quinta-feira, 23 de junho de 2011

Promiscuidade E.C.

Juca Kfouri (*)

AUTORIDADES EM GERAL, cartolas em particular, faz tempo que deixaram de dar bola ao que pensa a opinião pública.

Não fosse assim e governadores não seriam ínti­mos de empreiteiros que vendem seus serviços aos governos e emprestam suas mordomias aos gover­nantes.

Nem ministros, aloprados ou não, viveriam para cima e para baixo com altas fortunas do país.

Nem muito menos cartolas seriam íntimos dos do­nos das agências de turismo que trabalham para as entidades que comandam e para os eventos que promovem, casos claros do Comitê Olímpico Brasi­leiro e a Tamoios e da Confederação Brasileira de Futebol com a Pallas.

(A coluna está sendo explícita em relação as as­ sociações esportivas, até mencionando seus nomes inteiros e não só as siglas, por estar no caderno de Esporte. Mas supõe ser desnecessário dizer a que governador se refere neste momento ou a que minis­tro aloprado, assim como parece redundante citar o nome de um certo ex-secretário de Esporte, Lazer eJuventude de São Paulo que acaba de se demitir por ser chegado demais ao lazer, ser mau exemplo para a juventude e, aparentemente, ser médico apenas por esporte).

Não fale para nenhum deles, e para outras altas patentes brasi­leiras, sobre a mulher de César porque é bem capaz de ouvir que eles não sabiam nem que César havia se casado.

Daí nossa única vingança ser a de saber de dis­cursos como o feito pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) anteontem na Câmara Federal, quando, para mostrar os malefícios das licitações sigilosas, fez referência à “deputada FIFA” e ao “deputado COI”, que conseguiram aprovar “uma Copa flexível e uma Olimpíada heterodoxa”.

Como é confortador saber que uma pesquisa feita pela Sport+Markt, empresa alemã há 25 anos no mercado esportivo, revela que 63,7% dos brasileiros com opinião formada sobre investir dinheiro públi­co em estádios de futebol são contra a prática.

Nada, é claro, que modifique a ideia do ministro Orlando Lero, do PCdoB, o Partido Consumista do Brasil, de que Romário é apenas bem-humorado.

Sim, não tem graça nenhuma.

(*) Formado em Ciências Sociais pela USP. Desde 2005, é colunista da Folha de S.Paulo e do UOL.

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