Demóstenes Torres (*)
A política de bolsas do governo federal vai longe. Quando não é para a África, é para o árido altiplano andino. É bolsa-Itaipu, é bolsa-dívida e o sistema de meritocracia: quanto mais tirano for o companheiro, mais recurso receberá.
Evo Morales, por exemplo, basta que embargue a voz e lá se vai uma parte da riqueza nacional. Foi assim ao tomar usina da Petrobras e permanece assim no caso dos veículos roubados aqui e esquentados pelo índio fake.
Inaugura-se nova era na América Latina pós-Foro de São Paulo: a transferência de renda entre “nações”. Precisamente, do salário do brasileiro para o balancete do ditador aliado.
Após Evo assinar decreto em 10 de junho garantindo prazo para oficializar produtos de crimes que circulam na Bolívia, subiu o número de feirões de veículos a céu aberto próximo à fronteira entre o estado de coisas e o estado-delito.
Um automóvel que pela tabela Fipe custa R$ 27 mil no Brasil é encontrado por R$ 5,6 mil nas robautos incentivadas por Morales. Por outros R$ 3 mil o receptador travestido de consumidor o legaliza com o jamegão do companheiro de Lula.
Se Evo estipulou seu quinhão, o cidadão daqui paga o preço. Os reflexos estão no bolso, no corpo, na mente, com o trauma psicológico, a dor física, a impunidade, o sofrimento. Quem ainda não foi assaltado, é vítima no aumento dos valores de seguros para evitar prejuízo maior quando for – não é praga, mas interpretação dos dados.
No triângulo da morte, de um lado o carro é roubado, do outro se transforma em cocaína e derivados (crack, oxi) e na base estão a violência, os danos ao futuro dos jovens, os estragos na Saúde, a demolição da paz nas ruas e nas famílias.
A presidente Dilma Rousseff “agiu” em defesa da soberania e – com a presteza dispensada pelo STF no caso Battisti – escalou 500 homens do Exército para proteger os 3.400 km de ligação entre os dois países. Em turnos, cada soldado vai cuidar de 14 km de mata fechada, rios e estradas vicinais, sem estrutura, sem nada além da coragem.
Até o mês passado, os veículos aéreos não-tripulados, adquiridos a peso de ouro, permaneciam no chão, sem combustível. Faltam também comida (vai dispensar quase metade de seus recrutas) e munição (cortar 50% dos exercícios de tiro), e sobra perigo (suspendeu os exercícios de adestramento).
Uma pena o Brasil não retaliar a Bolívia com o mesmo destemor usado na defesa de terroristas. O governo não protege o território nem seus habitantes. Conspurca-se entre os déspotas como se o dinheiro público não tivesse dono e como se o proprietário dos bens privados dos brasileiros fosse o amigo do alheio à espreita na outra margem da fronteira.
(*) Procurador de Justiça e Senador (DEM/GO)
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