhões por ano.

A empresa também quer oferecer pacotes completos para lavouras. Os inseticidas biológicos agem em pragas específicas e por isso são usados de forma conjunta com outros agentes de controle. A ideia da empresa é vender o pacote completo para o agricultor, sem que ele tenha de recorrer a outras empresas. Dessa forma, os sócios acreditam que será possível atuar em culturas como a soja e o tabaco.

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