terça-feira, 27 de março de 2012

Leite tipo B

Pecuarista terá que se adaptar para produzir leite B no Brasil

DCI - Diário do Comércio e Indústria

O leite do tipo B continua a circular no mercado e assim deve permanecer, afirmam representantes do segmento.

Até 2013, o nível de bactérias presente na bebida deve ser reduzido em todo o Brasil, em função da Instrução Normativa 62 - o que não significa a extinção do produto, tal qual foi propagandeada, com a vigência da norma, no início deste ano. A IN 62 estabelece um limite de 600 mil colônias bacterianas por mililitro da bebida. Geralmente, o leite B apresenta 750 mil/ml.

A Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil) propôs que esse índice seja reduzido para 480 mil/ml, o que melhoraria consideravelmente a qualidade do produto.
O controle pode ser feito com cuidados de higiene e uma ordenha adequada.

"Todo mundo achava que a IN 62 acabaria com o leite B", conta o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, que convocou nesta semana sua câmara setorial, na Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para debater a questão.
"O leite B não acabou, e vai depender da cadeia produtiva se ele vai continuar existindo ou não", afirma.

A depender da paulista Cooperativa de Laticínios de São José dos Campos (Cooper), o tipo B vai, sim, continuar existindo.
Com 160 produtores associados e uma ordenha de 40 mil litros por dia, a Cooper recebeu bem a mudança imposta pela IN 62, "pois a qualidade do leite melhora", de acordo com o diretor de Produção Custódio Mendes Mota.

"Aqui já está tudo adaptado. O leite é resfriado na própria fazenda", conta Mota, explicando que o resfriamento, feito logo depois da ordenha, limita a proliferação das bactérias.
Em seguida, o produto é enviado a uma usina central da cooperativa, sendo que metade da produção é do tipo B (com ordenha mecânica) e os outros 50%, em média, são classificados como C (ordenha manual).

O problema da normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é que nem todos os produtores do Brasil podem se adaptar a ela. "Tem região sem luz, estados que não têm tecnologia para tal", aponta Mota.
Por este motivo, no Nordeste, a IN 62 passa a valer somente em janeiro de 2013.

Em todos os estados, a partir da vigência, os produtores têm dois anos para se adaptar.
"O governo quer um leite de maior qualidade. Nossa responsabilidade é fazer o leite chegar melhor ao resfriamento. E queremos mais preço", resume Rubez, que concorda: se houver menos bactérias no produto, é possível cobrar mais por ele.

ABC do leite -
Considerado mais nobre, o leite A é ordenhado, beneficiado e embalado na mesma propriedade, ou seja, evita transportes.
Para se fazê-lo é preciso dispor de uma fazenda com tecnologia apropriada.

No caso do B, cuja qualidade fica próxima à do outro tipo, a bebida é extraída da vaca, resfriada e enviada por meio de caminhões-tanque à usina.
A ordenha de ambos os tipos é mecânica, o que não acontece com o leite do tipo C, que pode ser extraído manualmente.

"Para o produtor, se ele tiver preço, tanto faz o tipo do leite", diz Rubez.
O representante garante que é a qualidade, e não a categoria, que determina o valor do litro - hoje, chega a R$ 1.

"E quanto menos colônias [bacterianas], melhor a qualidade", explica. O leite longa vida, ou UHT [ultra high temperature], que em verdade é um leite "morto" (sem organismos vivos), tornou-se o preferido do varejo justamente porque não contém bactérias para estragá-lo. "O leite longa vida canibalizou todos os outros tipos", afirma o presidente da Leite Brasil.

O volume de leite do tipo B no mercado, por exemplo, caiu de 150 milhões de litros, em 2007, para cerca de 40 milhões.

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