Jornal da Tarde/SP
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lançou ontem, durante o 2º Congresso Controvérsias e Consensos em obesidade, diabete e hipertensão, um aplicativo gratuito para celular e tablets que vai facilitar a vida dos diabéticos.
Muitos deles precisam fazer, a cada refeição do dia, contas que relacionam a taxa de glicemia no sangue naquele momento e a quantidade de carboidratos que o paciente pretende ingerir. É com essa equação, complicada para crianças e idosos, por exemplo, que se descobre qual é a quantidade ideal de insulina a ser injetada.
O aplicativo, na opinião dos especialistas, é uma alternativa acessível às bombas de insulina – que são fixadas no corpo do diabético e fazem aplicações automáticas do hormônio. Mas esses aparelhos custam entre R$ 12 mil e R$ 15mil, mais uma manutenção mensal que pode chegar a R$ 1mil.
Quem tem a bomba digita no próprio aparelho os valores de glicemia e os carboidratos ingeridos e o mecanismo injeta a quantidade certa de insulina de acordo com esses dados.
Com o aplicativo, chamado Diamigo, basta digitar o valor da glicemia, colhido em um teste portátil comum, e indicar os alimentos que serão consumidos. Feito isso, o recurso mostra a dose certa de insulina a ser aplicada. O instrumento estará disponível para download a partir de 1º de abril para Iphone e Ipod, no site da AppStore Brasil. Ainda neste ano, celulares com a tecnologia Android e Ipads também poderão baixar a ferramenta.
O endocrinologista Mauro Scharf, chefe do serviço de endocrinologia pediátrica do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, foi um dos desenvolvedores da novidade. “Como gosto de tecnologia e acredito nela, comecei a pesquisar os aplicativos já existentes e vi que não contemplavam muitas coisas. Por isso, demos o gás para trabalhar num aplicativo para brasileiros que tivesse essas contas”, relata.
O especialista lembra que, atualmente, o tratamento mais preconizado para diabete é a terapia com insulina personalizada – que leva em conta idade, alimentação e atividades do paciente. “O esquema tenta reproduzir a secreção fisiológica da insulina pelo pâncreas”, indica.
Apesar do tratamento personalizado proteger contra as principais complicações relacionadas à diabete, como hipertensão, insuficiência renal e retinopatia diabética (que pode levar à cegueira), ele envolve a elaboração de vários cálculos diários, o que pode ser complicado. A ideia do aplicativo é justamente facilitar esses procedimentos e ainda oferecer um relatório periódico com os dados do paciente que poderá ser analisado pelo médico.
O presidente da Sociedade Brasileira de Diabete (SBD), Balduíno Tschidel, lembra que o Brasil é o 5º país com mais diabéticos no mundo. São 7,6 milhões de pessoas nessa condição, segundo o Atlas da Federação Internacional de Diabete.
Cálculos difíceis
A técnica de informática Sarah Rubia Nunes Baptista, de 39 anos, conta que seu filho Igor, de 9 anos, já enfrentou dificuldades relacionadas às contas da glicemia. O garoto teve até de mudar de escola porque o antigo colégio não lidava bem as necessidades trazidas pela doença.
Como a instituição vetava celulares, ele não podia, por exemplo, telefonar para sua mãe no horário do lanche para saber se a quantidade de insulina estava correta.
Diagnosticado com a doença aos 7 anos, Igor só começou a usar a bomba de insulina há seis meses. Foi quando seus níveis de glicemia passaram a ser estáveis. “Ele engordou, cresceu. A vantagem é que a bomba de insulina, assim como esse novo aplicativo, traz uma liberdade maior na alimentação. Pode-se comer de tudo, desde que a dose de insulina esteja adequada ao alimento”, lembra Sarah.
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