Balão de festa de aniversário ameaça gás hélio de extinção
Folha de São Paulo
O cientista Oleg Kirichek, que pesquisa feixes de nêutrons no Reino Unido, recebeu uma notícia desagradável na semana passada. Um de seus principais experimentos, projetado para investigar a estrutura da matéria, teve de ser cancelado por falta de gás hélio.
As informações são do jornal britânico "The Guardian".
O gás é utilizado para resfriar os átomos para cerca de -270ºC, reduzindo suas vibrações e os tornando mais fáceis de estudar.
Segundo Kirichek, pesquisas que investigam estrutura da matéria, aparelhos de ressonância magnética e outros dispositivos avançados que utilizam o gás podem em breve ter que reduzir as operações ou até mesmo pararem porque há desperdício de gás hélio.
O principal vilão são os balões de festa. O gás hélio é abundante no universo, mas raro no planeta Terra. Em São Paulo, um botijão para encher cem balões custa cerca de R$ 120.
"Colocar gás hélio em balões de festa e deixá-los escapar para a atmosfera ou o usarmos para deixar nossa voz ficar estridente [outro uso divertido do gás] é muito, muito estúpido. Fico realmente irritado com isso", disse o cientista.
O hélio é um gás inerte que não reage com outros produtos químicos e é, portanto, seguro de manusear. É importante para a ciência porque, mesmo a temperaturas extremamente baixas, não se solidifica e assim pode ser usado, em forma líquida, para resfriamento, um recurso vital para cientistas que trabalham em muitos campos.
Na Terra, há uma oferta limitada de hélio. Essencialmente, existem bolsões de gás próximos à camada de petróleo e, durante a perfuração, o gás sobe à superfície.
Na década de 1920, os EUA decidiram que o gás hélio seria um recurso estratégico. Na época, ele era usado em aeronaves.
Nos últimos anos, a procura aumentou e os estoques começaram a se esgotar.
Ironicamente, o hélio é o segundo elemento mais abundante no universo, perdendo apenas para o hidrogênio.
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