"Não foi bem assim..." é uma frase que se ouve muito por aqui. Não sei se em Portugal também, mas no Brasil é comum. Geralmente vem depois do relato entusiasmado de um fato em que a exatidão foi sacrificada pelo impacto. Uma maneira de não dizer "é mentira" mas sim, amavelmente, que é exagero.

Se a frase está sempre ameaçando desmontar as versões heroicas da História, nas relações pessoais do dia a dia ela também age como uma estraga prazeres. Quem de nós não prefere ouvir o relato dramático e bem contado, mesmo que não inteiramente verdadeiro, de qualquer fato? Preferimos o impacto à exatidão. E nada acaba com o clima de revolta ou euforia diante do último escândalo ou fofoca como alguém, com um sorriso superior, dizer "não foi bem assim..." E revelar os tediosos detalhes que desmentem ou mitigam a versão entusiasmada e bem mais divertida.
O sorriso irônico vem embutido na frase pois dá a entender que seu final, não dito mas implícito, é "como sempre". Ou seja, os fatos sempre têm dois relatos, com ou sem nuances e qualificativos. E nada, nunca, é exatamente bem assim.
Explicado. (Da série Poesia numa Hora Desta?!)
Explicado
por que o mundo
está neste estado
de se lamentar.
A Terra, gente, é bipolar!
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